Máximas, Pensamentos e Reflexões
do
Marquês de Maricá
Introdução
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N
Na administração e regime da Divina Providência, os males são também instrumentos e condutores de bens. [2825]
Na admissão de uma opinião ou doutrina, os homens consultam primeiramente o seu interesse, e depois a razão ou a justiça, se lhes sobeja tempo. [869]
Na arquitetura intelectual os materiais vêm de fora, mas o plano e trabalho são da razão e do espírito. [439]
Na existência neste mundo não podemos duvidar da necessidade de um corpo unido à substância que chamamos alma; poderá esta existir sem ele nos outros mundos e sistemas? É provável que não . [2680]
Na fermentação dos povos, como na dos líquidos, as escumas e impurezas sobrenadam e ficam de cima, por mais ou menos tempo, até que descem ou se evaporam. [52]
Na idade madura mais vezes dissimulamos do que estranhamos. [1685]
Na imensidade do espaço todos os pontos são centros, os viventes que os ocupam também podem reputar-se tais. [1531]
Na mocidade buscamos as companhias, na velhice as evitamos: nesta idade conhecemos melhor os homens e as cousas. [310]
Na mocidade pouco se cuida na religião, é na velhice que as idéias religiosas ocupam especialmente o pensamento dos homens, que vendo escapar-lhes este mundo, necessitam para sua consolação de esperar uma vida futura, mais feliz e melhorada que a presente. [2805]
Na mocidade somos obrigados a tolerar as impertinências dos velhos, na velhice os desvarios e extravagâncias dos moços. [2516]
Na montanha goza-se mais, porém o vale é mais abrigado. [846]
Na nossa conta corrente com a natureza raras vezes lhe creditamos os muitos bens de que gozamos, mas nunca nos esquecemos de debitar-lhe os poucos males que sofremos. [253]
Na ordem moral o castigo, como o dinheiro, vence juros pela mora. [655]
Na sociedade os interesses e opiniões individuais encontram-se, pelejam, capitulam e se harmonizam. [1960]
Na velhice com menor vista avistamos muito mais do que na mocidade: a ciência e experiência são os vidros de graus que produzem tais efeitos. [2829]
Na velhice com menos vista avistamos mais velhacos do que na mocidade. [1696]
Na velhice é bom que sejamos esquecidos para não sermos importunados, incomodados ou perseguidos. [2818]
Na viagem da vida humana são raras as grandes tempestades, mas freqüentes os aguaceiros. [1768]
Na vida política social como na individual toleram-se ou desprezam-se os pequenos males; mas quando se agravam desmesuradamente, procura-se com ansiedade o remédio; e não se escusa meio algum de o conseguir, recorrendo-se até às operações mais violentas, dolorosas e arriscadas. [2751]
Na virtude é necessário perseverar para vencer e triunfar. [1880]
Nada agrava mais a pobreza, que a mania de querer parecer rico. [695]
Nada conserva e resguarda tanto a saúde como a virtude. [1456]
Nada desmoraliza mais os povos que o desprezo ou descrença da Religião que professavam. [1202]
Nada está mais próximo a nós, nem mais remoto da nossa compreensão do que Deus. [1664]
Nada incomoda tanto aos homens maus como a luz, a consciência e a razão. [451]
Nada mais prezamos quando chegamos a desprezar-nos. [1682]
Nada se perde da vida geral e individual, toda provém da Divindade e se resolve nela. [2662]
Nada sucede nem pode suceder no universo que escapasse à presciência e previsão do seu Criador onipotente, em tudo ele é necessário e realmente como Deus o constituiu e quis que fosse. [2937]
Nada sucede que não tenha uma razão suficiente de haver sucedido. [2740]
Não admira que não compreendamos a Deus, quando somos incompreensíveis a nós mesmos. [350]
Não admira que o juízo seja censurado, quando a loucura já foi elogiada. [2836]
