DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS

Compilado por HENERIK KOCHER

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Q9: 1601-1800

1601. Quid portas novi? [Sêneca, Thyestes 625] Que notícias trazes? VIDE: Quid novi? Quid novum? Quid novum evenit?

1602. Quid potes alibi videre, quod hic non vides? Ecce caelum et terra et omnia elementa, nam ex istis omnia sunt facta. [Tomás de Kempis, De Imitatione Christi 1.20.4] O que podes ver em outro lugar que não vês aqui? Olha o céu e a terra e todos os elementos, pois destes são feitas todas as coisas.

1603. Quid potest ab eo quisquam sperare, quem malum esse docuit? [Publílio Siro] Que pode alguém esperar daquele a quem ensinou ser mau?

1603a. Quid potui, perfeci. [Divisa] Realizei o que pude.

1604. Quid praeter istaec vox et umbra vir senex? [Eurípides / Apostólio 18.85] Que é um homem velho, senão uma voz e uma sombra? VIDE: Quid aliud est vir senex, quam vox et umbra?

1605. Quid pro quo. Isto por aquilo. Uma coisa por outra. (=Qüiproquó. Um equívoco. Uma confusão). Quid pro quo loqui. Dizer uma coisa por outra. VIDE: Qui pro quo.

1606. Quid proderit, fratres mei, si fidem quis dicat se habere, opera autem non habeat? [Vulgata, Tiago 2.14] Que aproveitará, irmãos meus, a um que diz que tem fé, se não tem obras? Palavras sem obras, cítara sem cordas. VIDE: Dicta factis probentur.

1607. Quid proderit libatio idolo? Nec enim manducabit, nec odorabit. [Vulgata, Eclesiástico 30.19] De que servirá ao ídolo a oblação? Pois que ele nem a comerá, nem lhe tomará o cheiro.

1608. Quid prodest? [Rezende 5493] Para que serve? Qual é a vantagem? VIDE: Quid prodest? Quid me ista laedunt?

1609. Quid prodest dispergere dando pauperibus et pauperem fieri, cum anima misera superbior efficitur divitias contemnendo, quam fuerat possidendo? [RSA 8] De que serve distribuir seus bens, dando-os aos pobres, e ficar pobre, se a alma miserável, desprezando as riquezas, ficar mais soberba do que fora quando as possuia?

1610. Quid prodest inopi locuples opulentia avari? [Pereira 111] De que serve ao pobre a rica opulência do avarento? Muito pão tem Castela, mas quem o não tem, lazeira.

1611. Quid prodest? Quid me ista laedunt? [Cícero, De Lege Agraria 2.32] Qual é o benefício? Que mal isto pode fazer a mim?

1612. Quid prodest si quod non possumus volumus, aut si quod possumus nolumus? [S.Agostinho, De Gratia et Libero Arbítrio 15 / Bernardes, Nova Floresta 5.340] Que aproveita a vontade do impossível ou a possibilidade do que não queremos?

1613. Quid proprium est stulti? Non posse et velle nocere. [Ausônio, Septem Sapientum Sententiae, Bias Prieneus / Bernardes, Nova Floresta 5.81] Este é do néscio o selo: não poder fazer mal e querer fazê-lo. VIDE: Quod prudentis opus? Cum possis, nolle nocere. Quid stulti proprium? Non posse et velle nocere.

1614. Quid prosunt scripta, lecta et intellecta, nisi temetipsum legas et intellegas? [S.Bernardo, Meditationes 15] De que adiantam as coisas escritas, lidas e entendidas, se não leres e entenderes a ti mesmo?

1615. Quid quaeris? Que procuras? Que queres? Quid quaeris amplius? Que queres mais?

1616. Quid quantum habeas refert? Multo illud plus est, quod non habes. [Publílio Siro] Que importa quanto tens? Muito mais é o que não tens. VIDE: Quid enim refert quantum habeas? Multo illud plus est, quod non habes.

1617. Quid quisque possit, nisi tentando, nescit. [Sêneca, De Providentia 4.3] O que cada um pode, só sabe tentando.

1618. Quid rei tibi cum illa? [Terêncio, Eunuchus 511] Que há entre ti e ela?

1619. Quid rides, berbex? [Petrônio, Satiricon 57] De quê ris, estúpido? Quid rides, vervex?

1620. Quid rides me flente? Novum tibi crede futurum luctum, forte meus cum mihi priscus erit. [Pereira 113] Por que ris, quando eu choro? Espera um sofrimento novo para ti, talvez quando o meu já for velho. Não te alegres com meu doilo, que, quando o meu for velho, o teu será novo. Quando os meus males forem velhos, os de alguém serão novos. VIDE: Calamitosum non irriseris. Malum ne alienum feceris tuum gaudium.

1621. Quid rides? Mutato nomine de te fabula narratur. [Horácio, Satirae 1.1.69] Por que ris? A anedota fala de ti, só que com outro nome. A vós o digo, filha; entende-me, nora. VIDE: De te fabula narratur. Quod uni dictum est, sibi quisque dictum putet.

1622. Quid Romae faciam? Mentiri nescio. [Juvenal, Satirae 3.41] Que vou fazer em Roma? Eu não sei mentir.

1623. Quid sanctius, quid munitius quam domus uniuscuiusque civium? O que é mais sagrado e mais seguro do que a casa de cada cidadão? VIDE: Quid est sanctius, quid omni religione munitius quam domus uniuscuiusque civium?

1624. Quid, si nunc caelum ruat? [Terêncio, Heauton Timorumenos 719] Que seria, se o céu desmoronasse agora? Quid, si caelum ruat? VIDE: Si caelum caderet, multae caperentur alaudae. Si ruerit caelum, multae caperentur alaudae.

1625. Quid si velis gubernatorem in piscina aestimare? [Sêneca Retórico, Controversiae 3.14] O que seria se quisesses avaliar o piloto num tanque?

