DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS
Compilado por HENERIK KOCHER
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D2: 201-400
201. De facto. [Jur / Black 533] De fato. (="Expressão latina que se traduz de fato, com o sentido de efetivamente ou realmente. Opõe-se ao de iure, de direito". De Plácido e Silva, Vocabulário Jurídico). VIDE: ●De gratia. ●De iure.
202. De fide et officio iudicis non recipitur quaestio, sed de scientia sive sit error iuris sive facti. [Jur / Broom 70] Da honestidade e integridade do juiz, não se aceita questionamento, mas sim de seu conhecimento, seja o erro de direito ou de fato.
203. De filo pendet. [Erasmo, Adagia 1.9.72] Está pendurado por um fio. ■Está por um fio. VIDE: ●A filo pendet. ●De funiculo pendet. ●De pilo pendet. ●E pilo pendet.
204. De fimbria telam omnem. [Schottus, Adagia 220] Pela beira (se conhece) todo o pano. ■Pela amostra se conhece o pano. VIDE: A digito cognoscitur leo. A digito cognoscitur leo. ●E fimbria de texto iudicatur. ●E fimbria de texto iudico. ●Ex fimbria tela ipsa ostenditur. ●Ex fimbria textura manifesta. ●Non raro parva magnarum rerum sunt indicia.
205. De flavis vetula in canos vulpecula pilos mutat, illius at mores vertere nemo videt. [Grynaeus 389] A raposa velha muda os pêlos de amarelos para brancos, mas ninguém a vê mudar de costumes. ■A raposa muda de pêlo, mas não de manha. ■A raposa muda de pêlo, mas não de vezo. ■O pêlo muda a raposa, mas do natural não a despoja. VIDE: ●Ambulet ut cancer recte, haud effeceris unquam. ●Flavos permutat canis vulpecula crines, at nunquam mores alterat ipsa suos. ●Ingenium suum vulpecula mutare nescit. ●Liquit sponte pilos Romae fera saeva lupinos, non tamen assuetos liquit in urbe dolos. ●Lupus cucullo indutus nihilominus ovibus insidiatur. ●Lupus pilum mutat, non animum. ●Lupus pilum mutat, non mentem. ●Lupus pilum, non ingenium mutat. ●Non est abbas prudentior quam qui monachus fuit. ●Omni vulneri est medicina, at malo naturae non est medicina. ●Pilos lupus mutat, sed animum non item. ●Rustica natura semper sequitur sua iura. ●Senecta canitiem affert improbis, non item aufert malitiam. ●Vulpes pilum mutat, non mores. ●Vulpeculorum mutantur pili, non mores.
206. De fructu arborem cognosco. [Erasmo, Adagia 1.9.39] Pelo fruto conheço a árvore. ■Pelo fruto se conhece a árvore. ■Pelo fruto conheço a árvore. ■Árvore ruim não dá bom fruto. ●De fructu arborem cognoscimus. Pelo fruto conhecemos a árvore. VIDE: ●Arbor ex fructu cognoscitur. ●E fetu cognosco arborem; e factis hominem iudico. ●E fructu arborem cognosco. ●E fructu arborem. ●Ex fructu arbor. ●Ex fructu cognoscitur arbor. ●Ex fructu arbor agnoscitur. ●Fructibus ex propriis arbor cognoscitur omnis. ●Fructibus ipsa suis, quae sit, cognoscitur arbor. ●Unaquaeque enim arbor de fructu suo cognoscitur.
207. De fumo ad flammam. [Luciano / Amiano Marcelino, Res Gestae 14.11.12] (Fugir) da fumaça para a chama. ■Escapei do trovão e dei no relâmpago. ●De fumo in flammam. [Henderson 77] VIDE: ●Cineres evitans, in carbones incidi. ●De calcaria in carbonariam pervenire. ●Evitata Charybdi in Scyllam incidi. ●Fumum fugiens, in ignem incidi. ●Ire de fumo ad flammam. ●Qui fugit patellam, cadit in prunas. ●Tendere de fumo ad flammam.
208. De fumo disceptare. [Erasmo, Adagia 1.3.54] Brigar pela fumaça. ■Discutir o sexo dos anjos. ■Discutir se penico de barro dá ferrugem. ■Tratar de coisa que nem vai nem vem. VIDE: ●De asini umbra disputare. ●De asini umbra disceptare. ●De lana caprina contendere. ●De lana caprina rixare. ●De pilis lutove disceptare. ●De umbra aselli verba sunt. ●Rixatur de lana saepe caprina.
209. De funiculo pendet. Está pendurado por um fio. ■Está por um fio. VIDE: ●A filo pendet. ●De filo pendet. ●De pilo pendet. ●E pilo pendet.
210. De futuris rebus etsi semper difficile est dicere, tamen interdum coniectura possis accedere. [Cícero, Ad Familiares 6.4] Embora seja sempre difícil adivinhar o futuro, no entanto podemos aproximar-nos dele usando conjecturas.
211. De futuro. No futuro.
212. De genitore pio nascitur ipse Satan. [Collins 105] De pai santo, nasce o próprio diabo. ■De pai santo, filho diabo.
213. De gratia. [Jur / Black 514] De favor. Por favor. VIDE: ●De facto. ●De iure.
214. De gustibus non est disputandum. [DAPR 331] De gostos não se deve discutir. ■Gostos não se discutem. ■Se todos os gostos fossem iguais, o que seria do amarelo? ■Cada um tem seu gosto. ●De gustibus non oportet disputare. ●De gustibus et coloribus non est disputandum. [Rezende 1163] De gostos e cores não se deve discutir.
215. De gustu cognosco. [Erasmo, Adagia 1.9.37] Conheço pelo sabor. ■Pelo cheiro do tição, sabe-se a madeira que queimou. VIDE: ●E gustu cognosco.
216. De hac luce ad meliorem, vocante Deo, migravit. [Boncompagno, Palma 30] Chamado por Deus, migrou desta luz para uma melhor. ■Passou desta para melhor.
