Máximas, Pensamentos e Reflexões
do
Marquês de Maricá
Introdução
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T
Talvez desprezássemos a glória póstuma se não tivéssemos algumas esperanças de a lograrmos. [1732]
Talvez se possa dizer que cada um dos átomos infinitésimos de que se compõe o Universo, é um vivente como o todo universal, mas que se anula neutralizando-se nas suas infinitas combinações e afinidades com os outros seres da sua espécie e natureza. [2965]
Tanto cresce o poder aos homens, quanto aumenta o seu saber. [1419]
Têm sido muitos os loucos reputados grandes homens. [1692]
Temos o mesmo nome nas diversas idades da vida, e contudo somos bem diferentes de nós mesmos em todas elas. [2861]
Temos ordinariamente melhor opinião da posteridade que das gerações presentes e contemporâneas; conhecemos os vícios e defeitos destas, e não pressupomos os daquela. [1279]
Tempos há em que é menos perigoso mentir que dizer verdades. [1250]
Tempos há em que os povos não podem tolerar autoridade alguma, outros sobrevêm em que chegam a adorar a mesma tirania. [1406]
Tendo a Deus por nós, quem poderá contra nós! o Autor da inteligência e da força é o nosso maior e melhor aliado. [1980]
Tendo nós uma só língua, porém dois braços, devemos ser singelos no falar, mas dobrados em trabalhar. [897]
Ter privança com os que governam é contrair responsabilidade no mal que fazem, sem partilhar o louvor do bem que operam. [84]
Tirai aos homens a vantagem das línguas e idiomas, e os vereis reduzidos talvez à inferior categoria dos bugios e orangotangos. [2484]
Toda a ciência deve ter por principal objeto exaltar o espírito e coração do homem ao amor e admiração de Deus; estes sentimentos são os que mais contribuem para a felicidade terrestre das criaturas humanas, e predispõem para a vida futura, onde, no progresso infinito destes mesmos sentimentos consistirá necessariamente a eterna bem-aventuraça. [2888]
Toda a ciência vem de Deus, não a podemos haver senão pelo estudo, exame e observação das suas obras maravilhosas, ou da Natureza, sua revelação perene e objetiva. [2878]
Toda a felicidade vem de Deus: de qualquer modo que gozemos é sempre de Deus que gozamos, autor de tudo e da nossa vida. [2587]
Toda a harmonia é deleitável; a das cores, a dos sons, e com especialidade a dos homens. [1187]
Toda a Natureza é simbólica, figura, representa e revela os divinos atributos do Criador do Universo. [2666]
Todas as obras e produtos da Natureza servem de materiais para o trabalho e indústria dos homens, que os alteram, decompõem, combinam, modificam, e os transformam em objetos necessários, úteis e agradáveis à sua existência neste mundo. [2980]
Todas as paixões derivam, e são modificações do amor de nós mesmos, paixão essencial e inseparável de nossa vida e existência, e necessária, como guarda e sentinela da nossa conservação. [342]
Todas as religiões têm a sua mitologia, sem a qual não podiam ser populares. [3044]
Todas as virtudes são restrições, todos os vícios ampliações da liberdade. [885]
Todo este mundo é um vasto sistema sexual de procriação, propagação, sucessão, reprodução e perpetuidade das raças e espécies de animais e vegetais: o amor é o primeiro galã em todos os dramas que se executam no teatro vastíssimo deste planeta sublunar. [1625]
Todos alegam razão quando em tudo só se vê paixão. [1324]
Todos falam sobre a vida futura; ninguém a conhece nem compreende. [2958]
Todos gozam da vida e do espetáculo da criação, os sábios mais que todos pela ciência e reflexão. [2419]
Todos inculcam apetecer descanso, quando é verdade que nada cansa e incomoda mais os homens. [1336]
Todos mentimos exagerando para mais ou para menos o que vimos, ou nos disseram. [2551]
Todos navegamos no arquipélago da vida humana, mas poucos têm em lembrança o porto do seu destino. [1735]
Todos nos enganamos reciprocamente umas vezes de boa fé, outras sem ela. [2149]
Todos os cumprimentos e votos dos homens versam de ordinário sobre saúde, fortuna e dinheiro; mas nenhum compreende também o juízo, aliás tão necessário. [962]
Todos os nossos cuidados, trabalhos e fadigas se dirigem à conservação e regalo do nosso corpo, que é cinza e pó, e muito pouco ou nada cuidamos no aperfeiçoamento do nosso espírito, que reconhecemos de natureza imortal e duração eterna; tal procedimento é bem impróprio da razão e crença religiosa de que tanto nos gloriamos. [2886]
