PROVÉRBIOS PORTUGUESES E BRASILEIROS
Lá cai o sino e o sacristão.
Lá é ponto de solfa.
Lá me leve Deus onde estão os meus.
Lá o lê, lá o entende.
Lá onde fumega, há fogo.
Lá para o dia de São Sereijo.
Lá se avenha Deus com o seu mundo.
Lá se foi o melhor boi do meu arado.
Lá se foi tudo quanto Marta fiou.
Lá se haja Marta com seus doilos.
Lá se haja Marta com seus polos.
Lá te arreda ganho, não me dês perda.
Lá te vás emprestado, donde venhas melhorado.
Lá um dia a casa cai.
Lá vai a língua, onde dói a gengiva.
Lá vai a língua, onde dói o dente.
Lá vai a língua, onde grita o dente.
Lá vai o mal, onde comem ovo sem sal.
Lá vai o russo e as canastras.
Lá vai quanto Maria fiou.
Lá vai tudo quanto Marta fiou.
Lá vão as leis aonde as querem os reis.
Lá vão as leis onde as querem os reis.
Lá vão as leis onde querem os cruzados.
Lá vão as leis onde querem os reis.
Lá vão leis onde querem cruzados.
La vão leis onde querem reis.
Lá vão leis para onde querem os reis.
Lá vão os pés onde quer o coração.
Lábios de mel, coração de fel.
Ladram os cães, e a caravana passa.
Ladrão de agulheta, asinha sobe à barjuleta.
Ladrão de tostão, ladrão de milhão.
Ladrão endinheirado não morre enforcado.
Ladrão endinheirado nunca morre enforcado.
Ladrão não furta ladrão.
Ladrão não rouba a ladrão.
Ladrão que anda com frade, ou o frade será ladrão, ou o ladrão frade.
Ladrão que furta a ladrão ganha cem dias de perdão.
Ladrão que furta a ladrão tem cem anos de perdão.
Ladrão que não é apanhado, passa por homem honrado.
Ladrão que rouba a ladrão tem cem anos de perdão.
Ladrão que rouba a ladrão tem cem anos de prisão.
Ladrão que rouba pobre, só leva susto.
Ladrão só, puta só.
Ladrãozinho de agulheta depois sobe à barjuleta.
Ladrar à lua.
Ladrar não é morder.
Ladre-me o cão embora, mas não me morda.
Ladre-me o cão, mas não me morda.
Ladre-me o cão, não me morda.
Lagartixa, de tanto cumprimentar, deslocou a cabeça.
Lagartixa, de tanto cumprimentar, perdeu a cabeça.
Lagartixa é que sabe por que não gosta de vara.
Lagartixa sabe em que pau bate a cabeça.
Lagartixa sabe onde bate com a cabeça.
Lágrimas abrandam penhas.
Lágrimas com pão, ligeiras são.
Lágrimas com pão, passageiras são.
Lágrimas de crocodilo.
Lágrimas de herdeiro, risos secretos.
Lágrimas de herdeiro, risos sorrateiros.
Lágrimas de herdeiro são sorrisos disfarçados.
Lágrimas de herdeiro são sorrisos forçados.
Lágrimas de herdeiro, sorrisos disfarçados.
Lágrimas de herdeiros, risos secretos.
Lágrimas de herdeiros, risos sorrateiros.
Lágrimas de mulher, fonte de malícia.
Lágrimas de mulher, têmpera de malícia.
Lágrimas de mulher valem muito e custam-lhe pouco.
Lágrimas de noiva são como chuva de estio, que alegra e não dura.
Lágrimas de sermão e chuva de trovoada caem na terra e não valem nada.
Lágrimas não pagam dívidas.
Lágrimas nos olhos, riso no coração.
Lágrimas nos olhos, risos no coração.
Lágrimas quebrantam penhas.
Lamúrias, faltas e queixas só aos de casa se dizem.
Lançar a corda atrás do caldeirão.
