DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS

Compilado por HENERIK KOCHER

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C3: 401-600

401. Catulus leonem allatrans. [W.Robertson, A Dictionary of Latin Phrases 93; Rezende 706] É um cãozinho ladrando para um leão. É um fraco abusado. VIDE: Aquilam cornix lacessit. Aquilam cornix provocat. Cum diva est ausus sus decertare Minerva. Fluvius cum sis, cum mari contendis. Sus cum sis, cum Minerva contendis.

402. Cauda de vulpe testatur. [Erasmo, Adagia 1.9.35] A raposa se conhece pela cauda. Cauda vulpem demonstrat. [Schottus, Adagia 281] A cauda denuncia a raposa. VIDE: A digito cognoscitur leo. E fimbria de texto iudicatur.

403. Cauda tenes anguillam. [Erasmo, Adagia 1.4.94] Seguras a enguia pela cauda. Quem segura enguia pelo rabo e mulher pela palavra, nada segura. VIDE: Anguillam cauda teneo. Anguillam cauda capessis. Non tenet anguillam, per caudam qui tenet illam.

404. Caudae pilos equinae paulatim velles. [Erasmo, Adagia 1.8.95] Arranca pouco a pouco os pelos da cauda do cavalo. A mor pressa é o mor vagar.

405. Caudam inter crura subicit. [Grynaeus 695] Enfiou o rabo entre as pernas.

406. Caudam trahere. Trazer um rabo. (=Ser objeto de mofa). VIDE: Ille qui te deridet caudam trahit.

407. Causa aliqua subest. [DAPR 320] Existe alguma coisa oculta. Debaixo desse angu há carne. Aqui há gato escondido.

408. Causa belandi est amor. [Sêneca, Hercules Oetaeus 424] O amor é causa de lutas.

408a. Causa calamitatum omnium nimia felicitas. A sorte excessivamente favorável é a causa de todos os desastres.

409. Causa causae est causa causati. [Jur / Black 291] A causa de uma causa é a causa da coisa causada. (=A causa da causa deve ser considerada também como a causa do efeito). Causa causantis, causa est causati. [Jur / Black 291] A causa de uma coisa que causa, é a causa do efeito.

410. Causa causans. [Jur / Black 291] A causa determinante. (=O último elo da cadeia da causalidade). VIDE: Causa proxima.

411. Causa causata. A causa que é resultado de uma causa anterior.

412. Causa celebrationis. A causa da comemoração.

413. Causa cessante, cessat effectus. [Rezende 713] Cessando a causa, cessa também o efeito. VIDE: Cessante causa, cessat et effectus. Cessante causa, tollitur effectus. Effectus durat, durante causa. Finita causa, cessat effectus. Sublata causa, tollitur effectus.

414. Causa cognita. A causa conhecida. Por causa conhecida.

415. Causa cognoscitur ab effectu. [Jur] Conhece-se a causa pelo efeito.

416. Causa contentiosa. [Jur] Causa contestatória.

417. Causa criminalis non praeiudicat civili. [Jur] A causa criminal não causa prejuízo à civil.

418. Causa debendi. [Jur] A causa da dívida.

419. Causa debet praecedere effectum. [Rezende 715] A causa deve preceder o efeito. Causa debet praecedere ipsum effectum.

420. Causa detentionis. [Jur] A causa da detenção.

421. Causa donandi. [Jur] A causa da doação.

422. Causa efficiens. A causa efetiva.

423. Causa efficiens matrimonii est mutuus consensus. [Jur] A causa eficiente do casamento é o mútuo consentimento.

424. Causa essendi. A causa de ser.

425. Causa est ratio per quam aliquid datur vel fit. [Jur] A causa é a razão pela qual se dá ou se faz alguma coisa.

426. Causa facit rem dissimilem. [Juvenal, Satirae 8.214] É a causa que distingue uma ação de outra.

427. Causa fiendi. A causa de tornar-se.

428. Causa finalis. A causa final.

429. Causa finita est. A questão está encerrada.

430. Causa formalis. A causa formal.

431. Causa iubet melior superos sperare secundos. [Lucano, Bellum Civile 7.349] A melhor causa manda ter esperança nos deuses favoráveis.

