Máximas, Pensamentos e Reflexões
do
Marquês de Maricá

Introdução
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Página dos Provérbios

 

O

O absolutismo bem entendido é o corretivo da liberdade mal compreendida. [2531]

O ambicioso, para ser muito, afeta algumas vezes não valer nada. [426]

O amigo apaixonado é ordinariamente inimigo inexorável. [597]

O amor abranda os heróis como o fogo derrete os metais. [675]

O amor cega a muitos, a fortuna deslumbra a todos. [940]

O amor criou o universo, que pelo amor se perpetua. [706]

O amor da glória, ou ambição de louvor e consideração geral pode ser um sonho para os candidatos, mas é de utilidade geral para o gênero humano. [1205]

O amor da nossa individualidade faz inevitável o terror da morte que a destrói. [1383]

O amor de Deus difere muito do profano; este nos enerva e consome; aquele conforta, esperança, e nos confere uma força, confiança e vitalidade sobrenatural, misteriosa e incompreensível. [2019]

O amor é sempre mais sensual do que a amizade. [354]

O amor extremoso desculpa, quando não louva, os defeitos do objeto amado. [1251]

O amor na mocidade é ocupação, na velhice distração ou alienação. [956]

O amor nos velhos é como o fogo no borralho que em cinzas se entretém. [263]

O amor produz mais heroísmo nas mulheres que a ambição nos homens. [1867]

O amor reparte com a ambição a nossa vida: o primeiro ocupa a mocidade, a segunda a outra parte. [1497]

O amor sexual é a primeira e principal origem de todos os outros amores naturais e sociais. [2142]

O amor, como o menino, começa brincando e acaba chorando. [941]

O amor, como um incêndio, quanto maior é, menos atura. [1458]

O amor-próprio dos poetas e pintores é sobremaneira irritável; não se contentam com um desagravo ordinário, procuram imortalizar a sua vingança própria. [1076]

O amor-próprio é o amigo leal que nunca nos desampara em os nossos maiores infortúnios. [1564]

O anão, quanto mais alto sobe, mais pequeno se afigura. [1245]

O anarquista maldiz de todos os governos de que não partilha as vantagens. [2756]

O aplauso dos tolos e néscios é assuada para os homens graves e ilustrados. [2052]

O arrependimento é ineficaz quando as reincidências são consecutivas. [368]

O arrependimento pressupõe uma pena que receamos ou que já sofremos. [1252]

O arrependimento, se não repara o feito, previne a reincidência. [427]

O ateísmo é talvez uma quimera: nos homens não há suficiente ignorância para poderem ser ateus. [995]

O ateísmo é tão raro quanto é vulgar o politeísmo e a idolatria. [639]

O ateu é como o enjeitado que não conhece a seu pai, é como o animal bruto, comensal no banquete da natureza, que não cuida nem pergunta pelo seu benfeitor. [501]

O avarento é o mais leal e fiel depositário dos bens dos seus herdeiros. [243]

O avarento esconde o seu tesouro para que o não roubem; o sábio oculta o seu cabedal para que o não maltratem pessoalmente. [1253]

O avarento, por um mau cálculo, sofre de presente os males que receia no futuro. [770]

O bafo dos jacobinos polui os tronos e marasma os imperantes. [2094]

O bem e o mal significam dous modos de sentir e existir em nós, gozar e sofrer: ambos têm a sua origem na sensibilidade orgânica do nosso corpo unido à unidade sensível e inteligente da nossa alma. [2774]

O berço e o esquife são os dois extremos opostos da vida humana, neste intervalo se executa o drama misterioso da nossa existência individual. [825]

O bom governante é aquele que melhor sabe conciliar os caracteres diversos e contrários dos homens, como o hábil compositor de música harmoniza os sons discordes e opostos dos instrumentos e vozes. [2073]

O bom legislador distingue e classifica, o mau mistura e confunde tudo. [1518]

O calor nos debates e disputas provém mais do amor-próprio ofendido que do interesse prejudicado. [1849]

O caráter da traição é indelével: quem foi traidor uma vez é traidor por toda a vida. [1790]

O castigo acompanha o delinqüente, e ainda que ronceiro o alcança finalmente. [2589]

O castigo dos maus não prescreve: demora-se algumas vezes, para tornar-se mais grave e tormentoso. [1934]

O castigo, sendo pouco, irrita; sendo muito, amansa. [382]

O cepticismo é um abismo em que se precipitam ordinariamente os homens de maior saber. [1212]

O céu não se retraía em água turva, nem o espírito agitado alcança grandes verdades. [1672]

O choque e recontro das paixões, interesses e opiniões, constituem a vida social e igualmente a individual, tendendo tudo a equilibrar-se sem que se estabeleça jamais um completo equilíbrio. [2926]

O cinismo perde as monarquias, como o luxo arruína as democracias. [955]

O ciúme procede especialmente do reconhecimento da própria inferioridade. [1149]

O conhecimento da verdade nos faria a todos uniformes nas nossas opiniões; são os erros que ocasionam tão espantosa variedade. [1174]

O conhecimento do presente e passado nos é útil: a previsão do futuro nos faria talvez muito infelizes. [2116]

O coração enlutado eclipsa o entendimento e a razão. [573]

O corpo grave e reptil adere à terra, o espírito volátil e subtil demanda os céus. [1477]

O crer é menos incômodo e penoso que o descrer. [1395]

O desejo insaciável de ciência é um argumento entre muitos da imortalidade da alma, e da subseqüência de uma vida futura. [1320]

O desembaraço tem muito próxima afinidade com a sem-vergonha. [369]

O desencanto do mundo, da vida humana e suas ilusões faz parecer extravagantes ou loucos os que assim desenganados e desencantados adotam um plano especial de vida que os outros homens não podem avaliar nem compreender. [2874]

O desengano ou desencanto do mundo contribui mais que tudo para a nossa independência pessoal. [2988]

O desprezo da riqueza provém ordinariamente do desgosto de a não ter, ou incapacidade de alcançá-la. [1104]

O dia descobre a terra, a noite descortina os céus. [1052]

O direito mais legítimo para governar os homens é o de ser mais inteligente que os governados. [28]

O egoísmo é mal sucedido nos seus cálculos e esperanças; não sabe avaliar a resistência que necessariamente deve encontrar, referindo tudo a si, e prescindindo dos interesses dos outros homens. [2133]

O egoísmo nestes tempos figura e representa mascarado em patriotismo. [1103]

O egoísta é aquele que, referindo tudo a si, não sabe avaliar a dependência e relações em que está com os outros homens. [1391]

O engano geral dos homens que mais contribui para os seus males, consiste em tomarem os meios por fins, e os erros por verdades. [1936]

O engenho descobre o que a razão vulgar não alcança. [1144]

O entusiasmo dos povos tem como o fogo de palha muito fulgor, mas pouca duração. [1865]

O erro e ignorância parecem ser elementos obrigados na constituição do gênero humano, este não seria o que é se tudo soubesse e nada ignorasse. [2866]

O espaço que parece limitado aos nossos olhos, é infinito e imenso para o nosso espírito. [1270]

O espírito é o ponto matemático da metafísica. [2640]

O espírito por subtil se evapora, quando o juízo por grave permanece. [1445]

O espírito vive de ficções, como o corpo se nutre de alimentos. [372]

O estudo confere ciência, mas a meditação originalidade. [94]

O estudo da história acumula sobre a experiência individual, a de muitos séculos e milênios. [625]

O exercício de caloteiro é de pouca duração: em breve tempo inutiliza a profissão. [2537]

O exercício ginástico que mais ocupa, diverte e incomoda os homens é o de saltarem •uns sobre os outros, por cima de muitos ou de todos. [1316]

O extraordinário também é natural, ainda que raro ou menos freqüente. [2882]

O Fado ou Destino dos pagãos é a Providência dos cristãos. [2058]

O falso merecimento tem um brilho fosfórico e transiente, o verdadeiro um fulgor solar e permanente. [1957]

O fato ou fenômeno mais assombroso sobre todos é a harmonia do bem e do mal no sistema universal da natureza. [2195]

O favor dos poderosos é muitas vezes mais incomoda do que o seu desagrado. [1399]

O finito e mortal pode só nascer e existir no eterno e infinito. [1925]

O fogo elétrico não será o mesmo fogo ordinário, mas sem mistura de matérias heterogêneas e terrestres que o fazem degenerar da sua subtileza e atividade natural e original?. [2979]

O fraco ofendido atraiçoa, o forte e magnânimo perdoa. [895]

O fraco ofendido desabafa maldizendo. [47]

O fruto de um longo estudo, experiência e reflexão, é a sábia convicção da nossa ignorância ilimitada. [755]

O fruto mais precioso da sabedoria humana é uma perfeita resignação com a vontade de Deus pela convicção íntima e pleníssima da sua onisciência e infinita bondade. [1056]

O furor da novidade destrói o amor e respeito da antiguidade. [1098]

O futuro dá muito que entender aos velhos, o presente ocupa inteiramente os moços. [1728]

O futuro desmente ordinariamente os nossos cálculos, quando se resolve em presente. [1375]

O futuro é como o papel em branco em que podemos escrever e desenhar o que queremos. [969]

O futuro é para muitos homens tímidos ou prudentes como as trevas da noite que figuram espectros, e fantasmas colossais. [1378]

O futuro é um teatro em que a imaginação humana faz executar os dramas de sua invenção. [1368]

O futuro existe em Deus: é uma evolução perene e eterna no espaço e tempo da sua infinita Sabedoria, Poder e Bondade. [2509]

O futuro se nos oculta para que nós o imaginemos. [817]

O futuro, que atormenta a velhice, deleita a mocidade. [472]

O gênero humano é o que Deus quis que fosse, nem mais nem menos. [2569]

O gênero humano não pode obrar contra a sua natureza, é presentemente o que foi e há de ser no sistema deste mundo, constituídos ambos pela eterna sapiência. [3031]

O gênero humano progride e se adianta em conhecimentos e inteligência como se fora um só homem que durasse, estudasse e aprendesse por muitos séculos e milênios. [1268]

O genuíno heroísmo é o do homem virtuoso, que espera e confia em Deus. [2511]

O governo de muitos é desgoverno para todos. [1412]

O governo dos tolos é sempre mais infesto aos povos que o dos velhacos. [835]

O governo dos tolos é também o dos velhacos, seus assessores e confidentes. [2076]

O grande empenho da inteligência humana deve ser prevenir ou remover o mal, neutralizá-lo ou transformá-lo em bem. [1080]

O grande erro dos políticos modernos consiste em aplicarem indistintamente aos povos em geral as instituições mais liberais sem atenderem à sua especial capacidade moral e intelectual. [2753]

O grito de liberdade nos povos é o precursor ordinário da anarquia. [944]

O homem benéfico é melhor calculista que o malfazente: a beneficência do primeiro se resolve finalmente em seu proveito, como os malefícios do segundo em seu detrimento e ignomínia. [1537]

O homem bom espera mais do que teme, o mau receia mais do que espera. [1426]

O homem calado faz-se suspeitoso •como o embuçado. [1422]

O homem de juízo aproveita, o tolo desaproveita a experiência própria. [272]

O homem de juízo converte a desgraça em ventura, o tolo muda a fortuna em miséria. [522]