Lançar a luva a alguém.
Lançar a pedra e esconder a mão.
Lançar água na fervura.
Lançar o pé além da mão.
Lançar pedras preciosas aos porcos.
Lançar pérolas aos porcos.
Lancei-lhe logo o arpéu na proposta.
Laranja em beira de estrada, ou é podre, ou está bichada.
Laranja madura em beira de estrada, ou é azeda ou está bichada.
Laranja madura em beira de estrada, ou é azeda ou tem marimbondo.
Laranja madura na beira da estrada, ou é podre ou é bichada.
Laranja madura na beira da estrada, ou é podre ou tem marimbondo.
Laranjeira azeda não dá laranja-lima.
Laranjeira carregada à beira da estrada, ou tem maribondo ou frutas azedas.
Laranjeira doce é que apanha varada.
Larga essa vida, e pega na minha.
Largas areias, pequenas mancheias.
Largos dias têm cem anos.
Lastimado como o pródigo, aborrecido como o avarento.
Lavar a roupa suja.
Lavar-se as mãos.
Latim com barba e música com baba.
Latir para a lua.
Lavaste, estragaste.
Lavra a terra enquanto o preguiçoso dorme, e terás trigo para vender e guardar.
Lavra com tempo e vá por ambos.
Lavrador antes sem orelhas que sem ovelhas.
Lavrador carreteiro não é fazendeiro.
Lé com lé, cré com cré.
Lé com lé, cré com cré, cada qual com os de sua ralé.
Lé com lé, cré com cré, cada um com os da sua ralé.
Leão moribundo, cachorro lhe mija.
Lebre foge, galgos a seguem.
Légere et non intellígere est burrígere.
Lei de reinar é como a de amar: uma só.
Lei dura é a necessidade.
Leitão de um mês, e marreco de três.
Leitão de um mês, e pato de três.
Leite de vaca não mata bezerro.
Leite sem pão até a porta vai.
Lembra aos rapazes o que ao demo esquece.
Lembra aos rapazes o que ao diabo esquece.
Lembra-se mais o credor do que o devedor.
Lembra-te, sogra, que foste nora.
Lenha de figueira, rija de fumo, fraca de madeira.
Lenha no ar e pichel a andar.
Lenha verde é que faz fumaça.
Lenha verde e velho gogo, muito fumo e pouco fogo.
Lenha verde mal se acende; quem muito dorme, pouco aprende.
Lenha verde pouco acende, e quem muito dorme pouco aprende.
Lenha verde nem se queima, nem se acende.
Lento varão, cachorro lhe mija.
Ler e não entender o que foi lido é tempo perdido.
Ler sem entender é caçar sem colher.
Ler sem entender é olhar e não ver.
Lesto o pé, que tempo é.
Leva couro e cabelo.
Levanta, sacode a poeira, e dá a volta por cima.
Levanta-te às seis, almoça às dez, jantarás às seis, deita-te às dez, viverás dez vezes dez.
Levantar a lebre.
Levantar questões por dá cá aquela palha.
Levantas a lebre para que outrem medre.
Levantou-se a torta e pôs-se ao espelho.
Levantou-se o preguiçoso a varrer a casa e pôs-lhe fogo.
Levar a todos pela mesma esteira.
Levar água a outro moinho.
Levar água ao mar.
Levar água ao seu moinho.
Levar as mãos às fogueiras é a mãe das frieiras.
Levar ferro a Biscaia.
Levar má noite e parir filha.
Leve a fortuna tantas agulhas ferrugentas.
Leve é a dor que o riso encobre.
Leve é a dor que o siso encobre.
Liberdade sem juízo é pólvora em mãos de menino.
Lida de dia, à noite alegria.
Limpaduras da minha eira valem mais que trigo da tulha alheia.
Linda cara, meio dote.
Lindos olhos, feio bicho.
Língua ajuizada é sempre moderada.
Língua comprida é sinal de mão curta.
Língua comprida, mão curta.
