DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS

Compilado por HENERIK KOCHER

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M9: 1601-1800

1601. Morituros vivere vidi spe duce, victuros spe moriente mori. [Gualterius Anglicus, Fabulae Aesopicae 28.14] Vi viverem moribundos, por terem a esperança como guia, mas vi morrerem pessoas que deveriam viver, por ter-lhes morrido a esperança.

1602. Mors a malis abducit nos, non a bonis. A morte nos afasta das coisas más, não das boas. VIDE: A malis igitur mors abducit, non a bonis.

1603. Mors aequabit quos pecunia separavit. A morte igualará aqueles que o dinheiro separou. A morte iguala todos os viventes. Tanto morre o papa como quem não tem capa. VIDE: Aequa mors est. Aequa tellus pauperi recluditur regumque pueris. Debilis ac fortis veniunt ad limina mortis. Mors sceptra ligonibus aequat.

1604. Mors atris circumvolat alis. [Horácio, Sermones 2.1.58] A morte voa em torno com suas asas negras.

1605. Mors certa, hora incerta. Morte certa, hora incerta. A hora é incerta, mas a morte é certa. Mors certa, hora mortis incerta. A morte é certa, a hora da morte é incerta. Mors certa, tempus incertum. A morte é certa, o momento é incerto. Mors est certa, dies vero mortis est incertus. A morte é certa, mas o dia da morte é incerto. Mors est res certa, nihil est incertius hora. A morte é coisa certa, mas nada é mais incerto que sua hora. Mors certa est, funeris hora latet. A morte é certa, a hora da morte é segredo. Mors cuivis certa, nihil incertius hora; ibimus absque mora, sed qua nescimus in hora. [Walther 15123 / Tosi 605] A morte é certa para todos, mas nada mais incerto do que sua hora; iremos todos sem retardo, mas não sabemos em que hora. VIDE: Certa mihi mors, incerta est funeris hora. Incertum est quando, certum est aliquando mori. Moriendum enim certe est, et id incertum an hoc ipso die. Morte nihil certius est, nihil vero incertius quam eius hora. Mortis dies omnibus incertus.

1605b. Mors dat cunctis legem: tollit cum paupere regem. A morte dá a todos a mesma lei: junto com o pobre leva o rei. A morte não poupa nem o fraco nem o forte. VIDE: Aequa mors est. Mors servat legem: tollit cum paupere regem.

1605c. Mors dirimit fratres, absentia perdit amicos. [Caro y Cejudo, Refranes 412] A morte separa os irmãos; a ausência perde os amigos. A mortos e idos não há amigos. VIDE: Multas amicitias silentium diremit. Non sunt amici, amici qui degunt procul.

1606. Mors dolorum omnium exsolutio. A morte é o fim de todos os males. Mors dolorum omnium exsolutio est et finis, ultra quem mala nostra non exeunt. [Sêneca, Ad Marciam 19.5] A morte é a libertação de todos os sofrimentos, e o limite além do qual os nossos males não vão. VIDE: Mors meta malorum. Mors omnium dolorum et solutio est et finis. Mortem cuncta mortalium mala dissolvere.

1607. Mors dominos servis et sceptra ligonibus aequat. [Walter Colman / Stevenson 513] A morte iguala os senhores aos servos e os cetros às enxadas. A morte a todos nivela. A morte não poupa nem o fraco, nem o forte. VIDE: Aequa mors est. Mors sceptra ligonibus aequat. Mors servat legem: tollit cum paupere regem.

1608. Mors est absentia animae a corpore. [Vieira, Sermão do Mandato 1.3] A morte é a saída da alma do corpo.

1609. Mors est corona vitae. A morte é a coroa da vida. VIDE: A morte semper homines tantumdem absumus. Mori enim naturae finis est, non poena.

1610. Mors est latro hominis. [Alcuíno / Bernardes, Nova Floresta 1.165] A morte é o ladrão do homem.

1611. Mors est quies viatoris, finis est omnis laboris. [Lateinische Hymnen des Mittelalters 32] A morte é o descanso do viajante, o fim de todo sofrimento.

1612. Mors est ultima linea omnium rerum. A morte é o último limite de todas as coisas. VIDE: Mors omnia solvit. Mors ultima linea rerum est.

1613. Mors et fugacem persequitur virum. [Horácio, Carmina 3.2.14] A morte persegue até o homem que dela foge.

1614. Mors et vita in manu linguae. [Vulgata, Provérbios 18.21] A morte e a vida estão no poder da língua. A língua tem poder de vida e morte. Mors et vita in manibus linguae. [Polydorus, Adagia].

1614a. Mors etiam saxis marmoribusque venit. [Johannes Kepler, Opera Omnia 6.178] A morte vem até para as pedras e os mármores.

1615. Mors ianua vitae. [S.Bernardo de Clairvaux / Stevenson 501] A morte é a porta da vida.

1616. Mors in iuvenibus in insidiis, senibus in ianuis est. [DAPR 453] A morte, na juventude, está na emboscada; na velhice, está à porta. O moço pode morrer, o velho não pode viver.

1617. Mors in olla. [Vulgata, 4Reis 4.40] A morte está na panela. (=A sopa está envenenada).

1618. Mors infanti felix, iuveni acerba, nimis sera est seni. [Publílio Siro] A morte para a criança é benevolente, para o moço é dolorosa, e para o ancião é tardia.

1619. Mors innocentem sola fortunae eripit. [Sêneca, Oedipus 936] Só a morte tira o inocente do seu destino.

1620. Mors ipsa refugit saepe virum. [Lucano, Bellum Civile 2.75] A própria morte muitas vezes foge do homem.

1621. Mors lupi agnis vita. [Divisa / Stevenson 2088] A morte do lobo é vida para os cordeiros. Morte do lobo, saúde do rebanho. A desgraça de uns é o bem de outros. VIDE: Lucrum unius est alterius damnum.

