DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS
Compilado por HENERIK KOCHER
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V8: 1401-1572
1401. Voluntas ad necem. A vontade de matar. VIDE: ●Animus necandi.
1402. Voluntas bona pro facto est. [DAPR 681] ■A boa-vontade supre a obra. ■Mais faz quem quer do que quem pode. VIDE: ●In magnis et voluisse sat est. ●Quidquid agant homines, intentio iudicat omnes. ●Saepe potestatem solita est superare voluntas.
1403. Voluntas causat, quia vult. A vontade faz acontecer, porque quer.
1404. Voluntas dantis reparavit parvitatem dati. A vontade do doador compensou a pequenez da dádiva. ■O que vale é a maneira de dar. VIDE: ●Beneficium non in eo quod fit aut datur consistit, sed in ipso dantis aut facientis animo.
1405. Voluntas est mihi. É minha vontade.
1406. Voluntas facit usum, usus exercitium, exercitium vires. [S.Bernardo / Bernardes, Luz e Calor 1.221.71] A vontade faz o uso; o uso faz a prática, e a prática cria forças.
1407. Voluntas facto, magis quam verbis, declaratur. [Jur / Rezende 7236] A intenção se expressa mais pela ação que pelas palavras.
1408. Voluntas habetur pro facto. [Erasmo, Colloquia Familiaria, Exequiae Seraphicae] A vontade é considerada como ação. ■A intenção é que faz a ação. VIDE: ●Pari sorte scelus et sceleris voluntas. ●Voluntas reputatur pro facto.
1409. Voluntas hodie vincit rationem. [VES 136] Hoje, a vontade vence a razão. ■Quero porque quero. VIDE: ●Voluntas vincit rationem.
1410. Voluntas hominis ambulatoria est usque ad vitae supremum exitum. [Ulpiano, Digesta 24.1.32] A vontade do homem é mutável até o último dia de sua vida. ●Voluntas hominis mutabilis est usque ad vitae momentum. [Pensées d'Oxenstirn 158] VIDE: ●Ambulatoria est voluntas defuncti usque ad vitae supremum exitum. ●Sit ambulatoria voluntas usque ad vitae supremum exitum.
1411. Voluntas impudicum, non corpus, facit. [Publílio Siro] É a vontade, não o corpo, que faz o homem dissoluto.
1412. Voluntas in delictis non exitus spectatur. [Bouvier, Law Dictionary 149] Nos delitos, considera-se a intenção, não o resultado.
1413. Voluntas in vultu cognoscitur. [S.Bruno Astense / Bernardes, Luz e Calor 1.33] No rosto se conhece a vontade.
1414. Voluntas legis. [Digesta 1.3.19] A intenção da lei. VIDE: ●Mens legis.
1415. Voluntas magis quam verba plerumque intuenda sunt. [Codex Iustiniani 6.42.16.1] Geralmente, deve-se considerar mais a intenção do que as palavras.
1416. Voluntas non est, ubi est necessitas. [Medina 662] Não há vontade, quando há necessidade. ■A necessidade faz a razão.
1417. Voluntas non fertur in incognitum. [Pietro Scavini, Theologia Moralis Universa 13] Não se tem desejo do desconhecido. ■Não se deseja o que o olhar não veja. VIDE: ●Ignoti nulla cupido. ●Nihil volitum quin praecognitum. ●Volitum nihil, nisi cognitum.
1418. Voluntas non potest cogi ad agendum. [S.Tomás de Aquino, Summa Theologiae] A vontade não pode ser coagida a agir.
1419. Voluntas principis habet vigorem legis. [J.L.Balmes, El Protestantismo Comparado con el Catolicismo 212] A vontade do príncipe tem força de lei. ■Vontade de rei tem força de lei.
1420. Voluntas principis suprema lex est. [Duc de Belle-Isle, Testament Politique 169] A vontade do príncipe é a lei suprema. ■Vontade de rei tem força de lei. ■Vão as leis aonde querem os reis. VIDE: ●A magnis proprio vivitur arbitrio. ●Aequum aut iniquum regis imperium feras. ●Quicquid regi placuerit, quamvis ratione careat, legis habet vigorem. ●Quo volunt reges, vadunt leges. ●Quo voluntas regis, vadunt leges. ●Quod placuit principi legis habuit vigorem. ●Quod principi placuit, legis habet vigorem. ●Quod principi placuit, legis habet rationem. ●Regis voluntas suprema lex esto. ●Ut volunt reges, ita valent leges.
1421. Voluntas pro facto reputatur. [Rezende 7238] A vontade é considerada como ação. ■A intenção é que faz a ação. ●Voluntas reputatur pro facto. [Black 1823] VIDE: ●Voluntas habetur pro facto.
1422. Voluntas testatoris est ambulatoria usque ad extremum vitae exitum. [Jur / Coke / Black 1823] A vontade do testador é mutável até o último momento da vida.
1423. Voluntas testatoris non est quaerenda, si manifesta sunt verba. [Jur] A vontade do testador não deve ser indagada, se suas palavras são claras.