1626. Quid significat? Que quer dizer isso? VIDE: Quid hoc sibi vult? Quid sibi vult? Quidnam vult hoc esse?

1627. Quid sis interest, non quid habearis. [DM 22] O que interessa é o que tu és, não o que tu tens. Vale mais crédito que dinheiro. VIDE: Quid ipse sis, non quid habeas, interest.

1628. Quid sit futurum cras, fuge quaerere. Evita indagar o que vai acontecer amanhã. Ninguém sabe o que está para vir. Quid sit futurum cras, fuge quaerere, et quem sors dierum cumque dabit, lucrum appone. [Horácio, Carmina 1.9.13] Evita indagar o que vai acontecer amanhã, e considera como lucro cada dia que a sorte te der. VIDE: Nolite ergo solliciti esse in crastinum.

1629. Quid solutis est beatius curis! [Catulo, Carmina 31.7] O que é mais abençoado do que as preocupações resolvidas!

1630. Quid spolias nudum? [Manúcio, Adagia 783] Por que roubas um homem nu? VIDE: Actum ne agas. Gallos quid exsecas?

1631. Quid stulti proprium? Non posse et velle nocere. [Bias / Ausônio, Septem Sapientum Sententiae] O que caracteriza o tolo? Não poder e querer fazer mal. VIDE: Quod prudentis opus? Cum possis, nolle nocere. Quid stulti proprium? Non posse et velle nocere.

1632. Quid stultius quam inutilem potentiam anteferre verae gloriae? [Cícero, Philippica 5.50] Que há de mais tolo do que preferir o poder inútil à glória verdadeira?

1633. Quid sub sole novum? Quid cernis in orbe modernum? Quaequae veternis viguerunt credita saeclis. [Walther 25183 / Tosi 799] O que há de novo sob o sol? O que distingues de novo no mundo? Tudo que existe envelheceu durante longos séculos.

1634. Quid superbit terra et cinis? [Vulgata, Eclesiástico 10.9] Por que se ensoberbece a terra e a cinza?

1635. Quid surdo cum lyra? Que tem o surdo a ver com a lira? VIDE: Quid caeco cum speculo?

1636. Quid tandem non efficiant manus? [Erasmo, Adagia 3.7.28] O que é que as mãos não conseguirão realizar?

1637. Quid te exempta iuvat spinis de pluribus una? [Horácio, Epistulae 2.2.212] De que te adianta ter sido arrancado um único espinho dentre tantos?

1638. Quid te igitur retulit, beneficium esse oratione, si ad rem auxilium emortuum est? [Plauto, Epidicus 120] De que te adianta ser generoso em palavras, se, para as ações, tua generosidade está morta?

1639. Quid tentare nocebit? [Ovídio, Metamorphoses 1.397] Que mal fará tentar? Quem não arrisca, não petisca. Quem não se aventura, não passa o mar.

1640. Quid terras alio calentes sole mutamus? [Horácio, Carmina 2.16.18] Por que trocamos nossas terras quentes por outro clima?

1641. Quid tibi cum pelago? Terra contenta fuisses. [Ovídio, Amores 3.8.49] Que é que tens com o mar? Devias contentar-te com a terra.

1642. Quid tibi divitiis opus est quae esurire te cogunt? [Quinto Cúrcio, Historiae 7.8] De que te servem as riquezas que só aumentam teu apetite? VIDE: Divitiae te esurire cogunt.

1643. Quid tibi pecunia opus est, si uti non potes? [Publílio Siro] Para que precisas de dinheiro, se não podes usá-lo?

1644. Quid tibi promisit Deus, o homo mortalis? [S.Agostinho, In Psalmum 148] O que Deus te prometeu, ó homem mortal?

1645. Quid tibi vis faciam? [Vulgata, Lucas 18.41] Que queres que te faça? VIDE: Quid vultis ut faciam vobis?

1646. Quid timeam ignoro; timeo tamen omnia demens. [Ovídio, Heroides 1.71] Por que tenho medo, não sei, mas, como sou insensato, tenho medo de tudo.

1647. Quid times? Caesarem vehis. [Floro, Epitomae 2.13] Tens medo de quê? Tu estás conduzindo César. (=Palavras com que César encorajou o comandante do navio durante a tempestade).

1648. Quid timidi estis? [Vulgata, Marcos 4.40] Por que sois vós assim tímidos?

1649. Quid timidi estis, modicae fidei? [Vulgata, Mateus 8.26] Por que temeis, homens de pouca fé?

1650. Quid trepidas? [Terêncio, Eunuchus 978] Por que tremes?

1651. Quid tumultuaris, soror? quid insanis? [Cícero, Pro Caelio 36] Por que te agitas, irmã? Por que estás furiosa?

1652. Quid turpi ex causa promissum est, non valet. [Jur / Black 1483] Não tem valor o que se prometeu a partir de circunstância imoral.

1653. Quid turpius quam sapientis vitam ex insipientis sermone pendere? [De Finibus Bonorum et Malorum 2.50] O que há mais injusto que avaliação da vida de um sábio depender da opinião de um ignorante?

1654. Quid vana verba loqueris? Por que dizes palavras vãs? Quid vana verba fundis? VIDE: Vana verba. Ventis loqueris.

1655. Quid verba audiam, cum facta videam? [Cícero, Tusculanae Disputationes 3.48] Por que ouvirei as palavras, quando vejo os fatos?

1656. Quid vero est stultius quam venditorem eius rei, quem vendat, vitia narrare? [Cícero, De Officiis 3.13] O que será mais tolo do que o vendedor revelar os defeitos da coisa que quer vender? VIDE: Laudat venales qui vult extrudere merces. Omnis amat care proprias merces phalerare.