432. Causa latet, mala nostra patent. [Ovídio, Heroides 21.55] A causa é desconhecida, os nossos males são conhecidos.

433. Causa latet, vis est notissima. [Ovídio, Metamorphoses 4.287] A causa é desconhecida, mas o efeito é muito conhecido.

434. Causa levis litem debet habere brevem. [Jur / L.Volkmar, Paroemia et Regulae Juris 466] Pequena causa deve ter disputa breve.

435. Causa mali. A causa do mal.

436. Causa materialis. A causa material.

437. Causa mortis. A causa da morte.

438. Causa mortis donatio. Doação por morte. VIDE: Donatio mortis causa.

439. Causa movens. A razão para realizar-se determinada ação.

440. Causa multis moriendi fuit morbum suum nosse. [Sêneca, De Brevitate Vitae 18.6] Para muitos a causa da morte foi conhecer a própria doença.

441. Causa obligationis. [Jur] A causa da obrigação.

442. Causa patet. [Jur / Black 291] A razão é óbvia. A causa é evidente.

443. Causa patrocinio non bona, peior erit. [Ovídio, Tristia 1.1.26] A causa má se torna pior quando se faz sua defesa.

444. Causa paupertatis plerumque probitas est. Na maioria das vezes, a honestidade é a causa da pobreza. Causa ei paupertatis sicut plerisque probitas erat. [Quinto Cúrcio, Historiae 4.1.20] A honestidade foi-lhe, como a muitos outros, causa de sua pobreza.

445. Causa pendet ex causa. Uma causa está presa a outra. Uma questão puxa outra. Causa pendet ex causa, privata ac publica longus ordo rerum trahit. [Sêneca, De Providentia 5.7] Uma causa está presa a outra, e uma longa seqüência de eventos arrasta todas as questões privadas ou públicas.

446. Causa perit iusta, si dextera non sit onusta. [J.Wegeler, Philosophia Patrum 127; Rezende 719] Perde-se a causa justa, se a mão não estiver recheada. Sem dinheiro, nada se alcança. Não há cerradura, se de ouro é a gazua. Quem não tem dinheiro, não tem razão. VIDE: Absque argento omnia vana.

447. Causa petendi. [Jur] A causa do pedido.

448. Causa proxima. [Jur / Black 291] A causa imediata. A causa inicial. VIDE: Causa causans.

449. Causa proxima, non remota, spectatur. [Broom 180] É a causa imediata que se considera, não a remota. Causa proxima magis attenditur quam non remotar. VIDE: In iure non remota causa sed proxima spectatur.

450. Causa remota. [Jur / Black 292] A causa remota.

451. Causa secunda. A causa secundária.

452. Causa sine qua non. [Jur / Black 292] A causa sem a qual não. (=Uma condição indispensável). VIDE: Sine qua non.

453. Causa traditionis. [Jur] A causa da entrega. Por causa da tradição.

454. Causa turpis. [Jur / Black 292] Uma causa torpe.

455. Causa vera. Uma causa verdadeira.

456. Causae aestimatio saepe morbum solvit. [Celso, Medicina 1] O conhecimento da causa freqüentemente elimina a moléstia.

457. Causae eventorum magis movent quam ipsa eventa. [Cícero, Ad Atticum 9.5.2] As causas dos acontecimentos comovem mais do que os próprios acontecimentos.

458. Causam tuam tracta cum amico tuo. [Vulgata, Provérbios 15.15] Trata teus negócios com teu amigo.

459. Causas agam Cicerone disertius ipso. [Marcial, Epigrammata 3.38.3] Defenderei a causa com mais eloqüência do que o próprio Cícero.

460. Causidicos, scribas, medicos vitare memento. [Pereira 102] Lembra-te de evitar os advogados, os escreventes e os médicos. Deus te guarde do párrafo do legista, do infra do canonista, do etcétera do escrivão e do récipe do mata-são.