1424. Voluntas vincit omnia. A vontade tudo vence.
1425. Voluntas vincit rationem. A vontade vence a razão. ■Quero porque quero. VIDE: ●Voluntas hodie vincit rationem.
1426. Voluntate et labore. [Divisa] Com vontade e esforço.
1427. Voluntate propria quisque malus est. [S.Agostinho, De Civitate Dei 2.4] O homem é mau por sua própria vontade.
1428. Voluntatem coactam nullam esse. [VES 116] A vontade sob coação é sem valor.
1429. Voluntati Dei subiecta sunt omnia. Tudo está sujeito à vontade de Deus. ■Quando Deus quer, água fria é remédio.
1430. Volupia nulla est navitis quam cum ex alto procul terram conspiciunt. [Plauto, Menaechmi 226] Não há maior prazer para os marinheiros do que, quando do alto mar, olham a terra distante.
1431. Voluptas abit, turpitudo manet. O prazer passa, mas a infâmia fica. ■Vão-se os amores, e ficam as dores. VIDE: ●Si quid feceris honestum cum labore, labor abit, honestum manet; si quid feceris turpe cum voluptate, voluptas abit, turpitudo manet.
1432. Voluptas e difficili data dulcissima est. [Publílio Siro] O prazer mais doce é o que se obtém com dificuldade. ■O que mais custa, melhor sabe. VIDE: ●Dulcior illa sapit caro, quae magis ossibus haeret. ●Quod laboriosius acquiritur, magis diligitur.
1433. Voluptas est illecebra turpitudinis. [Cícero, De Legibus 1.31] O prazer é um estímulo à baixeza.
1434. Voluptas est malorum esca. [Grynaeus 414] O prazer é o alimento dos vícios. ●Voluptas esca malorum. [Schrevelius 1173] ●Voluptas est malorum esca, quo ea non minus homines, quam hamo capiuntur pisces. [Manúcio, Adagia 1399] O prazer é o alimento dos vícios; os homens não são menos apanhados por ele do que os peixes pelo anzol. VIDE: ●Esca omnium malorum voluptas. ●Malorum esca voluptas. ●Plato escam malorum voluptatem appellat.
1435. Voluptas, malorum mater omnium. [Cícero, De Legibus 1.47, adaptado] A sensualidade é a mãe de todos os males.
1436. Voluptas non est voluptas quae cum mala fama, malaque conscientia coniuncta est. [Erasmo, Colloquia Familiaria 6] Não é prazer o prazer que está junto com a má-fama e a má consciência.
1437. Voluptas nullum habet cum virtute commercium. [Cícero, De Senectute 42] O prazer não tem nenhum relacionamento com a virtude.
1438. Voluptas pingitur pulcherrimo vestitu et ornatu regali. [Cícero, De Finibus 2.69, adaptado] O prazer se cobre com a mais bela roupagem e luxuoso adorno.
1439. Voluptas tacita metus est magis quam gaudium. [Publílio Siro] O prazer que obriga ao silêncio é mais medo do que satisfação.
1440. Voluptate capiuntur omnes. [Cícero, De Legibus 1.1] Todos se deixam apanhar pelo prazer.
1441. Voluptate, vino et amore delectavero. [Plauto, Mercator 547] Eu me deliciarei com o prazer, o vinho e o amor.
1442. Voluptate virtus saepe caret, nunquam indiget. [Sêneca, De Vita Beata 7.2, adaptado] À virtude muitas vezes falta o prazer, mas ela nunca precisa dele.
1443. Voluptatem consuetudine quasi alteram naturam effici. [Cícero, De Finibus 5.74] O prazer torna-se pelo habito como que uma segunda natureza.
1444. Voluptatem fuge, parit enim tristitiam. [Cleóbulo / Rezende 7239] Foge do prazer, pois ele gera tristeza.
1445. Voluptatem maeror sequitur. [Henderson 469; Stevenson 1275] A tristeza segue o prazer. ■O prazer está perto da dor. ■Não há gosto sem desgosto. ●Voluptatem ut maeror comes consequatur. [Plauto, Amphitruo 481] A tristeza segue o prazer como sua companheira. VIDE: ●Brevis voluptas mox doloris est parens. ●Extrema gaudii luctus occupat. ●Ita diis est placitum, voluptatem ut maeror comes consequatur. ●Voluptatis comes maeror.
1446. Voluptates commendat rarior usus. [Juvenal, Satirae 11.208] O uso moderado valoriza os prazeres. ■Tudo enfada, só a variedade recreia. VIDE: ●Iucunda vicissitudo rerum. ●Iucunda rerum omnium vicissitudo. ●Iucundum nihil est nisi quod reficit varietas. ●Nihil iucundum, nisi quod commendat varietas.
1447. Voluptati soror est tristities. [Walther 34142c / Tosi 1649] A tristeza é irmã do prazer. ■O prazer está perto da dor. VIDE: ●Brevis voluptas mox doloris est parens.
1448. Voluptatis comes maeror. A tristeza é a companheira do prazer. ■O prazer está perto da dor. ■Não há gosto sem desgosto. ■Depois da doçura vem a amargura. VIDE: ●Dolor voluptatis comes. ●Extrema gaudii luctus occupat. ●Gaudii comes maeror. ●Ita diis est placitum, voluptatem ut maeror comes consequatur. ●Voluptatem maeror sequitur. ●Voluptatem ut maeror comes consequatur.
1449. Volventibus annis. [Virgílio, Eneida 1.234] Com o passar dos anos.
1450. Voramus ad mortem, potamus ad egestatem, et ad infernum dormimus. [Lutero / Bernardes, Nova Floresta 4.127] Nós comemos até morrer de fartos, bebemos até estancar de pobres, dormimos até acordar no inferno. [Tradução do Padre Bernardes]
1451. Vorare hamum. [Erasmo, Adagia 2.5.74] Engolir o anzol. ■Morder a isca. ■Engolir a isca.
1452. Vos adoratis quod nescitis; nos adoramus quod scimus. [Vulgata, João 4.22] Vós adorais o que não conhecei; nós adoramos o que conhecemos.