217. De his criminibus, de quibus absolutus est accusatus, non potest accusatio replicari. [Gregório IX, Decretalia 1.6] Dos crimes de que o acusado foi absolvido não se pode replicar a acusação. VIDE: ●Absolutus de certo crimine de eodem iterum accusari non potest.
217a. De hoc multi multa, omnis aliquid, nemo satis. [Michelsen 59] Sobre isso, muitos disseram muita coisa, todos alguma coisa, ninguém disse o bastante. (=Declaração para justificar as afirmações do autor).
218. De iis rebus quae narrata sunt non debemus cito credere. [Sêneca, De Ira 2.29.2] Não devemos crer imediatamente naquilo que nos contam.
219. De improbis viris auferri praemium et praedam decet. [Plauto, Pseudolus 1216] Dos desonestos, é preciso tirar deles vantagem e proveito.
220. De improviso. De improviso. Sem ser esperado.
221. De industria. Com todo o cuidado. Intencionalmente.
222. De inimicis facti sumus amici. De inimigos, tornamo-nos amigos.
223. De inimico non loquaris male, sed cogites. [Publílio Siro] Pensa mal do teu inimigo, mas não o digas.
224. De integro. [Jur] Por inteiro. Não alterado. Fielmente. Recomeçando do começo. VIDE: ●Ab integro.
225. De iure constituendo. [Jur] Do direito a constituir.
226. De iure humano. Por direito humano.
227. De iure iudices, de facto iuratores respondent. [Jur / Black 515] À questão de direito respondem os juízes, à questão de fato respondem os jurados. VIDE: ●Ad quaestionem iuris respondeant iudices, ad quaestionem facti respondeant iuratores.
228. De iure. [Jur / Black 515] De direito. Legítimo. A justo título. VIDE: ●De facto. ●De gratia.
229. De lana caprina contendere. Brigar a respeito da lã da cabra. ■Discutir o sexo dos anjos. ■Discutir se penico de barro enferruja. ■Tratar de coisa que nem vai nem vem. ●De lana caprina rixari. ●De lana caprina digladiari. [Erasmo] VIDE: ●De asini umbra disputare. ●De asini umbra disceptare. ●De asini prospectu incusatio est. ●De fumo disceptare. ●De luto disceptare. ●De pilis disceptare. ●De umbra aselli verba sunt. ●Rixatur de lana saepe caprina.
230. De lana sua cogitare. Pensar na própria lã. (=Cuidar dos próprios interesses). VIDE: ●Cogitare de lana sua.
231. De latere. [Jur] Do lado. Colateralmente.
232. De lege ferenda. [Jur] Da lei a criar.
233. De lege lata. [Jur] De acordo com a lei já promulgada.
234. De lege non iudicat artifex. [Pereira 98] Artesão não julga de leis. ■Cada qual no seu ofício. ■Sapateiro, aos teus sapatos. ■Não suba o sapateiro além da chinela. VIDE: ●Caprae haud iunguntur aratro. ●Ne supra crepidam sutor iudicaret. ●Ne sutor supra crepidam. ●Ne sutor ultra crepidam.
235. De limo in caelum. (Subir) do lodo para o céu. VIDE: ●De caelo in caenum.
236. De lingua stulta veniunt incommoda multa. [Binder, Thesaurus 706] Da língua insensata vêm muitos aborrecimentos. ■Língua é que fala, corpo é que paga. VIDE: ●Conticuisse nocet nunquam; nocet esse locutum. ●Ex lingua stulta veniunt incommoda multa. ●Haud ulli tacuisse nocet, nocet esse locutum. ●Hoc illi garrula lingua dedit. ●Non est in silva peior fera quam mala lingua; de lingua stulta veniunt incommoda multa. ●Non unquam tacuisse nocet, nocet esset locutum.
237. De luna, si vere luce lucet aliena, sequentia docebunt. [Macróbio, Commentarius 1.17] A respeito da lua, se ela brilha com luz alheia, os fatos que seguem esclarecerão. VIDE: ●Citima a terris luce lucebat aliena. ●Luce lucet aliena.
238. De lunatico inquerendo. [Jur] Da inquirição do estado mental da pessoa.
239. De luto disceptare. Discutir a respeito da lama. ■Discutir se penico de barro enferruja.
240. De magnis divitiis, si quid demas, plus fit an minus? [Plauto, Trinummus 311] De uma grande riqueza, se tiras alguma coisa, ela fica maior ou menor?
241. De magno est praeda petenda grege. [Tibulo, Elegiae 1.1.34] A presa deve ser procurada em rebanho grande. ■No grande mar se cria o grande peixe.
242. De male quaesitis vix gaudet tertius heres. [Grynaeus 776; Rabelais, Gargantua 3.1] Das riquezas mal adquiridas dificilmente goza a terceira geração. ■Pai rico, filho nobre, neto pobre. VIDE: ●Daemonium repetit quidquid procedit ab ipso. ●De rebus male acquisitis non gaudebit tertius heres. ●Male acquisito non gaudebit tertius heres. ●Male parta male dilabuntur. ●Non habet eventus sordida praeda bonos.
243. De malo in peius. [John Owen, Epigrammata 8.32] De mau a pior. (=É o título do epigrama).
244. De mane consilium. [Binder, Thesaurus 708] De manhã é que se tomam as decisões. ■Dormirei, dormirei, boas novas acharei. ■De manhã é que se começa o dia.
245. De manu in manum. [Cícero, Ad Familiares 7.5; Erasmo, Adagia 4.5.29] De mão a mão.
246. De me cogites. [Divisa] Pensa em mim.
247. De mendico male meretur qui ei dat quod edit aut bibat; nam et illud quod dat perdit et illi prodit vitam ad miseriam. [Plauto, Trinnumus 301] Presta mau serviço ao mendigo quem lhe dá de comer ou beber, pois perde o que dá e lhe prolonga a vida na miséria.
248. De mensa sobrius esto. [DAPR 611] À mesa sê moderado. ■Não te arrependas nunca de ter comido pouco. VIDE: ●Semper abundantes pariunt fastidia mensae.
