Máximas, Pensamentos e Reflexões
do
Marquês de Maricá
Introdução
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P
Para agradar a todos fora necessário poder identificar-nos com cada um, o que não é possível. [2619]
Para bem conhecer os homens, é necessário primeiramente vê-los e praticá-los de perto, e depois estudá-los e meditá-los de longe. [988]
Para bem falar, não é o saber que falta a muitas pessoas, mas a protérvia e a filáucia da ignorância. [79]
Para bem geral dos homens é necessário que eles estejam convencidos desta grande verdade, que Deus está presente a tudo, que conhece os nossos pensamentos e intenções mais secretas com os motivos das nossas ações, e que pela ordem física e moral nos premeia ou castiga conforme a bondade ou malignidade dos nossos atos. [2949]
Para bem julgar não basta sempre ver, é necessário olhar; nem basta ouvir, é conveniente escutar. [330]
Para bem viver importa muito saber sofrer e abster-se. [1102]
Para bom regime dos povos, os moços devem ser a força dos velhos e estes o conselho dos moços. [1726]
Para colhermos uma verdade tropeçamos em mil erros. [1511]
Para mereceres o nome de forte, respeita e protege os fracos. [1581]
Para não desagradarmos nas companhias devemos freqüentes vezes figurar de cegos, surdos, mudos, tolos, néscios, ou idiotas. [1854]
Para não ofendermos em nossos escritos a opinião pública dos contemporâneos, expomo-nos a figurar de tolos e ignorantes na posteridade. [1943]
Para nos desencantarmos da terra florida convém que olhemos freqüentes vezes para o Céu estrelado. [2427]
Para o homem brioso e agradecido, os benefícios recebidos vencem juros cada dia. [1256]
Para o homem brioso e agradecido» os benefícios recebidos vencem juros cada dia. [1215]
Para o sábio tudo é ordem, o néscio acha desordem em tudo. [2668]
Para os sábios é Providência Divina o que os néscios apelidam fado, sorte, fortuna, acaso e destino. [1745]
Para os velhacos a palavra não é meio de manifestar os seus pensamentos, mas de os encobrir e disfarçar. [1715]
Para que houvesse uma história geral do gênero humano tão variada como existe era necessário e indispensável que os homens fossem tais como têm sido, são e hão de ser. [2918]
Para quem ama e teme a Deus, não há neste mundo completa desgraça. [1148]
Partilhamos o louvor que damos sendo justo e merecido. [1599]
Passamos a vida a invejar-nos, e por fim invejosos e invejados todos perecem. [521]
Passei e vi o mau exaltado e triunfante, regressei depois, e já não achei vestígios da sua existência abominosa. [2152]
Pelas leis gerais da ordem física e moral os homens, os governos e as nações têm a sorte e vicissitudes que merecem. [2517]
Pensando que nos determinamos a nós mesmos, somos levados de ordinário e insensivelmente pela torrente das circunstâncias que nos dominam com um poder mágico irresistível. [1542]
Pequenos cuidados afugentam idéias e pensamentos. [1137]
Pequenos, mas freqüentes obséquios nos granjeiam mais amigos que grandes, porém raros benefícios. [1948]
Perante um auditório de tolos os velhacos tornam-se facundos, e os doutos silenciosos. [896]
Perdemo-nos na imensidade porque fomos formados somente para a localidade. [2796]
Perdemo-nos no abstraio quando nos alongamos do concreto. [1762]
Perdem-se e desaparecem nos grandes empregos os pequenos homens. [590]
Perdoamos mais vezes aos nossos inimigos por fraqueza, que por virtude. [701]
Perguntei ao sol no Oriente, quem te deu tamanho brilho? Respondeu-me: Aquele mesmo Ser que te prendou com esses olhos que me avistam e admiram. [2991]
Perpetuamos a nossa vida em nossos filhos, obras e escritos. [2159]
Personalizamos alguns nomes coletivos, e lhes tributamos uma veneração e respeito que não merecem as individualidades que neles se compreendem. [1484]
Pode avaliar-se o caráter das pessoas pela maneira porque tratam os animais domésticos, próprios ou alheios. [2763]