1453. Vos autem contristabimini, sed tristitia vestra vertetur in gaudium. [Vulgata, João 16.20] Vós haveis de estar tristes, mas a vossa tristeza se há de converter em gozo.
1454. Vos autem estis corpus Christi. [Vulgata, 1Coríntios 12.27] Vós outros, pois, sois corpo de Cristo. VIDE: ●Corpus Christi.
1455. Vos autem qui estis? [Vulgata, Atos 19.15] Quem sois vós?
1456. Vos enim non intratis, nec introëuntes sinitis intrare. [Vulgata, Mateus 23.13] Nem vós entrais, nem aos que entrariam deixais entrar.
1457. Vos estis lux mundi. [Vulgata, Mateus 5.14] Vós sois a luz do mundo. ●Vos estis lumen mundi.
1458. Vos estis sal terrae. [Vulgata, Mateus 5.13] Vós sois o sal da terra.
1459. Vos estis soli homines, et vobiscum morietur sapientia. [Vulgata, Jó 12.2] Só vós sois homens (sábios), e convosco morrerá vossa sabedoria.
1460. Vos et decor et cantus et amor sociavit, et aetas. [Calpúrnio Sículo, Bucolica 2.100] A beleza e o canto, o amor e a juventude vos tornaram companheiros.
1461. Vos exemplaria Graeca nocturna versate manu, versate diurna. [Horácio, Ars Poetica 268] Folheai os modelos gregos de noite, folheai-os de dia.
1462. Vos inopes noscis quis amicus, quisve sit hostis. [Henderson 469] Vós, que sois pobres, sabeis quem é amigo e quem é inimigo. ■Ao rico, sobejam-lhe amigos. VIDE: ●Donec eris felix, multos numerabis amicos. ●Fervet olla, vivit amicitia.
1463. Vos plaudite. [Horácio, Ars Poetica 155] Vós, aplaudi. VIDE: ●Plaudite, cives! ●Valete et plaudite.
1464. Vos prius in me strinxeritis ferrum quam in vos ego. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita 7.40] Vós enfiareis a espada em mim antes do que eu em vós.
1465. Vos quaerites a me, fratres carissimi, quomodo itur ad paradisum? Hoc dicunt campanae monasterii: dando, dando, dando. [Paul Louis Courier, Lettres au Rédacteur du Censeur, Lettre 6] Vós me perguntais, caríssimos irmãos, como se vai ao paraíso? Isso dizem os sinos do mosteiro: dando, dando, dando.
1466. Vos qui transitis, nostri memores rogo sitis: quod sumus, hoc eritis, fuimus quandoque quod estis. [Inscrição em túmulo] Vós que passais, peço que vos lembreis de mim: vós sereis o que sou; eu já fui o que vós sois.
1467. Vos vestros servate, meos mihi linquite mores. [Petrarca, Bucolicum Carmen 206] Segui os vossos costumes; deixai a mim os meus.
1468. Vosne velit, an me, regnare era, quidve ferat, Fors virtute experiamur. [Ênio / Cícero, De Officiis 1.12] Provemos pelo nosso valor se o senhor Destino quer que vençais vós ou eu.
1469. Vota non numerantur, sed ponderantur. Não se contam os votos, avaliam-se.
1470. Vota senum, consulta virorum, et facta iuventae. [Grynaeus 33] Desejos dos velhos, decisões dos adultos e ações dos jovens. VIDE: ●Facta iuvenum, consilia mediocrium, vota senum. ●Iuvenibus opera, consilia vero senioribus conveniunt. ●Iuvenum lanceae, senum consilia. ●Senum consilia, iuvenum lanceae. ●Sunt iuvenum acta, virum consulta, preces seniorum. ●Temeritas est florentis aetatis, prudentia, senescentis. ●Temeritas est florentis aetatis, sapientia senectutis.
1471. Votiva tabella. [Horácio, Sermones 2.1.33] Ex-voto. VIDE: ●Ex voto.
1472. Votum consultativum. [Jur] Voto consultivo.
1473. Votum deliberativum. [Jur] Voto deliberativo. Voto decisório.
1474. Vox amici, vox Dei. [Pontanus / Binder, Thesaurus 3597] Voz do amigo, voz de Deus.
1475. Vox asini quid ad philomelam? [Bebel, Adagia Germanica] Que tem a ver a voz do asno com o rouxinol? ■Que há de comum entre o asno e a lira? VIDE: ●Nihil cum fidibus graculo, nihil cum amaracino sui.
1476. Vox audita perit, littera scripta manet. [Roget's Thesaurus 121] A voz ouvida se perde, a letra escrita permanece. ■Palavras leva-as o vento. ■O preto no branco fala como gente. VIDE: ●Littera scripta manet, verbum at inane perit. ●Litterae scriptae manent. ●Quod non legitur, non creditur. ●Sit verbum vox viva licet, vox mortua scriptum, scripta diu vivunt, non ita verba diu. ●Verba sicut ventus volant, scripta sicut monumenta manent. ●Verba volant, scripta manent. ●Vox emissa volat, littera scripta manet.
1477. Vox clamans in deserto. [Divisa da Universidade de Dartmouth, EUA] A voz que clama no deserto.
1478. Vox clamantis in deserto. [Vulgata, Isaías 40.3] A voz do que clama no deserto. ■Pregar no deserto, sermão perdido. VIDE: ●Ego vox clamantis in deserto.