Todos os vícios e paixões têm o seu martirológio profano. [2148]
Todos podem ler na Natureza e estudá-la em uma linguagem universal, que tem por alfabeto os sentidos corporais e as potências da alma. [2574]
Todos querem liberdade, muitos a possuem, poucos a merecem. [264]
Todos se queixam, uns dos males que padecem, outros da insuficiência, incerteza, ou limitação dos bens de que gozam. [638]
Todos somos mais ou menos usurários; damos para recebermos com grande acréscimo e vantagem, neste ou no outro mundo. [1869]
Todos têm olhos para ver e prezar a formosura, poucos inteligência para avaliar e admirar a sabedoria: esta vence com o tempo, aquela triunfa aparecendo. [2091]
Toleram de bom grado todas as religiões os que não professam alguma. [2093]
Tolo e teimoso são sinônimos freqüentes vezes. [572]
Trabalhai, poupai, acumulai, sabereis quanto podeis. [478]
Trabalhando para a nossa glória póstuma a antecipamos de algum modo, e nos deliciamos em tão aprazível esperança. [2029]
Trabalho honesto produz riqueza honrada. [407]
Tratai bem ao vilão, ele vos maltrata: tratai-o mal, então vos acata. [1987]
Três cousas se não recuperam depois de perdidas: vergonha, lealdade e virgindade. [1785]
Tudo depende do lugar, tempo e circunstâncias, os incrédulos de hoje seriam fanáticos na idade média. [2910]
Tudo é falível neste inundo menos a esperança e confiança em Deus. [2595]
Tudo é falível neste mundo, menos a esperança e confiança em Deus. [2512]
Tudo é finito e limitado para os olhos, o infinito é avistado somente pela nossa inteligência. [2479]
Tudo é grande nos grandes homens: vícios, paixões e virtudes. [1759]
Tudo é infinito em Deus, e a sua natureza mais que tudo infinitamente misteriosa. [1843]
Tudo é limitado nos entes criados, tudo infinito em Deus; daqui provém que não possamos compreender nem calcular a extensibilidade assombrosa da ação divina sobre os átomos infinitésimos e elementares da matéria universal da criação. [2741]
Tudo está relacionado e coordenado neste mundo, os efeitos com as causas, os conseqüentes com os antecedentes, os fins com os meios; nada é fortuito, vago e sem razão suficiente da sua existência, o que demonstra a sabedoria infinita com que tudo foi feito, existe e tem de proceder na extensão do espaço e sucessão dos tempos. [3062]
Tudo está sujeito e subordinado a uma vontade Onipotente; o Universo, os mundos que o guarnecem, e os mesmos átomos infinitésimos viventes e elementares de que tudo e o todo se compõe. [2890]
Tudo está vitalizado e figurado no Universo, um átomo infinitésimo não existe sem uma vida e figura especial, que o constitui agente e paciente no sistema universal. [3070]
Tudo fala na natureza para quem tem ouvidos: não há movimento, ação, atrito ou resistência sem algum sonido. [1835]
Tudo morre ou perece para que tudo se renove: os tipos são os mesmos, mas as obras publicadas são sem-ore novas. [967]
Tudo na natureza desmente o ateu, até a sua própria existência e argumentação. [1998]
Tudo no Universo é ordem e harmonia: os entes que melhor o reconhecem são os mais sábios e inteligentes. [2057]
Tudo o que está fora da esfera da nossa sensibilidade é como se não existisse para nós; não pode ser agente nem paciente a nosso respeito, é recíproca a sua e nossa independência. [2754]
Tudo o que não tem a consciência da sua existência e individualidade não existe para si, mas para aqueles entes que são dotados deste sentimento. [1633]
Tudo o que vemos no jogo, movimento e evoluções do gênero humano, é o que deve ser conforme a sua natural constituição e destinação no sistema parcial deste mundo e universal da criação. [2817]
Tudo para o povo, nada pelo povo, é máxima política de muito profunda significação. [2990]
Tudo pode o nosso amor-próprio perdoar aos velhacos, menos a filáucia de se reputarem impenetráveis e incompreensíveis. [2035]
Tudo quanto nos circunda limita a nossa liberdade; esta é sempre menos real do que ideal: o homem em sociedade é um escravo que se imagina livre, e não pode sê-lo quanto presume, por sensível e passível em infinitas relações. [2115]
Tudo temem os delinqüentes, nada receiam os inocentes. [2090]
Tudo tende à unidade: a sua falta é anarquia. [2196]