O homem de palavra é ordinariamente o que menos fala. [824]

O homem é feito para dominar, e quando não pode exercer a sua soberania sobre os seus semelhantes, tiraniza os animais para ostentar a sua superioridade. [322]

O homem inconstante difere de si próprio a cada instante. [2087]

O homem mais ignorante é talvez o que menos sofre nas vicissitudes das cousas humanas: o pretérito o não aflige, nem o futuro o incomoda. [2503]

O homem mais invejoso é ordinariamente o que menos merece ser invejado, ou que não tem qualidades algumas que provoquem inveja nos outros. [2945]

O homem mais preguiçoso é ordinariamente o mais invejoso. [1601]

O homem mais sábio é necessariamente o mais religioso. [90]

O homem mais sensual é necessariamente o menos livre e independente. [326]

O homem mau não conhece os seus verdadeiros interesses. [768]

O homem mau nunca é geralmente aborrecido por todos, porque necessariamente faz bem a alguns. [700]

O homem não seria criatura moral se não fosse social. [2654]

O homem preenche mal o seu destino, quando não passa do mundo concreto ao abstraio, e das idéias sensuais às noções gerais e universais. [1273]

O homem prudente se humilha pela experiência, como as espigas se curvam por maduras. [668]

O homem que cala e ouve não dissipa o que sabe, e aprende o que ignora. [46]

O homem que freqüentes vezes se inculca por honrado e probo, dá justos motivos de suspeitar-se que não é tal ou tanto como se recomenda. [27]

O homem que não é exalo não tem palavra, nem probidade. [1414]

O homem que não é indulgente com os outros, ainda se não conhece a si próprio. [705]

O homem rico deve considerar-se esmoler e despenseiro da Providência Divina para com os pobres e miseráveis deste mundo. [1872]

O homem silencioso infunde respeito em uns, suspeita e desconfiança em outros. [1931]

O homem, como a flor, desabotoa na sua puerícia e adolescência, ostenta os seus primores na virilidade e madureza, declina envelhecendo, murcha, languesce e morre. [1073]

O hóspede acanhado é um dobrado incômodo para quem o hospeda. [693]

O ignorante se espanta do mesmo que o sábio mais admira. [282]

O império da moda é tão soberano, que a mesma sabedoria se vê forçada a obedecer às suas leis, apesar da instabilidade da sua legislação. [750]

O império mais poderoso e fatal que existe é o das circunstâncias. [551]

O Infinito nos assombra, a Imensidade nos circunda e a Eternidade nos espera! [1793]

O insignificante presume dar-se importância maldizendo de tudo e de todos. [531]

O instinto moral é a razão em botão, a qual se desenvolve com o tempo, experiência e reflexão. [1596]

O instinto nos animais é uma inteligência sem progresso. [1883]

O instinto nos homens enfraquece à medida que a sua razão cresce, vigora e se desenvolve. [1532]

O interesse adota e defende opiniões que a consciência reprova. [560]

O interesse bem entendido é raro, o mal entendido vulgaríssimo. [69]

O interesse de poucos traz enganados a muitos. [2430]

O interesse explica os fenômenos mais difíceis e complicados da vida social. [4]

O interesse filho do amor-próprio, conforme é bem ou mal educado, assim é útil ou danoso a seu próprio pai. [809]

O interesse individual é o primeiro elemento da ordem e harmonia social. [1231]

O interesse sempre transparece no desinteresse que afetamos. [974]

O invejoso é tirano e verdugo de si próprio: ele sofre porque os outros gozam. [226]

O invejoso tem em si próprio o seu algoz, patíbulo e suplício. [1349]

O jardim das verdades tem altas cercas de espinhos. [1512]

O jogo da vida e eventos no gênero humano é tão admirável como misterioso; parecendo fortuito está sujeito às leis de uma ordem maravilhosa, e coordenado de maneira que resulta do seu complexo prêmio à virtude, castigo ao vício e ao crime. [2558]

O jogo das paixões e opiniões humanas é tão variado e complexo, que não deve estranhar-se a diversidade assombrosa de casos e sucessos que ocasiona na vida individual, familiar e social. [2717]

O jogo do gênero humano no teatro deste mundo é muito complicado e de difícil compreensão, mas sujeito às leis da ordem física e moral, que o fazem regular, ainda que pareça fortuito e desordenado. [3046]

O jogo, assim como o fogo, consome em poucas horas o trabalho de muitos anos. [305]

O juízo dos homens é tão vário que uns consideram como verdades o que outros reputam disparates. [1335]

O juízo é simples e uniforme, a loucura variada e multiforme. [1861]

O juízo força a fortuna à obediência, ou escusa os seus serviços. [621]

O juízo por mais vulgar é menos apreciado que o engenho. [648]

O juízo que falta a muitos, a ninguém sobeja. [313]

O lisonjeiro conta sempre com a abonação do nosso amor-próprio. [709]

O lisonjeiro é um mentiroso aprazível e mercenário. [1381]

O louvor acha incrédulos, a maledicência muitos crentes. [1004]

O louvor agrada porque distingue. [211]

O louvor agrada, porque distingue desigualando. [3006]

O louvor facundo distingue menos que a admiração silenciosa. [801]

O louvor não merecido embriaga como o vinho. [529]

O louvor promove o trabalho do corpo e do espírito; é um cordial que alenta e vigora as forças e faculdades de ambos. [1736]

O louvor que mais prezamos é justamente aquele que menos merecemos. [998]

O luxo da nossa imaginação sobreexcede algumas vezes ao da mesma natureza. [1508]

O luxo faz empobrecer a uns, e não deixa enriquecer a outros. [883]

O luxo guarnece os seus devotos do frívolo e supérfluo, e depois os entrega à indigência para os punir com privações. [1385]

O luxo irrita e desagrada a quem o não logra. [579]

O luxo, assim como o fogo, tanto brilha quanto consome. [716]

O luxo, como o fogo, devora tudo e perece de faminto. [67]

O maior lenitivo dos nossos males deve ser a certeza e convicção de que são finitos e transitórios como os bens. [622]

O maior poder provoca ordinariamente o maior abuso. [1293]

O maior sábio da terra fora aquele que melhor conhecesse a extensão da sua ignorância. [1415]

O maior tesouro da vida é a esperança e confiança em Deus. [1868]

O maior trabalho dos que governam é tolerar os importunos. [1326]

O mais ativo gastador é ordinariamente o menos hábil ganhador. [1240]

O mal dá mais ocupação e que fazer aos homens do que o bem. [2463]

O mal é a pedra de toque dos bens, que faz conhecer os seus valores e quilates. [1524]

O mal é muito menos durável e mais limitado que o bem: este é conservador, aquele destruidor. [2920]

O mal é neste mundo o motivo principal da cultura da nossa inteligência, não querendo sofrer procuramos conhecer as causas dos nossos males para os prevenir, remover ou mitigar. [2884]

O mal e o bem não são substâncias distintas, ou entidades reais, porém modos ou maneiras de sentir em nós, agradáveis ou desagradáveis, aprazíveis ou dolorosas, efeitos da nossa organização sensível e impressionável interior e externamente. [1262]

O mal é para o bem como a pedra de toque para o ouro, que faz distinguir e avaliar os seus quilates. [2541]

O mal físico é tão importante no sistema deste mundo, que sem ele o mesmo mundo deixaria de ser o que é, e não sabemos o que seria. [2677]

O mal na natureza não é fim, porém ocasião, meio, instrumento ou veículo para o bem. [1189]

O mal não existe na Natureza como fim, mas como ocasião, meio, instrumento, veículo ou condutor de bens. [2914]

O mal não será a especiaria do bem? [784]

O mal ou bem que fazemos aos outros, reverte sobre nós acrescentado. [834]

O mal sendo suportável vivemos, sendo intolerável morremos. [3022]

O mar flutuante e movediço, a terra firme e estacionária, que contraste no mesmo mundo!. [2894]

O martelo não se gasta menos que a bigorna, nem o opressor sofre menos que o oprimido. [2964]

O martírio pelo céu é santidade, pela terra é sandice ou fatuidade. [1277]

O martirológio político vai sendo muito mais volumoso que o religioso. [2155]

O material é o invólucro do espiritual, o objetivo do intelectual, e finalmente o símbolo e expressão da inteligência. [2773]

O materialismo não pode sugerir grandes idéias aos seus sectários; as obras destes terão sempre ressábios da argila que lhas ditou. [751]

O medo é a arma dos fracos, como a bravura a dos fortes. [292]

O medo e o entusiasmo são contagiosos. [319]

O medo é um dos maiores e mais eficazes elementos de ordem e harmonia sociais. [2170]

O medo exclui ou amortece o amor. [2780]

O medo faz mais tiranos que a ambição. [334]

O medo provém da experiência e da falta dela. [1319]

O meio mais eficaz de vingar-nos de nossos inimigos é fazendo-nos mais justos e virtuosos do que eles. [491]

O melhor governo é aquele que agrada aos bons e que os maus reprovam. [598]

O melhor governo para os bons é o mais justiceiro; para os maus, o que perdoa e não castiga. [1234]

o mentiroso só tem sobre o homem verídico a vantagem da invenção. [715]

O moço a cavalo prefere galopar, o velho andar a passo; assim a natureza caracteriza as idades. [1300]

O moço devasso pode emendar-se, o velho vicioso é incorrigível. [30]

O moço, na primavera da vida, preza sobretudo as flores; o velho, no seu outono, aprecia somente os frutos. [348]

O Monarca deve ser para os seus povos como o sol, que, presente, comunica luz, calor, ação e movimento a quanto existe na esfera do seu lume perenal. [2496]

O motivo ordinário da nossa tristeza é a idéia de algum mal que fizemos ou receamos sofrer. [1408]

O muito juízo é um grande tirano pessoal. [401]

O mundo das verdades e relações é infinito, as suas minas inexauríveis, as descobertas ilimitadas, o espírito humano o seu explorador, descobridor e admirador. [1030]

O mundo e a vida humana contêm incomparavelmente mais mistérios e arcanos para os sábios do que para os ignorantes. [1249]

O mundo é lugar desmesurado para o nosso corpo, porém muito diminuto para o nosso espírito: este viajor infatigável se abstrai e passeia freqüentes vezes na Imensidade do espaço. [2037]

O mundo é para o sábio uma lanterna mágica variando constantemente de vistas e objetos para seu recreio, estudo e admiração. [2416]

O mundo é um mago que nos traz encantados: o desencanto nos fizera talvez menos felizes ou mais desgraçados. [77]

O mundo é um vasto mercado de compra e venda e o artigo mais importante de sua mercancia são os mesmos homens. [930]

O mundo está constituído e organizado no seu todo e partes para ser o que é, e nada mais nem menos. [2830]

O mundo floresce pela vida, e se renova pela morte. [863]

O mundo intelectual deleita a poucos, o material agrada a todos. [1139]

O mundo material e mecânico tem uma relação tão íntima com o sensível e vivente, que por intuição se conhece serem ambos constituídos essencial e necessariamente um para o outro; sem o primeiro o segundo não podia existir, sem este aquele se tornaria caótico, inexplicável e insignificante. [2716]

O mundo material seria o caos sem os viventes que nele existem e se criam, uma recíproca relação em tudo constitui o mundo tal como nos parece e se acha coordenado. [2905]