1479. Vox clandestina. [J.R.Stone, Latin for the Illiterati 101] Uma voz secreta. Um cochicho.
1480. Vox constituto sera decreto venit. [Sêneca, Medea 198] Teu pedido chega tarde, quando a sentença já foi proferida.
1481. Vox edita in auras. A palavra lançada ao vento.
1482. Vox emissa volat, littera scripta manet. [Broom 517 / Sweet 128] A voz emitida voa, a letra escrita permanece. ■Palavras leva-as o vento. ■O preto no branco fala como gente. ●Vox emissa volat; vox audita perit; littera scripta manet. A voz emitida voa, a voz ouvida se perde; a letra escrita permanece. VIDE: ●Littera scripta manet, verbum at inane perit. ●Litterae scriptae manent. ●Quod non legitur, non creditur. ●Sit verbum vox viva licet, vox mortua scriptum, scripta diu vivunt, non ita verba diu. ●Verba sicut ventus volant, scripta sicut monumenta manent. ●Verba volant, scripta manent. ●Vox audita perit, littera scripta manet.
1483. Vox est potentior ense. A voz é mais poderosa que a espada. ■Mais fere má palavra que espada afiada. VIDE: ●Iniuriae plus in maledicto est quam in manu. ●Vulnus linguae consolidari non potest.
1484. Vox et praeterea nihil. [Plutarco, descrevendo o rouxinol] Uma voz e nada mais. (=A expressão é usada com referência a pessoas que muito prometem ou que ameaçam, mas nada fazem). ■Grandes atoardas, tudo nada. VIDE: ●Multum clamoris, parum lanae. ●Tympanum magnum edit clangorem, sed intus vacuum est. ●Vox nempe es, et nihil aliud. ●Vox tu es, et nihil praeterea.
1485. Vox faucibus haesit. [Virgílio, Eneida 3.43; 4.280] A voz me ficou presa na garganta.
1486. Vox hoc nuntiat omnis. [Marcial, Epigrammata 7.6.3] Toda voz anuncia isso. ■Está na boca do povo.
1487. Vox mea, vox grata: cibaria dico parata. [Inscrição em sineta de refeitório] Minha voz é voz agradável: eu aviso que a comida está pronta.
1488. Vox mea, vox vitae. Voco vos ad sacra. Venite. [Inscrição em sino] Minha voz é a voz da vida. Convoco-vos para o culto. Vinde.
1489. Vox nempe es, et nihil aliud. [Apostólio 20.46] Certamente tu és uma voz, e nada mais. ■Quem muito fala, pouco faz. VIDE: ●Tympanum magnum edit clangorem, sed intus vacuum est. ●Vox et praeterea nihil. ●Vox tu es, et nihil praeterea.
1490. Vox occidi non potest. [S.Pedro Crisólogo / Rezende 7245] A voz não pode ser morta.
1491. Vox operis validior est, quam oris. [Medina 662] A voz das obras pode mais do que a voz da boca. ■Obras falam, palavras calam. ■Obras são amores, e não palavras doces. ■Mais obras e menos palavras. VIDE: ●Claret amor factis; dulcia verba volant. ●Efficacior vox operis quam sermonis. ●Efficacius loquitur vox operis quam sermonis. ●Facta sunt potentiora verbis. ●Magna ne iactes, sed praestes. ●Validior vox operis, quam oris.
1492. Vox populi de civitate, vox de templo, vox Domini reddentis retributionem inimicis suis. [Vulgata, Isaías 66.6] Voz do povo vinda da cidade, voz vinda do templo, voz do Senhor, que dá o pago a seus inimigos.
1493. Vox populi habet aliquid divinum. [Bacon, De Augmentis Scientiarum 6.10] A voz do povo tem alguma coisa de divino.
1494. Vox populi, vox Dei. [Hesíodo / Polydorus, Adagia] ■Voz do povo, voz de Deus. VIDE: ●Nec audiendi sunt qui solent dicere vox populi, vox Dei, cum tumultuositas vulgi semper insaniae proxima sit. ●Sacra populi lingua est.
1495. Vox populi, vox insaniae. [Alcuíno] A voz do povo é a voz da loucura. ■Voz do povo, voz do diabo.
1496. Vox populi, vox naturae. A voz do povo é a voz da natureza.
1497. Vox publica. [Veleio Patérculo, Historia Romana 2.66.2] A voz pública.
1498. Vox rerum. O som das coisas.
1499. Vox sanguinis. A voz do sangue.
1500. Vox sanguinis fratris tui clamat ad me de terra. [Vulgata, Gênesis 4.10] A voz do sangue do teu irmão clama por mim desde a terra.
1501. Vox tu es, et nihil praeterea. [Plutarco / Bewer, Dictionary of Phrase and Fable 1133] Tu não passas de uma voz. ■Quem muito fala, pouco faz. VIDE: ●Tympanum magnum edit clangorem, sed intus vacuum est. ●Vox et praeterea nihil. ●Vox nempe es, et nihil aliud.
1502. Vox unius, vox nullius. [Rezende 7248] ■Voz de um, voz de nenhum. ■Um e nenhum, tudo é um. ■Uma andorinha só não faz verão. VIDE: ●Una hirundo non facit ver.
1503. Vulgare amici nomen, sed rara est fides. [Fedro, Fabulae 3.9.1] A palavra amigo é muito comum, mas a fidelidade é coisa rara. VIDE: ●Amicus verus, rara avis.