Língua comprida, mentira maior.
Língua comprida, sinal de mão curta.
Língua de mel, coração de fel.
Língua do maldizente e ouvido do que ouve, são irmãos.
Língua é que fala, corpo é que paga.
Língua longa, sinal de mão curta.
Língua longa, mão curta.
Língua não tem osso.
Língua não tem osso, mas quebra osso.
Língua que fala, corpo que paga.
Língua solta, pés ligeiros.
Linhas tortas, letras mortas.
Linho apurado dá lenço dobrado.
Linho, focinho e bico nunca fizeram homem rico.
Liso e chão como a palma da mão.
Lisonjas ouvir, orelhas abrir.
Livra-te de dever, se queres em paz viver.
Livra-te de fruta mal sazonada, que é peste disfarçada.
Livra-te de dever, que o pagar é certo.
Livra-te de mau vizinho e de excesso de vinho.
Livra-te de questões, se queres viver em paz.
Livra-te do homem que não fala e do cão que não ladra.
Livra-te do sereno como do veneno.
Livra-te dos ares, eu te livrarei dos males.
Livra-te dos casos, livrar-te-ei dos azos.
Livre-me Deus dos amigos, que eu me livrarei dos inimigos.
Livre-me Deus dos meus amigos, que dos inimigos me livrarei eu.
Livros cerrados não fazem letrados.
Livros e amigos, poucos e bons.
Livros fechados não fazem letrados.
Livros úteis, é bom tê-los e lê-los.
Livrou-nos do embaraço sem lhe dar pé nem mão.
Lixeiro na casa dele é patrão.
Lobo com a goela cheia não morde.
Lobo faminto não tem assento.
Lobo não come lobo.
Lobo não come lobo com prazer.
Lobo não mata lobo.
Lobo nunca come lobo.
Lobo que presa toma, ainda que se vai, não cerra a boca.
Lobo tardio não torna vazio.
Lobo velho não cai em armadilha.
Lobos não são para o povoado.
Locomotiva de primeira não sai da linha.
Lógica de bacamarte.
Logo é logro.
Logra tu do teu pouco, enquanto mais busca o louco.
Longa amizade, pouca intimidade.
Longa ausência, breve esquecimento.
Longa ausência, esquecimento breve.
Longa corda tira quem por morte alheia suspira.
Longa é a arte, curta a vida.
Longas práticas fazem pequena a noite.
Longas viagens, longas mentiras.
Longas viagens, maiores mentiras.
Longas vias, longas mentiras.
Longe da cidade, longe da sanidade.
Longe da cidade, perto da sanidade.
Longe da corte, longe dos maiores cuidados.
Longe da vista, longe do coração.
Longe da vista, mas perto do coração.
Longe das minhas colmeias semelham zangão.
Longe de mim mulher que sabe latim e burra que faz “him”.
Longe do amigo que come o seu só e o meu comigo.
Longe do olhar, longe da alma.
Longe dos olhos, longe do coração.
Longe estejas donde te desejas.
Longe vá o teu agouro.
Longe vá o teu agouro, se não é de ouro.
Longo e estreito como o ano mau.
Longo e estreito como o caminho mau.
Louco é quem deixa o sossego para meter-se em questão.
Louco é quem quer o que não pode haver.
Loucura breve, longo arrependimento.
Loucuras não remedeiam loucuras.
Louva o mar e fica em terra.
Louvar-se num cego, para julgar das cores.
Louvarás o lírio, mas plantarás batatinhas.
Louvor em boca própria é menosprezo.
Louvor em boca própria é vitupério.
Louvor humano é puro engano.
Lua, a de janeiro, e amor, o primeiro.
Lua deitada, marinheiro em pé.
Lua posta, baixa-mar na costa.
Lugar de dia perdido nunca é preenchido.
Lugar ventoso, lugar sem repouso.
Lume faz cozinha, e não mulher fraldida.
Luta a onda com o rochedo, quem o paga é o mexilhão.