249. De meo. Às minhas expensas. Por minha conta.
250. De mero motu. Por simples impulso.
251. De minimis granis fit magnus acervus. [DAPR 325] ■De pequeninos grãos se junta grande monte. ■De bago em bago, enche a velha o saco. ●De minimis granis fit grandis summa. [Binder, Thesaurus 709] VIDE: ●Adde parvum parvo, magnus acervus erit. ●De multis, grandis acervus erit. ●De multis parvis grandis acervus erit. ●De parvis grandis acervus erit. ●De stipula grandis acervus erit. ●Ex granis fit acervus. ●Nihil est aliud magnum quam multa minuta.
252. De minimis non curat lex. [Bacon, Epistulae 282] A lei não cuida de pequenas coisas.
253. De minimis non curat praetor. [Manúcio, Adagia 1409] O pretor não cuida de coisas sem importância. ■Homem grande não desce a coisas baixas. ■As águias não caçam moscas. ●De minimis non curat curia. O senado não cuida de coisas sem importância. ●De minimis non curat lex. A lei não trata de coisas sem importância. ●De modicis non est curandum. Não se deve cuidar de coisas mínimas. VIDE: ●Animus excelsus res humiles despicit. ●Maximis occupati negotiis ad pusilla quaedam connivent. ●Minima non curat praetor. ●Modica non curat praetor. ●Non curat testudo muscam. ●Summi viri neglegunt minutula quaepiam.
254. De more. Segundo o costume. Normalmente.
255. De morte hominis nulla est cunctatio longa. [Jur / Black 516] Quando se trata da morte de um ser humano, nenhuma demora é considerada longa.
256. De mortuis nihil nisi bonum. [Quílon / Rezende 1183] Dos mortos, só coisa boa. ■Enterrado, perdoado. ■Não batas em homem morto. ■Ninguém sabe onde fica o cemitério dos ruins. ●De mortuis nil nisi bene. [Spalding, Guia Prático 115] ●De mortuis non nisi bene. [Binder, Thesaurus 710] ●De mortuis optima. [O Globo, 25 set. 04, 2º Caderno, p. 11] Dos mortos, somente coisas muito boas. ●De mortuis nihil nisi verum. [MacDonnel 55] A respeito dos mortos, dizer somente a verdade. ●De mortuis et absentibus nil nisi bene (loqui decet). De mortos e ausentes só se deve falar bem. VIDE: ●Cum mortui non mordent, iniquum est ut mordeantur. ●Mortuis non convinciandum. ●Nihil de mortuis nisi bonum. ●Parce sepulto. ●Parce sepultis. ●Vivos castigare decet, non mortuos.
257. De motu proprio. Por movimento próprio. Por iniciativa própria. Voluntariamente. VIDE: ●De proprio motu. ●Ex proprio motu. ●Motu proprio. ●Proprio motu. ●Sponte propria. ●Sponte sua. ●Sua sponte.
258. De multis multum, de paucis sume pusillum. [Pereira 103] Do muito tira muito, do pouco tira pouquinho. ■Do pouco o pouco, e do muito o muito.
259. De multis paleis grana pauca coëgi. [Schottus, Adagia 417] Da muita palha colhi pouco grão. ■Muita palha e pouco grão. VIDE: ●E multis paleis, paulum fructus collegi. ●E multis paleis, parum fructus. ●Ex multis paleis parum fructus reportavi. ●Ex multis paleis parum fructus.
260. De multis, grandis acervus erit. [Ovídio, Remedia Amoris 424] De muitas coisas se fará um grande monte. ■Muitos poucos fazem um muito. ●De multis parvis grandis acervus erit. De muitas coisas pequenas formar-se-á um grande monte. VIDE: ●Amnem parvorum facit unda frequens fluviorum. ●De minimis granis fit magnus acervus.
261. De muris iudicare Achivos. Julgar os gregos da muralha. (=Julgar de longe, sem ver, sem conhecer a questão). ■Dar sentença de baque e boque. VIDE: ●Achivos a turre iudicare. ●Quid Achivos a turre iudicatis?
262. De nihilo crevit. [Petrônio, Satiricon 38] Nasceu do nada. (=Refere-se a um homem pobre que enriqueceu comerciando). ■Fez-se por si mesmo.
263. De nihilo nihil. Nada (vem) do nada. ●De nihilo nihilum. VIDE: ●Ex nihilo nihil fit. ●Ex nihilo nihil. ●Gigni de nihilo nihil, in nihilum nil posse reverti. ●Nihil ex nihilo. ●Nil igitur fieri de nilo posse fatendum est. ●Nullam rem e nihilo gigni divinitus unquam. ●Res non posse creari de nihilo.
264. De nocte. Em plena noite.
265. De nocte consilium. [Binder, Thesaurus 712] À noite, o conselho. ■A noite traz conselho. ■Para teu conselheiro não esqueças o travesseiro. VIDE: ●In nocte consilium. ●Nocte interposita melior sententia surget. ●Noctu urgenda consilia. ●Nox dabit consilium.
266. De non apparentibus, et non existentibus, eadem est ratio. [Jur / Broom 131] Tanto para as coisas que não aparecem como para as que não existem, a regra é a mesma. ●De non apparentibus, et non existentibus, eadem lex. VIDE: ●Idem est non esse et non apparere. ●Quod non apparet non est.
267. De novo. De novo. Desde o começo. Novamente. Uma segunda vez.
268. De nuce fit corylus, de glande fit ardua quercus. [DAPR 457] Da noz nasce a aveleira, da bolota nasce o alto carvalho. ■O maior carvalho saiu de uma bolota. ■Grande é o marão, e não dá palha nem grão. ■De pequena fagulha, grande labareda. ●De nuce fit corylus, de glande fit ardua quercus, e parvo puero saepe peritus homo. [Eiselein 375] Da noz nasce a aveleira, da bolota nasce o alto carvalho, de pequeno menino sai, muitas vezes, um homem competente. VIDE: ●De parvo puero saepe peritus homo. ●Omnium enim rerum principia parva sunt. ●Parvis e glandibus quercus. ●Sub qua nunc recubas arbore, virga fuit. ●Tandem fit surculus arbor.
