Máximas, Pensamentos e Reflexões
do
Marquês de Maricá

Introdução
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Página dos Provérbios

 

C

Cada geração, parecendo ocupar-se exclusivamente do seu cômodo e felicidade, trabalha efetivamente para as gerações seguintes e a sua posteridade. [378]

Cada homem tendo uma vocação especial como uma fisionomia privativa, torna-se inútil, incômodo ou nocivo, sendo empregado fora da sua esfera e propensões. [1360]

Cada homem zelando especialmente o seu interesse pessoal trabalha sem o pensar para o bem geral de todos. [1871]

Cada mundo começa como um ovo ou embrião, e se vai desenvolvendo e explicando por séculos e milênios até chegar àquele ponto de maturação, que lhe foi destinado, e se resolve então nas substâncias elementares de que foi formado. [2868]

Cada povo e nação é um original sem cópia; a forma de governo que lhe convém deve ser regulada pela sua especialidade; a adoção ou arremedo indiscriminado das instituições dos outros povos lhe é funesto quase sempre pela disparidade de circunstâncias em que se acham para com eles. [2801]

Cada século tem suas celebridades ou notabilidades que se desvanecem nos séculos subseqüentes. [1026]

Cada um de nós contribui com o seu contingente para o acervo da ciência humana; mas infelizmente este acervo compõe-se geralmente mais de erros e fábulas, do que de verdades. [2523]

Cada uma das idades da vida humana tem suas paixões, inclinações e prazeres peculiares: quando queremos alterar ou inverter esta ordem natural, além de infelizes, nos tornamos ridículos e desprezíveis na opinião dos outros homens. [1623]

Cada vulcão na terra é um farol para o mar. [2538]

Calamitosos são os tempos em que a insignificância alcança preponderância! [1486]

Calculamos sempre mal quando prescindimos das circunstâncias. [1632]

Capitulamos quase sempre com os nossos males quando os não podemos evitar ou remover. [736]

Casos há em que os nossos inimigos contribuem mais para a nossa exaltação pessoal do que os próprios amigos: os males que nos causam servem de lições eficazes para o nosso aperfeiçoamento moral, e subseqüente procedimento honrado e regular. [3041]

Cavando muito na natureza para descobrir verdades recônditas e profundas, fabricamos abismos em que inteiramente nos perdemos. [1176]

Cessa a prudência quando lhe falta a paciência. [2645]

Chamamos ordem ao que nos aproveita, e desordem ao que nos prejudica. [1136]

Chegamos a uma idade em que, fatigados da intriga e trapaçaria humana, preferimos o retiro à companhia e sociedade dos homens. [1468]

Ciência é poder, força e riqueza; a nação mais inteligente e sábia será conseqüentemente a mais rica, forte e poderosa. [447]

Com a inteligência limitada que temos, nunca saberíamos avaliar os bens da vida sem os males que os contrastam. [2972]

Com Deus tudo podemos, sem Deus nada valemos. [1649]

Com Deus tudo se explica, sem Deus este mundo e o universo seria mais tenebroso que o mesmo caos. [1213]

Com mais facilidade aconselhamos e consolamos do que esmolamos. [2088]

Com maus materiais e piores mestres não se levanta um edifício nobre, majestoso, firme e permanente, nem pode prosperar e ser respeitada uma nação predominada e influída por ingratos, traidores, anarquistas e revolucionários. [3078]

Com o presente à vista, o pretérito em lembrança, e o futuro em esperanças e receios vivemos esta vida terrestre, misteriosa e mal compreendida, incerta em suas vicissitudes, porém certa por sua terminação pela morte e destruição. [2902]

Com pouco nos divertimos, com muito menos nos afligimos. [259]

Com trabalho, inteligência e economia, só é pobre quem não quer ser rico. [277]

Com uma ignorância enciclopédica homens há que se inculcam por sabedores universais. [2408]

Começamos a conhecer os homens quando principiamos a desconfiar do seu juízo, saber e probidade. [2053]

Como a chuva amolece a terra, o pranto da mulher abranda o coração do homem. [1311]

Como a luz em uma masmorra faz visível todo o seu horror, assim a sabedoria manifesta ao homem todos os defeitos e imperfeições da sua natureza. [725]

Como as flores enfeitam a terra, os astros abrilhantam os campos da imensidade. [2107]