1622. Mors meliora rapit, semper peiora relinquit. A morte leva o melhor, sempre deixa o pior. A morte leva os bons e deixa os maus. Todo bom acaba. VIDE: Mors optima rapit, deteriora relinquit.

1623. Mors meta malorum. [Binder, Medulla 1003] A morte é o fim dos sofrimentos. A morte é o fim de todos os males. Mors meta laborum. VIDE: Mors dolorum omnium exsolutio.

1624. Mors minus poenae quam mora mortis habet. [Ovídio, Heroides 10.84] A morte causa menos mal do que a espera da morte.

1625. Mors misera non est, aditus ad mortem est miser. [Quintiliano, Institutio Oratoria 8.8] A morte não é um mal, mas o caminho para a morte é triste. VIDE: Mors quidem mala non est, sed iter ad mortem miserum.

1626. Mors misera non est, commori cum quo velis. [Sêneca, Agamemnon 202] A morte não é um sofrimento, se se morre com quem se quer.

1627. Mors morte pianda est. [Ovídio, Metamorphoses 8.481] Uma morte tem de ser vingada por outra.

1628. Mors naturae lex est, mors tributum officiumque mortalium malorumque omnium remedium est. [Sêneca, Naturales Quaestiones 6.32.12] A morte é a lei da natureza; ela é o tributo e a obrigação de tudo que é mortal e o remédio de todos os males.

1629. Mors nec bonum nec malum est. [Sêneca, Ad Marciam 19.5] A morte não é um bem nem um mal.

1630. Mors nemini parcit. [Branco 711] A morte não poupa ninguém. Só se morre uma vez, mas dessa ninguém escapa. VIDE: Aequa mors est. Calcanda semel via leti. Longius aut propius mors sua quemque manet.

1631. Mors non accipit excusationes. [DAPR 461] A morte não aceita desculpas. Contra a morte, não há coisa forte. VIDE: A morte nullum est effugium.

1632. Mors non separabit. [Divisa] A morte não nos separará.

1633. Mors nulla captat munera. [Aristófanes / Eiselein 609] A morte não aceita qualquer dádiva. Contra a morte não há coisa forte. Mors non curat munera. [Tosi 603] A morte não dá importância a presentes.

1634. Mors nulli parcit honori. A morte não poupa nenhuma dignidade. A morte não poupa nem o fraco nem o forte. Tanto morre o papa como quem não tem capa. VIDE: Aequa mors est. Est commune mori, mors nulli parcet honori. Mors sceptra ligonibus aequat.

1635. Mors omnes homines manet, divites et pauperes. A morte está reservada a todos os homens, ricos e pobres. Tanto morre o papa como quem não tem capa. VIDE: Aequa mors est. Mors sceptra ligonibus aequat.

1636. Mors omni aetati communis est. [Pereira 123] A morte é comum a toda idade. Tanto morrem velhos como meninos. Quem de moço não morre, de velho não escapa. VIDE: Omni aetati mors est communis.

1637. Mors omnia aequat. A morte nivela tudo. VIDE: Omnia cinis aequat. Omnia mors aequat.

1637a. Mors omnia mutat. A morte muda tudo.

1638. Mors omnia solvit. [Jur / V.F.N.Paiva, Curso de Direito Natural 378] A morte desata todo vínculo. A morte dissolve todas as obrigações. VIDE: Mors est ultima linea omnium rerum. Omnium rerum mors est extremum.

1639. Mors omnibus communis. [Erasmo, Adagia 3.9.12] A morte é comum a todos. A morte iguala todos os viventes. Tanto morre o papa como quem não tem capa. VIDE: Aequa mors est. Mors sceptra ligonibus aequat.

1640. Mors omnibus ex natura aequalis est: oblivione apud posteros, vel gloria distinguitur. Por sua natureza, a morte é igual para todos; o esquecimento da posteridade ou a glória, eis a diferença. VIDE: Mortem, omnibus ex natura aequalem, oblivione apud posteros vel gloria distingui.

1641. Mors omnibus imminet, non minus regibus quam plebeiis. [Erasmo, Querela Pacis 555] A morte persegue a todos, não menos aos reis do que aos plebeus. Tanto morre o papa como quem não tem capa. A morte não poupa nem o fraco, nem o forte. VIDE: Aequa mors est. Mors nulli parcit honori. Mors sceptra ligonibus aequat.

1642. Mors omnibus instat. [Sweet 148] A morte ameaça a todos. A morte nivela tudo.

1643. Mors omnibus parata. [Stevenson 511] A morte está preparada para todos.

1644. Mors omnium dolorum et solutio est et finis. A morte é a libertação e o fim de todos os sofrimentos. A morte é o fim de todos os males. VIDE: Mors dolorum omnium exsolutio. Mortem cuncta mortalium mala dissolvere.

1645. Mors omnium rerum est extremum. [The Popular Educator 2.363] A morte é o final de todas as coisas.

1646. Mors optata recedit. [Binder, Thesaurus 1891] A morte desejada recua.

1647. Mors optima est perire lacrimandum suis. [Sêneca, Hippolytus 881] A morte mais bela é morrer arrancando lágrimas dos seus.

1648. Mors optima rapit, deteriora relinquit. [Erasmo, Adagia 3.9.43] A morte leva o melhor e deixa o pior. A morte leva os bons e deixa os maus. Todo bom acaba. Tudo que é bom acaba. VIDE: Mors meliora rapit, semper peiora relinquit. Mors pulchra rapit, deterrima transit. Optima citissime pereunt.

1648a. Mors pallida aequo pede pulsat pauperum casas regumque turres. [Antal Szirmay, Hungaria in Parabolis 114] A pálida morte pisa com o mesmo pé as cabanas dos pobres e os castelos dos reis. Tanto morre o papa como quem não tem capa. VIDE: Aequa mors est. Aequa tellus pauperi recluditur regumque pueris. Pallida mors aequo pulsat pede pauperum tabernas regumque turres.