269. De omni re scibili, et quibusdam aliis. (Trata) de tudo que se possa saber e de algumas outras coisas. (=É alusão irônica à obra De Omni Re Scibili, publicada por Pico della Mirandola. A frase é citada para ironizar pessoa que pretende saber tudo). ●De omnibus rebus et quibusdam aliis. De todas as coisas e algumas outras.
270. De omnibus dubitandum. [Princípio da filosofia de Descartes] Deve-se questionar tudo.
271. De ore tuo te iudico. [Vulgata, Lucas 19.22] Julgo-te pela tua boca. ■A boca diz quanto lhe manda o coração. VIDE: ●Ex ore tuo te iudico.
272. De pane lucrando. Com o objetivo de ganhar o pão. (=Diz-se de atividade exercida com fins de lucro).
273. De partibus vitae omnes deliberamus, de tota nemo deliberat. [Sêneca, Epistulae Morales 71.2] De partes de nossa vida, todos tomamos decisões; do todo ninguém delibera. ●De partibus vitae quisque deliberat, de summa nemo. Todos tomam decisões sobre partes de sua vida, ninguém sobre a última.
274. De parva scintilla magnum saepe excitatur incendium. [Henderson 78] De uma faísca minúscula muitas vezes nasce um grande incêndio. ■De uma faísca se queima a vila. ■De pequena fagulha, grande labareda. ■Com pequena brasa se queima uma casa. ●De parva scintilla magna suscitavit incendia. [S.Tomás de Aquino, In Matthaeum 11.3] De uma pequena faísca provocou grandes incêndios. VIDE: ●A scintilla una augetur ignis. ●Ex minima magnus scintilla nascitur ignis. ●Ex scintilla incendium. ●Ex sola scintilla conflagrat saepe tota domus. ●Parva saepe scintilla magnum excitat incendium. ●Parva saepe scintilla contempta magnum excitavit incendium. ●Videmus accidere ex una scintilla incendia passim.
274a. De parvis grandis acervus erit. [Henderson 78] De coisas pequenas se formará um grande monte. ■De pequeninos grãos se junta grande monte. VIDE: ●De minimis granis fit magnus acervus. ●De multis parvis grandis acervus erit.
275. De parvo puero saepe peritus homo. [Singer, Thesaurus Proverbiorum Medii Aevi 20] De um menininho muitas vezes sai um homem instruído. VIDE: ●Ante fuit vitulus, qui nunc fert cornua taurus. ●De nuce fit corylus, de glande fit ardua quercus. ●E parvo puero saepe peritus homo. ●Omnium enim rerum principia parva sunt. ●Saepe caballus erit qui pulli more subhinnit.
276. De paupere frequenter fit iudicium, sed contra iniuriam divitis non est remedium. [VES 99] Com freqüência se faz julgamento do pobre, mas contra a injustiça do rico não há remédio. ■Ladrão endinheirado nunca morre enforcado. VIDE: ●Contra iniuriam divitis non est remedium.
277. De pauperis sacculo exspectes nihil. De saco de pobre, nada esperes.
277a. De paupertate tacentes plus poscente ferent. [Horácio, Epistulae 17.43] Os que se calam sobre sua pobreza conseguirão mais do que quem reclama.
278. De paxillo suspendere. [Manúcio, Adagia / Bernardes, Nova Floresta 3.97] Pendurar no poste. (=Reter um documento. Engavetar um processo).
279. De persona ad personam. De pessoa a pessoa.
280. De pilis disceptare. Brigar por causa de pêlos ■Discutir o sexo dos anjos. VIDE: ●De asini umbra disputare. ●De asini umbra disceptare. ●De asini prospectu incusatio est. ●De fumo disceptare. ●De lana caprina contendere. ●De lana caprina rixare. ●De umbra aselli verba sunt. ●Rixatur de lana saepe caprina.
281. De pilo pendet. [Erasmo, Adagia 1.9.72] Está pendurado por um cabelo. ■Está por um fio. VIDE: ●A filo pendet. ●De filo pendet. ●E pilo pendet.
282. De plano. Sem dificuldade. Sem formalidade. Sumariamente.
283. De plenis cyathis multos periisse sciatis. [Eiselein 636] Sabeis que muitos morreram por causa dos copos cheios. ■Mais homens se afogam no copo que no mar. VIDE: ●Ancipiti plus ferit ense gula. ●Ense cadunt multi, perimit sed crapula plures.
284. De potentia ad actum. Da possibilidade à realização.
285. De praeteritis non est querendum. [Cícero, Ad Familiares 7.28] Não devemos queixar-nos do que passou.
286. De primo ad ultimum. Do primeiro ao último.
286a. De principatu contendebant sidera; sol oritur: omnis cessat contentio. Procerum superbia deficit, cum rex adest. Os astros brigavam pela primazia; o sol apareceu: cessou toda disputa. O orgulho dos nobres desaparece quando o rei está presente.
287. De profundis clamavi ad te, Domine. [Vulgata, Salmos 129.1] Das profundezas te chamei, Senhor.
288. De proprio motu. Por movimento próprio. Por iniciativa própria. Espontaneamente. Voluntariamente. VIDE: ●De motu proprio. ●Ex proprio motu. ●Motu proprio. ●Proprio motu. ●Sponte propria. ●Sponte sua. ●Sua sponte.
289. De pulchro ligno vel pendere libeat. [Schottus, Adagia 367] Até para enforcar-se uma bela árvore agrada. ●De pulchro ligno vel strangulare. [Erasmo, Adagia 2.2.8] ●De pulchro ligno etiam strangulari convenit. [Eiselein 203] VIDE: ●E pulchro ligno vel suspendi praestat. ●Suspendium etiam fiat e digna trabe. ●Vel strangulari pulchro de ligno iuvat.