461. Causidicum vendit purpura. [Binder, Thesaurus 462] O luxo recomenda o advogado. A roupa faz o homem. Quem anda mal vestido, é mal recebido. VIDE: Ex habitu colligitur persona hominis. Habitus virum indicat. In vili veste nemo tractatur honeste. Ne neglegas amiculorum consuetudinem. Nobilitat stultum vestis honesta virum. Obscurum vestis contegit ampla genus. Plebs bene vestitum stultum putat esse peritum. Purpura vendit causidicum. Speciosae plumae avem speciosam constituunt. Vestis virum facit. Vestis virum reddit. Vir bene vestitus pro vestibus videtur peritus. Vir ita suscipitur, ut vestitus incedit.

462. Causidicus lites, sed vinitor undique vites, vulnus amat medicus, presbyter interitus. [Binder, Thesaurus 463] O advogado ama as lides, mas o vinhateiro quer vinhas por todos os lados; o médico ama os ferimentos, e o padre ama os funerais.

463. Caute, si non caste. Com cautela, se não com castidade. Se não fores casto, sê cauto. VIDE: Nisi castus, saltem cautus. Nisi caste, saltem caute. Si non caste, saltem caute. Si non caste, et tamen caute.

464. Cautio fideiussoria. [Jur / Black 293] Caução fidejussória.

465. Cautio pignoratitia. [Jur / Black 293] Caução pignoratícia.

466. Cautio pro expensis. [Jur / Black 294] Caução por despesas. Cautio pro expensis iudicialibus. [Jur] Caução por despesas judiciais.

467. Cautis prodesse pericla aliorum solent. [Binder, Thesaurus 465] Os perigos dos outros beneficiam os cautelosos. O tolo aprende à sua custa, e o avisado, à custa do tolo.

468. Cauto et timido nulla procella nocet. [Gaal 1613] Nenhuma tempestade prejudica o cauteloso e o medroso. Cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém.

469. Cautus metuit. [Eiselein 375] O avisado tem medo. O prevenido procede seguro. Cautus metuit foveam lupus. O lobo cauteloso tem medo de armadilha. Macaco velho não trepa em galho seco. Cautus enim metuit foveam lupus, accipiterque suspectos laqueos, et opertum milvius hamum. [Horácio, Epistulae 1.16.50] O lobo cauteloso teme a caverna, e o gavião, os laços supeitos, e o milhafre, o anzol oculto. VIDE: Annosa vulpes haud capitur laqueo.

470. Cave! Cuidado!

471. Cave a commercio potentium: habe commercium cum aequalibus. [Grynaeus 205] Evita negócios com os poderosos: faze negócios com teus iguais. Com teu amo não parta as peras, pois ele come as maduras e te deixa as verdes. VIDE: Cave virum maiorem. Cavendum a potentiore. Cum domino cerasum res est mala mandere servum. Cum viro potentiore ne communica. Difficile est multum cerasis cum principe vesci. Fuge lites cum viro maiore. Fuge procul a viro maiore. Habeas nunquam magno cum principe litem. Ne fortem societ fragilis, nam fragili fidus nesciet esse potens. Non tibi sit negotium cum maioribus te. Pauperior caveat sese sociare potenti. Pauperior caveat sese sociare potenti, namque fides illi cum parili melior. Pondus super se tollet qui honestiori se communicat. Potentioris societatem fuge. Qui te fortior est, hunc tu vitare memento. Tollunt matura, et tibi proiciunt dura.

472. Cave a consequentariis. [Rezende 727] Desconfia daqueles que esmiuçam muito. (=Cuidado com o excesso de raciocínios).

473. Cave a signatis. Cuidado com as pessoas diferentes. A homem ruivo e a mulher barbuda de longe os saúda. VIDE: Cavete ab iis quos natura signavit.

474. Cave ab eo quem non novisti. [Erpênio / Rezende 726] Cuidado com quem não conheces. Não te fies, se não queres ser enganado. Cave ab eo quem non nosti.