1657. Quid vesper ferat incertum est. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita 45.8] O que a noite trará é incerto. Ninguém sabe do porvir. Ainda não se acabou o dia de hoje. A noite coroa o dia. Quid vesper vehat incertum est. [Walther Raleigh, History of the World, Preface] VIDE: Nemo tam divos habuit faventes, crastinum ut posset sibi polliceri. Nescimus quid vesper serus vehat. Nescis quid serus vesper vehat. Nescis quod serus vesper vehat. Nescis quid vesper serus trahat.

1658. Quid vesper serus vehat, sol tibi signa dabit. [Virgílio, Georgica 1.461] O sol te dará indicação do que a noite te trará.

1659. Quid, victor, gaudes? Haec te victoria perdet. [Ovídio, Fasti 2.811] Vencedor, por que te alegras? Esta vitória te perderá.

1660. Quid violentius aure tyranni? [Juvenal, Satirae 4.85] O que é mais cruel do que o ouvido do tirano?

1661. Quid virus in angues adicis, et rabidae tradis ovile lupae? [Ovídio, Ars Amatoria 3.7] Por que aumentas o veneno às serpentes, e entregas o aprisco ao lobo devorador?

1662. Quid vis videre quod non licet habere? [Tomás de Kempis, De Imitatione Christi 1.20.7] Por que queres ver o que não podes ter?

1663. Quid vitae et morti? [Tertuliano, De Spectaculis 16.4] Que têm a vida e a morte em comum?

1664. Quid vultis ut faciam vobis? [Vulgata, Mateus 20.32; Marcos 10.36] Que quereis que vos faça? VIDE: Quid tibi vis faciam?

1665. Quidam. Uma certa pessoa. (=Um qüidam. Um indivíduo sem importância).

1666. Quidam affirmant, alii negant. [Pierre Dens, Theologia 377] Uns afirmam, outros negam. VIDE: Alii affirmant, alii negant.

1667. Quidam fallere docuerunt, dum timent falli. [Sêneca, Epistulae Morales 3.3] Há os que, por medo de serem enganados, ensinaram a enganar.

1668. Quidam inimici graves, amici sunt leves. [Publílio Siro] Certas pessoas são temíveis como inimigos, mas desprezíveis como amigos.

1669. Quidam, quos parva pecunia movere non potuit, cognoscuntur in magna. [Cícero, De Amicitia 63] Certos homens, que pouco dinheiro não pôde mover, são provados por muito dinheiro.

1670. Quidam saepe in parva pecunia perspiciuntur quam sunt leves. [Cícero, De Amicitia 17.63] Com pouco dinheiro conhece-se freqüentemente como são fracos certos homens.

1670a. Quidam sementem faciunt, alii metunt. Uns plantam, outros colhem. Nem sempre dança quem paga a música.

1671. Quidam tam sunt umbratiles, ut putent in turbido esse quicquid in luce est. [Bacon, Advancement of Learning 2.2.6] Certos homens são tão ligados às sombras, que pensam estar em confusão tudo que está na luz.

1672. Quidlibet audendi potestas. [Horácio, Ars Poetica 10] O direito de tudo ousar.

1673. Quidnam est hoc? [Vulgata, Marcos 1.27] Que é isto?

1674. Quidnam vult hoc esse? [Vulgata, Atos 2.15] Que quer dizer isso? VIDE: Quid hoc sibi vult? Quid sibi vult? Quid significat?

1675. Quidquid ad summum pervenit, incremento non relinquit locum. [Sêneca, Epistulae Morales 79.8] Tudo que chegou ao máximo, não deixa espaço para crescer. VIDE: Quicquid ad summum pervenit, ab exitu prope est. Ubi incremento locus non est, vicinus occasus est.

1676. Quidquid aetatis retro est, mors tenet. [Sêneca, Epistulae Morales 1.2] Qualquer parte da vida que ficou para trás pertence à morte.

1677. Quidquid agant homines, intentio iudicat omnes. [Rezende 5495] O que quer que façam os homens, a intenção é que julga a todos. Mais faz quem quer do que quem pode. VIDE: Saepe potestatem solita est superare voluntas. Voluntas bona pro facto est.

1678. Quidquid agas, agere pro viribus. [Cícero, De Senectute 27] O que quer que faças, seja feito com todas as forças.

1679. Quidquid agas, operis primo finem mediteris. [Walther 25241 / Tosi 1567] Seja lá o que fizeres, reflete antes sobre a conclusão da obra. Pensa antes, age depois. VIDE: Quicquid conaris, quo pervenias, cogites.

1680. Quidquid agas, prudenter agas et respice finem. [Gesta Romanorum 103] O que quer que faças, faze-o com prudência e observa o fim. Antes de começar, pensar na saída. Quidquid agas, semper respice finem. Faças o que fizeres, sempre pensa no fim. VIDE: Finem respice. Respice finem. Si quid agas, prudenter agas et respice finem.

1681. Quidquid agas, semper regis mandata capesses. [Pereira 121] O que quer que faças, sempre procurarás cumprir as ordens do rei. Rou, rou, rou, faça-se o que el-rei mandou. O que o chefe mandar, faremos todos.

1682. Quidquid agunt homines, intentio iudicat omnes. [Binder, Thesaurus 2836] O que quer que façam os homens, é a intenção que os julga a todos. A intenção é que faz a ação.

1683. Quidquid agunt homines, votum, timor, ira, voluptas, gaudia, discursus nostri farrago libelli est. [Juvenal, Satirae 1.85] O que quer que façam os homens - desejo, medo, ira, prazer, alegria, andanças - é alimento do meu livro.