Não admira que os moços sejam pródigos e os velhos avarentos: no físico e moral, a mocidade é expansão e a velhice contração. [843]
Não admira que os tolos e néscios idolatrem os velhacos quando os governos, por imprudentes ou fracos, os respeitam e promovem. [2546]
Não admiramos o que não concebemos, nem compreendemos: a admiração pressupõe algum conhecimento das excelências do objeto admirado. [1634]
Não admireis as obras dos homens; subi mais alto, admirai aquela sabedoria infinita que lhes delegou inteligência suficiente para as produzir tão engenhosas e variadas. [1478]
Não apreciamos os grandes homens presentes, respeitamo-los ausentes, e veneramo-los depois de mortos. [1457]
Não basta recomendar aos homens a virtude em abstraio, é necessário exemplificá-la em seus numerosos casos, para que reconheçam na prática os seus graves e salutares benefícios. [2475]
Não cativemos o coração nem a razão: para a nossa felicidade devemos sentir e pensar com liberdade. [1856]
Não confieis os vossos interesses de um tolo, aventurai-os antes de um velhaco. [2002]
Não conhecemos o mundo externo como ele é em si, mas como o sentimos formulado pelos nossos sentidos, e pelas leis da nossa percepção e inteligência. [2018]
Não convém parar no caminho do progresso, o que chegou à sabedoria deve cuidar em subir também à santidade, que consiste na perfeição ou excelência moral e religiosa. [2658]
Não damos de ordinário maior extensão à nossa beneficência, do que julgamos convir ao nosso interesse. [669]
Não desejamos somente que os outros homens trabalhem, mas também que pensem por nós, e para nós. [1430]
Não desenganemos os tolos se não queremos ter inumeráveis inimigos. [495]
Não desespereis nas grandes crises da vossa vida, esperai confiando em Deus e vereis prodígios da sua Infinita Beneficência. [2797]
Não devemos avaliar a nossa felicidade somente pelos bens que gozamos, mas também pelos males que não sofremos. [1895]
Não devemos desesperar quando sofremos, tendo a Deus presente, que tudo sabe e pode: recorrendo à sua infinita bondade podemos estar seguros da sua indefectível proteção. [2999]
Não devemos estranhar os grandes males que padecem as modernas sociedades, nas quais a desmoralização é qualificada de civilização. [2915]
Não devemos estudar profundamente os nossos amigos e conhecidos, um tal estudo nos poderia levar insensivelmente ao desprezo ou aversão para com eles. [1475]
Não devemos gozar para sofrer, mas sofrer para melhor gozar. [2014]
Não devemos lamentar os mortos,que já não sentem, mas os vivos, que padecem porque são sensíveis. [2624]
Não devemos proferir palavras nem fazer ação alguma de que nos envergonhemos ou possamos arrepender-nos: o prazer efêmero de semelhantes ditos e atos não compensa os desgostos que depois sentimos, e as exprobrações amargas da consciência que os condena. [2015]
Não disputeis com loucos, ébrios e néscios; a vitória não dá glória, e a derrota é vergonhosa. [1722]
Não é a fortuna que falta aos homens, mas a perícia e juízo em aproveitá-la quando ela nos visita. [530]
Não é a fortuna, mas juízo somente, o que falta a muita gente. [399]
Não é boa a vista que mostra os objetos dobrados, nem seguro o entendimento que exagera as opiniões e doutrinas. [2123]
Não é dificultoso governar um povo religioso. [1431]
Não é este mundo concreto e material que assusta os homens, mas o fantástico, abstrato e ideal, que eles mesmos criaram e imaginaram. [2806]
Não é livre quem não tem suficiente inteligência para haver ou defender a liberdade. [609]
Não é menos funesto aos homens um superlativo engenho, do que às mulheres uma extraordinária beleza: a mediocridade em tudo é uma garantia e penhor de segurança e tranqüilidade. [15]
Não é o morrer que dói, mas o viver padecendo. [2647]