289a. De pusillis fontibus magni surgunt rivi. [Thomas Wright, The Political Songs of England 166] De pequenas fontes nascem os grandes rios. ■De pequena fagulha, grande labareda. VIDE: ●Flumina magna trahunt ortum de fonte pusillo.
289b. De pusillis magna prooemia. [Seybold 85] Uma grande introdução a respeito de assuntos sem importância.
290. De radice bona nascitur omne bonum. De boa raiz tudo que nasce é bom. VIDE: ●A radice sapit pomum quocumque rotatur. ●Si radix sancta, et rami.
291. De re irreparabile ne doleas. [Mota 154] Não sofras pelo que não tem conserto. ■O que não tem remédio, remediado está. ■Não chores pelo leite derramado. ●De re amissa irreparabili ne doleas. [Henderson 78] Não chores por coisa perdida irrecuperável. ■Ao perdido, perder-lhe o sentido.
291a. De rebus aeternis cave multum interroges. [H.J.P.von Bayer, Poematum Libellus 146] Evita perguntar muito sobre as coisas eternas.
292. De rebus ignotis per notas et evidentes coniecturam fac. [Solon / Rezende 1212] Pelas coisas conhecidas e evidentes tira conclusões sobre as desconhecidas.
293. De rebus male quaesitis non gaudebit tertius heres. [Ambrósio, De Officiis] Das riquezas mal adquiridas não gozará a terceira geração. ■Pai rico, filho nobre, neto pobre. ■Avô rico, pai remediado, filho pobre. VIDE: ●De male quaesitis vix gaudet tertius heres. ●De male quaesitis non gaudet tertius heres.
293a. De rebus minimis fit saepe molestia grandis. [Julius Wegeler, Philosophia Patrum 231] Muitas vezes, de coisas mínimas nasce um grande incômodo. ■De pequena fagulha, grande labareda. ■De pequenas causas, grandes efeitos. VIDE: ●A scintilla una augetur ignis. ●Generat parvum grandia principium. ●Maxima bella ex levibus causis. ●Parvae occasiones magnarum rerum causae existunt.
294. De rebus pacis ac belli. [S.Agostinho, De Civitate Dei 2.11] Das questões de paz e de guerra. De coisas da guerra e da paz.
295. De rebus, non specie, sed vera utilitate iudicemus. Sobre as coisas julguemos não pela aparência, mas pela verdadeira utilidade.
296. De repente. De repente. VIDE: ●De subito.
297. De sapienti viro facit ira virum cito stultum. A ira rapidamente transforma o homem sábio num estúpido.
298. De scurra multo facilius divitem quam patrem familias fieri posse. [Cícero, Pro Quinctio 17] De um bufão é mais fácil fazer-se um homem rico que um pai de família. ■Nunca de bom mouro bom cristão. ■Quem foi ruim, não deixa de ser. VIDE: ●E scurra facilius dives quam paterfamilias sit. ●Qui semel scurra, nunquam paterfamilias. ●Scurra semel nunquam paterfamilias. ●Sero bonus vulpes religiosus erit.
299. De se nemo male praedicat. [Pereira 112] Ninguém fala mal de si. ■Não há romeiro que diga mal do seu bordão.
300. De siccis lignis componitur optimus ignis. [Binder, Thesaurus 719] De lenha seca se faz o melhor fogo. ■De bom logo, bom fogo.
301. De similibus idem est iudicium. [Jur] Em casos semelhantes, o julgamento é o mesmo.
302. De sole caecus iudicat. [Binder, Thesaurus 720] O cego dá opinião sobre o sol. ■Não pode o cego distinguir cores.
303. De stipula grandis acervus erit. [Ovídio, Amores 1.8.90] De uma palha se formará um grande monte. ■De pequeninos grãos se junta grande monte. ■De bago em bago, enche a velha o saco. VIDE: ●De minimis granis fit magnus acervus. ●De multis, grandis acervus erit. ●De multis parvis grandis acervus erit. ●Ex granis fit acervus.
304. De subito. De repente. VIDE: ●De repente.
305. De tanta laetitia, quanta tristitia! [S.Bernardo, Meditationes Piissimae 3.9] De tão grande alegria, quanta tristeza!
306. De te fabula narratur. [Rezende 1229] É de ti que se fala nesta história. VIDE: ●Quid rides? Mutato nomine de te fabula narratur.
307. De tempore in tempus. De tempos em tempos.
308. De tenero ungue. Desde quando tinha a unha mole. (=Desde criancinha). VIDE: ●A nutricibus. ●A parvulo. ●A parvulis. ●A prima aetate. ●A prima pueritia. ●A primo vitae limine. ●A puero. ●A rudibus annis.●A teneris annis. ●A tenero ungue. ●Ab adulescentia. ●Ab exordio vitae. ●Ab incunabulis. ●Ab ineunte aetate. ●Ab infantia. ●Ab infantia prima. ●Ab initio aetatis.
309. De terra es, et de terra vivis, et in terram reverteris, quando venerit dies illa ultima quae subito veniet, et forsitan hodie erit. [S.Bernardo, Meditationes Piissimae 3.10] És da terra, e vives da terra, e voltarás para a terra, quando chegar aquele último dia que chegará subitamente, e que talvez seja hoje.
310. De toga ad pallium. [Erasmo, Adagia 4.5.45] (Passar) da toga para o pálio. ■Tornar para trás como caranguejo. ■Passar de cavalo a burro.
311. De tuo capite aguntur comitia. [Erasmo, Adagia 4.1.69] É de tua cabeça que tratam os comícios. ■De tua pele se trata.
312. De tuo stomacho coniecturam facis. [Medina 604] Julgas de acordo com teu estômago. ■Pelo teu coração, julgas o de teu irmão.
313. De umbra aselli verba sunt. [Schottus, Adagia 621] A discussão é sobre a sombra do burrinho. (=Disputam sobre nugas). VIDE: ●De asini umbra disputare. ●De asini prospectu. ●De fumo disceptare. ●De lana caprina contendere. ●De lana caprina rixare. ●De pilis lutove disceptare. ●Rixatur de lana saepe caprina.