1649. Mors peccatorum pessima. [Vulgata, Salmos 33.22] A morte dos pecadores é péssima.

1650. Mors pulchra rapit, deterrima transit. A morte nos rouba as coisas belas, e nos deixa as piores. VIDE: Mors optima rapit, deteriora relinquit.

1651. Mors, quae propter incertos casus cotidie imminet, propter brevitatem vitae nunquam potest longe abesse. [Cícero, Tusculanae Disputationes 1.38] A morte que, por causa os acidentes inesperados, nos ameaça diariamente, nunca pode estar distante de nós por causa da brevidade da vida.

1652. Mors quidem mala non est, sed iter ad mortem miserum. [Rezende 3613] A morte não é um mal, mas o caminho para a morte é triste. VIDE: Iter ad mortem durius quam ipsa mors. Mors misera non est, aditus ad mortem est miser.

1653. Mors sceptra ligonibus aequat. [Binder, Thesaurus 1893] A morte iguala os cetros às enxadas. A morte a todos nivela. A morte não poupa nem o fraco, nem o forte. Tanto morre o papa, como quem não tem capa. VIDE: Aequa mors est. Aequa tellus pauperi recluditur regumque pueris. Mors dominos servis et sceptra ligonibus aequat. Mors nulli parcit honori. Mors servat legem: tollit cum paupere regem. Ultima nos omnes efficit hora pares.

1654. Mors sequitur, vita fugit. [Burton / Sweet 193] A morte persegue, a vida foge.

1655. Mors servat legem: tollit cum paupere regem. [DAPR 461] A morte obedece a uma lei: junto com o pobre leva o rei. A morte não poupa nem o fraco nem o forte. VIDE: Aequa mors est. Debilis ac fortis veniunt ad limina mortis. Est commune mori, mors nulli parcet honori. Mors dominos servis et sceptra ligonibus aequat. Mors dat cunctis legem: tollit cum paupere regem. Mors sceptra ligonibus aequat.

1656. Mors servituti turpitudinique anteponenda. [Cícero, De Officiis 1.23] Deve-se preferir a morte à servidão e à desonra. Antes a morte que a desonra. Antes morte que vergonha. VIDE: Bene mori praestat quam turpiter vivere. Candorem praefero vitae. Malo mori quam foedari. Malo mori quam maculari. Mavult mori quam maculari vir probus. Melius mori quam foedari. Mori melius est quam peccare. Mori satius est, quam turpiter vivere. Mors turpitudini anteponenda. Potius mori quam foedari. Potius mori milies quam semel foedari. Prius mori quam foedari.

1657. Mors similis vitae: respondent ultima primis. [Binder, Thesaurus 1894] A morte é igual à vida: o fim corresponde ao início. Tal vida, tal morte. Como se vive, assim se morre. VIDE: Conveniens vitae mors fuit ista tuae! Qualis vita, finis ita. Sicut vita, finis ita. Vitae mors consentanea.

1658. Mors sola fatetur quantula sint hominum corpuscula. [Juvenal, Satirae 10.172] Só a morte mostra quão pequeninos são os corpinhos dos homens. À morte não há casa forte. Contra a morte não há coisa forte. VIDE: Quantula sunt hominum corpuscula!

1659. Mors somno similis est. [Cícero, Tusculanae Disputationes 1.97] A morte é semelhante ao sono. O sono é parente da morte. VIDE: Consanguineus leti sopor. Mortis imago et simulacrum somnus. Mortis imago sopor. Nihil est morti tam simile, quam somnus. Somnus mortis imago. Stulte, quid est somnus, gelidae nisi mortis imago?

1659a. Mors sua quemque manet. A cada um está reservada a sua morte. Ninguém foge da sua sorte. VIDE: Longius aut propius mors sua quemque manet.

1660. Mors terribilis est eis, quorum cum vita omnia exstinguuntur; non eis quorum laus emori non potest. [Cícero, Paradoxa 2.3] A morte é terrível para aqueles de quem tudo se acaba junto com a vida; mas não para aqueles cuja glória não pode morrer.

1661. Mors tua, vita mea. [Rezende 3617; DAPR 454] Tua morte é minha salvação. A desgraça de uns é o bem de outros. Morte do lobo, saúde do rebanho.

1662. Mors turpitudini anteponenda. [Albertano da Brescia, Liber Consolationis 49] Deve-se preferir à morte à desonra. Antes a morte que a desonra. Antes morte que vergonha. VIDE: Bene mori praestat quam turpiter vivere. Candorem praefero vitae. Malo mori quam foedari. Malo mori quam maculari. Melius mori quam foedari. Mori melius est quam peccare. Mori satius est, quam turpiter vivere. Mors servituti turpitudinique anteponenda. Potius mori quam foedari. Potius mori milies quam semel foedari. Prius mori quam foedari.

1663. Mors ultima linea rerum est. [Horácio, Epistulae 1.16.79] A morte marca o limite de todas as coisas. A morte é a coroa de todos na terra. Mors ultima linea vitae est. [Charles Anthon, First Latin Lessons 90] A morte é o limite final da vida. VIDE: A morte semper homines tantumdem absumus. Mori enim naturae finis est, non poena. Mors est corona vitae. Mors est ultima linea omnium rerum. Omnium rerum mors est extremum.

1664. Mors ultima ratio. [Rezende 3619] A morte é o último acerto de contas.

1665. Mors ultimum supplicium. A morte é a punição extrema.

1666. Mors velocis spatii meta novissima est. [Sêneca, Troades 399] A morte é o último marco de uma carreira rápida.

1666a. Mors vitae consentanea. [Bernolak 312] A morte corresponde à vida. Tal vida, tal morte. Como se vive, assim se morre. VIDE: Vitae mors consentanea.