Não é raro aborrecermos aquelas mesmas pessoas que mais admiramos. [778]
Não é sábio quem não é justo: a sabedoria é a excelência moral reunida á intelectual. [3001]
Não empresteis o vosso nem o alheio, não tereis cuidados nem receio. [488]
Não emprestes, não disputes, não maldigas, e não terás de arrepender-te. [500]
Não existindo no Universo mais que inteligência e matéria, esta é destinada e constituída para significar e simbolizar a primeira. [413]
Não há beleza material que não expresse uma idéia, pensamento ou sentimento moral. [1337]
Não há castigo verdadeiramente justo entre os homens, sendo impossível calcular perfeitamente a sensibilidade e inteligência dos delinqüentes e ofendidos. [1708]
Não há ciência que exalte e humilhe mais o orgulho dos homens que a Astronomia. [1081]
Não há cousa mais fácil que vencer os outros homens, nem mais difícil que vencer-nos a nós mesmos. [445]
Não há desordem neste mundo, se a houvesse já não existira: a ordem é conservadora, a desordem destruidora. [3009]
Não há escravidão pior que a dos vícios e paixões. [473]
Não há homem que não deseje ser absoluto, aborrecendo cordialmente o absolutismo em todos os outros. [523]
Não há inimigo desprezível, nem amigo totalmente inútil. [550]
Não há lugar vazio na imensidade do espaço, Deus tudo enche e ocupa com a plenitude do seu Ser Infinito, e a soma ilimitada das suas obras infinitamente variadas e assombrosas. [2646]
Não há maior nem pior tirania que a dos maus hábitos inveterados. [336]
Não há pessoa tão feia que não descubra alguma beleza na sua própria fealdade. [1585]
Não há protetor de mais fácil acesso do que Deus: está presente sempre em todo o tempo e lugar para ouvir as nossas deprecações e rogativas. [1605]
Não há sabedoria, mas pode haver ciência sem juízo. [1887]
Não há sujeição igual à que sofrem as pessoas bem educadas e polidas na companhia de homens malcriados, grosseiros e vilãos. [1361]
Não há tolo constantemente tolo, nem velhaco sem remissão e intermitência. [1529]
Não há uma resposta mais racional sobre a variedade assombrosa de opiniões científicas, morais, políticas, religiosas, idiomas, caracteres, modas, usos e costumes dos homens, do que dizer-se. Deus assim o quis e o quer. O gênero humano é realmente o que Deus quis que ele fosse. [3047]
Não há verdadeiro heroísmo sem religião, ela só é capaz pelo incentivo de um prêmio eterno de persuadir aos homens os maiores sacrifícios dos bens deste mundo e da própria vida. [1541]
Não haveria História mais insípida e insignificante que a dos homens, se todos tivessem juízo. [92]
Não interrompemos a quem nos louva mas aos que nos censuram, acusam ou contradizem. [1606]
Não invejemos os que sobem muito acima de nós: a sua queda será muito mais dolorosa do que a nossa. [477]
Não lamentamos de ordinário a morte dos outros, senão porque sugere ou desperta a idéia da nossa própria. [1308]
Não mudamos sonhando de caráter, reconhecemos nos sonhos a nossa identidade. [2414]
Não nos arrependemos porque erramos ou fizemos o mal, mas porque sofremos ou receamos sofrer em conseqüência dele. [1289]
Não nos esqueçamos um só dia de Deus: o Autor da memória não se esquece um só instante de nós. [1767]
Não nos gloriemos de saber mais que os outros, com idênticas circunstâncias eles saberiam talvez mais do que nós. [1115]
Não obstante a extinção do paganismo, ainda há muita gente que adora a Deusa Fortuna. [771]
Não perguntemos a um ou a muitos o que convém a todos, seríamos mal informados pelo egoísmo dos informantes. [1540]
Não pode haver dois infinitos; se o bem é tal, o mal é temporário e limitado. [2613]
Não podemos acumular todos os bens nem todos os males da vida humana. [2682]