314. De vento vivere. [Binder, Thesaurus 722] Viver de vento. ■Viver de ar.
315. De verbis perventum est ad verbera. [VES 67] Das palavras passou-se às pancadas. VIDE: ●A verbis ad verbera.
315. De verbis quantumvis, de opere nihil. De palavras, quanto se queira; de ação, nada.
316. De verbo ad verbum. Palavra por palavra. Textualmente. ●De verbo ad verbum.
317. De verborum significatione. [Digesta 50.16] Do significado das palavras.
318. De vero. Na realidade.
319. De vestimentis enim procedit tinea, et a muliere iniquitas viri. [Vulgata, Eclesiástico 42.13] Dos vestidos vem a traça; da mulher vem a maldade do homem.
320. De via in semitam degredi. [Plauto, Casina 568] Afastar-se da estrada para o atalho. (=Fugir do assunto).
321. De visu. De vista. Por ter visto. VIDE: ●Ex visu.
322. De vita et moribus. A respeito da vida e dos costumes. (Diz-se das informações sobre a vida e costumes de uma pessoa).
323. De vitiis nostris scalam nobis facimus, si vitia ipsa calcamus. [S.Agostinho, Sermones 176.4] Construímos para nós uma escada com nossos vícios, se nós pisamos nesses vícios.
324. Dea impudentia! [Schottus, Adagia 221] Deusa impudência! ■Mas que descaramento!
325. Dea infensa tenebat oculos defixos in terram. A deusa, irritada, mantinha os olhos fixos no chão. VIDE: ●Diva solo fixos oculos aversa tenebat.
326. Debebis optare optima. [Cícero, Ad Familiares 9.17] Deverás desejar o melhor.
327. Debemur morti nos nostraque. [Horácio, Ars Poetica 63] Estamos destinados à morte, nós e nossas obras.
328. Debemus autem nos firmiores imbecillitates infirmorum sustinere. [Vulgata, Romanos 15.1] Nós, que somos mais fortes, devemos suportar as fraquezas dos fracos.
329. Debemus carmina Baccho. [Nemesiano, Écloga 3.16] É a Baco que devemos as canções. VIDE: ●Carmen amat Bacchum, carmina Bacchus amat.
329a. Debes regi ut possis regere. Deves ser governado, para que possas governar.
330. Debet illud solum probari quod probatum prosit probatori. [Jur] Só deve ser provado aquilo que favorece a quem prova.
331. Debet quis iuri subiacere ubi delinquit. [Jur / Black 524] A pessoa deve ser submetida à lei (do lugar) onde delínqüe.
332. Debet sua cuique domus esse perfugium tutissimum. [Jur / Black 524] A casa de todo homem deve ser um refúgio totalmente seguro.
333. Debile fundamentum fallit opus. [Jur / Broom 147] Um alicerce fraco derruba o edifício. ●Debile fundamentum tollit opus. [Henderson 79].
334. Debile principium melior fortuna sequetur. [Rabelais, Gargantua 42] Uma sorte melhor seguirá o começo fraco.
335. Debilior culex. Mais fraco que um mosquito.
336. Debilis ac fortis veniunt ad limina mortis. [Gaal 1532] Tanto o fraco como o forte chegam à porta da morte. ■A morte não poupa nem o fraco nem o forte. ■Tanto morre o papa como quem não tem capa. VIDE: ●Aequa mors est. ●Aequa tellus pauperi recluditur regumque pueris. ●Dispar vivendi ratio est, mors omnibus una. ●Dissimiles, sed morte pares. ●Est commune mori, mors nulli parcet honori. ●Grandia cum minimis mors ferit ense pari. ●Metit Orcus grandia cum parvis. ●Moritur doctus similiter ut indoctus. ●Mors aequabit quos pecunia separavit. ●Mors sceptra ligonibus aequat. ●Mors servat legem: tollit cum paupere regem. ●Nec mors humano subiacet arbitrio. ●Pallida mors aequo pulsat pede pauperum tabernas regumque turres. ●Romae quoque homines moriuntur.
337. Debita carminibus libertas. [Virgílio, Aetna 91] Os poemas têm direito à liberdade. VIDE: ●Liberi poëtae et pictores. ●Pictor poëtaque esse liberi solent. ●Pictores et poëtae liberi. ●Pictoribus atque poëtis quidlibet audendi semper fuit aequa potestas.
337a. Debita promissum parit. Promessa gera dívidas. ■Promessa é dívida. ■O prometido é devido. VIDE: ●Fas est implere promissa decentia vere. ●Ius est implere promissa decentia vere. ●Omne promissum cadit in debitum. ●Postquam promisimus, necessario reddere debemus. ●Qui fide iubet, haud raro dolet. ●Sponde, noxa praesto est. ●Spondere plurimis fuit et damno et malo.
338. Debita redde mihi. [Maximiano, Elegiae 5.52] Paga-me o que deves. VIDE: ●Redde quod debes.
339. Debita sequuntur personam debitoris. [Jur / Black 524] Os débitos seguem a pessoa do devedor.
340. Debita si vetera sunt, accipiatur avena. [Eiselein 24] Se as dívidas são velhas, aceita-se até aveia. ■De ruim pagador, em farelos. VIDE: ●Ab improbo debitore quidvis accipe. ●Accipias paleam, si non vult solvere nequam. ●Arripias paleas, si non vult solvere nequam debitor; accipias, si miser est, paleas. ●Debitor, accipias, si miser est, paleas. ●Pro veteri debito accipimus stramen avenae.
341. Debito modo, tempore opportuno, in loco conveniente. No modo devido, no tempo apropriado, no lugar conveniente.
342. Debito soluto, tranquilla agitur vita. [Medina 608] Paga a dívida, a vida fica tranqüila. ■Quem paga suas dívidas, cura seus males. VIDE: ●Aeris alieni comes miseria. ●Qui nulli debet, fortunatissimus ille est. ●Ter quaterque felix qui non est debitor ulli.