1667. Morsus morsum ducit. [Pereira 108] Um bocado leva outro.

1668. Mortale est omne mortalium bonum. [Metrodorus / Sêneca, Epistulae Morales 98.9] São mortais todos os bens dos mortais.

1669. Mortalem necesse est ferre fata numinum. [Manúcio, Adagia 124] O mortal tem de sofrer o destino determinado pelos deuses. O que não pode al ser, deves sofrer. VIDE: Feras, non culpes, quod mutari non potest. Feras, non culpes, quod vitari non potest. Toleranda fata numinum.

1670. Mortalem te esse memento. Lembra-te de que és mortal. VIDE: Cogita te mortalem esse. Memento mori. Memento te mortalem esse. Quamquam victor ovas, mortalem te esse memento.

1671. Mortales laetos vinum facit atque facetos. [Binder, Thesaurus 1896] O vinho torna os mortais felizes e alegres.

1672. Mortales leviculis rebus saepenumero et laeduntur et iuvantur. [Schottus, Adagia 516] Os mortais com freqüência são prejudicados e são favorecidos por coisinhas muito miúdas.

1673. Mortales sumus, haud sunt nobis crastinae curae. [Teócrito / Manúcio, Adagia 354] Nós somos mortais; não temos cuidados com o amanhã. VIDE: In diem vivo.

1674. Mortalia facta peribunt. [Horácio, Ars Poetica 68] As obras dos mortais se perderão.

1675. Mortalis divum auxilium desiderat omnis. [Homero / Grynaeus 91] Todo mortal deseja o auxílio dos deuses.

1676. Mortalis nata es, mortales peperisti. [Sêneca, Ad Marciam 11.1] Nasceste mortal, deste à luz a mortais.

1677. Mortalis nemo est, quem non attingat dolor morbusque. [Cícero, Tusculanae Disputationes 3.25] Não há mortal a que não atinja a dor e a doença. VIDE: Crux est generis omnis.

1678. Mortalis vitae brevitas non multa requirit: paucorum exigui temporis usus eget. [S.Próspero de Aqüitânia / Schottus, Adagialia Sacra 135] A brevidade da vida do mortal não exige muitas coisas: o uso do exíguo tempo tem necessidade de poucas coisas.

1679. Morte carent animae. [Ovídio, Metamorphoses 15.158] As almas não morrem.

1680. Morte crimina exstinguuntur. [Jur] Com a morte, extinguem-se os crimes.

1681. Morte magis metuenda senectus. [Juvenal, Satira 11.45] A velhice deve ser mais temida do que a morte.

1682. Morte moriatur. Morra de morte. (=Seja executado).

1683. Morte nihil certius est, nihil vero incertius quam eius hora. [Rezende 3626] Nada mais certo que a morte, mas nada mais incerto que sua hora. Morte certa, hora incerta. VIDE: Certa mihi mors, incerta est funeris hora. Incertum est quando, certum est aliquando mori. Moriendum enim certe est, et id incertum an hoc ipso die. Mors cuivis certa, nihil incertius hora; ibimus absque mora, sed qua nescimus in hora. Mors est res certa, nihil est incertius hora. Mors certa, hora mortis incerta. Mors certa, hora incerta. Mors certa, tempus incertus. Mors est certa, dies vero mortis est incertus. Mortis dies omnibus incertus.

1684. Mortem aliquid ultra est? Vita, si cupias mori. [Sêneca, Agamemnon 996] Existe coisa pior do que a morte? A vida, se desejas morrer.

1685. Mortem antecessit. [Sêneca, Epistulae Morales 55.4] Adiantou-se à morte. (=Diz-se que quem vive sem fazer nada de bom).

1686. Mortem cogita, ut mortem nunquam timeas. Pensa na morte, para que nunca a temas. VIDE: Mortem ut nunquam timeas semper cogita.

1687. Mortem cogita, ut Mortem venientem nemo hilaris excipit, nisi qui ad illam diu se composuerit. [Sêneca, Epistulae Morales 50] Ninguém recebe com alegria a morte que chega, a não ser quem durante muito tempo se preparou para ela.

1688. Mortem cuncta mortalium mala dissolvere. [Salústio, Bellum Catilinae 51] A morte dá fim a todos os males dos mortais. A morte é o fim de todos os males. VIDE: Mors dolorum omnium exsolutio. Mors dolorum omnium exsolutio est et finis, ultra quem mala nostra non exeunt. Mors omnium dolorum et solutio est et finis.

1689. Mortem effugere nemo potest. [Cícero, Philippica 8.19, adaptado] À morte ninguém pode escapar. À morte, o remédio é abrir-lhe a boca. VIDE: Per nullam sortem poteris depellere mortem.

1690. Mortem misericors saepe pro vita dabit. [Sêneca, Troades 330] O homem misericordioso muitas vezes dará a morte em lugar da vida.

1691. Mortem naturae finem esse, non poenam. [Cícero, Pro Milone 37] A morte é o fim que a natureza nos dá, e não castigo.

1692. Mortem non posse negari. [Marcial, Epigrammata 1.42.3] A morte não pode ser negada.

1693. Mortem, omnibus ex natura aequalem, oblivione apud posteros vel gloria distingui. [Tácito, Historiae 1.21] Por sua natureza, a morte é igual para todos; o esquecimento da posteridade ou a glória, eis a diferença. VIDE: Mors omnibus ex natura aequalis est: oblivione apud posteros, vel gloria distinguitur.

1694. Mortem optare malum, timere peius. [Ausônio, Septem Sapientum Sententiae, Periander] Desejar a morte é mau; temê-la é pior.

1695. Mortem sapientes nunquam inviti, fortes saepe etiam libenter oppetiverunt. [Cícero, In Catilinam 4.7, adaptado] Os sábios nunca enfrentaram a morte constrangidos, os valentes muitas vezes o fizeram espontaneamente.