1684. Quidquid bonum est, optabile est. [Sêneca, Epistulae Morales 67] Tudo que é bom é desejável.

1685. Quidquid calcat, rosa fit. [Mor Ballagi, Magyar Példabeszédek 1] Tudo que ele pisa, vira rosa. É um sortudo. É um pé quente. Tudo que toca, vira ouro. Quidquid calcat, rosa fiat. [C.de Méry, Histoire Générale des Proverbes 203] Quidquid calcaverit hic, rosa fiat. [Pérsio, Satirae 2.38] Tudo que ele pisar, virará rosa. Semper cadunt feliciter tali Iovis. Semper Iovis feliciter tali cadunt. VIDE: Semper feliciter tibi cadunt Iovis taxilli. Tali Iovis feliciter semper cadunt.

1685a. Quidquid calcat, veneno suo inficit. Tudo que ele pisa, impregna de veneno.

1686. Quidquid contingat, finis postrema coronat. [Medina 583] Aconteça o que acontecer, é o fim que coroa o resultado. No fim é que se cantam as glórias. O fim coroa a obra. VIDE: Exitus acta probat. Finis coronat opus. Omnia tunc bona sunt, clausula quando bona. Si finis bonus est, totum bonum est. Totum laudatur, si finis laude beatur.

1687. Quidquid corde cogitabit, statim ore revelabit. [Samuel Singer, Thesaurus Proverbiorum Medii Aevi 71] Tudo que ele pensar no coração, revelará com a boca. A boca diz quanto lhe manda o coração. VIDE: Ex abundantia enim cordis os loquitur. Ex habitu cordis sonitus depromitur oris. Quae autem procedunt de ore, de corde exeunt, et ea coinquinant hominem. Quod in corde, hoc est in ore.

1688. Quidquid delirant reges, plectuntur Achivi. [Horácio, Epistulae 1.2.14] Quando os reis deliram, os gregos é que são punidos. Pelas loucuras dos reis são punidos os aqueus. A grei paga as loucuras do seu rei. Pagam os justos pelos pecadores. VIDE: Inferior horret, quidquid peccat superior. Quando delirant reges, plectuntur Achivi. Propter maiores plectuntur saepe minores. Saepe luit populus poenas unius iniqui.

1689. Quidquid des, celere. [Ênio / Stevenson 956] O que deres, dá rápido. VIDE: Dum quidquid des, celere. Inopi beneficium bis dat, qui dat celeriter.

1690. Quidquid dicturus es, antequam aliis, dicito tibi. [DM 105] O que quer que estejas para dizer, antes de dizeres aos outros, dize a ti mesmo.

1691. Quidquid dicunt laudo; id rursum si negant, laudo id quoque. [Terêncio, Eunuchus 251] Digam o que disserem, eu elogio; se imediatamente negam, eu também elogio. VIDE: Ais, aio; negas, nego.

1692. Quidquid discis, tibi discis. [Petrônio, Satiricon 46.8] Tudo que aprendes, aprendes para ti.

1693. Quidquid egi, quidquid gessi, reipublicae causa feci. [Sêneca, Controversiae 5.8] Tudo que fiz, todas as iniciativas que tomei, fiz pelo meu país.

1694. Quidquid est domi, vile est. [Sêneca, De Beneficiis 3.3.1] O que já está dentro de nossa casa não tem valor. Ninguém se embebeda com vinho de sua adega.

1695. Quidquid est in effectu, est in causa. O que está no efeito, encontra-se na causa. Quidquid est in effectu debet esse prius aliquo modo in causa. O que está no efeito, deve estar antes, de algum modo, na causa.

1696. Quidquid excessit modum, pendet instabili loco. [Sêneca, Oedipus 911] Tudo que ultrapasse a medida, pende sobre um abismo. Quanto mais alto o coqueiro, maior é o tombo. Quem mais sobe, de mais alto cai.

1697. Quidquid facis, respice ad mortem. [Sêneca, Epistulae Morales 114.27] O que quer que faças, considera a morte.

1698. Quidquid fit, causam habet. [Matteo Liberatore, Institutiones Philosophicae 245] Tudo que acontece, tem sua causa.

1699. Quidquid fit contra legem, nullum est. [Jur] Tudo que se faz contra a lei é nulo. Quidquid fit contra legem, pro infecto habendum. Tudo que se faz contra a lei deve ser considerado nulo. VIDE: Quid fit contra legem, nullum est. Quod contra legem fit, pro infecto habetur.

1700. Quidquid habebo, nec sordide custodiam nec prodige spargam. [Sêneca, De Vita Beata 20] O que eu venha a ter, nem guardarei com avareza, nem desperdiçarei com prodigalidade.

1701. Quidquid habet circa se commodi, apprehendendum est. [Sêneca, De Tranquillitate Animi 10.4] Devemos aproveitar qualquer vantagem que temos perto de nós.

1702. Quidquid homo nescit, vix discit, quando senescit. [Jakob Werner, Lateinische Sprichwörter 102] O que o homem desconhece, dificilmente aprende quando envelhece. Papagaio velho não aprende a falar. VIDE: Psittacus vetus non discit loqui.

1703. Quidquid id est, timeo Danaos et dona ferentes. [Virgílio, Eneida 2.49] O que quer que isso seja, tenho medo dos gregos, mesmo quando trazem presentes. (=Trata-se do cavalo de Tróia). VIDE: Timeo Danaos, et dona ferentes.

1704. Quidquid in alio reprehenditur, id unusquisque in sino suo inveniet. [Sêneca, De Ira 3.26.4] O que se censura em outrem, cada um encontrará no próprio seio. Mete a mão no teu seio, não dirás do fado alheio.

1705. Quidquid in altum fortuna tulit, ruitura levat. [Sêneca, Agamemnon 100] Tudo que a sorte leva ao alto, levanta para depois destruir. A fortuna, quando afaga, então espreita, e a próspera é a mais suspeita. VIDE: Cui multum mellis, multum dat fortuna veneni. Fortuna vitrea est; tum cum splendet, frangitur.