O mundo pertence especialmente às gerações novas, cheias de seve, energia e força, e não às velhas, que se destroçam em retirada, sem poderem defender a sua possessão. [1476]

O mundo que é sempre novo para os moços, envelhece para os velhos. [1238]

O mundo que nos engana na mocidade nos desengana na velhice. [2909]

O mundo refletido e meditado é mais admirável e admirado. [2476]

O nascimento desiguala, mas a morte iguala a todos. [214]

O nascimento ilustra os nobres, o procedimento os que o não são. [2738]

O negócio dos velhacos é de segredo; conhecido, está perdido. [2010]

O nosso amor-próprio argúi de soberbos aqueles que o não lisonjeiam. [769]

O nosso amor-próprio é a causa e a fonte de todos os amores: amamos somente por amor de nós mesmos. [544]

O nosso amor-próprio é muitas vezes contrário aos nossos interesses. [707]

O nosso amor-próprio é o maior de todos os sofistas, ninguém defende com tanto zelo e facúndia os nossos erros, defeitos e desvarios. [1392]

O nosso amor-próprio é tão exagerado nas suas pretensões, que não admira se quase sempre se acha frustrado nas suas esperanças. [14]

O nosso amor-próprio muito ocupado de si mesmo, parece não suspeitar nem avaliar o dos outros. [1105]

O nosso amor-próprio nos compromete freqüentes vezes persuadindo-nos que sabemos ou podemos muito mais do que realmente é verdade. [1074]

O nosso amor-próprio se exalta mais na solidão: a sociedade o reprime pelas contradições que lhe opõe. [698]

O nosso amor-próprio, como o Proteu da fábula, se transforma por tantos modos que é extremamente difícil distingui-lo em todas as suas metamorfoses. [1035]

O nosso bom, ou mau procedimento, é o nosso melhor amigo, ou pior inimigo. [685]

O nosso corpo é todo articulado para que sejamos flexíveis, e possamos dobrá-lo e curvar-nos, quando seja necessário. [1413]

O nosso corpo que provoca e excita o exercício das faculdades e potências da nossa alma, é também o mesmo que limita a sua expansão progressiva e restringe a inteligência, para que não transcenda os limites que a Divina Sabedoria lhe assinalou em relação à natureza humana, ao mundo que habitamos, e ao sistema do Universo de que fazemos parte. [2864]

O nosso espírito é essencialmente livre, mas o nosso corpo o torna freqüentes vezes escravo. [481]

O nosso espírito esfria e se congela nas companhias que desprezamos. [1355]

O nosso espírito não se retira inteiramente deste mundo, quando deixamos nele o fruto dos nossos estudos, pensamentos e cogitações. [1666]

O nosso orgulho nos eleva para nos precipitar de mais alto. [854]

O nosso pensamento se diviniza quando pensamos na Divindade. [1932]

O objeto de um amor eterno não pode ser outro que o Bem infinito igualmente eterno. [2854]

O ódio e a guerra que declaramos aos outros nos gasta e consome a nós mesmos. [308]

O órgão de que mais abusamos na mocidade é ordinariamente a sede dos nossos males na velhice. [75]

O orgulho do saber é talvez mais odioso que o do poder. [1435]

O orgulho ora se veste de burel, ora de púrpura ou brocado. [1614]

O pai de família é sensível em muitas pessoas: sofre e goza simultaneamente em muitas existências e individualidades. [61]

O pai de família tem muitas vidas; goza e sofre em todas elas. [1237]

O Panteísmo ou infinito Deísmo universal bem entendidos são talvez o ultimatum da mais alta filosofia racional e religiosa. [3065]

O patriotismo é estéril se o amor da glória o não exalta. [1760]

O patriotismo mal entendido é egoísmo ou idiotismo. [1857]

O pedir para quem não tem vergonha é menos penoso que trabalhar. [603]

O pensamento humano, mais subtil e veloz do que a luz, sobe e se eleva mais alto do que as nuvens, e no seu vôo assombroso transcende as barreiras do Universo visível, contempla o Infinito e se expande na Imensidade. [1485]

O perdão conferido aos maus torna cúmplices os que lho deram. [1436]

O perdão dos malfeitores desalenta os benfeitores. [1803]

O peso esmaga sem inteligência, mas a força não opera sem ela. [1003]

O pior mal da escravidão é conservar os cativos na ignorância e bruteza, pela opinião de que são assim mais dóceis, humildes e subordinados. [2907]

O pobre lastima-se de querer e não poder, o avarento se ufana de que pode mas não quer. [605]

O pobre preguiçoso murmura do rico laborioso. [1815]

O poder adicionando aos nossos braços muitos ou inumeráveis outros, nos converte em monstruosos Briareus, e convida à tirania. [640]

O poder é corruptor: os povos quando se tornam soberanos exibem algumas vezes as mesmas paixões, vícios e desvarios dos tiranos. [1597]

O poder repartido por muitos não é eficaz em nenhum. [232]

O poeta figura o abstrato, o filósofo abstrai o concreto. [1684]

O possível para Deus não tem limites: a sua medida é o Infinito. [1893]

O pranto na ventura é como a chuva no verão, raiando o sol. [2028]

O prazer da beneficência nunca termina com o ato, perpetua-se em nós pela memória. [1247]

O prazer da vingança é semelhante a alguns frutos, cuja polpa é doce na superfície, e azeda junto ao caroço. [691]

O prazer do crime passa, o arrependimento sobrevém e o remorso se perpetua. [976]

O prazer é para o néscio como o fogo para a mariposa: com tanta imprudência o procura, que se queima e morre. [1757]

O prazer que mais deleita é o que provém da satisfação de uma necessidade mais incômoda e urgente. [353]

O preguiçoso confia na fortuna, o homem industrioso e probo em Deus, e no seu trabalho. [1404]

O preguiçoso não vê nascer o sol; o homem ativo e laborioso o precede na sua aparição. [1162]

O prestígio do nascimento é de tal natureza, que não se pode comprar, nem vender, trocar ou alienar de modo algum. [1462]

O princípio das democracias não é a virtude, mas o ciúme ou a inveja: desejando cada um ser rei, todos se opõem e não consentem que o haja. [1036]

O princípio de que não pode haver ação nem movimento sem deslocação, é aplicável não somente aos fenômenos materiais, mas também aos políticos e morais. [1506]

O problema da vida, a morte o resolve em pó. [1816]

O pródigo pode ser lastimado, mas o avarento é quase sempre aborrecido. [3]

O progresso dos néscios e velhacos é sempre do mal para o pior e péssimo. [1377]

O progresso e regresso nos povos, como o fluxo e refluxo nos mares, entretém a sua ação e movimento. [1017]

O progresso individual é pouco sensível, o coletivo ou geral da espécie humana é mais distinto e notável. [2757]

O progresso no conhecimento e amor de Deus pelo estudo, exame e fruição das suas obras maravilhosas, é o que se deve entender por ver a Deus objeto sacrossanto de uma eterna felicidade. [2628]

O progresso nos vícios é tão rápido como é lento nas virtudes; o vício é deleitação, a virtude abstinência. [1185]

O que ganhamos em autoridade perdemos em liberdade. [886]

O que há de melhor nos grandes empregos é a perspectiva ou a fachada com que tanta gente se embeleza. [435]

O que há de pior nos vícios é que conduzem ordinariamente aos crimes. [1199]

O que mais esperança e consola os homens no extremo da sua vida, é a doce recordação dos bens que nela fizeram. [1460]

O que mais incomoda e atormenta a espécie humana é querer que os homens e as cousas sejam o que não podem ser, ou deixem de ser o que são por sua essência e natureza. [1733]

O que não tem extensão não pode ter mobilidade, nem localidade; os espíritos são incapazes de movimento e lugar sem os corpos organizados que os habilitam para isso. [2493]

O que o gênero humano sabe é pouco; o que deseja saber, muito; o que há de sempre ignorar, infinito. [1283]

O que os doutos ganham por seus escritos, perdem freqüentes vezes pela sua presença e trato familiar. [2130]

O que os poetas fabularam, os néscios acreditaram. [2462]

O receio dos males futuros atormenta ordinariamente com mais violência e por mais tempo do que os mesmos males realizados. [3035]

O regresso é o efeito necessário de um progresso precipitado ou mal calculado. [1009]

O rei justo vive sem susto, o tirano pouco tempo é soberano. [1565]

O rei que entesoura, ajunta milhões, mas não ganha corações. [1863]

O relógio das paixões nunca regula exatamente. [951]

O remorso é no moral o que a dor é no físico da nossa individualidade: advertência de desordens que se devem reparar. [23]

O retiro para o sábio não é solidão, mas sociedade e correspondência com Deus. [840]

O riso e choro são freqüentes vezes contagiosos. [2445]

O roubo de milhões enobrece os ladrões. [467]

O saber é riqueza, mas de qualidade tal, que a podemos dissipar e desbaratar sem nunca empobrecermos. [250]

O sábio desabafa escrevendo, o néscio maldizendo. [2004]

O sábio descobre ordem e harmonia onde o ignorante só avista desordem e confusão: o primeiro contempla o quadro inteiro, o segundo apenas distingue uma pequena parte. [1621]

O sábio deve calar-se para não ser maltratado, o ignorante para não ser desprezado. [1724]

O sábio é o homem menos terrestre e mais celestial que os outros. [2711]

O sábio é o que mais receia a morte sabendo melhor apreciar a vida e o espetáculo assombroso do Universo, no qual existe como agente, ator, espectador e especial admirador de Deus, seu criador onipotente. [2912]

O sábio é o que se considera mais ignorante entre todos, reconhecendo melhor a extensão ilimitada da sua própria ignorância. [3007]

O sábio e virtuoso estreita cada vez mais a esfera das suas relações sociais a fim de ter menos ocasiões de ofender os outros, ou ser por eles ofendido. [1315]

O sábio em um povo sem ilustração é como a rosa no deserto, onde os insetos a pungem e maltratam não sabendo prezar os seus perfumes, nem admirar a sua beleza majestosa. [1078]

O sábio entra em fila na procissão dos loucos e néscios, com receio de ser multado por ter juízo. [307]

O sábio que não fala nem escreve é pior que o avarento que não despende. [391]

O sábio se compraz em dizer que ignora: o néscio com dificuldade e repugnância o reconhece. [1772]

O sábio vive tão humilhado da sua ilimitada ignorância, como o néscio orgulhoso pela opinião da sua abundosa sapiência. [2428]

O sábio, como a antiga Pitonissa, duvida, estremece e sente violência no emitir os seus oráculos. [1310]

O século da poesia não é ordinariamente o da razão e das verdades, mas o da imaginação, fábulas e ilusões: pode-se unicamente dizer em seu abono que é o precursor da filosofia. [2571]

O sentido do gosto ou paladar é o primeiro que tem exercício, e o último que acaba nas criaturas viventes deste mundo, tão importante é para a sua alimentação e existência. [2975]

O sentimento mais nobre e feliz da natureza humana é sem dúvida o do amor e temor de Deus. [1089]

O ser da criatura vivente é uma fração infinitésima da substância imensa e eterna, da qual se separou interinamente pela vida para ser reintegrada depois pela morte no todo infinito de que saiu e se desgregou. [2845]

O Ser infinito, por isso que não é limitado, compreende tudo necessariamente na esfera da sua imensidade. [2908]