1696. Mortem timere crudelius est quam mori. [Publílio Siro] Temer a morte é mais cruel do que morrer.

1697. Mortem ubi contemnas, omnes viceris metus. [Publílio Siro] Quando desprezares a morte, terás vencido todo medo.

1698. Mortem ut nunquam timeas semper cogita. [Sêneca, Epistulae Morales 30.18] Para que nunca temas a morte, pensa sempre nela. VIDE: Mortem cogita, ut Mortem venientem nemo hilaris excipit, nisi qui ad illam diu se composuerit.

1699. Morti natus es, minus molestiarum habet funus tacitum! [Sêneca, De Tranquillitate Animi 1.13] Nasceste para a morte; um funeral silencioso tem menos incômodos!

1700. Mortis asylum. O templo da morte. (=A sepultura).

1701. Mortis causa. [Jur] Por morte. VIDE: Causa mortis.

1702. Mortis dies omnibus incertus. O dia da morte é incerto para todos. Morte certa, hora incerta. VIDE: Certa mihi mors, incerta est funeris hora. Incertum est quando, certum est aliquando mori. Moriendum enim certe est, et id incertum an hoc ipso die. Mors certa, hora incerta. Mors certa est, funeris hora latet. Mors certa, hora mortis incerta. Mors certa, tempus incertus. Mors est certa, dies vero mortis est incertus. Mors est res certa, nihil est incertius hora. Mors cuivis certa, nihil incertius hora; ibimus absque mora, sed qua nescimus in hora. Morte nihil certius est, nihil vero incertius quam eius hora.

1703. Mortis imago et simulacrum somnus. O sono é a imagem e o retrato da morte. Mortis imago sopor. [John Owen, Epigrammata 108] O sono é o retrato da morte. VIDE: Consanguineus leti sopor. Mors somno similis est. Nihil est morti tam simile, quam somnus. Somnus mortis imago. Stulte, quid est somnus, gelidae nisi mortis imago?

1704. Mortis imago iuvat somnus, mors ipsa timetur. [Dionísio Catão, Monosticha, Appendix 19] O sono, que é a imagem da morte, dá prazer; mas a morte mesma assusta.

1705. Mortis imperium. O império da morte. O poder de vida e morte.

1706. Mortis linque metus, ut possis vivere laetus. [J.Wegeler, Philosophia Patrum 638] Abandona o medo da morte, para que possas viver contente.

1707. Mortis metus non tantus est, quantus est tormentorum. [Tertuliano, Ad Martyres 4.7] O medo da morte não é tão grande quanto o medo dos tormentos.

1708. Mortis vicinae vis vincet vim medicinae. [Tosi 590] A força da morte próxima vencerá a força do remédio.

1709. Mortua res Venus sine Baccho et Cerere. [Manúcio, Adagia 566] Sem Baco e Ceres, Vênus é coisa morta. Sem Ceres e Baco o amor é fraco. Sem beber e sem comer não há prazer. . VIDE: Absente vino, nulla tunc adest Venus. Absente vino pariter exsulat Venus. Sine Baccho et sine Cerere friget Venus. Sine Cerere et Baccho friget Venus. Sine Cerere et Libero friget Venus.

1710. Mortui non dolent. [Erasmo, Adagia 5.2.35] Os mortos não sofrem.

1711. Mortui non mordent. [Plutarco / Erasmo, Adagia 3.6.41] Os mortos não mordem. Defunto não morde. Homem morto não fala. VIDE: Canis mortuus non mordet. Cum mortui non mordent, iniquum est ut mordeantur. Mortuus non mordet.

1712. Mortuis mederi. [DAPR 462] Medicar mortos. (=Perder o trabalho). VIDE: Monere senem est mederi mortuo. Mortuo mederi, senem monere.

1713. Mortuis non convinciandum. [Homero / Binder, Thesaurus 1902] Não se deve falar mal dos mortos. Enterrado, perdoado. Não batas em homem morto. Ninguém sabe onde fica o cemitério dos ruins. VIDE: Cum mortui non mordent, iniquum est ut mordeantur. De mortuis nihil nisi bonum. De mortuis nil nisi bene. De mortuis non nisi bene. De mortuis optima. Nihil de mortuis nisi bonum. Parce sepulto. Parce sepultis.

1714. Mortuis verba das. [Pereira 98] Falas a defuntos. Pregas no deserto. Malhas em ferro frio. Mortuo fabellam ad aures narras. [Schottus, Adagia 236] Contas uma história no ouvido de um morto. VIDE: Mortuo verba facis.

1715. Mortuo applicas navem. [Quintiliano, Declamatio Maior 12.23] Levas a tábua de salvação a um morto.

1716. Mortuo leoni barbam evellis. Arrancas a juba a um leão morto. Espancas cachorro morto. VIDE: Tutum est mortuo leoni barbam vellere.

1717. Mortuo leoni etiam lepores insultant. [Erasmo, Adagia 4.7.82] De leão morto até as lebres saltam em cima. Leão moribundo, cachorro lhe mija. De árvore caída todos fazem lenha. A mouro morto, grande lançada. Mortuo leoni et lepores insultant. Mortuo leoni vel lepores insultant. [Pontanus] Mortuo leoni etiam mures insultant. Até os ratos saltam por cima do leão morto. VIDE: Audet vel lepus exanimo insultare leoni. Et lepores audent caeco insultare leoni. Leo a leporibus insultatur mortuus. Leoni mortuo et lepores insultant. Miser vel ignavissimo cuique ludibrio est. Non metuunt lepores defuncti membra leonis. Vulgus sequitur fortunam, et odit damnatos.

1718. Mortuo mederi, senem monere. [Pereira 117] Advertir um velho é o mesmo que medicar um morto. Repreender velho e expulgar cão duas doidices são. Papagaio velho não aprende língua. Mortuo mederi, et senem admonere idem esse. [Manúcio, Adagia 105] Medicar um morto e advertir um velho é a mesma coisa. VIDE: Monere senem est mederi mortuo. Mortuis mederi. Sanare mortuum et senem monere idem est.