1504. Vulgare Graeciae dictum, semper Africam aliquid novi afferre. [Plínio Antigo, Naturalis Historia 8.16.17] É vulgar a sentença grega: a África sempre nos traz alguma coisa de novo. VIDE: ●Ex Africa semper aliquid novi. ●Fert Africa noxia semper. ●Semper affert Lybia mali quippiam. ●Semper Africa aliquid novi affert. ●Semper Africa gignit aliquid mali. ●Semper Africa novi aliquid apportat. ●Semper aliquid novi affert Africa. ●Semper aliquid novi Africam afferre.
1505. Vulgari pisci non insunt spinae. [Grynaeus 96] Peixe ruim não tem espinhos. ●Vulgaris piscis spinas non habet. [Manúcio, Adagia 1366]
1506. Vulgi opinio. A opinião pública.
1507. Vulgo. Vulgarmente. Comumente.
1508. Vulgo veritas iam attributa vino est. [Plínio Antigo, Naturalis Historia 14.28.141] A verdade já foi atribuída pelo povo ao vinho. ■No vinho está a verdade. VIDE: ●In vino veritas. ●Si latet in vino veritas, ut proverbia dicunt, invenit verum Teuto, vel inveniet.
1509. Vulgus amicitias utilitate probat. [Ovídio, Ex Ponto 2.3.8] O povo mede as amizades pela utilidade. ■Quem me quer bem diz-me do que sabe e dá-me do que tem. ■Bole com o rabo o cão, não por ti, mas pelo pão. VIDE: ●Non te, sed tua, quaerit amicus.
1510. Vulgus animosa miratur et audaces in honore sunt; placidi pro inertibus habentur. [Sêneca, De Ira 3.41.2] O povo admira as ações intrépidas, e os audaciosos são valorizados; as pessoas ponderadas são tidas por ineficientes.
1511. Vulgus consuetudinem pro lege habet. [Schrevelius 1171] O povo tem o costume por lei.
1512. Vulgus est cupidum novarum rerum. O povo é amigo das novidades. ■Do novo gosta o povo. ●Vulgus est cupidum novarum rerum, quieti et otio adversum. [Salústio, Bellum Iugurthinum 66, adaptado] O povo é desejoso de coisas novas, contrário à tranqüilidade e ao sossego.
1513. Vulgus ex veritate pauca, ex opinione multa aestimat. [Cícero, Pro Roscio Comodeo 29] O povo considera poucas coisas a partir da realidade, e muitas a partir da crença. ●Vulgus ex veritate pauca, ex opinione multa iudicat.
1514. Vulgus ignavum et nihil ultra verba ausurum. [Tácito, Historiae 3.58] É um bando covarde, audacioso só na língua.
1515. Vulgus indoctum. [Erasmo, Moriae Encomium 65] A massa ignara. ●Vulgus insipiens.
1516. Vulgus interdum plus sapit, quia tantum quam opus est sapit. [Lactâncio, Instituiones Divinae 6.5.4] Às vezes, o povo sabe mais, porque sabe apenas o que é preciso saber.
1517. Vulgus opinatur quod postmodum verificatur. [Stevenson 2237] O que o povo imagina, depois se confirma. ■O povo aumenta, mas não inventa. ■O que o povo diz ou é, ou quer ser. ■Onde há fumaça, há fogo. VIDE: ●Fama non temere spargitur. ●Quae praedixerunt plures, operata fuerunt. ●Quod famam obtinuit non est omnino falsum. ●Rumor publicus non omnino frustra est. ●Verum dicere Fama solet.
1518. Vulgus sequitur fortunam, et odit damnatos. [Juvenal, Satirae 10. 74, adaptado / H.G.Bohn, Handbook of Proverbs 91] O vulgo fica do lado da sorte, e odeia os por ela condenados. ■Amigo de bom tempo muda-se com o vento. ■Leão moribundo, cachorro lhe mija. VIDE: ●Mortuo leoni etiam lepores insultant.
1519. Vulgus veritatis pessimus interpres. [Sêneca, De Vita Beata 2.2] O vulgo é o pior intérprete da verdade. ■Quem conta um conto, aumenta um ponto. VIDE: ●E relato referre fere mentiri est.
1520. Vulgus vult decipi, ergo decipiatur. [Rezende 7253] O povo quer ser enganado, pois que o seja. VIDE: ●Mundus vult decipi, ergo decipiatur. ●Populus vult decipi, decipiatur. ●Qui vult decipi, decipiatur. ●Si mundus vult decipi, decipiatur.
1520. Vulnera cognatae funt graviora manus. São mais graves as feridas feitas por mão conhecida.
1521. Vulnera dum sanas, dolor est medicina doloris. [Dionísio Catão, Disticha 4.40] Enquanto curas as feridas, a dor é o remédio da dor.
1522. Vulnera ne facias, quae potes ipse pati. [Gualterius Anglicus, Fabulae Aesopicae 33.14] Não causes feridas que tu mesmo podes sofrer. ■Não procures sarna para te coçar.
1523. Vulnera, nisi sint tacta tractataque, sanari non possunt. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita 28.27] As feridas só podem ser curadas, se forem tocadas e tratadas.
1524. Vulnera qui passus fuit, est bonus ille chirurgus. [Pereira 112] O bom cirurgião é o que já sofreu ferimentos. ■Não há melhor cirurgião que o bem acutilado.