Não podemos conceber um mundo diverso deste em que vivemos; contudo são inumeráveis os que existem, inteiramente diferentes: uma variedade ilimitada caracteriza a infinita sabedoria do Ser eterno e incompreensível que os criou. [2925]
Não podemos deixar de ser difusos com os ignorantes, mas devemos ser concisos com os inteligentes. [644]
Não podemos fitar os olhos no sol, nem o pensamento em Deus, sem que fiquem deslumbrados. [78]
Não podemos imaginar um sentido diverso dos que temos, havendo aliás inumeráveis outros de que gozam criaturas de mais alta jerarquia e compreensão, sendo por isso incomparavelmente mais inteligentes e felizes do que somos ou podemos ser. [3090]
Não podemos imaginar um unindo sem males, nem criaturas vivas impassíveis: faltando o motivo de ação e movimento espontâneo não haveria liberdade nem escolha, virtude nem mérito, nem ofício, emprego ou modo de vida que os ocupasse: a inércia dos corpos inorgânicos seria a sua sorte e estado habitual. [2971]
Não podemos promover e zelar o nosso interesse individual sem cooperar direta ou indiretamente para o geral: não há egoísmo absoluto. [2611]
Não podemos separar-nos nem perder-nos de Deus: existimos e vivemos na sua Imensidade. [1855]
Não podemos ter uma felicidade absoluta, com uma inteligência limitada, são necessários contrastes que assinalem e façam distinguir os bens e avaliá-los como tais: os males produzem este efeito. [3021]
Não podendo fazer-nos imortais, cuidemos em produzir obras tais que perpetuem a nossa memória com louvor na geração presente e nas futuras. [2632]
Não podendo imaginar espíritos sem corpos organizados que os ponham em relação com o Universo material, demonstrador dos Divinos atributos pelas maravilhas sem conto que compreende, devemos supor que os bem-aventurados têm uma inteligência transcendente que os abriga e defende dos males a que a sua sensibilidade corporal os expõe e sujeita. [3082]
Não procureis o juízo prático nas academias, universidades, sociedades científicas e literárias, achá-lo-eis em primeira mão entre os negociantes e lavradores, nas praças de comércio, e estabelecimentos rurais. [2843]
Não procures a felicidade onde a virtude não tem culto. [1007]
Não provoques o Poder, que ele se tornará cruel e despótico no seu desagravo. [493]
Não queremos pensar na morte, e por isso nos ocupamos tanto da vida. [1750]
Não receamos o cativeiro do amor porque temos segura a nossa liberdade. [772]
Não sabemos avaliar a saúde quando a temos, lamentamos a sua falta quando a perdemos. [2735]
Não são incompatíveis a loucura e a velhacaria: há exemplos de loucos muito velhacos e ardilosos. [790]
Não são incompatíveis muita ciência e pouco juízo. [545]
Não se apaga o fogo com resinas, nem a cólera com más palavras. [570]
Não se devem conferir os empregos importantes aos primeiros candidatos que se apresentam, estes são ordinariamente os mais ligeiros de pés e menos graves de cabeça. [1069]
Não se entende o que seja desordem no Universo e nos mundos que compreende; se tal houvesse, deixariam de ser o que são, e acabaria a criação universal. [2944]
Não se pergunta ordinariamente o motivo porque nos rimos, mas porque choramos: o riso é tão freqüente e vulgar, que não causa novidade. [2838]
Não se reconhece tanto a ignorância dos homens no que confessam ignorar, como no que blasonam de saber melhor. [346]
Não se servem com honra, perícia e integridade os empregos que se alcançam com lisonjas, baixezas e cabalas. [1577]
Não somos sempre o que queremos, mas o que as circunstâncias nos permitem ser. [527]
Não subais tão alto que a queda seja mortal. [499]
Não tem limites a audácia e desembaraço nos velhacos quando se reconhecem bem conhecidos. [1510]
Não tem permanência a virtude que não provém da inteligência. [1142]
Não toleramos de bom grado a felicidade alheia quando nos reconhecemos por infelizes. [1200]