O sexo encarregado de criar e pensar os inocentes é, como devia ser, por instinto e natureza o mais terno, paciente e virtuoso: Deus confiou a inocência da virtude. [1184]

O silêncio ainda que mudo, é freqüentes vezes tão venal como a palavra. [800]

O silêncio dos prudentes é freqüentes vezes sinal de reprovação. [1763]

O silêncio é o melhor rebuço para quem se não quer revelar, ou fazer-se conhecer. [543]

O silêncio é o melhor salvo-conduto da mais crassa ignorância como da sabedoria mais profunda. [64]

O silêncio, com ser mudo, não deixa de ser por vezes um grande impostor. [546]

O sistema de impunidade é também o promotor dos crimes. [2733]

O sol doura a quem o vê, o sábio ilumina a quem o ouve. [793]

O sol doura somente com a sua luz misteriosa os corpos e cousas que lhe estão presentes, tudo o mais fica em sombra ou no escuro sem distinção especial. [3052]

O sono da morte exclui os sonhos e pesadelos da vida. [2444]

O sono melhor da vida a inocência o dorme ou a virtude. [819]

O sono tem por auxiliar o silêncio. [2764]

O sucesso se torna necessário, pressupostos os antecedentes que precederam e determinaram a sua existência na ordem dos eventos deste mundo. [2736]

O suicida marca a hora da sua morte e o limite da sua vida. [2765]

O suicídio pressupõe uma desesperação total. [559]

O sumário da vida feminina são amores na terra e mais nos Céus. [839]

O sumário da vida humana são enganos e desenganos. [510]

O teatro deste mundo é o de maior variedade possível: dramas, cenário, atores e espectadores, tudo varia e se sucede com tanta rapidez e novidade, que para uns é objeto de terror e espanto, e para outros de estudo e admiração. [2020]

O telescópio e microscópio são dois insignes demonstradores da onisciência e onipotência divina. [1563]

O temor da morte é a sentinela da vida. [855]

O temor do mal excita em nós maior atividade que a esperança do bem. [1552]

O tempo é um capital muito importante para quem o sabe administrar e aproveitar convenientemente. [2097]

O tempo nada produz, mas tudo se forma no tempo e com o tempo. [1965]

O tempo não passa para os que trabalham, eles o condensam e incorporam nos produtos da sua indústria. [1747]

O tempo pretérito se torna presente pela memória, e o futuro pela nossa imaginação. [357]

O tempo voa para quem goza, e se arrasta para quem padece. [1482]

O tempo, que não existe, é geralmente o que mais nos atormenta ou nos recreia. [730]

O título mais sublime de que nos devemos gloriar é o de criaturas de Deus: o tipo primitivo do nosso ser foi concebido na mente Divina, somos concepção da sua infinita sabedoria, e temos em Deus a genuína paternidade que nos gerou, e nos faz existir neste mundo que criou para habitação da espécie humana. [2932]

O tolo inutiliza os favores da fortuna, o homem hábil os escusa. [524]

O trabalho como o tempo se materializa e incorpora nos produtos da indústria e inteligência humana. [2047]

O trabalho é amargo, mas os seus frutos são doces e aprazíveis. [347]

O trabalho involuntário ou forçado é quase sempre mal concebido e pior executado. [252]

O trabalho por fazer nos incomoda, o feito nos desabafa. [1407]

O trovão é a voz do Onipotente regando a terra, refrescando o ar, e com o fogo elétrico reanimando os reinos animal e vegetal. [2669]

O universo corresponde a um salão imenso de banquete em que todos os viventes são comensais da Divina Providência. [1420]

O Universo é a manifestação objetiva da infinita sabedoria, poder, bondade, justiça e providência de Deus, seu autor e criador. [2184]

O Universo é um sistema imenso de amores de que Deus é o inventor, fonte, causa, meio e fim. [1464]

O Universo material é animado por Deus como o nosso corpo pela nossa alma. [2833]

O Universo material e moral está de tal maneira impregnado da ação e inspirações da Divindade, que os eventos que parecem mais fortuitos têm a sua origem latente nas disposições predeterminadas daquela infinita sabedoria e providência que vela incessantemente no bem, na ordem e perpetuidade do sistema universal. [1616]

O Universo natural e concreto é obra de Deus, o mundo abstrato criação dos homens e origem dos seus maiores erros. [2163]

O valor mais resoluto é o que procede da desesperação. [349]

O velhaco não pode ser sincero, a sinceridade faria abortar os seus planos. [2649]

O velho achacado é um padecente, que tem longa residência no oratório. [2425]

O velho crê-se feliz em não sofrer, o moço infeliz em não gozar. [502]

O velho de juízo dá ao mundo a sua demissão antes que este o demita. [610]

O velho desencantado pode avaliar-se inutilizado. [2660]

O velho que não tem prudência não se aproveitou da experiência. [1927]

O velho teme o futuro e se abriga no passado. [924]

O verdadeiro sábio é um homem excepcional na família racional da espécie humana. [2759]

O verdadeiro sábio é um paradoxo vivo e ambulante na companhia e sociedade dos homens ordinários e vulgares. [1086]

O vilão exaltado torna-se hirto e enfatuado. [2482]

O zelo do patriotismo, como a luz de um lampião, não se mantém sem provisão. [996]

Observando como as flores estão resumidas em seus botões, e abrindo-se alardeiam a sua expansão e desatam os seus perfumes, admiramos a plenitude daquela Sabedoria divina, que, ainda nas menores cousas, é sempre infinitamente variada e maravilhosamente assombrosa. [1645]

Observa-se em muita gente que melhora de costumes, piorando de saúde ou de fortuna. [1438]

Observa-se na Natureza o grande •empenho de distinguir as individualidades entre si, com especialidade, nos vegetais e animais, que •são discriminados por caracteres privativos que excluem todo o engano e confusão a este respeito. [3060]

Observa-se nos grandes faladores boa memória, pouco saber e muita filáucia ou protérvia. [1846]

Observa-se que os fanáticos de liberdade passam a sua vida em prisões, enxovias, presigangas e trabalhos. [511]

Observa-se que os presumidos liberais são ordinariamente os que menos têm que dar e liberalizar. [1806]

Ocorrem lances de dor e aflição na vida em que nos reconhecemos com mais força e resolução para suportá-los, do que havíamos imaginado antes da sua invasão. [2036]

Ocupados em descobrir os defeitos alheios, esquecemo-nos de investigar os próprios. [571]

Olhos e pensamentos castos vigoram a saúde e prolongam a vida. [1163]

Onde a ciência, virtude e lealdade não têm admiradores, a sociedade é invadida e conquistada pelos néscios, velhacos e traidores. [2481]

Onde a lealdade não está em moda,os traidores se reproduzem como os pólipos. [2696]

Onde o luxo cresce, a probidade afraca e desfalece. [1110]

Onde os homens se persuadem que os governos os devem fazer felizes, e não eles a si próprios, não há governo que os possa contentar nem agradar-lhes. [394]

Onde os traidores e rebeldes são absolvidos, anistiados e ainda premiados, não admira que os Monarcas sejam atraiçoados; a traição em circunstâncias tais é uma especulação lucrativa. [3054]

Onde se não preza a honra se desprezam as honras. [2169]

Onde tudo é ação e reação, é conseqüência infalível a recíproca destruição. [2506]

Ordem maravilhosa com aparências de desordem: eis a solução completa do grande enigma deste mundo. [1881]

Ordem social é limitação de liberdade; desordem, liberdade ilimitada. [267]

Ordem, no vocabulário do egoísmo, significa proveito pessoal; desordem, dano individual. [1503]

Ordinariamente nos fingimos distraídos quando nos não convém parecer atentos. [723]

Ordinariamente o desejo, plano e execução da vingança incomodam e abalam mais os nossos espíritos do que as injúrias e ofensas recebidas. [1075]

Ordinariamente o homem que menos sabe é o que mais fala, como a vasilha menos cheia a que mais chocalha. [1024]

Ordinariamente tratamos com indiferença aquelas pessoas de quem não esperamos bens nem receamos males. [659]

Os abusos e prejuízos nos povos são como as verrugas e lobinhos no corpo humano, ainda que feios, conservam-se por ser a sua extração dolorosa e muitas vezes arriscada. [361]

Os abusos, como os dentes, nunca se arrancam sem dores. [10]

Os achaques da velhice denunciam ordinariamente os vícios da mocidade. [237]

Os achaques da velhice enfraquecem e eclipsam a nossa razão, e nos entregam sem recurso à influência e autoridade dos néscios, visionários e impostores. [2559]

Os acontecimentos políticos humilham e desabonam mais a sabedoria humana, que outros quaisquer eventos deste mundo. [627]

Os aduladores são como as plantas parasitas que abraçam o tronco e ramos de uma árvore para melhor a aproveitar e consumir. [615]

Os afortunados não sabem desculpar os desgraçados. [2525]

Os agentes e instrumentos das sedições e insurreições são ordinariamente os loucos, tolos, famintos e velhacos. [1470]

Os ambiciosos não têm lealdade em opiniões, professam interinamente aquelas que julgam mais eficaces e propícias à sua exaltação. [1499]

Os ambiciosos, como os jogadores, confiam menos na fortuna que na habilidade. [1135]

Os anarquistas aborrecem a ordem que os castiga e os não emprega. [823]

Os anarquistas adulam os povos, como os cavaleiros afagam os cavalos para os montarem sem resistência. [1950]

Os anarquistas e desordeiros falam aos povos em resistência e liberdade; os monarquistas ordeiros em religião, moral, obediência e lealdade. [2839]

Os anarquistas e desordeiros não têm sistema: desordem não pode ser sistematizada. [2065]

Os anarquistas em um tempo são os tiranos em outro, se conseguem governar. [1483]

Os anarquistas mais violentos ou velhacos são nas revoluções os grandes homens dos povos e os seus heróis mais afamados. [1661]

Os anarquistas modernos se servem com vantagem das doutrinas do federalismo para desunir e soberanizar as províncias, desconjuntar os estados e acabar com as monarquias. [2175]

Os anarquistas são como os jogadores infelizes ou inábeis, que, baralhando muito as cartas, ou mudando de baralhos, esperam melhorar de fortuna e condição. [88]

Os anarquistas se envergonham deste nome, e se apelidam republicanos. [1519]

Os anarquistas se erigem em intérpretes dos povos, como os falsos sacerdotes se inculcam órgãos da Divindade. [1109]

Os anarquistas se esvaecem quando acabam as revoluções, como as lagartas perecem com a mudança das estações. [1608]

Os anarquistas se revelam pelos seus discursos, como as cobras cascavéis pelo seu tinido. [2106]

Os anarquistas só prosperam onde o espírito público é também sedicioso. [1186]

Os andaimes nas revoluções compõem-se da pior gente, como nos edifícios da pior madeira. [1721]

Os animais serão mais felizes que os homens neste mundo? Não consta que algum deles se suicidasse, ou tenha atentado contra a própria vida. [3043]

Os animais também gozam, mas não admiram; o homem inteligente goza admirando, e a sua fruição requinta pela ciência e reflexão. [1847]

Os anos mudam as nossas opiniões como alteram a nossa fisionomia. [665]

Os anos que uns perdem pela sua morte prematura, outros acumulam por sua velhice prolongada. [2410]