1719. Mortuo qui mittit munus, nil dat illi, adimit sibi. [Publílio Siro] Quem faz doação a morto não lhe dá nada e tira de si mesmo.

1720. Mortuo verba facis. [Grynaeus 321] Falas a defunto. Pregas no deserto. Malhas em ferro frio. Perdes teu latim. VIDE: Cum mortuo verba facit. Fabellam narras surdo asello. Mortuis verba das. Mortuo fabellam ad aures narras. Verba facit emortuo. Verba fiunt mortuo.

1721. Mortuum flagellas. [Albertatius 782] Espancas um defunto. Espancas cachorro morto. VIDE: Iugulare mortuos.

1722. Mortuum unguento perungis. [Apostólio 13.63] Perfumas um morto. Não gastes cera com ruim defunto.

1723. Mortuus est. Morreu.

1724. Mortuus est Dei Filius; prorsus credibile, quia ineptum est. [Tertuliano, De Carne Christi 5.4] Morreu o filho de Deus; isto pode ser crido exatamente porque é um absurdo.

1725. Mortuus est in senectute bona, plenus dierum, et divitiis, et gloria. [Vulgata, 1Paralipômenos 29.28] Morreu numa ditosa velhice, cheio de dias e de bens e de glória.

1726. Mortuus est pater eius, et quasi non est mortuus, similem enim reliquit sibi post se. [Vulgata, Eclesiástico 30.4] Morreu o seu pai, e foi como se não morresse, porque deixou depois de si um seu semelhante.

1727. Mortuus est pintus in casca. [Latim macarrônico / Lodeiro 667] O pinto morreu na casca. (=O assunto morreu).

1728. Mortuus est qui Deo non vivit. [Medina 651] Morto está quem não vive para Deus.

1729. Mortuus ille diu defunctus, quisque per annum. [DAPR 462] Esse morto já se foi há muito tempo, quase um ano. A mortos e idos não há amigos. VIDE: Absentes nec amor, nec habet mors invida amicos. Post mortis morsum vertit dilectio dorsum.

1730. Mortuus non mordet. [Apostólio 13.65] Morto não morde. Defunto não morde. Mortuus non mordet nec latrat. (Cão) morto não morde, nem late. VIDE: Canis mortuus non mordet. Mortui non mordent.

1731. Mortuus per somnum, vacabis curis. [Erasmo, Adagia 4.1.18] Quando estiveres morto de sono, não terás preocupações. Dormirás, boas novas acharás.

1732. Mortuus sine prole. [Jur / Black 1208] Falecido sem descendentes.

1733. Morum dissimilitudo dissociat amicitias. A diversidade de caracteres dissolve as amizades. VIDE: Dispares enim mores disparia studia sequuntur, quorum dissimilitudo dissociat amicitias.

1734. Morum similitudo mater amicitiae. [Pontanus / Stevenson 914] A semelhança de caráter é a mãe da amizade. Morum similitudo amicitiam coniugat. [Hartleben, Dictionarium Paroemiarum 13] A semelhança de costumes cria a amizade. VIDE: Coniugat amicitiam morum similitudo.

1735. Morus moro purgatur. [Schottus, Adagia 280] Uma amora se limpa com outra. O que uma amora tinge, outra destinge. A nódoa que põe a amora, com outra verde se tira. VIDE: Quod morum inficit unum, aliud morum eluit inde.

1736. Mos erat antiquus niveis atrisque lapillis, his damnare reos, illis absolvere culpa. [Ovídio, Metamorphoses 15.41] Era costume antigo condenar os réus com pedras pretas e absolvê-los com pedras brancas.

1737. Mos est oblivisci hominibus, neque gnovisse cuius nihili sit facienda gratia. [Plauto, Captivi 984] Os homens têm o costume de esquecer e não reconhecer aqueles cuja amizade nada lhes promete.

1738. Mos et lex. O costume e a lei.

1739. Mos maiorum. O costume dos antepassados.

1740. Mos miseri ultro convivia adire bonorum. [Schottus, Adagia 581] É costume do pobre ir aos banquetes dos bons sem ser convidado. VIDE: Boni ad bonorum convivia invocati accedunt. Bonorum ultro ad convivia accedunt boni. Conviva amico amicus ultro etiam venit. Convivae non vocati ad amicos eunt. Invocati comessatum ad amicos veniunt amici. Non vocati amici amicorum mensam accedunt. Sponte boni ad parium laeti convivia tendunt. Sponte bonis mos est convivia adire bonorum. Ultro adeunt hominis timidi convivia fortes.

1741. Mos pro lege. O costume em lugar da lei.

1742. Mos regit legem. O costume governa a lei. O costume faz lei. VIDE: Consuetudo est optima legum interpres. Vetustas pro lege semper habetur. Vetustas vicem legis obtinet.

1743. Mota quietare, quieta non movere. [Tosi 1202] Acalmar o que está agitado, não mexer o que está quieto. Não acordes o cão que dorme. VIDE: Canem sopitum ne excita. Malum bene situm ne moveto. Quieta non movere.

1744. Mota semel multitudo modum non servat. [Sêneca Retórico, Controversiae 3.8] Uma vez provocada, a multidão não respeita limites.

1745. Motu cordis. [Apuleio, De Deo Socratis 12] Por impulso do coração.

1746. Motu proprio. [Jur] Por movimento próprio. Por iniciativa própria. Por vontade própria. Voluntariamente. VIDE: De motu proprio. De proprio motu. Ex proprio motu. Proprio motu. Sponte propria. Sponte sua. Sua sponte.

