Máximas, Pensamentos e Reflexões
do
Marquês de Maricá

Introdução
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Página dos Provérbios

 

Q

Qualificamos de desengano o que freqüentes vezes não é mais que um novo engano. [2017]

Quando a cólera ou o amor nos visita, a razão se despede. [210]

Quando a consciência nos acusa, o interesse ordinariamente nos defende. [1010]

Quando a fortuna nos maltrata, recorremos à filosofia ou à Religião, para que nos console e conforte. [628]

Quando a velhice nos faz retirar como atores do teatro do mundo, já não servimos nem para espectadores: os sentidos obtusos da vista e ouvido com o torpor geral da sensibilidade nos privam da fruição dos dramas que se executam, restando-nos apenas a satisfação de ruminar o passado pela reminiscência e reflexão. [3080]

Quando alcançamos conceber a idéia de um Ser ou Unidade Infinita e misteriosa, compreendendo e animando toda a imensidade, temos chegado à síntese mais sublime a que pode elevar-se o entendimento humano. [1771]

Quando as paixões por adultas se emancipam, a razão perde sobre elas a sua autoridade e tutoria. [1015]

Quando chegamos a amar e admirar a Deus, as flores nos parecem mais belas sobre a terra, as estrelas mais brilhantes nos céus, •e a natureza, toda radiosa de alegria e magnificência, mais nos encanta com suas maravilhas assombrosas. [2176]

Quando cresce o nosso saber na razão aritmética, o conhecimento da nossa ignorância aumenta na razão geométrica. [1758]

Quando defendemos os nossos amigos, justificamos a nossa amizade. [837]

Quando deixamos de gozar de Deus todos os bens e prazeres da vida, ou provenham da Natureza ou da inteligência humana, têm nele a sua origem, causa e fundamento: Deus é o bem universal, e o manancial eterno de todos os bens do Universo. [2627]

Quando Deus nos fez surgir da eternidade, dando-nos o ser, contraiu conosco uma dívida de felicidade, que tem solvido na vida presente e há de solver nas subseqüentes pela sua paternidade criadora e bondade ilimitada. [2982]

Quando Deus quer, o fel se converte em mel. [1862]

Quando em um povo só se escutam vivas à liberdade, a anarquia está à porta e a tirania pouco distante. [1018]

Quando escrevemos, fixamos o nosso pensamento, e de algum modo o perpetuamos em nossa vantagem ou detrimento. [1474]

Quando estamos convencidos profundamente da infinita sabedoria e poder de Deus,não há males na vida humana por maiores que sejam, que não possamos vencer confiados e esperançados na divina bondade e proteção. [2643]

Quando estamos profundamente convencidos da infinita sabedoria, bondade e justiça de Deus, agradecemos-lhe os mesmos males e dores que nos afligem e atormentam na presente vida. [2485]

Quando evitamos as ocasiões, removemos as tentações. [1600]

Quando madrugamos e passamos o dia com a virtude, anoitecemos sem remorsos e dormimos sem pesadelos. [950]

Quando mais nos afadigamos para entreter a vida, encontramo-nos com a morte que nos forra o trabalho e cuidados de a manter. [1116]

Quando moços, contamos tantos amigos quantos conhecidos; porém maduros pela experiência, não achamos um homem de cuja probidade fiemos a execução do nosso testamento. [752]

Quando morremos para a vida nascemos para a Eternidade. [2044]

Quando nada esperamos dos homens, mas tudo de Deus, preferimos o retiro e reclusão à sociedade e companhias. [2985]

Quando nada esperamos dos homens,mas tudo de Deus, preferimos o retiro e reclusão à sociedade e companhias. [2606]

Quando não podemos gozar a satisfação da vingança, perdoamos as ofensas para merecer ao menos os louvores da virtude. [699]

Quando nos comparamos com os outros homens, o nosso amor-próprio, avaliador suspeito, descobre sempre um saldo a nosso favor. [2573]

Quando o amor nos visita, a amizade se despede. [1710]

Quando o interesse é o avaliador dos homens, das cousas e dos eventos, a avaliação é quase sempre imperfeita e pouco exata. [537]

Quando o pobre não respeita a riqueza, nem o ignorante a ciência, nem o súbdito a autoridade, está perdida a Sociedade. [1675]

Quando o povo não acredita na probidade, a imoralidade é geral. [19]

Quando o sol se aproxima ao seu nascente, escondem-se as corujas e morcegos: os inimigos das luzes só se comprazem e são ativos nas trevas. [456]

Quando o tufão derruba uma árvore, na sua queda a acompanham todos os animais voláteis e reptis que vivem, se abrigam e têm nela a sua habitação: isto mesmo se observa na mudança ou queda dos governos e ministérios. [1210]

Quando os bons capitulam com os maus sancionam a própria ruína. [820]