Não tomeis o trabalho nem o risco de vingar-vos, é provável que sejais injusto no vosso desagravo; consignai à ordem moral a vossa vingança; não ficareis inultos, e esta será justa sem excesso nem defeito. [1257]
Não vemos os defeitos de quem amamos, nem os primores dos que aborrecemos. [873]
Nas campanhas da vida humana, a virtude é a nossa melhor aliada. [999]
Nas cortes pequenos acidentes produzem grandes acontecimentos. [2777]
Nas cortes quem não lisonjeia, pouco granjeia. [2486]
Nas cortes, como na natureza, os reptis e lagartas se transformam em voláteis e borboletas. [1890]
Nas maiores companhias temos a menor liberdade; somos plenamente livres quando estamos sós. [1505]
Nas matérias mais graves e importantes a opinião geral não é sempre a mais ajustada e racional, tem todavia a seu favor a força muscular que a defende e lhe confere uma autoridade irresistível. [2967]
Nas monarquias a cabeça rege os membros, nas democracias são os membros que governam o corpo. [2421]
Nas monarquias as revoluções na corte e ministérios são tão freqüentes como raras entre os povos; aquelas dependem da vontade de uma ou poucas pessoas, as populares do concurso de inumeráveis individualidades. [2745]
Nas revoluções as subidas são tão aceleradas como as descidas precipitadas. [1698]
Nas revoluções dos povos a insignificância é a maior garantia da segurança pessoal. [516]
Nas revoluções é fácil a aquisição do título de grande homem: audácia, arrojo, atividade, impudência e velhacaria são documentos suficientes. [1161]
Nas revoluções políticas os povos ordinariamente mudam de senhores sem mudarem de condição. [44]
Nas revoluções populares agrava-se o mal dos povos pela retirada, silêncio ou reserva dos homens de juízo, prudência e sabedoria, e a apresentação tumultuosa dos néscios, intrigantes e aventureiros que aspiram a substituí-los nos lugares e empregos do Estado. [1538]
Nas revoluções populares ou de anarquistas surgem de repente com vida efêmera os falsos heróis e grandes homens, como nos estrumes e madeiras podres volumosos cogumelos. [2692]
Naturalmente nos alegramos com a morte dos avarentos, como se fôramos seus herdeiros ou legatários. [735]
Navegamos em um arquipélago de erros e ilusões, uma Providência misteriosa nos guia para que não naufraguemos a cada instante. [1813]
Navegando no arquipélago proceloso da vida não devemos perder de vista o porto do nosso destino. [2670]
Nem o extraordinário está fora da ordem, nem o sobrenatural fora da Natureza; com estes termos queremos significar a raridade ou menos freqüência dos objetos, sucessos e fenômenos deste inundo. [2947]
Nenhum governo é bom para os homens maus. [235]
Nenhum homem é cópia de outro: cada um é original na sua fisionomia, constituição, caráter e inteligência. [1167]
Nenhum homem é tão bom como o seu partido o apregoa, nem tão mau como o contrário o representa. [849]
Nenhum homem se considera tão ignorante como aquele que mais sabe. [1043]
Nenhum mundo existe estacionário, há em cada um uma evolução de novos entes, produtos, casos e acidentes que lhe dá uma novidade sucessiva, sujeita às leis gerais da sua estrutura, formação e destinação. [2848]
Nenhum senhorio é tão absoluto como o que conferem os povos aos tiranos de sua escolha. [1343]
Nenhum sucesso é sobre-humano, ou extramundano: tudo o que observamos no jogo social, moral e político das nações é o que deve ser segundo a constituição, natureza e destinação do gênero humano no sistema deste mundo. [2590]
Nenhum tempo e nenhum lugar nos agradam tanto como o tempo que não existe, e o lugar em que não estamos. [763]
Nenhuma religião tem a seu favor a maioria do gênero humano, a qual professa cultos diversos e adversos. [2456]