1747. Motum illi felicitate nimia caput. [Sêneca, Epistulae Morales 114.8] Sua cabeça ficou perturbada pelo grande sucesso. O sucesso subiu-lhe à cabeça.

1748. Motus in fine velocior. [Riley 237; Rezende 3632] O movimento é mais veloz no fim. Motus intensior est in fine quam in principio. [Signoriello 210] O movimento no fim é mais intenso do que no princípio. VIDE: Cursus in fine velocior.

1749. Motus moderatus gravidis optime convenit, nimius vero motus abortum producit. [Nenter 98] O exercício moderado é muito conveniente às grávidas, mas o exercício exagerado provoca o aborto.

1750. Motus sine causa nullus est. [Cícero, De Fato 20] Não existe movimento sem causa.

1751. Mox nox in rem. [Stone 130] A noite está chegando, (vamos) ao assunto.

1752. Mox simul ac dictum est verbum, res ipsa peracta est. [Grynaeus 237] Assim que a palavra foi pronunciada, a ação foi realizada. Dito e feito. Assar e comer. VIDE: Confestim dicto citius res ipsa peracta. Dictum ac factum. Dictum, factum. Simul et dictum et factum. Simul dictum, simul factum. Ut dictum et actum est. Veni, vidi, vici. Volitum, dictum, factum.

1753. Mugit bos, ovis balat, equi hinniunt, gallina pipat. [Varrão, Fragmenta] O boi muge, a ovelha bala, os cavalos relincham, a galinha cacareja.

1754. Mula senex fulvis ornatur saepe lupatis. [Pereira 95] Muitas vezes se enfeita a mula velha com freio dourado. A mula velha, cabeçada nova. Asna velha, cinta amarela. Para burro velho, capim novo.

1755. Mula ubi pepererit. Quando a mula parir. No dia de São Nunca. VIDE: Ad calendas Graecas. Cum mula pepererit. Cum muli pariunt.

1756. Mulcent delirum verba polita virum. [DAPR 278] As palavras enfeitadas acalmam o homem enlouquecido. Boas palavras e maus feitos enganam sisudos e néscios.

1757. Mulciber in Troiam, pro Troia stabat Apollo. [Ovídio, Tristia 1.2.5] Vulcano estava contra Tróia, mas Apolo estava a favor dela. Quando uma porta se fecha, outra se abre. VIDE: Aequa Venus Teucris, Pallas iniqua fuit.

1758. Mulcta pecuniaria. [Jur] Uma multa pecuniária. VIDE: Multa pecuniaria.

1759. Mulge praesentem. [Schottus, Adagia 601] Ordenha o presente. Aproveita enquanto é tempo. VIDE: Carpe diem.

1760. Mulgere hircum. [Erasmo, Adagia 1.3.51] Ordenhar bode. (=Fazer coisa absurda). Mulgere hircos. Ordenhar bodes. VIDE: Iungat vulpes et mulgeat hircos.

1761. Muli asinis quantum praestant! [Pereira 124] Quanto os mulos são melhores do que os asnos! Muito vai de uma coisa a outra.

1762. Muli mutuum scabunt. [Varrão, adaptado] As mulas coçam-se uma a outra. Um burro coça outro. Faze-me a barba, far-te-ei o cabelo. VIDE: Asinus asinum fricat. Mulus mulum scabit. Mutuum muli scalpunt. Mutuum radunt equi. Mutuum muli scabunt.

1763. Muliebre ingenium: prolubium, occasio. [Áccio, Andromeda] É da natureza feminina: desejo, oportunidade.

1764. Muliebris lacrima condimentum est malitiae. [Publílio Siro] Lágrimas de mulher, têmpera de malícia. VIDE: Didicere flere feminae in mendacium. Lacrimae feminae sunt valde periculosae. Struit insidias lacrimis cum femina plorat.

1765. Mulier a muliere parum distat. [S.W.Wilby, How to Speak Latin 189] Uma mulher pouco difere de outra.

1766. Mulier abundat audacia, consilio et ratione deficitur. [Cícero, Pro Cluentio 65] A mulher sobeja em audácia, mas é deficiente em ponderação e razão.

1767. Mulier bona et pulchra ornamentum est viro suo. [Samuel Singer, Thesaurus Proverbiorum Medii Aevi 392] A mulher boa e bonita é ornamento de seu marido. VIDE: Mulier diligens corona est viro suo. Mulieris bonae beatus vir. Qui invenit mulierem bonam invenit bonum. Uxorem caram qui se cognoscit habere, hic credit quod sit melior omne muliere.

1768. Mulier, cum sola cogitat, male cogitat. [Publílio Siro] A mulher, quando pensa por si, pensa mal.

1769. Mulier cupido quod dicit amanti in vento et rapida scribere oportet aqua. [Catulo, Carmina 70.3] O que a mulher diz ao namorado apaixonado pode-se escrever no vento e na veloz água. Jura apaixonada nem obriga, nem vale nada.

1770. Mulier diligens corona est viro suo. [Vulgata, Provérbios 12.4] A mulher diligente é a coroa do seu marido. VIDE: Mulier bona et pulchra ornamentum est viro suo.

1771. Mulier, ecce filius tuus. [Vulgata, João 19.26] Mulher, eis aí teu filho.

1772. Mulier es, audacter iuras. [Plauto, Amphitruo 678] És mulher, não tens medo de jurar.

1773. Mulier est hominis confusio. [Chaucer, The Nun’s Priest’s Tale 398] A mulher é a confusão do homem.

1774. Mulier familiae suae caput et finis est. [Ulpiano, Digesta 50.16.195.5] A mulher é o começo e o fim da sua família.

1775. Mulier fortis oblectat virum suum. [Vulgata, Eclesiástico 26.2] A mulher forte alegra o seu marido.

1776. Mulier id est quod est propter uterum solum. [The New Orleans Medical and Surgical Journal, 1851, pg. 54] A mulher só é o que é por causa do útero. VIDE: Femina est quod est propter uterum.