1706. Quidquid in buccam tibi venerit loquaris. [Marcial, Epigrammata 12.24.4] Fala o que te vier à boca. Quidquid in buccam venerit effutit. [Bailey, Divers Proverbs 14] Ele fala tudo o que lhe vier à boca. Quidquid in buccam venit effutiunt. [Conrad Hertenberger, Cursus Temporum et Regnorum 271] Falam tudo que lhes vem à boca. VIDE: In buccam tibi quod venerit, loquaris.

1707. Quidquid iurarunt, ventus et unda rapit. [Propércio, Elegiae 2.28.8] O vento e o mar roubaram todos os seus juramentos.

1708. Quidquid licet minus desideratur. [S.Jerônimo / Grynaeus 733] O que é permitido é menos desejado. O fruto proibido é mais doce. VIDE: Absente custode, dulce pomum est. Aquae furtivae dulciores sunt. Nitimur in vetitum semper, cupimusque negata. Quidquid non licet, magis desideratur. Quidquid servatur cupimus magis.

1709. Quidquid micat aurum non est. Nem tudo que reluz é ouro. VIDE: Aurea ne credas quaecumque nitescere cernis. Auri natura non sunt splendentia plura. Non est aurum omne quod radiat. Non est aurum quicquid rutilat fulvum. Non est aurum totum quod lucet ut aurum. Non est hoc aurum totum quod lucet ut aurum. Non omne id quod fulget aurum est. Non omne quod micat aurum est. Non omne quod nitet aurum est. Non teneas aurum totum quod splendet ut aurum. Non teneas aurum totum quod splendet ut aurum, nec pulchrum pomum quodlibet esse bonum. Omnia quae nitent aurea non sunt.

1710. Quidquid nix celat, solis calor omne revelat. [Gaal 1498] Tudo que a neve cobre, o calor do sol descobre. Nada há tão encoberto, que tarde ou cedo não seja descoberto. Com o tempo descobre-se a verdade. VIDE: Diu non latent scelera. Omnia tempus revelat. Sub nive quod tegitur, cum nix perit, omne videtur.

1710a. Quidquid non licet, magis desideratur. [Jesús Cantera, Refranero Latino 196] O que não é permitido é mais desejado. Fruto proibido é mais querido. VIDE: Quidquid licet minus desideratur.

1711. Quidquid praecipies, esto brevis, ut cito dicta percipiunt animi dociles, teneantque fideles. [Horácio, Ars Poetica 335] O que quer que ensines, sê breve, para que os espíritos dóceis entendam imediatamente o que foi dito e o retenham com fidelidade.

1712. Quidquid praeter spem eveniat, omne id deputare esse in lucro. [Terêncio, Phormio 245] Tudo que venha sem ser esperado, deve ser contado como vantagem. Tudo que vier é lucro.

1713. Quidquid principes faciunt, praecipere videntur. [Quintiliano, Declamationes 3 / Montaigne, Éssais 1.43] O que os poderosos fazem, parece prescreverem aos outros. Tal senhor, tal servo. VIDE: In vulgus manant exempla regentum.

1714. Quidquid probis eripitur, improbis datur. [Publílio Siro] Tudo que se tira dos bons, dá-se aos maus. VIDE: Quod improbis eripitur, donatur probis. Quod improbis donatur, eripitur probis.

1715. Quidquid prospici potest, prospice. [Sêneca, Epistulae Morales 98] Prevê tudo que pode ser previsto.

1716. Quidquid quadratum est, in quamcumque partem vertatur, manet semper idem, firmum et solidum. [Pe.Carlo Willi, Breviario Spiegato 8] Tudo que é quadrado, para qualquer lado que seja girado, permanece sempre igual, firme e sólido.

1717. Quidquid servatur cupimus magis. [Ovídio, Amores 3.4.25] Tudo que é protegido desejamos mais. O proibido é desejado. O proibido aguça o dente. VIDE: Absente custode, dulce pomum est. Quidquid licet minus desideratur.

1718. Quidquid sine detrimento commodari possit, id tribuatur vel ignoto. [Cícero, De Officiis 1.16] Tudo que se puder conceder sem prejuízo deve ser dado, mesmo a um desconhecido.

1719. Quidquid tentabam dicere versus erat. [Rezende 5498] Tudo que eu tentava dizer era verso. VIDE: Et, quod tentabam dicere, versus erat.

1720. Quidquid terret, et trepidat. [Sêneca, De Ira 2.11.4] Tudo que assusta, também treme de medo.

1721. Quidquid videri cupis fac ut sis, aliter frustra cupis, nam falsa tempus infirmat, vera corroborat. Nulla simulatio diuturna. [Ludovicus Vives, Introductio Sapientiae / Rezende 5501] Procura ser o que queres parecer; de outro modo desejarás em vão, pois o tempo destrói a mentira e fortalece a verdade. Não há fingimento que dure. VIDE: Quod videri vis, esto.

1722. Quidquid videtur dimissum esse, dilatum est. [DAPR 244] Aquilo que parece ter sido abandonado, apenas foi adiado. O diferido não está perdido. VIDE: Dilatio non est ablatio, et quod differtur non aufertur. Quod differtur, non aufertur. Solutio dilata tandem urgebitur.

1723. Quidquid vult, habere nemo potest; illud potest nolle quod non habet. [Sêneca, Epistulae Morales 123] Ninguém pode ter tudo que deseja; pode não querer o que não tem.

1724. Quidvis citius dissolvi posse videmus, quam rursus refici. [Lucrécio, De Rerum Natura 1.556] Vemos que tudo pode ser desfeito mais depressa do que ser refeito. É mais fácil rasgar que costurar. É mais fácil demolir que edificar. VIDE: Arbores magnae diu crescunt, una hora exstirpantur.