Os apaixonados do amor acham sem sabor a amizade. [1012]

Os apologistas e defensores da igualdade são os que mais trabalham por desigualar-se. [398]

Os avarentos são penitentes sem devoção, nem merecimento. [1244]

Os benefícios conferidos levam sempre o ônus da gratidão e reconhecimento. [298]

Os benefícios mal empregados se convertem em malefícios. [70]

Os benefícios morosos tornam-se rançosos. [2072]

Os benefícios que recebemos de Deus a cada instante no exercício da vida são tantos, que não podemos distingui-los nem enumerá-los. [1894]

Os benfeitores imprudentes fazem beneficiados ingratos. [794]

Os bens de que gozamos sempre exercem menos a nossa razão do que os males que sofremos. [684]

Os bens que a ambição promete são como os do amor, melhores imaginados que conseguidos. [432]

Os bens que a virtude não dá ou não preserva são de pouca duração. [73]

Os bons conselhos desagradam aos apaixonados como os remédios aos que estão doentes. [568]

Os bons conselhos desprezados são com dor comemorados. [1129]

Os bons escritores moralistas são como os faróis litorais; advertem, dirigem e salvam os navegantes do naufrágio. [931]

Os bons exemplos dos pais são as melhores lições e a melhor herança para os filhos. [411]

Os bons podem não ter amigos, aos maus nunca lhes faltam inimigos. [1929]

Os bons presumem sempre bem dos outros; os maus, pelo contrário, sempre mal: uns e outros dão o que têm. [421]

Os bons tremem quando os maus não temem. [932]

Os brados do interesse sobrepujam muitas vezes as vozes da consciência. [1072]

Os cargos eminentes ilustram ou acreditam, mas não felicitam. [1008]

Os cegos por ambição ainda vêem menos que os cegos por nascimento. [1033]

Os charlatães e os velhacos têm o condão de agradar aos tolos e aos povos: os homens probos e doutos são destituídos daquela impudência e desembaraço, que atraem tanto a sua confiança. [1259]

Os charlatães e pedantes não perdoam o desprezo que merecem. [1819]

Os charlatães políticos prometem muito e cobiçam tudo. [868]

Os conselheiros dos Príncipes devem ter ciência, prudência e consciência. [1694]

Os conselhos dos moços derivam das suas ilusões, os dos velhos dos seus desenganos. [862]

Os cortesãos são como as serpentes, flexíveis mas venenosas. [906]

Os cortesãos vivem sonhando e morrem de pesadelos. [811]

Os cortesões são como os alcatruzes das noras: quando uns sobem, outros descem. [376]

Os crimes fecundam as revoluções, e lhes dão posteridade. [50]

Os cuidados perseguem a vida, não incomodam os mortos. [2911]

Os cúmplices são fáceis e prontos em anistiar os culpados. [816]

Os cumprimentos desta vida se reduzem ordinariamente a parabéns e pêsames, boas vindas e despedidas. [1700]

Os curiosos e apaixonados de novidades devem desejar morrer: que de cousas novas, desconhecidas e portentosas, na outra vida e nos outros mundos!. [2549]

Os desejos se multiplicam na abundância, como a erva nas terras pingues. [908]

Os desenganos não provêm só dos males que sofremos, mas também dos bens de que gozamos. [776]

Os dois sexos não são antagonistas: um é o complemento do outro. [2033]

Os doutos ocupam-se do acessório, o essencial lhes escapa por misterioso e incompreensível. [3005]

Os elogios de maior crédito são os que os nossos próprios inimigos nos tributam. [8]

Os empregos que por intrigas e facções se alcançam, por facções e intrigas se perdem. [757]

Os enigmas e mistérios da Natureza são tantos para os homens que melhor a têm estudado, que por fim humilhados do seu pouco saber se declaram profundamente ignorantes. [2706]

Os erros de uns são lições para outros, estes acertam porque aqueles erraram. [283]

Os erros dos homens se articulam e se reproduzem como os pólipos. [1034]

Os erros dos povos são mais graves e desastrosos que os das pessoas. [1227]

Os erros em Religião provêm da falsa idéia que concebemos de Deus: em política, do conhecimento imperfeito que temos da natureza humana. [2417]

Os erros falecem quando as verdades amadurecem. [2828]

Os erros hão de variar constantemente, as verdades são invariáveis. [3028]

Os escritores anônimos são como os mascarados, audazes por desconhecidos. [1658]

Os escritores e artistas têm, como as plantas, um tempo de florescência e frutificação, passado o qual se tornam estéreis, exaustos e sem novidade atendível. [2686]

Os escritores e jornalistas não são sanguinários; vertem tinta e fel, mas não derramam sangue. [1340]

Os escritos juvenis têm ordinariamente o sabor e adstringência dos frutos verdes. [1905]

Os espíritos ou átomos indivisíveis e imortais preexistem à sua união com os corpos organizados; antes dela não têm consciência da sua existência, nem podem ter o exercício das faculdades sensíveis e intelectuais que os distinguem, e só podem ser provocadas pela ação do mundo externo sobre os órgãos, sentidos e contextura dos corpos a que são unidos. [2704]

Os estrangeiros devem admirar-se da docilidade ou imbecilidade de alguns povos, que sem razão alguma suficiente adotam indiscriminadamente as suas modas, por mais extravagantes ou incomoda que sejam. [2708]

Os extremos se tocam, os abusos por seus excessos se corrigem. [650]

Os faladores não nos devem assustar, eles se revelam: os taciturnos nos incomodam pelo seu silêncio, e sugerem justas suspeitas de que receiam fazer-se conhecer. [487]

Os falsos patriotas, quando galanteiam a Pátria com os nomes de cara e de querida, pretendem seduzi-la ou desfrutá-la. [1219]

Os festejos públicos divertem os moços e dão motivo à reflexão dos velhos. [2534]

Os filósofos vivem disputando e morrem duvidando. [818]

Os fracos arengam, quando os fortes obram e dominam. [56]

Os fracos reclamam tolerância, os fortes a recusam. [1962]

Os gênios mais sublimes são como as exalações celestes, ardendo e iluminando se consomem. [870]

Os governos fracos promovem os maus, preterindo os bons. [3029]

Os governos são tais quais os povos os fazem, os toleram, ou os merecem. [1049]

Os Governos tendem à monarquia, como os corpos gravitam para o centro da terra. [689]

Os governos tornam-se fracos por ignorância, injustiça e despotismo. [1530]

Os grandes e sublimes pensamentos vêm de Deus e se infiltram e refrangem em nossas cabeças e corações. [1019]

Os grandes empregos desacreditam e ridiculizam os pequenos homens. [553]

Os grandes homens avistam e descobrem ao longe a sua glória póstuma: esta previsão os consola da inveja, indiferença, desprezo ou perseguição dos seus concidadãos e contemporâneos. [1942]

Os grandes homens não sabem dissimular as suas opiniões e sentimentos, e os revelam ordinariamente com risco da própria vida e fazenda. [2043]

Os grandes, os ricos e os sábios sorriem-se: os pequenos, os pobres e os néscios dão gargalhadas. [55]

Os homens afetam desinteresse para melhor promoverem os seus interesses. [404]

Os homens costumados a mandar e ser obedecidos tornam-se depois impacientes e furiosos quando são contrariados. [1878]

Os homens crêem tão pouco na autoridade da própria razão, que ordinariamente a justificam com a alegação da dos outros. [881]

Os homens de bem perdem e empobrecem nos mesmos empregos em que os velhacos ganham e se enriquecem. [1740]

Os homens de extraordinários talentos são ordinariamente os de menor juízo. [43]

Os homens de inteligência ordinária não sabem encarecer a própria capacidade sem deprimir a dos outros. [899]

Os homens de juízo e experiência adivinham com freqüência. [2776]

Os homens de juízo, virtude, sabedoria e santidade, são os menos livres, ou os que menos usam e abusam de liberdade. [3086]

Os homens de maior inteligência e juízo são os que mais prezam a vida e temem a morte. [1528]

Os homens de mais juízo são ordinariamente também os de maior silêncio. [3097]

Os homens de medíocre, ordinária  ou vulgar capacidade, não perdoam a superioridade de engenho e inteligência nas pessoas que por ela se distinguem. [2989]

Os homens de ordinária capacidade, quando governam, não podem tolerar sem dor o contraste de inteligências transcendentes. [645]

Os homens de ordinário abjuram com facilidade as doutrinas que os elevaram a grandes empregos, quando podem servir de embaraço a ulteriores e mais distintas promoções. [911]

Os homens de ordinário se humilham para se elevarem, como as aves se agacham para melhor voarem. [674]

Os homens de sublime engenho elevam-se como as girândolas de fogo, para luzir, iluminar e consumir-se. [1079]

Os homens de superior inteligência suscitam, coordenam ou modificam as circunstâncias como lhes convém; os de ordinária capacidade sujeitam-se e obedecem às que ocorrem naturalmente. [1164]

Os homens de transcendente engenho e inteligência são ordinariamente menos prezados e admirados pelos seus compatriotas do que pelos estrangeiros e a posteridade; eles antecipam as épocas produzindo obras e escritos que sobreexcedem a compreensão dos seus nacionais ainda não preparados para bem os entender e apreciar. [2927]

Os homens definem e classificam as virtudes, as mulheres as praticam. [891]

Os homens e povos, quando arremedam os outros, de algum modo se desfiguram, tornando-se caricaturas. [2121]

Os homens em geral ganham muito em não serem perfeitamente conhecidos. [251]

Os homens enganam-se com a idéia de um progresso material e intelectual que esperam neste mundo, e que só pode verificar-se em outros e outras vidas. [2681]

Os homens enganam-se miseravelmente quando esperam achar a sua felicidade mais na forma dos seus governos, que na reforma dos seus costumes. [826]

Os homens especulam no tempo de agora em revoluções, como nos fundos públicos. [441]

Os homens geralmente preferem ser enganados com prazer a ser desenganados com dor e desgosto. [246]

Os homens gozam e sofrem como tais: são premiados e castigados segundo o seu bem ou mal fazer no mesmo teatro da sua representação social. [2572]

Os homens hábeis para destruir são inábeis para construir. [2625]

Os homens honrados e leais envergonham-se da sem-vergonha dos traidores e velhacos. [1776]

Os homens insofridos são os vingadores dos pacientes. [1851]

Os homens mais invejosos são ordinariamente os menos invejados. [1348]

Os homens mais obsequiosos em palavras são ordinariamente os menos oficiosos em serviços. [1781]

Os homens mais orgulhosos são geralmente os mais irritáveis e vingativos. [558]

Os homens mais respeitados não são sempre os mais respeitáveis. [42]

Os homens não fazem sacrifícios gratuitos do seu amor-próprio; quando rendem adorações a um homem, exigem que ele se assemelhe de algum modo à Divindade pelas suas perfeições e beneficência. [966]

Os homens não sabem avaliar-se exatamente: cada um é melhor ou pior do que os outros o consideram. [63]

Os homens não se toleram senão porque figuram de tolos freqüentes vezes. [1284]

Os homens não se vendem de graça, o seu amor-próprio lhes marca o preço, mas a concorrência o rebaixa. [1501]

Os homens nos forçam a ser prudentes, e depois nos condenam por medrosos. [1045]