1777. Mulier id solum potest tacere quod nescit. [Sêneca Retórico, Controversiae 2.5.12] A mulher só pode guardar segredo do que ignora. Segredo em boca de mulher é o mesmo que escrever em papel. VIDE: Femina id tantum tacere potest, quod nescit.

1778. Mulier in aedibus atra tempestas viro. [Grynaeus 252] Mulher rixenta em casa é tempestade para o homem. Mulher rixenta nem o diabo agüenta. VIDE: Mulieris aemulatio turbat domum.

1779. Mulier luculenta forma. [Terêncio, Heauton Timorumenos 523] Uma mulher de notável beleza.

1780. Mulier malum necessarium. [L.De Mauri, 5000 Proverbi e Motti Latini 168] A mulher é um mal necessário. VIDE: Carere muliere maritus nequit, et cum muliere non potest non dolere. Malum est mulier, sed necessarium malum.

1781. Mulier mulieri magis convenit. [Terêncio, Phormio 726] Mulher se entende melhor com mulher.

1781a. Mulier nequicquam exornata est bene, si morata est male. Nenhuma mulher fica elegante, se tem maus costumes. VIDE: Ornamentum mulierum non est in vestitu, sed in bonis moribus.

1782. Mulier, novercae nomen huc adde impium. [DAPR 418] Mulher, acrescenta aí o nome cruel de madrasta. Madrasta, o nome lhe basta. VIDE: Novercae nomen impium.

1783. Mulier profecto nata est ex ipsa mora. [Plauto, Miles Gloriosus 1299] A mulher sem dúvida nasceu da própria tardança.

1784. Mulier quae multis nubit, multis non placet. [Publílio Siro] A mulher que se casa com muitos não agrada a muitos.

1785. Mulier recte olet, ubi nihil olet. [Plauto, Mostellaria 273] A mulher é bem perfumada quando não usa nenhum perfume. VIDE: Non bene olet, qui bene semper olet.

1785a. Muliere barbata eminus est salutanda. Mulher barbuda, de longe a saúda. VIDE: Mulierem barbatam eminus esse salutandam.

1786. Muliere bona nil potentius. Nada mais poderoso que uma mulher boa. A mulher boa é prata que soa. VIDE: Nihil melius muliere bona. Nihil melius muliere bona, nihil est mala peius.

1786a. Muliere loquacior. Mais falador do uma mulher.

1787. Muliere nihil est peius, atque etiam bona. [Erasmo / Stevenson 2573] Nada há pior do que uma mulher, mesmo que seja boa.

1788. Mulierem barbatam eminus esse salutandam. Mulher barbada de longe deve ser saudada. Homem ruivo e mulher barbada, de longe os saúda. VIDE: Muliere barbata eminus est salutanda. Rufum et barbatam a longe saluta.

1789. Mulierem ornat silentium. [Sófocles / Erasmo, Adagia 4.1.97] O silêncio é o ornamento da mulher. A mulher e a pega, a que cala é boa.

1790. Mulieres dum comuntur annus est. As mulheres, enquanto se enfeitam, passa um ano. VIDE: Nosti mores mulierum: dum moliuntur, dum conantur, annus est.

1791. Mulieres faciunt apostatare sapientes. [Vulgata, Eclesiástico 19.2] As mulheres fazem os sábios apostatar.

1792. Mulieres longam habent caesariem, brevem autem sensum. [Bebel / Eiselein 634] As mulheres têm cabeleira longa, mas juízo curto. Cabelos longos, juízo curto. A mulher é um animal de cabelos longos e idéias curtas. VIDE: Longam caesariem fert, curtam femina mentem.

1793. Mulieres sunt ferme, ut pueri, levi sententia. [Terêncio, Hecyra 312] As mulheres geralmente são como os meninos, de opinião inconstante.

1794. Mulieres ut flerent oculos erudiere suos. [Ovídio, Remedia Amoris 690, adaptado] As mulheres ensinaram seus olhos a chorar. A mulher ri quando pode e chora quando quer. Lágrimas de mulher, fonte de malícia.

1795. Mulieri ne credas, ne mortuae quidem. [Erasmo, Adagia 2.10.21] Não confies em mulher, nem mesmo estando morta. Da má mulher te guarda, e da boa não te fies nada. Mulieri ne fidas, ne si moriatur quidem. [Schottus, Adagia 207] Mulieri, ne mortuae quidem credendum est. [DAPR 464] Não se deve confiar em mulher, nem mesmo morta. VIDE: Ne feminae quid credas, vel mortuae. Ne mortuae quidem fidem habeas feminae. Non fidendum feminis.

1796. Mulieri nimio male facere levius onus est quam bene. [Plauto, Truculentus 470] Para uma mulher, fazer o mal custa menos do que fazer o bem.

1797. Mulieribus ingenuis et illustribus castitatis observatio praecipuum debitum est. [Jur] A observação da castidade é dever primordial para as mulheres virtuosas e nobres.

1798. Mulieribus longam esse caesariem, brevem autem sensum. [DAPR 464] As mulheres têm cabeleira longa, mas juízo curto. Cabelos longos, juízo curto. A mulher é um animal de cabelos longos e idéias curtas. VIDE: Mulieres longam habent caesariem, brevem autem sensum.

1799. Mulieris aemulatio turbat domum. [Schottus, Adagia 611] Ciúme de mulher perturba a casa. Mulher ciumenta, menino chorão, casa que goteja e burro topão são tormentos dum cristão. Mulher rixenta nem o diabo agüenta. Mulieris aemulatio totam turbat domum. [André Rezende, Sententiarum Memorabilium 438]  VIDE: Mulier in aedibus atra tempestas viro.

1800. Mulieris bonae beatus vir. [Vulgata, Eclesiástico 26.1] É feliz o homem que tem mulher virtuosa.

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