1725. Quidvis egestas imperat. [Plauto, Asinaria 670] A indigência obriga a tudo. A fome não tem lei. A necessidade não tem lei. VIDE: Adversum necessitatem ne dii quidem resistunt. Legem non habet necessitas. Propter necessitatem illicitum efficitur licitum. Quod necessitas cogit, defendit.

1726. Quies est cessatio voluntaria a motu et labore corporis voluntario, a natura instituta, ut membra lassa pristinum vigorem recipere queant. [Nenter 13] O descanso é a cessação voluntária do movimento e do trabalho voluntário do corpo, determinada pela natureza, para que os membros cansados possam recuperar o vigor primitivo.

1727. Quies gentium sine armis haberi nequit. [Gaal 537; Pereira 113] Sem armas, não é possível garantir a tranqüilidade dos povos. Rei desarmado não tem seguro o seu estado. VIDE: Dextra gerat gladium; pacem manus altera monstret. Neque quies gentium sine armis, neque arma sine stipendiis. Nunquam imperator ita paci credit, ut non se praeparet bello. Si vis pacem, para bellum.

1728. Quies nimia enervat corpus et ad labores suscipiendos ineptum reddit. [Nenter 96] O descanso exagerado enfraquece o corpo e o torna inadequado para empreender trabalhos.

1729. Quies post motum fortiorem non statim suscipiatur, sed corpus adhuc aliquandiu leniter moveatur. [Nenter 96] Não se tome descanso imediatamente depois de exercício mais forte: o corpo deve mover-se suavemente durante algum tempo.

1730. Quieta non movere. [Rezende 5518; DAPR 696] Não agitar o que está quieto. Não acordes o cão que dorme. Deixa como está, para ver como fica. VIDE: Canem sopitum ne excita. Malum bene conditum ne moveris. Mota quietare, quieta non movere. Non quieta movere.

1731. Quieta vita his qui tollunt meum, tuum. [Publílio Siro] A vida é tranqüila para aqueles que suprimem o meu e o teu. Quietissimam vitam agerent homines in terris, si duo haec verba e natura rerum tollerentur: meum et tuum. [DM 98] Viveriam vida muito tranqüila os homens na terra, se estas duas palavras fossem excluídas da natureza: meu e teu. Quietissime viverent homines, nisi essent duo verba tollerentur: meum et tuum. Viveriam os homens com muita paz, se se eliminassem duas palavras: meu e teu. Quietissime viverent homines, si duo verba, scilicet meum ac tuum. VIDE: Meum et tuum causa totius orbis discordiarum. Si duo de nostris tollis pronomina rebus, proelia cessarent, pax sine lite foret.

1732. Quietae aquae non credere. Não confies em água tranqüila. Não te fies em água que não corra, nem em gato que não mie. Águas tranqüilas, águas profundas. VIDE: Aqua profunda est quieta. Altissima quaeque flumina minimo labuntur sono. Flumina tranquillissima saepe sunt altissima. Gurgite sub leni fallit metuenda vorago. Quamvis sint lenta, sint credulla nulla fluenta. Qui fuerit lenis, tamen haud bene creditur amni. Qua flumen placidum est, forsan latet altius unda.

1733. Quieti sitis. [Vulgata, 1Tessalonicenses 4.11] Procurai ficar quietos.

1734. Quietum nemo impune accessit. [Divisa de Francisco Sforza, Duque de Milão / Rezende 5519] A mim, que estou quieto, ninguém atacou impunemente.

1735. Quietum non move lutum. [Walther 25317i / Tosi 1202] Não mexas o lodo que está quieto. Merda, quanto mais se mexe, mais fede. Não mexas no santo, que borras a pintura. VIDE: Balsama quando moves, nectar odoris habes; stercora si moveas, naribus o caveas. Non movenda moves. Quo plus est motum, tanto plus foetet oletum. Stercus motum vehementius foetet.

1736. Quilibet ad propriam tortellam confovet ignem. [DAPR 452] Cada um puxa o fogo para seu pastelão. Cada qual puxa a brasa para sua sardinha. Cada um leva água para seu moinho. VIDE: Favet vicino, sed magis ollae suae, ut plena sit. Omnes homines ad suum quaestum callent. Perquirit quisque utilitati frui. Prima caritas incipit a seipso. Reditus quisque suos amat. Unusquisque omnia ad suum commodum convertit.

1736a. Quilibet admenso digitos sordescit olivo. [Obras Sueltas de D. Juan de Yriarte 184] Quem azeite mede, as mãos unta. VIDE: Allia petra sapit, quae illa capit.

1736c. Quilibet ducat uxorem sui similem. Cada um case-se com mulher igual a ele. Casar e compadrar, cada qual com seu igual. VIDE: Aequalem uxorem quaere. Si vis nubere bene, nube pari.

1737. Quilibet est optimus verborum suorum interpres. [Charles Maynz, Eléments de Droit Romain 1.269] Cada um é o melhor intérprete das próprias palavras.

1738. Quilibet est tugurii rex, dominusque sui. [Pereira 103] Cada um é rei e senhor de sua cabana. Em sua casa governa o carvoeiro, como o galo em seu poleiro. Quilibet est rex in domo sua. [DAPR 146] Quilibet domi suae rex. [Eiselein 110] Cada um em sua casa é rei. Quando em minha casa estou, rei sou. Quilibet est dominus in domo sua. [Florilegium Hebraicum 80] VIDE: Domi suae quilibet rex. Omnis est rex in domo sua.

1739. Quilibet est subditus legibus patriae suae, et extra territorium. [Jur] Todo cidadão está sujeito às leis de seu país, mesmo fora do território.

1740. Quilibet homo iure naturali habet potestatem et ius defendendi se. [Pe.Francisco de Vitoria] Qualquer homem tem, pelo direito natural, o poder e o direito de defender-se.

1741. Quilibet nautarum vectorumque tranquillo mare gubernare potest. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita 24.8] No mar calmo, qualquer marinheiro ou passageiro sabe pilotar. VIDE: Tranquillo quilibet gubernator est.