Os homens nos parecerão sempre injustos enquanto o forem as pretensões do nosso amor-próprio. [666]

Os homens nos pareceriam mais justos ou menos injustos, se não exigíssemos deles mais do que podem ou devem dar-nos. [726]

Os homens nunca aborrecem tanto o poder nos outros, como quando o cobiçam mais para si mesmos. [1357]

Os homens ordinários consideram a felicidade sensual como fim, os de superior inteligência como ocasião, meio e instrumento para chegar à moral, intelectual e religiosa. [1065]

Os homens parecem exigir que vivamos sempre para eles: todavia, na velhice é justo que vivamos especialmente para nós. [1944]

Os homens parecem extravagantes por loucos ou muito sábios. [1911]

Os homens pensam mais, as mulheres sentem melhor. [1756]

Os homens podem ser felizes por tantos modos e maneiras, que felizmente é quase impossível definir a felicidade. [1583]

Os homens preferem a tudo a pátria própria: cada passarinho acha bonito o seu ninho. [2068]

Os homens preferem geralmente o engano que os tranqüiliza à incerteza que os incomoda. [829]

Os homens probos são menos capazes de dissimulação do que os velhacos. [483]

Os homens projetam muito e executam pouco: têm mais imaginação e inteligência do que poder. [1949]

Os homens que intrigam e cabalam para governar os povos, quando não são velhacos, pelo menos são tolos ou imprudentes. Muito mal conhece os homens quem aspira a governá-los!. [1260]

Os homens que nada esperam na outra vida, forcejam e trabalham para gozar e possuir tudo na presente. [1536]

Os homens que não se vingam são sempre os mais bem vingados. [1689]

Os homens que sabem muito dependem pouco ou menos do que os outros. [1444]

Os homens que se queixam de falta de liberdade são ordinariamente os que menos a merecem. [2986]

Os homens recomendam e inculcam seus vícios por virtudes: o avarento se diz econômico, e o pródigo liberal. [2145]

Os homens são bons por natureza, nem podiam deixar de sê-lo sendo destinados pelo Criador a viverem em sociedade, a qual só pode subsistir por amores e virtudes. [1839]

Os homens são geralmente tão avaros do seu dinheiro, como pródigos dos seus conselhos. [311]

Os homens são mais ativos na vida ordinária por menos sabedores do que por mais doutos. [1140]

Os homens são mais dignos de lástima que de ódio e desprezo, os seus vícios e crimes provêm mais de ignorância que de malícia e malignidade; com melhor educação, exemplos e cultura, seriam menos maus ou mais virtuosos do que são. [2803]

Os homens são mais vezes maus por ignorância que por malícia ou malignidade. [1598]

Os homens são poucas vezes o que parecem; eles trabalham incessantemente por parecer o que não são. [471]

Os homens são sempre mais verbosos e facundos em queixar-se das injúrias, do que em agradecer os benefícios. [914]

Os homens se disfarçam, como as mulheres se enfeitam, para agradarem ou enganarem. [607]

Os homens sem mérito algum, brochados de insígnias e de ouro, são comparáveis aos maus livros ricamente encadernados. [443]

Os homens seriam menos vingativos se não receassem, perdoando as ofensas, provocar a sua repetição. [1742]

Os homens seriam muito infelizes se Deus anuísse a todos os seus votos e deprecações. [2060]

Os homens suprem com fábulas as verdades que não podem alcançar. [1844]

Os homens taciturnos têm inumeráveis ocasiões de congratular-se do seu silêncio. [1297]

Os homens também têm instintos como os animais, e além disto a razão para os dirigir e regular. [2930]

Os homens têm figurado os Deuses com os mesmos vícios, paixões e defeitos que neles existem: figurando-os com a forma humana julgaram melhor compreendê-los e honrar deste modo a própria espécie nas famílias animais da natureza. [2885]

Os homens têm geralmente saúde quando não a sabem apreciar, e riqueza quando a não podem gozar. [552]

Os homens têm querido dar razão de tudo, para dissimular ou encobrir o seu pouco saber. [733]

Os homens terão chegado ao maior grau de inteligência quando souberem definir exatamente os dous vocábulos monossílabos e abstratos, bem e mal, com todas as relações que neles se compreendem. [3011]

Os homens vivem em um engano e ilusão constantes ocupados na curta esfera deste mundo, que consideram como um todo vastíssimo, não sendo mais que um átomo infinitésimo no sistema imenso da criação; dando-se uma importância ridícula e a tudo o que lhes pertence, parecem desconhecer que as doenças e a morte denunciam a sua miséria e ignorância, e que toda a sua grandeza e glória terrestre se reduzem em breves instantes a pouca cinza e pó. [2799]

Os homens vivem pelo seu pouco saber; a sua inteligência é proporcionada à organização material dos seus corpos: uma ciência muito superior às suas forças orgânicas os faria enfermar, enlouquecer e morrer. [3002]

Os homens, como os frutos, apodrecem quando estão maduros. [1558]

Os homens, como os polígonos, têm geralmente muitos ângulos, faces ou lados. [1493]

Os homens, dizendo em certos casos que vão falar com franqueza, parecem dar a entender que o fazem por exceção de regra. [1471]

Os homens, em todos os tempos, sobre o que não compreenderam, fabularam. [563]

Os ignorantes e os povos são os mais tenazes e violentos defensores dos seus próprios erros e preocupações. [1590]

Os ignorantes exageram sempre mais que os inteligentes. [580]

Os ignorantes invejam aos doutos a sua ciência, e estes aos néscios a sua cômoda ignorância e fácil credulidade. [1168]

Os ignorantes se contentam com possuir o mundo material, sem invejarem as descobertas e conquistas que os sábios fazem no mundo intelectual. [1366]

Os ignorantes se dariam parabéns da sua ignorância se pudessem descobrir o turbilhão de dúvidas, questões, arcanos e mistérios que torturam e agitam as cabeças dos homens doutos e sábios deste mundo. [1837]

Os ignorantes, porque não conhecem o poder e importância das relações sociais, são mais egoístas que os inteligentes. [1455]

Os importunos roubam-nos o tempo, e nos consomem a paciência. [1325]

Os importunos são como as moscas que, enxotadas, revertem logo. [861]

Os imprudentes e estouvados ofendem a muita gente, sem intenção nem propósito de ofender a pessoa alguma. [1342]

Os ineptos se elevam sobre os hábeis como as substâncias leves sobre as mais graves. [341]

Os ingratos e traidores são também maus pagadores. [1924]

Os ingratos pensam minorar ou justificar a sua ingratidão, memorando com freqüência os vícios e defeitos dos seus benfeitores. [228]

Os ingratos são maus amigos e piores inimigos. [3051]

Os ingratos se esquecem dos benefícios, mas Deus se lembra dos benfeitores. [1673]

Os ingratos tornam-se por acesso inimigos dos seus benfeitores. [1094]

Os insignificantes exaltados tornam-se enfatuados. [2698]

Os insignificantes são como os mascarados, audazes por desconhecidos. [11]

Os instintos da sociabilidade podem mais que as instituições humanas, e corrigem muitas vezes a sua incongruência ou malignidade. [2610]

Os instintos nos animais, a razão, engenho e os talentos nos homens são inspirações e revelações da Divindade. [1582]

Os intrigantes persuadem-se que a intriga inculca talentos e capacidade; a experiência os desmente: anuncia ignorância e improbidade. [1707]

Os legados de engenho e sabedoria deixados ao gênero humano são os mais seguros monumentos para perpetuar a nossa memória e renome nos séculos futuros. [2179]

Os lisonjeiros desprezam e aborrecem interiormente aqueles mesmos a quem mais louvam e divinizam externamente. [2607]

Os loucos iludem e desorientam OB prudentes: estes não podem prever, calcular nem prevenir os erros, contradições e disparates da loucura. [1938]

Os loucos, tolos e néscios têm a vantagem de não sofrerem os males antes que cheguem: os homens prudentes e de juízo os padecem antecipadamente pela sua previdência e reflexão. [2059]

Os louvores comprados são como tais avaliados. [2100]

Os louvores extorquidos são brevemente desmentidos. [1889]

Os louvores que damos são amigos que granjeamos. [1441]

Os louvores que nos dão os nossos inimigos podem ser diminutos, mas nunca são exagerados. [652]

Os maiores detratores dos governos são aqueles que pretendem governar. [807]

Os maiores lisonjeiros são também ordinariamente os piores maldizentes. [1179]

Os maiores loucos não são os que os homens geralmente denominam tais, porém os que talvez respeitam e admiram muito. [3034]

Os maiores velhacos são os que geralmente se inculcam por melhores patriotas. [257]

Os mais arrojados em falar são ordinariamente os menos profundos em saber. [60]

Os mais sábios legisladores são aqueles que melhor sabem travar este mundo com o outro, a vida presente com a futura. [1347]

Os maldizentes serão malditos, como os bendizentes benditos. [2568]

Os maldizentes, como os mentirosos, acabam por não merecerem crédito ainda mesmo dizendo verdades. [5]

Os males como os bens têm um limite necessário na natureza humana, o que não devemos esquecer quando sofremos ou gozamos. [2850]

Os males da Natureza são muito poucos, comparativamente aos de invenção e apreensão dos homens. [2860]

Os males da velhice podem ser considerados como expiações da vida presente no seu trânsito para a futura. [2545]

Os males da vida que fazem melhorar os bons, tornam piores os malvados. [1509]

Os males da vida são os nossos melhores preceptores, os bens os nossos maiores aduladores. [803]

Os males da vida são os que nos unem em sociedade, sem eles seríamos insociáveis. [2492]

Os males das províncias têm ordinariamente a sua origem na insânia e desvarios do sensorium das capitais. [2056]

Os males de algumas nações procedem da forma dos seus governos, especialmente depois que publicistas filósofos e utopistas se encarregaram de fabricar-lhes constituições. [2583]

Os males nos moços passam irrefletidos, nos velhos são ponderados e ruminados com toda a intensidade da sua amargura. [3050]

Os males são os melhores preceptores dos homens. Um bom príncipe não consegue regenerar um povo corrompido, imoral e anarquizado, são os tiranos os que produzem tais prodígios e maravilhas. [3017]

Os malvados são também inclusivamente loucos. [2016]

Os maus contra a sua intenção trabalham freqüentes vezes em proveito e benefício dos bons. [1812]

Os maus e viciosos são algozes de si próprios. [2447]

Os maus exemplos e más doutrinas revertem ordinariamente em dano daqueles que os deram e as inculcaram, e dos povos que as aprovaram ou toleraram. [2608]

Os maus não podem viver em solidão: têm medo e horror de si próprios. [316]

Os maus não querem liberdade para se fazerem bons, mas para se tornarem piores. [1013]

Os maus não são exaltados para serem felizes, mas para que caiam de mais alto e sejam esmagados. [808]

Os maus não têm longa duração: o mal é neles um elemento de indefectível destruição. [2634]

Os maus nas suas desgraças procuram os bons e virtuosos, como nas trovoadas se recorre às imagens dos Santos. [434]

Os maus procuram alcançar por assalto e violência os bens que os bons esperam conseguir pelo trabalho, inteligência e virtudes. [1805]

Os maus queixam-sei de todos, os bons de poucos, os melhores de ninguém ou de si próprios. [795]