Neste mundo fenomenal o homem é tão mudável como a mesma natureza. [515]
Neste mundo sexual a união é produtiva, a desunião infecunda e ruinosa. [600]
Ninguém ama por obediência, mas por sentimento e inclinação. [1046]
Ninguém avalia tão caro o nosso merecimento como o nosso amor-próprio. [767]
Ninguém conhece melhor os seus interesses do que o homem virtuoso; promovendo a felicidade dos outros assegura também a própria. [1362]
Ninguém considera a sua ventura superior ao seu mérito, mas todos se queixam das injustiças dos homens e da fortuna. [7]
Ninguém despreza tanto os homens e os povos como aqueles que mais os lisonjeiam. [230]
Ninguém deve recear-se tanto da desgraça como aquele que se acha elevado à maior ventura. [2182]
Ninguém diz tanto mal de nós como a própria consciência. [1913]
Ninguém é mais liberal em louvar os outros homens do que aqueles que são mais dignos de ser louvados. [1550]
Ninguém é tão exagerado em suas pretensões como aquele que menos merece ser atendido pela sua incapacidade ou indignidade. [2536]
Ninguém é tão mau na ação e na praxe como o pode ser no pensamento. [1290]
Ninguém é tão prudente em despender o seu dinheiro como aquele que melhor conhece as dificuldades de o ganhar honradamente. [564]
Ninguém é tão solícito e diligente em requerer empregos como aqueles que menos os merecem. [576]
Ninguém goza tanto deste mundo como aquele que melhor o conhece e admira. [2069]
Ninguém nos aconselha tão mal como o nosso amor-próprio, nem tão bem como a nossa consciência. [218]
Ninguém nos lisonjeia tanto como o nosso amor-próprio, nem nos argúi com mais perseverança do que a própria consciência. [320]
Ninguém poderia viver se não receasse morrer. [3008]
Ninguém quer passar por tolo, antes prefere parecer velhaco. [405]
Ninguém resiste à lisonja sendo administrada oportunamente, com a perícia e destreza de um hábil adulador. [653]
Ninguém se conhece tão bem como aquele que mais desconfia de si próprio. [806]
Ninguém se conhece tão bem como conhece algum dos outros homens. [1323]
Ninguém se gaba de ter juízo ou virtude: todos sabem que cada qual presume o mesmo de si, e não o acredita facilmente dos outros. [2185]
Ninguém se queixa tanto dos males da vida humana como aqueles que têm menos motivos de queixar-se: a felicidade os tornou tão suscetíveis e melindrosos, que o menor incômodo, dor ou contradição, os impele a queixumes intermináveis. [331]
Ninguém se rende à morte senão por vencido. [952]
Ninguém se vinga com tanto primor como aquele que, havendo perdoado, se converte em benfeitor. [874]
No banquete da natureza os comensais se sucedem; a morte exclui a uns, a vida chama e admite a outros. [892]
No estudo da Natureza erramos ordinariamente inferindo mais do que ela inculca nos seus fenômenos e produções. [2779]
No grande mercado deste mundo os erros se vendem por verdades, e os vícios se inculcam por virtudes. [1877]
No jogo da vida humana os homens baralham as cartas, mas é Deus que as distribui. [1786]
No jogo e baralho do gênero humano cada pessoa representa a figura de uma carta original, especial e sem igual. [3056]
No laboratório da natureza a vida organiza, a morte pulveriza. [1912]
No laboratório da natureza, a vida e a morte são os dois grandes produtos e instrumentos da sua atividade e operações. [1373]
No quadro da vida humana o que mais se deve admirar e estudar é o claro-escuro do bem e do mal. [2973]
No sistema concreto e material do Universo não há vida sem corpo, nem morte sem a sua desorganização essencial. [2994]
No teatro deste mundo todos os atores e bailes são mascarados. [1766]
No teatro deste mundo, sendo atores em quanto moços, devemos ser espectadores depois de velhos. [1852]
No tempo d'agora ninguém quer ser governado, porque todos aspiram e se crêem hábeis para governar. [452]