1742. Quilibet potest renunciare iuri pro se introducto. [Jur / Black 1484] Qualquer pessoa pode renunciar a direito criado em seu benefício. VIDE: Iuri suo quilibet renuntiare potest.

1743. Quilibet praesumitur bonus donec contrarium probetur. [Jur] Considera-se inocente qualquer pessoa, até que se prove o contrário. VIDE: Quivis praesumitur bonus, donec probetur malus.

1744. Quilibet tenetur diligere seipsum. [Pe.Francisco de Vitoria] Considera-se que cada pessoa ama a si mesmo.

1745. Quin petat, eximio donatur munere gratus. [Pereira 95] Mesmo que não peça, ao agradecido se dá um ótimo presente. Ao agradecido mais do que o pedido.

1746. Quin tu te suspendis? [Plauto, Menaechmi 911] Por que tu não te enforcas?

1747. Quinam estis vos? et unde venistis? [Vulgata, Josué 9.8] Quem sois vós? e donde viestes?

1748. Quinque etenim sunt corporis sensus, videlicet: visus, auditus, gustus (sive gustatus), odoratus (sive olfactus), et tactus. São cinco os sentidos do corpo, a saber: visão, audição, gosto, olfato e tato. VIDE: Sensus corporei, qui sunt quinque, videlicet: visus, auditus, gustus, odoratus et tactus.

1749. Quinta dies lunae reliqui tibi nuntia mensis. [Pereira 96] O quinto dia da lua informar-te-á o resto do mês. Ao quinto dia verás que mês terás.

1750. Quinta essentia. [Termo de filosofia] Quintessência.

1751. Quippe insimulari quivis innocens potest; revinci, nisi nocens, non potest. [Apuleio, Apologia 1] É certo que qualquer inocente pode ser acusado, mas só o culpado pode ser condenado.

1752. Quippe iudicare munus publicum est. [Digesta 5.1.78] Sem dúvida, julgar é uma função pública.

1753. Quippe venit maior comitata labore voluptas. [Medina 599] Maior vem o prazer acompanhado pelo trabalho. Melhor sabe o descansar depois de muito trabalhar. VIDE: Maior quippe venit comitata labore voluptas.

1754. Quis amicior quam frater fratri? [Salústio, Bellum Iugurthinum 10.2] Quem é mais amigo de um irmão do que seu irmão?

1755. Quis aut eum diligat quem metuit, aut eum a quo se metui putat? [Cícero, De Amicitia 15] Quem poderá amar aquele a quem teme ou aquele por quem julga ser temido? VIDE: Quis eum diligat quem metuat?

1756. Quis autem ex vobis patrem petit panem, numquid lapidem dabit illi? Aut piscem, numquid pro pisce serpentem dabit illi? Aut si petierit ovum, numquid porriget illi scorpionem? [Vulgata, Lucas 11.11-12] Se algum de vós pedir pão a seu pai, acaso dar-lhe-á ele uma pedra? Ou se lhe pedir um peixe, dar-lhe-á ele em lugar de peixe uma serpente? Ou se lhe pedir um ovo, porventura dar-lhe-á um escorpião?

1757. Quis autem hic est, qui emendet publicos mores? [Plínio Moço, Epistulae 5.9.6] Quem será esse reformador dos costumes?

1758. Quis autem non timeat illud examen, in quo erit dominus accusator, advocatus et iudex? [Henry de Bracton, De Legibus et Consuetudinibus Angliae 10] Quem não temerá aquele processo em que o seu senhor será o acusador, o advogado e o juiz?

1759. Quis bonus dubitet pro patria mortem oppetere? [Cícero, De Officiis 1.57] Que homem honesto duvidará afrontar a morte pela pátria?

1760. Quis casum meritis ascribere talibus audet? [Claudiano, Aponus 81] Quem ousaria atribuir ao acaso esses méritos?

1761. Quis crederet unquam aërias hominem carpere posse vias? [Ovídio, Ars Amatoria 2.43] Quem acreditaria poder algum dia o homem percorrer caminhos aéreos? (=O poeta se refere à lenda de Dédalo e Ícaro).

1762. Quis custodit custodes? Quem vigia os guardas? VIDE: Nempe ridiculum esset, custode indigere custodem. Sed quis custodiet ipsos custodes?

1763. Quis dabit mihi pennas sicut columbae, et volabo, et requiescam? [Vulgata, Salmos 54.7] Quem me dará asas como de pomba, e voarei e descansarei?

1764. Quis deus magnus sicut Deus noster? [Vulgata, Salmos 76.14] Que deus há grande como o nosso Deus?

1765. Quis dives? Qui nil cupit. Quis pauper? Avarus. [Ausônio, Septem Sapientum Sententiae, Bias] Quem é rico? O que nada deseja. Quem é pobre? O avarento. Rico é o que nada deseja, e pobre, o avaro, por muito que tenha. VIDE: Dives est qui nihil cupit.

1766. Quis divitiis adverso gaudet Amore? [Propércio, Elegiae 1.14.15] Quem se satisfaz com riquezas, quando o deus Amor lhe é contrário?

1767. Quis docuit picas nostra verba conari? [Pérsio, Satirae, Prologus 8; Rezende 5614] Quem ensinou às pegas imitar nossas palavras? Quem ensinou a Pedro falar galego?

1768. Quis dubitare potest quin deorum immortalium munus sit quod vivimus, philosophiae quod bene vivimus? [Sêneca, Epistulae Morales 90.12] Quem pode duvidar de que o que vivemos seja uma dádiva dos deuses imortais, e o que vivemos bem seja uma dádiva da filosofia?

1769. Quis ego sim cognosces. [Salústio, Catilina 44, adaptado] Saberás quem sou eu.

1770. Quis enim alius usus clavium nisi ad aperiendum aut claudendum? [Pe.Francisco de Vitoria] Qual então seria outro uso das chaves, senão para abrir e fechar?