Os maus são bons algumas vezes por distração. [1580]

Os maus se associam com mais freqüência que os bons; reconhecem a sua fraqueza moral na opinião da maioria humana. [1288]

Os maus sofrem uma reação necessária dos ofendidos, e da sociedade que se ressente corporal e moralmente das lesões e ofensas dos seus membros. [1737]

Os maus têm a imprudência de se acusarem reciprocamente, para cautela, resguardo e apercebimento dos bons. [2173]

Os maus, intrigantes e velhacos parecem desconhecer que a linha reta é a única mais breve entre dois pontos. [1077]

Os melhoramentos materiais não precedem, acompanham os morais e intelectuais: a inteligência dispõe e coordena a matéria. [1792]

Os meninos sobejam onde estão, e faltam onde não se acham. [2401]

Os moços apaixonam-se pelo bonito e lindo, os homens experientes e maduros pelo belo. [1294]

Os moços de juízo honram-se de parecer velhos, mas os velhos sem juízo procuram figurar de moços. [827]

Os moços devem ser julgados com indulgência e equidade, os velhos com rigor e severidade. [1834]

Os moços gostam dos velhos que se parecem com eles em leviandade, imprudência e estouvamento: com tal autoridade e exemplos se julgam justificados. [2046]

Os moços não são nem podem ser sábios: não têm suficiente ciência, experiência, virtude e amor de Deus, para serem qualificados tais. [2891]

Os moços podem diferir e disputar, os velhos devem conferir e concordar. [1679]

Os moços presumem muito porque sabem pouco. [2840]

Os moços são tão solícitos sobre o seu vestuário, quanto os velhos são negligentes: aqueles atendem mais à moda e à elegância, estes à sua comodidade. [390]

Os moços se comprazem no prospecto do futuro, os velhos no retrospecto do passado. [240]

Os moços têm amenidade porque gozam, os velhos causticidade porque padecem. [1236]

Os moços têm os sentidos agudos,convém-lhes adquirir idéias; os velhos os têm obtusos, deviam já tê-las adquirido. [2639]

Os moços têm suficiente força material para destruírem, mas insuficiente perícia intelectual para construírem. [2160]

Os modernos progressistas são apoucados na sua doutrina do progresso quando o limitam a esta vida mortal, e a este mundo de argila; deveriam ampliá-lo à duração eterna dos nossos espíritos suscetíveis de uma acumulação progressiva e indefinida de conhecimentos, idéias e noções sem termo nem limites e por toda a eternidade. [1611]

Os mortos nos instruem e desenganam nas livrarias e cemitérios. [832]

Os mundos como os homens são também mortais. [2778]

Os mundos e sistemas solares concebidos na Divina Mente, e realizados pela onipotência do Ser Supremo, têm, como as sementes vegetais e os ovos animais, um desenvolvimento lento, mas progressivo e variado, até chegarem por muitos e inumeráveis milênios a aquele grau de madureza e plenitude, em que dissolvendo-se se resolvem nas substâncias elementares de que foram formados, e que servirão de materiais para novas formações, futuros mundos, e sistemas solares. [2941]

Os mundos se movem no oceano imenso do éter como as baleias navegam nos vastos mares da terra. [1669]

Os mundos também perecem como tudo o que neles se compreende, o universo se renova como cada uma das suas partes integrantes, a sabedoria de Deus sendo infinita tem de exercer-se com variedade e novidade por toda a eternidade. [2900]

Os mundos também são sexuais: o sol fecunda a terra, e a faz produtiva e populosa. [1439]

Os néscios poderosos armam os seus inimigos e desarmam os seus amigos. [1826]

Os néscios tudo acreditam porque de nada duvidam, os inteligentes são refratários, exigem razão de tudo. [2497]

Os neutrais entre dois partidos são geralmente maltratados como censores e antagonistas de ambos. [484]

Os nossos corpos variam com os anos, moléstias e idades: a identidade do nosso ser existe somente nessa unidade misteriosa a que chamamos alma. [2951]

Os nossos desejos e esperanças murcham e caem geralmente como as flores, sem vingarem frutos. [1974]

Os nossos inimigos contribuem mais do que se pensa para o nosso aperfeiçoamento moral. Eles são os historiadores dos nossos erros, vícios e imperfeições.. [785]

Os nossos maiores inimigos existem dentro de nós mesmos: são os nossos erros, vícios e paixões. [449]

Os objetos de fruição são tantos e tão variados, que os homens podem ser felizes por inumeráveis modos. [3076]

Os olhos atraiçoam muitas vezes â nossa alma descobrindo os seus mais recônditos sentimentos, afeições e aversões. [2887]

Os patriotas dizem em voz alta que é doce morrer pela pátria, mas em segredo reconhecem que é mais doce viver para ela e à custa dela. [535]

Os pequenos ambiciosos fracionam e trincham os estados para haverem o seu quinhão; os grandes cobiçam-nos inteiros: os primeiros são anarquistas e federalistas; os segundos, conquistadores. [1876]

Os pequenos homens se ocupam, se ufanam e se agastam de pequenas cousas. [1059]

Os piores revolucionários são os que se abrigam com o manto da monarquia. [2626]

Os pobres se divertem com pouco dinheiro, os ricos se enojam com muita despesa. [212]

Os pobres taxam a esmola quando pedem por empréstimo. [664]

Os poderosos da terra não podem tolerar a verdade sem o condimento e especiaria da lisonja. [2049]

Os poetas e oradores são também pintores: aqueles pintam com palavras, estes com tintas e cores. [3023]

Os poetas fabulando e figurando o abstraio, têm feito maior mal à espécie humana, do que os filósofos abstraindo e teorizando. [2452]

Os poetas têm feito maior mal à espécie humana com as suas fábulas e ficções do que os filósofos com as suas teorias e abstrações. [2849]

Os povos desencantados tornam-se insubordinados. [828]

Os povos desenganam-se como as pessoas: sofrendo, perdendo e pagando. [922]

Os povos devem ser governados como quantidades concretas e não entidades abstratas. [1916]

Os povos e nações são respeitáveis ou terríveis, menos pelas unidades e parcelas de que se compõem, que pela soma total de todas elas. [1469]

Os povos em revolução exigem que se lhes rendam graças pelos seus próprios crimes e desatinos. [865]

Os povos exigem tanto dos seus validos, que estes em breve tempo se enfadam e os atraiçoam. [936]

Os povos gostam de mudar de governos, como os escravos de senhores. [1566]

Os povos mais livres são geralmente os mais ingratos. [1246]

Os povos menos ilustrados crêem com tanta facilidade nas promessas dos charlatães, como nos milagres das imagens. [1221]

Os povos morgados-da-natureza são como os das famílias ordinariamente tolos, ignorantes e vaidosos. [1954]

Os povos não sabem amar nem aborrecer, e muito menos agradecer. [2089]

Os povos não se contentam com o natural, querem o maravilhoso e nunca falta quem os engane inculcando por tal o que existe e se compreende na ordem universal da Natureza. [2557]

Os povos são felizes quando os moços obram e executam em conformidade dos conselhos ou mandatos dos mais velhos. [1173]

Os povos são por vezes traídos por seus delegados como as viúvas, órfãos e ausentes pelos seus procuradores. [1594]

Os povos têm sido incomodados em todos os tempos com certos termos abstratos e princípios gerais que, entendidos segundo as suas paixões e curta inteligência, lhes têm ocasionado graves males e terríveis calamidades. [1642]

Os povos, como as abelhas, trabalham para si e para os seus zangões. [433]

Os povos, como as pessoas, não padecem por inocentes. [987]

Os povos, como as pessoas, variam de opiniões e gostos, e na sua inconstância passam freqüentes vezes de um a outro extremo. [632]

Os prazeres como as dores também gastam a vida, aqueles com mais celeridade pela sua freqüência e atrativo. [979]

Os prazeres ilícitos, ainda que doces na sua fruição, deixam por fim um travo adstringente e amargoso que nunca mais se dissipa. [1134]

Os prazeres, como as rosas, estão bordados de espinhos; colhê-los sem ferir-se é o requinte da prudência e habilidade humana. [587]

Os preceptores dos homens não querendo dar-se ao trabalho de os fazer bons pela razão, julgaram mais cômodo fazê-los tais pelo terror, ameaças e castigos. [2809]

Os preceptores dos Príncipes são os seus primeiros aduladores. [397]

Os preguiçosos mostram-se algumas vezes muito diligentes para evitar a nota de indolentes. [1309]

Os princípios liberais lavram e operam em certas circunstâncias e nações, como o fogo, devorando e consumindo. [637]

Os pródigos desbaratando o seu, roubam depois o alheio. [2515]

Os pródigos e dissipadores do seu e alheio censuram de tacanhos, insociáveis e apoucados os prudentes, econômicos e poupados. [3016]

Os publicistas modernos ensaiam constituições nos povos, como as meninas enfeites e vestidos nas suas bonecas. [2177]

Os que anarquizam por ambição do poder turvam a água que pretendem beber. [879]

Os que aspiram à tirania e dominação dos povos, são os que ordinariamente mais afetam pugnar por seus direitos e interesses. [1169]

Os que asseveram que os maus são ou podem ser felizes, não têm noções claras da genuína felicidade. [437]

Os que blasonam de não ceder nem vergar são como as estátuas de pedra ou bronze, que, por materiais e inanimadas, não se curvam nem se dobram. [2038]

Os que falam em matérias que não entendem, parecem fazer gala da sua própria ignorância. [566]

Os que governam preferem o engano que os deleita à verdade que os incomoda. [291]

Os que mais ambicionam os altos empregos são ordinariamente os que menos os merecem. [2024]

Os que mais blasonam de honra e probidade, são como os poltrões que se inculcam de valentes. [62]

Os que mais possuem não são os que melhor digerem. [773]

Os que mais se queixam são ordinariamente os que menos sofrem. [1241]

Os que melhor dissertam sobre a virtude não são ordinariamente os mais virtuosos. [2560]

Os que menos sabem governar-se são ordinariamente os que mais ambicionam governar os povos. [2045]

Os que não sabem aproveitar o tempo, dissipam o seu, e fazem perder o alheio. [860]

Os que não sabem ser felizes governados, menos o podem ser governando. [1830]

Os que procuram igualar têm por fim desigualar-se. [2449]

Os que prometem fazer felizes os povos são ordinariamente os que pretendem sê-lo à custa deles. [1784]

Os que reclamam para si maior liberdade são os que ordinariamente menos a toleram e permitem nos outros. [255]

Os que sabem avaliar as faculdades dos benfeitores pedem muito ou tudo a Deus» e pouco ou nada aos homens. [1915]

Os que se crêem muito espertos descuidam-se, e são enganados muitas vezes pelos tolos. [1050]

Os que se não prestam a ser lisonjeiros por interesse ou dependência, muitas vezes o são por cortesia e civilidade. [557]

Os que tiram maior proveito dos empregos são os que ordinariamente mais se queixam do trabalho, cuidados e responsabilidade a que eles obrigam e sujeitam: exageram os seus incômodos para que se não cobicem as suas vantagens. [1313]

Os queixosos da vida são amantes arrufados. [1703]

Os Reis devem aparecer aos povos como o sol no horizonte com toda a pompa e gala de sua luz e cores, dourando e branqueando as mesmas nuvens e vapores que procuram eclipsá-lo. [1729]