Quando os códigos decretaram por penas dos maiores crimes a privação da liberdade ou da vida reputaram ser estes os maiores bens da existência humana. [1547]

Quando os espíritos ou átomos indivisíveis se unem e se condensam, então se materializam, ganham extensão, forma, figura e densidade, e tornam-se capazes de localidade, ação e movimento. [2707]

Quando os homens que governam não sabem nem podem fazer-se estimar, recorrem à tirania para se fazer temidos. [318]

Quando os homens se desigualam, então se harmonizam. [1968]

Quando os loucos e velhacos crescem em número extraordinário, envolvem e levam no seu turbilhão os homens de maior saber e juízo, e os forçam a aprovar e aplaudir os seus desvarios e disparates. [1937]

Quando os povos enlouquecem, festejam, e solenizam os dias de seus maiores desatinos e ingratidões. [1502]

Quando os rapazes se inauguram por sábios, que resta aos velhos? calar-se e lastimá-los [424]

Quando os sábios se calam, a monção é propícia aos ignorantes. [1101]

Quando os tiranos caem, os povos se levantam. [810]

Quando pedimos a Deus não nos vem rubor às faces. [1593]

Quando saímos da nossa esfera, ordinariamente nos perdemos na dos outros. [877]

Quando se considera a repugnância com que os homens se deixam desenganar, ocorre a suspeita de que se comprazem em ser enganados. [321]

Quando se considera que é infinito o que podemos aprender, saber e admirar, e a felicidade progressiva que nos pode resultar do estudo e fruição das obras maravilhosas de Deus por toda a eternidade, nos horrorizamos da idéia falsa e terrível da extinção total do nosso ser depois da nossa morte neste mundo. [2641]

Quando se faz da traição virtude, ela vegeta em toda parte, e sufoca a lealdade. [1044]

Quando se quebram os cetros, os cajados também se rompem. [1787]

Quando subimos a Deus pela oração, descemos abençoados pela sua divina mão. [2117]

Quando temos chegado a um alto grau de riqueza, morremos; de ciência, morremos; de honras e autoridade, morremos: se tal é a sorte final do homem, para que nos afadigamos tanto para alcançar riqueza, ciência e autoridade? Próximos à morte a nossa mágoa pela perda de semelhantes bens será correspondente ao seu volume, extensão e quantidade. [2808]

Quando temos em vista os bens eternos pouco nos ocupamos e apaixonamos pelos temporais e perituros. [2871]

Quando temos o poder, queremos a ordem; muitos para o conseguirem promovem a desordem. [1229]

Quando todos são culpados, todos se acusam ou se escusam. [1680]

Quando tudo são mistérios na Natureza, propor novos mistérios à crença dos homens é agravar a ignorância humana, zombar e abusar da sua credulidade. [3072]

Quando um povo soberanizado se acostumou impunemente ao perjúrio, ingratidão e traição, é dificílimo reduzi-lo à lealdade e obediência às autoridades supremas do Estado: a anarquia é o seu elemento predominante. [2789]

Quando unimos o nosso interesse individual ao geral, damos-lhe corpo, solidez e permanência. [1022]

Quando vos louvarem, louvai imediatamente a Deus, que vos conferiu qualidades dignas do louvor dos homens. [2161]

Quando, em uma idade avançada, rememoramos os eventos da nossa vida, reconhecemos o império das circunstâncias que os promoveram, e a ação permanente de uma Providência misteriosa que nos assistiu com o seu favor onipotente. [1472]

Quanta gente vi, conheci e pratiquei, que já não existe! Que variedade de caracteres, gostos, costumes e opiniões! Tudo passou para nunca mais tornar. [2904]

Quanta lida para tão pouca vida! assim exclamava um homem quase agonizando. [ Que reflexões não sugere o dito deste moribundo! Ambiciosos, que vos agitais em um pélago de intrigas e ilusões, ponderai na verdade deste rifão e sereis desencantados. [2637]

Quanto mais estudamos a Deus nas suas obras maravilhosas, mais o admiramos, e menos o compreendemos. [2703]

Quanto mais vivemos e pensamos, mais nos convencemos de uma ordem maravilhosa no todo e partes deste mundo, constituído pela Divina Sabedoria com relações próximas e remotas, que ignoramos geralmente, sendo a nossa ignorância a causa das doutrinas e opiniões extravagantes que professamos, e constituem ordinariamente o que se chama ciência humana. [3083]

Quanto menor é o juízo dos povos tanto maior deve ser o dos que os governam. [1099]

Quanto menos nos conhecemos, mais nos prezamos e admiramos. [1802]

Quanto saber desaproveitado, porque os seus possuidores não o querem publicar com receio de serem maltratados ou perseguidos por sua intempestiva revelação! [2824]

Quantos erros, fábulas, mentiras e falsidades acreditadas pelos homens como verdades incontestáveis! O gênero humano parece constituído para ser enganado e viver em uma ilusão perpétua neste mundo planetário. [3085]