No trato da vida humana é mais importante a parcimônia nas palavras que no dinheiro. [72]
Nobre e ilustrada é a ambição que tem por objeto a sabedoria e a virtude. [18]
Nos altos empregos os grandes homens parecem ainda maiores; mas os pequenos figuram de mais diminutos. [1119]
Nos anfiteatros da antiguidade brigavam os animais para divertirem os homens, presentemente nos salões parlamentares rixam os doutores para entreterem os néscios. [2120]
Nos crimes denominados políticos os mais ativos advogados dos réus são os seus próprios cúmplices e auxiliares. [2530]
Nos governos fracos ou mal constituídos, os ambiciosos e anarquistas especulam em insurreições e rebeliões esperançados na impunidade, anistias e cumplicidade de muita gente associada aos seus planos subversivos e revolucionários. [2620]
Nos homens e nações a maior independência pressupõe superior inteligência. [1255]
Nos moços predomina a força centrífuga, mas nos velhos a centrípeta; daqui a mobilidade de uns, a inércia e imobilidade dos outros. [562]
Nos nossos votos aos céus, o artigo que mais nos falta é aquele que menos nos lembra pedir: juízo. [1570]
Nos partidos políticos a calúnia é moeda corrente que circula sem o menor escrúpulo nem reserva. [893]
Nos velhos a ambição de poder e dominação é comparavelmente mais atroz e violenta que nos moços: estes podem esperar, aqueles não querem perder tempo. [1731]
Nunca agradecemos com tanto fervor como quando esperamos um novo favor. [805]
Nunca apreciamos devidamente o trabalho dos outros, mas sempre exageramos o valor do nosso. [582]
Nunca avaliamos melhor os bens da vida, senão quando infelizmente os havemos perdido: somos mais exatos em calcular os nossos males do que em apreciar a nossa própria felicidade. [1204]
Nunca devemos recear-nos tanto de nós mesmos como quando gozamos de maior e mais ampla liberdade. [1170]
Nunca erramos o caminho da felicidade, quando nos guiamos pelo itinerário da virtude. [789]
Nunca esperem os anarquistas chegando ao poder, governar tranqüilamente; os maus exemplos que deram e as más doutrinas que inculcaram reverterão sobre eles e contra eles. [1070]
Nunca falta força a quem sobeja inteligência: a ignorância é sempre fraca e impotente. [1619]
Nunca falta matéria para o nosso estudo: achamos em nós mesmos um mundo inteiro para explorar e ocupar-nos. [1719]
Nunca falta um cão que nos ladre, nem um Zoilo que abocanhe os nossos escritos e nos acuse de plagiários. [1985]
Nunca nos cremos bastantemente ricos, porque sabemos que a riqueza é tão fácil de gastar-se como difícil de adquirir-se. [1051]
Nunca nos esquecemos de nós, ainda quando parecemos que mais nos ocupamos dos outros. [356]
Nunca os louvores que damos são gratuitos; sempre temos em vista alguma retribuição por este sacrifício do nosso amor-próprio. [215]
Nunca os povos são tão mal governados como quando muita gente se encarrega de governá-los. [2771]
Nunca os povos sofrem tanto como quando se fala mais em liberdade e menos em virtude e obediência. [977]
Nunca os sábios se acham mais ocupados como quando parecem mais distraídos e sedentários. [1903]
Nunca perdemos de vista o nosso interesse, ainda mesmo quando nos inculcamos desinteressados. [737]
Nunca pioramos de fortuna quando melhoramos de conduta. [948]
Nunca recorremos a Deus em vão: a sua proteção é misteriosa, mas eficaz e indefectível. [1896]
Nunca se acha tanta ignorância como nas pessoas que presumem saber mais do outro mundo do que deste. [2570]
Nunca se devem desprezar as advertências dos pilotos velhos que por muitos anos freqüentaram a carreira da vida humana. [1216]
Nunca sofremos grátis: as lições da dor e aflição ilustram quase sempre o nosso entendimento ou melhoram a nossa vontade. [1595]