343. Debitor, accipias, si miser est, paleas. [Pereira 102] Se o devedor é um coitado, receberás até palhas. ■De ruim pagador, em farelos. VIDE: ●Ab improbo debitore quidvis accipe. ●Accipias paleam, si non vult solvere nequam. ●Arripias paleas, si non vult solvere nequam debitor; accipias, si miser est, paleas. ●Pro veteri debito accipimus stramen avenae.
344. Debitor debitoris mei debitor meus est. [Mota 183] O devedor do meu devedor é meu devedor. ■Quem deve a quem me deve, a mim me deve.
345. Debitor debitoris mei meus non est debitor. [Jur] O devedor do meu devedor não é meu devedor. ●Debitor debitoris mei debitor meus non est. VIDE: ●Debitoris mei debitor non est meus debitor.
346. Debitor es regis? duplicata numismata solves. [Pereira 118] Deves ao rei? Pagarás o dinheiro em dobro. ■Quem a vaca do-rei come magra, gorda a paga.
347. Debitor hic praestat, qui debita solvere curat. [DAPR 238] Leva vantagem o devedor que cuida de pagar as dívidas. ■Quem paga dívida faz cabedal.
348. Debitor non est sine creditore, non magis quam maritus sine uxore aut sine filio pater; aliquis dare debet, ut aliquis accipiat. [Sêneca, De Beneficiis 5.8.1] Não há devedor sem credor, do mesmo modo que não há marido sem mulher, ou pai sem filho: alguém deve dar, para que alguém receba.
349. Debitor sui ipsius esse nemo potest. [Fumagalli 56] Ninguém pode ser devedor de si mesmo. VIDE: ●Actor et reus idem esse non potest.
350. Debitoris mei debitor non est meus debitor. [Jur] O devedor do meu devedor não é meu devedor. VIDE: ●Debitor debitoris mei debitor meus non est. ●Debitor debitoris mei meus non est debitor.
351. Debitum et contractus sunt nullius loci. [Jur / Black 524] A dívida e o contrato não pertencem a nenhum lugar. (=A obrigação de pagar é pessoal, independente do lugar em que foi assumida).
352. Debitum insolubile. Uma dívida impagável.
353. Decem annos consumpsi in legendo Cicerone. [Erasmo / Bacon, Advancement of Learning 2.4.2] Consumi dez anos lendo Cícero.
354. Decem faciunt populum. Dez pessoas fazem uma multidão. VIDE: ●Multitudinem decem faciunt.
355. Decem praeceptorum custos Carolus. [Inscrição na espada de Carlos Magno] Carlos é o guardião dos dez mandamentos.
356. Decent vultum severum seria dictu. Coisas sérias de dizer convêm a uma cara séria. VIDE: ●Tristia maestum vultum verba decent, iratum plena minarum, ludentem lasciva, severum seria dictu.
357. Deceperint populum meum, dicentes: Pax, et non est pax. [Vulgata, Ezequiel 13.10] Enganaram o meu povo, dizendo: Paz, e tal paz não havia. VIDE: ●Dicentes: pax, pax! et non erat pax.
358. Decepta voluntas est voluntas. [Jur] A vontade enganada é vontade.
359. Deceptio visus. Uma ilusão de ótica.
360. Deceptis feminis, non decipientibus opitulatur. [Jur] Dá-se auxílio às mulheres enganadas, não às que enganam.
361. Deceptis, non decipientibus, lex opitulatur. [Ulpiano, Digesta 1.2.3] A lei protege os enganados, não os enganadores. ●Deceptis, non decipientibus, iura subveniunt. [Jur / Black 529] ●Deceptis, non decipientibus, iura opitulantur. VIDE: ●Errantibus, non decipientibus, iura subveniunt.
362. Decessit sine prole. Morreu sem deixar filhos. ●Decessit sine prole legitima. Morreu sem descendência legítima. ●Decessit sine prole mascula. Morreu sem descendentes masculinos.
363. Decet aerumnam pati animo aequo; si id facietis, levior labor erit. [Plauto, Captivi 195] Convém suportar o mal com paciência; se o fizeres, o sofrimento ficará mais suave.
364. Decet Caesaris uxorem non solum crimine, verumetiam criminis suspicione vacare. [Manúcio, Adagia 5] À mulher de César convém não só não ter culpa, mas até não sofrer suspeita de culpa.
365. Decet cariorem esse patriam nobis quam nosmet ipsos. [Cícero, De Finibus 3.64] A pátria deve ser mais cara a nós do que nós mesmos.
366. Decet fraudem pellere fraude pari. Convém repelir artimanha com artimanha igual. VIDE: ●Fraus est concessa repellere fraudem. ●Me decuit fraudem pellere fraude pari.
367. Decet imperatorem stantem mori. [Últimas palavras do imperador Vespasiano] Convém que o imperador morra de pé. VIDE: ●Imperatorem stantem mori oportere.
368. Decet licere minimum cui multum licet. É justo que se permita o mínimo a quem se permite muito. ■Quem pode o mais pode o menos. VIDE: ●Cui licet quod est plus, licet utique quod est minus. ●Minimum decet libere, cui multum licet.
369. Decet magnanimitas quemlibet mortalem, etiam illum, infra quem nihil est. [Sêneca, De Clementia 1.5.3] A magnanimidade fica bem a qualquer mortal, mesmo àquele abaixo de quem não há nada.
370. Decet tamen principem servare leges quibus ipse servatus est. [Jur / Black 529] Convém que o príncipe guarde as leis pelas quais ele mesmo é guardado.
371. Decet timeri Caesarem. [Sêneca, Octavia 457] Convém que César seja temido.
372. Decet unumquemque proprio se metiri modulo. [S.Efrem / Bernardes, Luz e Calor 1.10] Convém que cada um se meça pela sua própria medida.
373. Decet verecundum esse adulescentem. [Plauto, Asinaria 812] Convém que o jovem seja pudico. VIDE: ●Adulescentem verecundum esse decet.