Os ricos afetam de pobres para não serem importunados, os pobres de abastados para alcançarem crédito e confiança. [2135]

Os ricos e poderosos devem ser para os pequenos e pobres, como as montanhas e serras que dão abrigo aos vales, e os fertilizam com as águas e terra pingue que lhes enviam na sua opulência majestosa. [1480]

Os rouxinóis emudecem quando os jumentos ornejam. [2181]

Os sábios desempregados são melhor aproveitados. [596]

Os sábios duvidam mais que os ignorantes; daqui provêm a filáucia destes e a modéstia daqueles. [402]

Os sábios e os cometas são admirados por excêntricos. [1640]

Os sábios enganam-se pensando que são compreendidos por todos, os ignorantes presumindo que todos ignoram o que eles sabem. [1113]

Os sábios falam pouco e dizem muito, generalizando e abstraindo resumem tudo. [821]

Os sábios falam pouco, porque pensam e meditam muito. [1533]

Os sábios não brilham por modestos, falta-lhes a protérvia dos charlatães. [2794]

Os sábios não dizem tudo, nem o melhor que sabem: receiam com razão não serem compreendidos, mas perseguidos. [1344]

Os sábios recusam o poder, os loucos o cobiçam. [2075]

Os sábios respeitados por seus escritos são algumas vezes desprezíveis por suas ações. [40]

Os sábios são loucos de uma superior jerarquia intelectual, ordinariamente insociáveis pelo desprezo ou negligência das fórmulas cerimoniosas, que a civilidade tem estabelecido entre os homens em sociedade. [2535]

Os sábios são sintéticos, descobrem um universo guarnecido de inumeráveis mundos, um sistema geral compreendendo infinitos sistemas parciais, finalmente um Ser ou unidade de natureza eterna e incompreensível, animando, vivificando e racionalizando este todo portentoso com a sua existência, presença e assombrosa sabedoria. [2807]

Os sábios seriam os maiores revolucionários se o amor da ordem, a prudência e circunspeção não fossem qualidades inseparáveis da sabedoria humana. [3039]

Os sábios têm uma especial satisfação em se verem desabafados dos terrores fabulosos de que os ignorantes vivem atormentados dia e noite por falta de ciência e reflexão, e pela má educação que receberam na sua puerícia e adolescência. [3040]

Os sábios tornam-se incomunicáveis não podendo dizer verdades nem contradizer disparates. [2402]

Os sábios tornam-se insociáveis não por mau humor, mas por bondade e prudência; não querem ofender disputando em companhias com homens pouco inteligentes ou ignorantes que presumem saber muito e não os podem compreender. [2956]

Os sábios vivem ordinariamente solitários: receiam-se dos velhacos, e não podem tolerar os tolos. [864]

Os sentimentos religiosos de admiração, amor e gratidão para com Deus nos conferem neste mundo uma prelibação da bem-aventurança eterna. [912]

Os soberbos não louvam, os humildes não censuram. [1677]

Os soberbos são ordinariamente ingratos; consideram os benefícios como tributos que se lhes devem. [13]

Os soberbos, como os cegos, trazem sempre as cabeças hirtas e levantadas. [1226]

Os sonhos, com o nome especioso de visões e revelações, têm contribuído muitas vezes para iludir e enredar os homens nas suas opiniões e crenças religiosas. [2760]

Os templos provam mais a racionalidade dos homens do que os teatros e palácios. [281]

Os tiranos não seriam tais se os povos o não merecessem. [2812]

Os tiranos são criaturas dos mesmos povos, quando estes os merecem. [95]

Os tolos admiram os loucos e obedecem aos velhacos. [1774]

Os tolos antecedem os velhacos, estes não podem existir nem subsistir sem aqueles. [1562]

Os tolos contentam-se com pouco, os velhacos nem com muito: querem tudo. [997]

Os tolos e néscios são animais gregários; eles se associam porque se não estranham. [1157]

Os tolos e néscios servem de escadas para os velhacos subirem e os oprimirem. [2147]

Os tolos exultam e agradecem, como benefícios, os males e danos que se lhes faz sofrer. [1557]

Os tolos nos incomodam, os velhacos nos prejudicam. [2099]

Os tolos são muitas vezes promovidos a grandes empregos em utilidade e proveito dos velhacos, que melhor os sabem desfrutar. [343]

Os trabalhos da vida afiam uns engenhos e embotam outros. [2837]

Os traidores na monarquia não são mais fiéis na democracia. [1130]

Os traidores se associam, mas não se amam nem se confiam. [2603]

Os tributos mais gravosos são os que a vaidade e a moda nos impõem. [2070]

Os tufões levantam aos ares os corpos leves e insignificantes, e prostram em terra os graves e volumosos: as revoluções políticas produzem algumas vezes os mesmos efeitos. [37]

Os utopistas modernos parecem persuadidos de que a natureza humana é de arbítrio pessoal e não de necessidade irresistível e impessoal. [1175]

Os velhacos açulam os loucos, os tolos aplaudem a todos. [2023]

Os velhacos algumas vezes tomam o caráter de homens de bem, mas o disfarce é tão incomoda e violento que não dura muito tempo. [1151]

Os velhacos ambiciosos se associam com toda a casta de gente, até com os seus próprios inimigos, se nisso esperam vantagem. [1898]

Os velhacos nada receiam tanto como parecerem transparentes: a opacidade lhes convém mais que tudo e sobre tudo. [1823]

Os velhacos não desenganam os tolos para não perderem o seu patrimônio. [2003]

Os velhacos não perdoam de bom grado nos outros homens a habilidade de os adivinhar, conhecer e compreender. [1495]

Os velhacos necessitam de mais talentos que os homens probos. [1223]

Os velhacos prosperam por algum tempo para que a sua derrota seja mais sensível e tormentosa. [3096]

Os velhacos pugnam muito por seus direitos, mas prescindem dos seus deveres. [1338]

Os velhacos são maus calculistas, deixam a estrada geral e se perdem nos atalhos. [2432]

Os velhacos são maus calculistas: professam uma ocupação que se esteriliza pelo seu mesmo exercício e publicidade. [2129]

Os velhacos são tais por ignorantes: desconhecem que a melhor política é a probidade, e o meio mais eficaz e seguro de ser felizes, a virtude. [631]

Os velhacos se associam, mas não se amam. [798]

Os velhacos talentosos são sempre os mais perigosos. [1651]

Os velhacos têm de ordinário mais talentos, porém menos juízo do que os homens probos. [274]

Os velhacos têm por admiradores todos os tolos, cujo número é infinito. [646]

Os velhos caluniam o tempo presente atribuindo-lhe os males que padecem, conseqüências do passado. [602]

Os velhos dão ordinariamente bons conselhos para se remirem de haver dado maus exemplos. [842]

Os velhos de caráter firme e saber profundo só se rendem e são vencidos pela morte. [2533]

Os velhos de juízo freqüentam mais SLS igrejas, que os palácios e teatros. [3027]

Os velhos devem supor-se mortos antes de morrer para assim alcançarem mais longa vida. [1038]

Os velhos e sábios receiam mais a morte que os néscios e moços, conhecem e sabem apreciar melhor o valor e dom da existência e da vida humana. [3032]

Os velhos erram muitas vezes por demasiadamente prudentes, os moços quase sempre por temerários. [41]

Os velhos importunam aos circunstantes com os seus achaques, como os litigantes com as suas demandas. [498]

Os velhos impugnam as modas recentes, e defendem as antigas. [1371]

Os velhos invejam a saúde e vigor dos moços, estes não invejam o juízo e a prudência dos velhos: uns conhecem o que perderam, os outros desconhecem o que lhes falta. [878]

Os velhos não devem pretender poder e mando sobre os outros homens, mas demonstrar que o alcançaram sobre si próprios. [2500]

Os velhos pelos seus achaques ocupam-se tanto de si mesmos, que não lhes resta tempo para cuidarem dos interesses alheios, ou gerais. [1452]

Os velhos porque padecem, acreditam que tudo piora e degenera. [1090]

Os velhos prezam ordinariamente os mortos e desprezam os vivos. [490]

Os velhos que condenam a mocidade fazem o processo de si próprios. [3058]

Os velhos que se mostram muito saudosos da sua mocidade não dão uma idéia vantajosa da madureza e progresso da sua inteligência. [475]

Os velhos que seguem as modas, presumem remoçar com elas. [937]

Os velhos riem-se da vaidade e fatuidade dos moços, parecendo esquecer-se de que foram tais. [3057]

Os velhos ruminam o pretérito, os moços antecipam e devoram o futuro. [48]

Os velhos são injustos com os moços quando exigem deles qualidades morais que a idade, estudo e uma longa experiência podem somente conferir-lhes. [2136]

Os velhos são melhores panegiristas dos finados que dos vivos. [599]

Os velhos são muito ciosos em amor, porque se receiam da concorrência. [872]

Os velhos são ordinariamente mais egoístas e menos filantropos que os moços. [1365]

Os velhos são tenazes no seu propósito, não têm a inconstância nem a leviandade da gente moça. [2811]

Os velhos se deleitam e se entretêm com o tempo e o mundo que já passou. [1195]

Os velhos se mostram menos sociáveis e conviventes à medida que a felicidade sensual se torna mais diminuta, incomoda ou penosa para eles. [3012]

Os velhos se ocupam muito da morte, como os viajantes em vésperas de viagem dos seus arranjos relativos. [1047]

Os velhos tornam-se nulos e inúteis à força de prudência e circunspeção. [242]

Os velhos, condenando as travessuras dos moços, censuram a história da sua pretérita mocidade. [1282]

Os velhos, sendo prudentes, são acusados de indiferentes. [1345]

Os vícios antecipam a velhice, as virtudes a retardam. [2415]

Os vícios convivem com os crimes e lhes fazem companhia. [2600]

Os vícios dão mais ocupação aos homens do que as virtudes: estas têm poucas necessidades, aqueles inumeráveis. [1589]

Os vícios dos grandes promovem e de algum modo justificam os crimes dos pequenos. [1364]

Os vícios e crimes andam sempre em companhia. [2795]

Os vícios e paixões de uns homens são os elementos da ventura de outros. [729]

Os vícios inveterados nunca mais são extirpados. [2612]

Os vícios nos velhos são inimigos acastelados que a morte pode somente expugnar. [29]

Os vícios são tão feios que, ainda enfeitados, não podem inteiramente dissimular a sua fealdade. [949]

Os viciosos amam os seus inimigos, amando os seus próprios vícios. [1154]

Os viciosos investem e maltratam os virtuosos; estes os lastimam antevendo o seu opróbrio e punição. [2813]

Os viciosos sujeitos ao jugo de ferro dos seus vícios, são os que ordinariamente mais se queixam do despotismo dos que governam. [2473]

Os vivos se reconciliam facilmente com os que morrem, pela razão de que estes deixam de ser desde logo seus concorrentes e lançadores nos bens da vida humana. [1055]

Os vocábulos de mais difícil definição são os monossílabos: bem e mal. [2714]

Os votos dos homens, sendo pela maior parte imprudentes, não admira que sejam desatendidos e rejeitados pela bondade e justiça da Divindade. [2141]

Ousar em inumeráveis casos é alcançar. [1875]


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