Como as plantas e arbustos guarnecem as ruínas dos edifícios nobres, os filhos e netos ornam a velhice dos anciãos ilustres. [2055]

Como Deus nada fez nem faz sem propósito, fim e aplicações, segue-se que tudo o que existe é o que deve ser em todos os sistemas parciais e no geral do Universo. [2867]

Como entre os povos e nações, há também guerras, tréguas e pazes entre as opiniões dos homens. [2144]

Como há flores que perfumam os ares, há homens que edificam os povos com seus exemplos e doutrinas. [1432]

Como não há eventos isolados na plenitude da natureza, as revoluções ainda que •apareçam de repente são obra e produto de muito tempo, circunstâncias e antecedentes. [1264]

Como nos amamos sobretudo, também tememos a morte mais que tudo. [1656]

Como o espaço compreende todos os corpos, a ambição abrange todas as paixões. [26]

Como o incenso só recende depois de queimado, a glória dos grandes homens refulge sem eclipse depois de mortos. [1298]

Como o sol alumia em toda a sua periferia, o homem deve ser benfazente em todas as direções. [1353]

Como o sol doura as nuvens que o eclipsam, o homem virtuoso favorece os mesmos que o maltratam. [1947]

Como os dias e as noites, os bens e os males se alternam e se contrastam. [2913]

Como os sábios não adulam os povos, também estes os não promovem. [888]

Compete somente aos velhos formular máximas e sentenças morais, os moços por falta de ciência e experiência não as podem compor nem compreender exatamente. [2723]

Compreender a Deus seria compreender o Infinito, a Imensidade: criaturas limitadas no espaço e tempo são incapazes de tão sublime compreensão: Deus somente se compreende a si. [2584]

Concebemos sempre mais e melhor do que podemos executar. [1278]

Condenamos irrefletidamente nos moços a vergonha e acanhamento que os defendem de muitos males e perigos, suprindo de algum modo a razão e a virtude que ainda recentes não os podem dirigir e resguardar. [1261]

Condenamos muitas vezes a nossa memória para justificarmos o nosso procedimento. [663]

Condenamos por ignorantes as gerações pretéritas, e a mesma sentença nos espera nas gerações futuras. [392]

Confiai na mudança em tudo, desconfiai da permanência em cousa alguma. [1794]

Confiar desconfiando é uma regra muito salutar da prudência humana. [89]

Congratulamo-nos na velhice de termos sido laboriosos, econômicos e previdentes na mocidade. [2893]

Congratulemo-nos de saber que ignoramos infinito; teremos de aprender e admirar eternamente. [1730]

Congratulemo-nos de ser aborrecidos pelos maus: o seu ódio nos extrema e discrimina deles. [1940]

Conhecem-se os homens pelas suas ações, e os governos pela escolha dos seus empregados. [1832]

Considerar os povos muito racionais é não conhecer os elementos e unidades de que se compõem, e cuja soma representam. [1494]

Constituídos e organizados como somos, devemos considerar a morte como um grande bem: eterna seria a nossa desgraça e agonia se pudéssemos enfermar, envelhecer e padecer sem morrermos. [2748]

Contra as leis da Ótica, os grandes homens parecem muito maiores de longe do que de perto. [1681]

Convém usar dos homens como são, e das circunstâncias como elas ocorrem. [1088]

Correm grande perigo os Estados onde os ministérios se sucedem com freqüência, como os doentes com repetidas juntas e conferências de professores. [2896]

Crer pouco, descrer muito e duvidar infinito, é a condição quase geral dos homens doutos em todos os tempos. [1639]

Criamos entidades personalizando abstrações; eis a causa dos nossos maiores erros. [1333]

Criar é fazer existir o que não existia: Deus é o Criador do Universo: os poemas de Homero e Virgílio são criações de seus autores. [3073]

Custa a viver na velhice, há uma dificuldade de existir que faz a vida onerosa freqüentes vezes. [2491]

Custa mais trabalho a muitos o tornar-se desgraçados do que a outros o fazer-se afortunados. [1620]

Custa menos ao nosso amor-próprio caluniar a fortuna, do que acusar a nossa má condita. [687]

Custa menos enganar que desenganar os povos: a sua ignorância facilita o engano, a sua credulidade dificulta o desengano. [1389]


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