1771. Quis enim bene celat amorem? [Ovídio, Heroides 12.37] Quem é que consegue esconder o amor? Mal finge quem quer bem. Tosse, amor e febre ninguém esconde. Amor, fogo e tosse a seu dono descobrem. VIDE: Amor tussisque non celantur. Difficile est abscondere pectoris aestus. Nec amor nec tussis celatur. Quattuor abscondi non possunt: tussis, amor, ignis, dolor.

1772. Quis enim celaverit ignem, lumine qui semper proditur ipse suo? [Ovídio, Heroides 16.7] Quem esconderia o fogo, que sempre se revela pela sua luz? Amor, fumo e tosse a seu dono descobrem.

1773. Quis enim dubitet nihil esse pulchrius in omni ratione vitae, dispositione atque ordine. [Columela, De Re Rustica 12.2.4] Quem, pois, duvidaria de que nada é mais belo em todas as relações da vida do que o método e a ordem. VIDE: Nihil esse pulchrius in omni ratione vitae, dispositione atque ordine.

1774. Quis enim erit finis? [Sêneca, Consolatio ad Marciam 1.6] Como vai acabar tudo isto?

1775. Quis enim est qui non possit contumeliam facere, si quisquam potest? [Sêneca, De Constantia 19.2] Quem é esse que não poderia fazer uma afronta, se qualquer um pode?

1776. Quis est enim, qui totum diem iaculans non aliquando colliniet? [Cicero, De Divinatione 2. 121] Quem é que, atirando o dia todo, não acerte o alvo alguma vez? VIDE: Invenit interdum caeca columba pisum.

1777. Quis enim ex vobis volens turrim aedificare, non prius sedens computat sumptus qui necessarii sunt? [Vulgata, Lucas 14.28] Qual de vós, querendo edificar uma torre, não se põe a contar primeiro os gastos que são necessários?

1778. Quis enim filius, quem non corripit pater? [Vulgata, Hebreus 12.7] Qual é o filho a quem o pai não corrige?

1779. Quis enim materna iura possit abolere? [Codex Iustiniani 8.47.10] Quem poderia suprimir os direitos maternos? VIDE: Materna iura non possunt aboleri.

1780. Quis enim modus adsit amori? [Virgílio, Eclogae 2.68] Que limite deve ter o amor? Amor não tem lei. Afeição cega a razão. VIDE: Amantes, amentes.

1781. Quis enim phrenetico medicus irascitur? [Sêneca, De Constantia 13.1] Que médico se zanga com um lunático?

1782. Quis enim scire omnia, aut reminisci potest? Quem pode saber tudo, ou lembrar-se de tudo? VIDE: Quis est ita sapiens, qui omnia plene scire potest?

1783. Quis est enim qui non deliquerit in lingua sua? [Vulgata, Eclesiástico 19.16] Quem há que não tenha pecado pela língua?

1784. Quis est enim qui totum diem iaculans non aliquando collineet? [Cícero, De Divinatione 2.121] Quem é que, atirando o dia todo, não acertará o alvo alguma vez?

1785. Quis est haec simia? [Afrânio] Quem é esse macaco?

1786. Quis est hic? Quem é este? Quis est iste?

1787. Quis est homo, qui vivet et non videbit mortem? [Vulgata, Salmos 88.49] Que homem há que viva e não veja a morte?

1788. Quis est ita sapiens, qui omnia plene scire potest? [Tomás de Kempis, De Imitatione Christi 1.9.8] Quem é tão sábio, que pode saber tudo com perfeição?

1789. Quis est iste involvens sententias sermonibus imperitis? [Vulgata, Jó 38.2] Quem é este que mistura sentenças com discursos sem sentido?

1790. Quis est iste qui se profitetur omnibus legibus innocentem? [Sêneca, De Ira 2.28.2] Qual é o homem que pode declarar-se inocente em relação a todas as leis?

1791. Quis est pauper? Qui sibi videtur dives. [DM 60] Quem é pobre? Quem se julga rico.

1792. Quis est qui habet omnia secundum suam voluntatem? Nec ego, nec tu, nec aliquis hominum super terram. [Tomás de Kempis, De Imitatione Christi 1.22.3] Quem é aquele que tem tudo segundo sua vontade? Nem eu, nem tu, nem nenhum homem sobre a terra.

1793. Quis est tam lynceus, qui in tantis tenebris nihil offendat, nusquam incurrat? [Cícero, Ad Familiares 9.2] Quem tem vista tão penetrante que em tão grandes trevas não tropece em nada, não esbarre em nenhum lugar?

1794. Quis et unde es hominum? [Homero, Odisséia 1.170] Quem és e de que comunidade vens?

1795. Quis eum diligat quem metuat? Quem poderá amar aquele a quem teme? VIDE: Nemo est qui diligat quem metuat. Quis aut eum diligat quem metuat aut eum a quo se metui putet?

1796. Quis fallere possit amantem? [Virgílio, Eneida 4.296] Quem poderia enganar uma mulher apaixonada?

1797. Quis famulus amantior domini quam canis? [Columela, De Re Rustica 7.12] Qual é o serviçal que ame seu senhor mais do que o cão?

1798. Quis feret uxorem cui constant omnia? [Juvenal, Satirae 6.166] Quem suportará uma mulher que tenha todas as perfeições?

1799. Quis fluvius est quem non recipiat mare? Qual é o rio que o mar não vai receber? VIDE: Quisnam istic fluvius est, quem non recipiat mare?

1800. Quis fortunae mutationes, quis dubios rerum humanarum casus satis mirari queat? [Veleio Patérculo, Historia Romana 2.75.2] Quem se espantaria dos caprichos da sorte e do destino incerto das coisas humanas?

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