1525. Vulnerant omnes, ultima necat. [Inscrição em relógio / Rezende 7255] Todas as horas ferem, a derradeira mata. VIDE: ●Omnes vulnerant, ultima necat.
1526. Vulneratus, non victus. [Divisa] Ferido, mas não vencido.
1527. Vulneribus didicit miles habere metum. [Propércio, Elegiae 3.11.6] Com os ferimentos o soldado aprendeu a ter medo.
1528. Vulnerum animi tamquam sanguis lacrimae sunt. [S.Gregório Nisseno / Rezende 7257] As lágrimas são como que o sangue das feridas do coração.
1529. Vulnus iteratum tardius sanatur. [Robert E. Lewis, Middle English Dictionary 948] Ferida repetida demora a sarar. ●Vulnus saepius renovatum tardius sanatur. [Albertus Magnus, Paradisus Animae 109].
1530. Vulnus linguae consolidari non potest. [Boncompagno, Breviloquium 8.6] A ferida feita pela língua não se pode sarar. ■Mais fere má palavra do que espada afiada. VIDE: ●Iniuriae plus in maledicto est quam in manu. ●Vox est potentior ense.
1531. Vulnus non penetrat animum. [Robert Burton, The Anatomy of Melancholy 2.3.2] Ferida não penetra no espírito.
1531a. Vulnus sanatur, cicatrix tamen manet. Cura-se a ferida, mas fica a cicatriz.
1532. Vulpecula denuo non capitur laqueo. [Schottus, Adagia 351] A raposa não é apanhada duas vezes no laço. ■Só o tolo cai duas vezes no mesmo buraco. ●Vulpecula semel in laqueum it. [Schottus, Adagia 351] Raposa só cai no laço uma vez. VIDE: ●Asinus ad lapidem non bis offendit eumdem. ●Non cauta vulpes denuo in casses cadit. ●Non iterum vulpes laqueis capitur. ●Semel vulpes in laqueum, at non denuo vulpes in laqueum. ●Vulpes non iterum capitur laqueo. ●Vulpes quae semel effugerit laqueos, non capitur iterum.
1533. Vulpecula muneribus non capitur. [Schottus, Adagia 352] Não se apanha a raposa com dádivas. ■Raposa matreira não fará besteira. VIDE: ●Vulpem nec munera flectunt. ●Vulpes donis non corrumpitur. ●Vulpes haud corrumpitur muneribus. ●Vulpes non capit munera. ●Vulpes non capitur muneribus.
1534. Vulpeculae familiaritate utens, vulpinam calliditatem exspecta. [Schottus, Adagia 352] Se tu te servires da amizade da raposa, espera a velhacaria vulpina. ■Quem com maus vizinhos vizinhar, com um olho há de dormir e com o outro vigiar.
1535. Vulpeculorum mutantur pili, non mores. [Grynaeus 389] Mudam-se os pelos das raposinhas, mas não seus costumes. ■A raposa muda de pêlo, mas não de manha. ■A raposa muda de pêlo, mas não de vezo. ■O pêlo muda a raposa, mas do natural não a despoja. ■Com a pele não se mudam os costumes. VIDE: ●De flavis vetula in canos vulpecula pilos mutat, illius at mores vertere nemo videt. ●Flavos permutat canis vulpecula crines, at nunquam mores alterat ipsa suos. ●Ingenium suum vulpecula mutare nescit. ●Liquit sponte pilos Romae fera saeva lupinos, non tamen assuetos liquit in urbe dolos. ●Lupus pilum mutat, non animum. ●Lupus pilum mutat, non mentem. ●Lupus pilum mutat, non mores. ●Lupus pilum, non ingenium mutat. ●Pilos lupus mutat, sed animum non item. ●Senecta canitiem affert improbis, non item aufert malitiam. ●Vulpes pilum mutat, non mores.
1536. Vulpem dolo circumvenire difficile est. [Manúcio, Adagia 1093] É difícil enganar a raposa com artifício. ■Raposa matreira não fará besteira. VIDE: ●Vulpes annosa non capitur laqueo.
1537. Vulpem nec munera flectunt. [Schottus, Adagia 589] Nem dádivas dobram a raposa. ■Raposa matreira não fará besteira. VIDE: ●Vulpecula muneribus non capitur. ●Vulpes donis non corrumpitur. ●Vulpes haud corrumpitur muneribus. ●Vulpes non capit munera. ●Vulpes non capitur muneribus.
1538. Vulpes ad venandum moratur. [Pereira 121] A raposa tarda para caçar. ■Raposa que tarda, caça aguarda.
1539. Vulpes aetate fit astutior, non etiam melior. [Manúcio, Adagia 1412] A raposa, com a idade fica mais sabida, mas não mais virtuosa.
1540. Vulpes annosa non capitur laqueo. Raposa velha não se deixa apanhar em armadilha. ■Lobo velho não cai em armadilha. ■Macaco velho não trepa em pau seco. ●Vulpes annosa non capitur. [Schottus, Adagia 51] Raposa velha não é apanhada. ■Raposa matreira não fará besteira. ●Vulpes annosa non intercipitur. [Schottus, Adagia 208] ●Vulpes anus laqueo capi nunquam potest. [Schottus, Adagia 607] VIDE: ●Annosa vulpes haud capitur laqueo. ●Vetula vulpes laqueo haud capitur. ●Vetulus simius non capitur laqueo. ●Vulpem dolo circumvenire difficile est.