Quantos milhares ou milhões de vidas não custa a mantença da nossa própria! vivemos de cadáveres, e nos queixamos da morte! [2167]

Quase sempre atribuímos os nossos reveses à fortuna, e bem raras vezes aos nossos desacertos. [734]

Quatro tribunais nos julgam e nos condenam neste mundo: o da natureza, o das leis, os da própria consciência e de opinião pública; podemos escapar de algum mas não de todos. [1610]

Que galeria de pinturas e retratos em nosso espírito! ela é tão vasta como o mesmo Universo, sem ocupar todavia o menor lugar na imensidade do espaço! [1063]

Que infinita variedade em fisionomias, caracteres, gostos, talentos, opiniões, costumes e usos no gênero humano! A sabedoria infinita do Criador se revela na variedade e novidade ilimitada das suas obras. [2966]

Que juízo não é necessário que tenhamos para conhecer toda a extensão da nossa loucura! [462]

Que prova a variedade de línguas, costumes, usos, governos e cultos religiosos? que Deus, criador e constituinte do gênero humano, assim o quis e quer. [3026]

Queixamo-nos da fortuna para desculpar a nossa preguiça. [280]

Queixamo-nos sem receio da fortuna que não pode reclamar nem recriminar-nos. [1032]

Queixam-se muitos de pouco dinheiro; outros de pouca fortuna, alguns de pouca memória, nenhum de pouco juízo. [692]

Queixam-se os ricos de poucos cômodos nas suas casas; nas dos pobres, ainda que pequenas, sempre sobeja muito espaço. [575]

Quem arma os seus inimigos, a si próprio se desarma. [1970]

Quem atraiçoa o seu rei, não é leal a mais ninguém. [1128]

Quem busca a ciência fora da natureza não faz provisão senão de erros. [1850]

Quem cultiva a sua razão aumenta os seus bens, e diminui os seus males. [312]

Quem desconfia de si próprio, menos pode confiar nos outros. [338]

Quem em Deus confia e espera, nunca desespera. [661]

Quem em Deus se esperança tudo alcança. [1539]

Quem emprega e se serve de um traidor a si próprio se atraiçoa. [2078]

Quem estudou e conhece os homens não os despreza nem aborrece, ama os bons e lastima os maus. [1572]

Quem mais confia em Deus, menos desconfia dos homens. [939]

Quem mais teme a Deus, menos teme os homens. [788]

Quem muito nos festeja alguma cousa de nós deseja. [269]

Quem não desconfia de si, não merece a confiança dos outros. [933]

Quem não é grato, menos será pagador exato. [2005]

Quem não espera na vida futura, desespera na presente. [833]

Quem não faz sacrifícios não alcança benefícios. [2150]

Quem não pode ou não sabe acumular, nunca chega a ser sábio nem rico. [93]

Quem não tem medo, não tem juízo: falta-lhe o conhecimento dos males, o que muito importa na ciência humana. [2193]

Quem não tem medo, vive sem resguardo e acaba cedo. [1984]

Quem recorre à fortuna desconhece a Providência. [2522]

Quem se não receia da liberdade não a merece. [1892]

Quereis conhecer o grau de inteligência, o caráter e procedimento de um homem, examinai o que ele entende por felicidade e seus respectivos objetos. [3077]

Quereis ser sábios, estudai a Natureza; justos, estudai a Natureza; felizes, estudai a Natureza: A Natureza é uma revelação perene da Divindade. [2566]

Queremos governos perfeitos com homens imperfeitos: disparate. [616]

Queremos os velhos o que não é possível conseguir, viver, descansar e não sofrer. [2505]

Queremos saber sendo homens o que necessariamente devemos ignorar porque somos tais! [3030]

Queremos todos ser felizes; mas cada um de nós define a felicidade a seu modo e diversamente dos outros: é Providência Divina que assim seja para que a felicidade chegue a todos pela variedade e diversidade dos objetos apetecidos e reputados capazes de fazer felizes pela sua posse e fruição. [2678]

Queremos tudo porque nos cremos dignos e capazes de tudo. Tal é a filáucia do nosso amor-próprio! [204]

Querendo dar-nos muita importância, perdemos ordinariamente a pouca de que gozávamos. [1909]

Querendo imaginar um mundo sem males somos forçados a suprimir também os bens, fazendo os seus habitantes insensíveis para os tornar impassíveis. [1842]

Querendo inculcar-nos por doutos ou eruditos, nos tornamos freqüentes vezes incômodos e impertinentes. [1220]

Querendo parecer originais, nos tornamos ridículos ou extravagantes. [450]

Querendo prevenir males de ordinário contingentes, o homem prudente vive sempre em tortura, gozando menos do presente do que sofre no futuro. [732]


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