374. Decidens scabrum cavat unda tophum. [Lupercus Servastus, De Vetustate 9] A gota d’água que cai fura a pedra mais dura. ■Água mole em pedra dura tanto dá, até que fura. VIDE: ●Dura tamen molli saxa cavantur aqua. ●Gutta cavat lapidem. ●Gutta cavat lapidem, consumitur anulus usu. ●Longa dies molli saxa peredit aqua.
375. Decidit ex oculis umida gutta meis. Dos meus olhos cai uma lágrima. VIDE: ●Ex oculis umida gutta cadit. ●Labitur ex oculis umida gutta meis.
376. Decies repetita placebit. [Horácio, Ars Poetica 365] (Há quadros que) agradará olhar dez vezes.
377. Decima hora amicos plures quam prima repperies. [Publílio Siro] Na décima hora encontrarás mais amigos do que na primeira. (=A décima hora era a hora do jantar). ■Amigo de mesa não é de firmeza. ●Decima hora amicos plures quam prima invenies. VIDE: ●Amici ollares. ●Amicus dum olla fervet. ●Fervet olla, vivit amicitia.
378. Decimae debentur parocho. [Jur / Black 529] Ao pároco são devidos os dízimos.
379. Decipi ille non censetur qui scit sese decipi. [Publílio Siro] Não passa por enganado quem sabe que está sendo enganado. ●Decipi non censetur qui scit se decipi. VIDE: ●Non decipitur qui scit se decipi.
380. Decipi quam fallere est tutius. [Jur / Black 529] É mais seguro ser enganado que enganar.
381. Decipimur specie recti. [Horácio, Ars Poetica 25] Somos enganados pela aparência do bem. ■Quem vê cara, não vê coração. ■As aparências enganam. VIDE: ●Aurea ne credas quaecumque nitescere cernis. ●Fallax fiducia formae. ●Habent insidias hominis blanditiae mali. ●Mentem hominis spectato, non frontem. ●Species decipit.
382. Decipit frons prima multos. [Fedro, Fabulae 4.1.16] A primeira impressão engana a muitos. ■As aparências enganam. VIDE: ●Fronti nulla fides. ●Non semper ea sunt quae videntur.
383. Decipit incautas fistula dulcis aves. [Walther 5255 / Tosi 257] A doce flauta ilude os pássaros incautos. ■Quem o pássaro quer tomar, não o há de enxotar. VIDE: ●Fistula dulce canit, volucrem dum decipit auceps. ●Noli homines blando nimium sermone probare: fistula dulce canit, volucrem dum decipit auceps.
384. Decipiunt multos: favor principis, muliebris amor, aprile serenum, labile folium rosae. [Bebel, adaptado / DAPR 264] Enganam a muitos: o favor do príncipe, o amor da mulher, o bom tempo de abril, a frágil pétala da rosa. ■Sol de inverno, chuva de verão, amor de rameira e palavrinhas doces do meu capitão, a mim não me enganarão. VIDE: ●Gratia magnatum nescit habere statum. ●Gratia regalis non est perpetualis. ●Magnatum gratiae non diu durant. ●Ridenti domino et caelo ne crede sereno, nam facili causa dominus mutatur et aura. ●Ridenti domino diffide poloque sereno.
385. Decipiunt omnes ambitione lucri. Todos enganam pela ambição de lucro.
386. Decipiunt omnes, nec nos in crimine soli. [DAPR 408] Todos enganam, e nós não somos os únicos a errar. ■De louco todos temos um pouco. ■Todos têm o seu pé de pavão.
387. Decipiuntur aves per cantus saepe suaves. [Binder, Thesaurus 724] Muitas vezes os passarinhos são enganados por melodias suaves. ■Boas palavras e maus feitos enganam sisudos e néscios.
388. Decipula murem cepit. [Erasmo, Adagia 3.4.92] A armadilha apanhou o rato. ■Caiu na esparrela.
389. Declarare voluntatem verbis vel factis paria sunt. [Jur] Declarar a vontade por palavras ou por atos importa o mesmo.
390. Declaratio nullitatis. [Jur] Declaração de nulidade.
390a. Declaratur animus plus factis quam verbis. [Leopold Volkmar, Paroemia et Regulae Juris 30] Conhece-se a intenção mais pelos atos do que pelas palavras.
391. Declina a malo et fac bonum. [Vulgata, Salmos 36.27] Desvia-te do mal, e faze o bem. ●Declina a malo et in bono te exerce. VIDE: ●Diverte a malo et fac bonum. VIDE: ●Fac bonum, diverte a malo.
391a. Decoctus semper dolosus praesumitur, in iudicio civili, donec contrarium probetur. [J.Bédarride, Traité des Faillites et Banqueroutes 1.5] No juizado civil, o falido é sempre considerado doloso, até prova em contrário. VIDE: ●Fallitus ergo fraudator.
392. Decor animi duplex, innocentia et humilitas. A inocência e a humildade são as duas glórias do espírito.
393. Decora teipsum. [Erasmo, Adagia 4.2.10] Respeita a ti mesmo.
394. Decori decus addit avito. [Divisa] Acrescenta glória à glória dos antepassados.
395. Decori est ovibus sua lana. [Ovídio, Metamorphoses 13.849] Para as ovelhas, a lã é ornamento.
396. Decurso in spatio, breve quod vitae reliquum est, voluptate, vino et amore delectavero. [Plauto, Mercator 545] No pequeno período de vida que me sobra, gozarei do prazer, do vinho e do amor.
397. Decus et laus civitatis. [Cícero, De Natura Deorum 7] A honra e a glória da nação.
398. Decus et pretium recte petit experiens vir. [Horácio, Epistulae 17.1.42] O homem experimentado pede sem rodeios respeito e pagamento.
399. Decus et tutamen. [Virgílio, Eneida 5.262] Ornamento e proteção. (=Inscrição em moeda inglesa de uma libra).
400. Decus hominis ingenium est, ingenii lumen loquentia. O ornamento do homem é sua inteligência, a luz da inteligência é o domínio da palavra.