1540a. Vulpes bovem agit. [Erasmo, Adagiorum Epítome 19] A raposa põe o boi para arar. (=Diz-se de um acontecimento absurdo).
1541. Vulpes donis non corrumpitur. [Schottus, Adagia 188] Raposa não se corrompe com dádivas. ●Vulpes haud corrumpitur muneribus. [Suídas / Erasmo, Adagia 1.10.18] ●Vulpes non capitur muneribus. [Manúcio, Adagia 3] Não se apanha raposa com dádivas. ●Vulpes non capitur munere. ●Vulpes non capit munera. [Sweet 100] Raposa não aceita presentes. VIDE: ●Vulpecula muneribus non capitur. ●Vulpem nec munera flectunt.
1542. Vulpes foveas habent, et volucres caeli nidos; filius autem hominis non habet ubi caput reclinet. [Vulgata, Mateus 8.20] As raposas têm covas, e as aves do céu ninhos; porém o filho do homem não tem onde repousar a cabeça.
1543. Vulpes non iterum capitur laqueo. [Erasmo, Adagia 2.5.22] A raposa não é apanhada duas vezes no laço. ■Só o tolo cai duas vezes no mesmo buraco. ●Vulpes iterum laqueo non capitur. [K.W.Wojcicki, Biblioteka 102] ●Vulpes quae semel effugerit laqueos, non capitur iterum. [Stevenson 881] A raposa que uma vez escapou do laço, na é apanhada novamente. VIDE: ●Non cauta vulpes denuo in casses cadit. ●Non iterum vulpes laqueis capitur. ●Semel vulpes in laqueum, at non denuo vulpes in laqueum. ●Vulpecula denuo non capitur laqueo. ●Vulpecula semel in laqueum it.
1544. Vulpes non dimittit naturam. [Bebel, Proverbia Germanica 118] A raposa não abandona sua natureza. ■A raposa muda de pêlo, mas não de vezo. ■O pêlo muda a raposa, mas do natural não a despoja. ●Vulpes pilum mutat, non mores. [Binder, Thesaurus 3602; Rezende 7260] A raposa muda de pelo, mas não de costumes. ●Vulpem pilum mutare, non mores. [Suetônio, Vespasianus 16.3] ●Vulpes pilos mutat, mores non mutat. [Albertatius 1514] VIDE: ●De flavis vetula in canos vulpecula pilos mutat, illius at mores vertere nemo videt. ●Flavos permutat canis vulpecula crines, at nunquam mores alterat ipsa suos. ●Ingenium suum vulpecula mutare nescit. ●Liquit sponte pilos Romae fera saeva lupinos, non tamen assuetos liquit in urbe dolos. ●Lupus pilum mutat, non animum. ●Lupus pilum mutat, non mentem. ●Lupus pilum mutat, non mores. ●Lupus pilum, non ingenium mutat. ●Pilos lupus mutat, sed animum non item. ●Senecta canitiem affert improbis, non item aufert malitiam. ●Vulpeculorum mutantur pili, non mores.
1545. Vulpes vult fraudem, lupus agnum, femina laudem. [Eiselein 635; Werner / Bragança 7.4.1] A raposa quer enganar, o lobo quer cordeiro, a mulher quer elogio.
1546. Vulpi esurienti somnus obrepit. [Erasmo, Adagia 2.6.55] O sono toma a raposa faminta. VIDE: ●Esurienti vulpi somnus obrepit. ●Somnus domat famem malorum pessimum.
1547. Vulpina lingua. [Grynaeus 352] Uma língua de raposa. ■Uma língua ferina.
1547a. Vulpina pellis assuenda, si leonina non sufficit. [Seybold 391] Deve-se costurar uma pele de raposa, se a do leão não basta. ■Mais vale jeito que força. ■Se não basta a pele de leão, põe uma de raposa. VIDE: ●Ubi leonis pellis deficit, vulpina insuenda est. ●Ubi leonis pellis deficit, vulpinam induendam esse. ●Virtute quod non possis, blanditia auferas.
1548. Vulpinari cum vulpibus. [Rezende 7261] Entre raposas, ser raposa. ■Com raposas é bom ser manhoso. ■Para velhaco, velhaco e meio. ■Com esperto, esperto e meio. ●Vulpinari cum vulpe. [Schottus, Adagia 22] Com raposa, ser uma raposa. ●Vulpinatur cum vulpe. Com raposa usa-se de velhacaria. VIDE: ●Arte deluditur ars. ●Cum astutis astute agendum esse. ●Cum vulpe vulpinari tu quoque invicem. ●Cum vulpe vulpina utere quoque astutia. ●Cum vulpe vulpinandum, cum Cretense, cretizandum. ●Cum vulpe vulpinandum.
1548a. Vulpinari non decet, nec utrique parti illudere. [Erasmo, Adagiorum Chiliades / Henderson 470] Não convém ser raposa, nem enganar ambos os lados.
1549. Vult et non vult piger. [Vulgata, Provérbios 13.4] O preguiçoso quer e não quer.
1550. Vult lepus esse loco semper generatus erat quo. [Julius Wegeler, Philosophia Patrum 1474; DAPR 471] A lebre quer sempre estar no lugar em que nasceu. ■Pássaro que na água se cria, sempre por ela pia. VIDE: Ex aurea etiam sede in paludem rana resilit. ●Lepus solo natali gaudet. ●Lepus solo natali gaudet, et libentius nullibi vivit quam ubi natus est.