Pode avaliar-se o estado moral e intelectual das nações pelas pessoas a quem liberalizam o título de grandes homens. [2653]
Pode haver e é provável que haja nos outros sistemas e mundos criaturas vivas, que não sendo impassíveis pela sua organização corporal, se tornem tais pela sua superior inteligência. [2691]
Podem os bons não alcançar louvores, mas nunca faltam queixas contra os maus. [1825]
Podemos consolar-nos de ser mortais, não há exceção na lei geral. [2674]
Podemos dizer que espiritualizamos a matéria e materializamos o espírito: no primeiro caso idealizando os céus, a terra e tudo quanto nela se contém; e no segundo dando figura e corpo aos nossos pensamentos, afetos e concepções morais e intelectuais. [1544]
Podemos perdoar afoutamente aos nossos inimigos, na certeza de que os seus mesmos vícios ou defeitos nos hão de vingar. [712]
Podemos reunir todas as virtudes, mas não acumular todos os vícios. [201]
Podemos subtrair-nos às vistas dos homens, mas não aos olhos de Deus, mais numerosos do que estrelas têm os céus e flores a terra. [1798]
Podemos tornar-nos menos passíveis neste mundo promovendo a nossa inteligência pelo estudo, ciência, experiência e virtudes, conhecendo melhor a natureza dos males e suas fontes, e podendo conseqüentemente preveni-los, removê-los, neutralizá-los e transformá-los em bens. [2700]
Podemos ver e conhecer de algum modo a Deus pelos nossos sentidos, estudando e admirando as suas obras; mas quando queremos elevar-nos ao estudo e compreensão da sua essência e natureza, o nosso espírito se confunde, desatina, e se perde na sua imensidade. [2770]
Poderíamos existir eternamente aprendendo sempre, sem nunca se exaurir a matéria do saber: tal é a sabedoria infinita de Deus, a imensidade do espaço e das suas obras!. [1269]
Pode-se graduar a civilização de um povo pela atenção, decência e consideração com que as mulheres são educadas, tratadas e protegidas. [1631]
Por mais sagaz que seja o nosso amor-próprio, a lisonja quase sempre o engana. [760]
Por melhor que seja o resultado de uma revolução, é ordinariamente a gente má, turbulenta e ambiciosa, que a faz ou a promove. [2923]
Por uma condição da natureza humana cada pessoa em sociedade trabalhando para si, trabalha também necessariamente para ela. [2439]
Pouca inteligência dirige, coordena e senhoreia muita força. [2096]
Poucas das pessoas que condenamos nos pareceriam culpadas, se pudéssemos conhecer perfeitamente todas as circunstâncias que precederam, acompanharam, influíram ou determinaram a conduta que julgamos digna de censura ou de castigo. [1254]
Poucas mulheres se reconhecem feias, nenhum homem tolo. [775]
Pouco dizemos quando o interesse ou a vaidade não nos faz falar. [812]
Pouco espírito inutiliza muito saber. [528]
Pouco mal faz esvaecer muitos bens. [1172]
Pouco nos importa saber porque gozamos, mas interessa-nos muito conhecer as causas dos nossos males para os prevenir ou remover: daqui provém que a desgraça nos instrui muito mais do que a ventura. [1453]
Pouco saber exalta o nosso amor-próprio, muito saber o humilha. [332]
Pouco valem os preceitos e conselhos da sabedoria sem as lições incisivas e penosas da experiência. [1910]
Poupai o tempo mais que tudo, o que passou não torna mais. [1650]
Povo sem juízo, lealdade e religião, vive sempre em revolução. [1891]
Povo sem lealdade não alcança estabilidade. [1770]
Povos há que não são originais em cousa alguma, mas copistas servis, ou ridículas caricaturas das nações estrangeiras. [2448]
Pressuposta a nossa vaidade, raras vezes as ações que praticamos em segredo têm o cunho de morais e virtuosas. [1150]
Procurais um patrono? tende-lo presente: é Deus, que com dar muito não empobrece, e com durar séculos e milênios não morre: a sua bondade é infinita, e a sua liberalidade inexaurível. [1866]
Purificai os vossos pensamentos, e as vossas palavras e ações serão tão puras como eles. [1291]