1551. Vultu an natura sapiens sis, multum interest. [Publílio Siro] Há grande diferença entre ser sábio só na aparência e sê-lo pela natureza.
1552. Vultu saepe laeditur pietas. [Cícero, Pro Roscio Amerino 37; Erasmo, Adagia 4.9.17] A bondade é muitas vezes enganada pela aparência.
1553. Vultum qui permutat, fraudem parat. [Petrônio, Satiricon 107.9] Quem muda de aparência, prepara trapaça.
1554. Vultum servat fortuna benignum. [Horácio, Epistulae 1.11.20] A sorte conserva o rosto benigno.
1555. Vultur erit semper ubi cernitur esse cadaver. [Samuel Singer, Thesaurus Proverbiorum Medii Aevi 5] O abutre sempre estará onde se percebe que há um cadáver. ■Onde há carniça, há urubu. ●Vultur erit semper, ubi creditur esse cadaver. ●Vultur est, cadaver exspectat. [Sêneca, Epistulae Morales 95.43] É um abutre, está à espreita de um cadáver. VIDE: ●Si vultur es, cadaver exspecta! ●Ubi cadaver, ibi aquila. ●Ubi est cadaver ibi congregantur aquilae. ●Ubicumque fuerit corpus, illic congregabuntur et aquilae. ●Ubicumque fuerit corpus, illuc congregabuntur et aquilae.
1556. Vultur profert cornua. [Claudiano, In Eutropium 1.352] O abutre tem chifres. ■Que grande mentira dizes! VIDE: ●Iam testudo volat, profert iam cornua vultur. ●Profert iam cornua vultur.
1557. Vulturis umbra. [Diogeniano / Grynaeus 80] A sombra de um abutre. (=Um homem sem valor).
1558. Vultus animi ianua et tabula. [Riley 507] O rosto é a porta e o quadro de avisos do espírito. ■O mal e o bem à face vêm. ●Vultus ac frons animi ianua. O rosto é a porta do espírito. ●Vultus animi ianua est. [Pereira 115] VIDE: ●Est facies testis, quales intrinsecus estis. ●Frons est animi ianua.
1559. Vultus est index animi. [Rezende 7265] O rosto é o espelho da alma. VIDE: ●Vultus imago animi.
1559a. Vultus fortunae variatur imagine lunae: decrescit, crescit, in eodem sistere nescit. [J.Wegeler, Philosophia Patrum Versibus Praesertim Leoninis 115] A cara da sorte varia como a imagem da lua: diminui, aumenta, não consegue permanecer igual. ■A fortuna é vária, hoje a favor, amanhã contrária.
1560. Vultus gravis et actus levis. [Bernardo de Clairvaux, De Consideratione] Rosto sério, comportamento frívolo.
1561. Vultus imago animi. [Rezende 7266] ■O rosto é o espelho da alma. ●Vultus est index animi. ●Vultus index animi. VIDE: ●Imago animi vultus, indices oculi. ●Oculus animi index. ●Ut imago est animi vultus, sic indices oculi. ●Ut visus in oculis, ita mens in anima.
1562. Vultus indicat mores. [Cícero, De Legibus 1.27] O rosto revela o caráter.
1563. Vultus quoque hominum fingit scelus. [Terêncio, Heauton Timorumenos 887; Pereira 115] O rosto dos homens também revela o crime. ■O mal e o bem à face vêm.
1564. Vultus sermo quidam tacitus mentis est. [Cícero, In Calpurnium Pisonem 1.3] O rosto é uma espécia de linguagem muda do espírito.
1565. Vultus speculum index ferreum, mentis merum. [Apostólio 11.3] O revelador do rosto é o espelho, da mente é o vinho. ■O vinho é o espelho da alma. VIDE: ●Aes formae speculum est, vinum mentis. ●Vinum animi speculum. ●Vinum animi speculum, ingenii fontes.
1566. Xenia et dona excaecant oculos iudicum. [Vulgata, Eclesiástico 20.31] Os presentes e as dádivas cegam os olhos dos juízes. ■Dádivas aplacam homens e deuses. ■Dádivas quebrantam penhas. VIDE: ●Cum divis flectunt venerandos munera reges. ●Munera capiunt hominesque deosque. ●Muneribus vel di capiuntur.
1567. Zelotypiam parit amor. [Stevenson 1264] O amor causa ciúme. ■Não há amor sem ciúme.
1567a. Zelotypo coniux semper suspecta marito est. [Seybold, Adagia Latino Germanica 392] Para o marido ciumento, a esposa é sempre suspeita.
1568. Zelus et furor viri non parcet in die vindictae. [Vulgata, Provérbios 6.34] O ciúme e o furor do marido não perdoarão no dia da vingança.
1569. Zelus et iracundia minuunt dies. [Vulgata, Eclesiástico 30.26] A inveja e a ira diminuem os dias.
1570. Zeno censet artis maxime proprium esse creare et gignere. [Cícero, De Natura Deorum 2.22.57] Zenão pensa que é função própria da arte criar e produzir.
1571. Zephyri cava per calamorum sibila primum agrestis docuere cavas inflare cicutas. [Lucrécio, De Rerum Natura 5.1382] Os assobios do zéfiro através dos ramos ocos ensinaram os camponeses a soprar nas cavidades das flautas.
1572. Zonam perdidit. [Erasmo, Adagia 1.5.16] Ele perdeu a bolsa. (=Está em dificuldades). ■Está a tinir. VIDE: ●Ibit eo quo vis, qui zonam perdidit.