475. Cave ab homine unius libri. [Maloux 306] Cuidado com o homem de um só livro. (=Não disputes com quem conhece profundamente a matéria). Deus me livre do homem de um livro só. VIDE: Timeo hominem unius libri. Timeo virum unius libri. Timeo lectorem unius libri.

476. Cave amicum credas, nisi si quem probaveris. [Publílio Siro] Evita confiar num amigo antes de tê-lo provado.

477. Cave ancillam. Cuidado com a criada. Paredes têm ouvidos.

478. Cave canem. [Petrônio, Satiricon 29] Cuidado com o cão. (=Aviso colocado à entrada das casas). Cave canem ac dominum. [Frase gravada no portão da propriedade de Gabriele d’Annunzio] Cuidado com o cão e com o dono.

479. Cave certamen congredi cum hominibus potentioribus. [Manúcio, Adagia 862] Evitar disputar com homens mais poderosos do que tu.

480. Cave et diligenter attende, ne cum homine malo loquaris. [Sêneca, Epistulae Morales 10.1] Fica atento e toma cuidado para que não tenhas relaçòes com nenhum homem desonesto.

481. Cave furem. Cuidado com o ladrão.

482. Cave ignoscas. Trata de não ignorar. Trata de não perdoar.

483. Cave illum semper, qui tibi imposuit semel. [Publílio Siro] Desconfia sempre daquele que te enganou uma vez. Quem faz uma vez, faz duas e três. Quem uma vez furta, fiel nunca. Só o tolo cai duas vezes no mesmo buraco. VIDE: Aliquando qui lusit, iterum ludet. Canis a corio nunquam absterrebitur uncto. Cavendum ab eo qui semel imposuit. Fallere qui didicit, fallere semper avet. Fides in animum unde abiit vix unquam redit. Improbe Neptunum accusat, qui iterum naufragium facit. Intestina canem semel adgustasse periculum est. Malus semel semper praesumitur malus. Ne credas isti, semel a quo laesus abisti. Periculosum est canem intestina gustasse. Qui semel est malus, is semper praesumitur esse. Qui semel furatur, semper fur est. Qui semel malus, semper malus. Semel malus, semper malus. Taurum tollet, qui vitulum sustulerit.

484. Cave multos, si singulos non times. [Grynaeus 116] Toma cuidado com grupos, se não temes indivíduos. O que um não pode, muitos fazem. Contra dois, nem Hércules. VIDE: Contra duos ne Hercules quidem. Difficile ac durum est, unum compescere multos. Hercules adversus noluit ire duos. Ne Hercules quidem adversus duos. Ne Hercules quidem contra duos. Ne quidem Hercules adversus duos. Nec Hercules contra plures. Noli pugnare duobus. Qui ab uno non potest occidi, a multis occiditur. Time multos, si non times singulos. Uni cum duobus non est pugnandum.

485. Cave ne aliquando peccato consentias, et praetermittas praecepta Dei nostri. [Vulgata, Tobias 4.6] Guarda-te de consentir jamais no pecado e de violar os preceitos de nosso Deus.

486. Cave ne cadas! [Plauto, Mostellaria 319] Cuidado para não caíres. Olho vivo! Quem muito alto vai, de muito alto cai.

487. Cave ne litteras Bellerophontis afferas. [Walther Scott, Waverly Novels 221] Cuidado para que não leves uma carta de Belerofonte. (=Preto, rei de Argos, mandou Belerofonte a seu cunhado Jobate, rei da Lícia, com cartas de recomendação em que, em sinais misteriosos, estava escrita a ordem de matar o portador). VIDE: Bellerophontis litteras tulit.

488. Cave ne nimia mellis dulcedine diutinam bilis amaritudinem contrahas. [Apuleio, Metamorphoses 2.10] Toma cuidado para que com a excessiva doçura do mel não recebas uma duradoura amargura de fel.

489. Cave ne obliviscaris. [Vulgata, Deuteronômio 25.19] Não te esqueças.

490. Cave ne quicquam aspere loquaris. [Vulgata, Gênesis 31.24] Não digas coisas que ofendam.

490a. Cave ne titubes. [Horácio, Epistulae 1.13.19] Cuidado para não tropeçares.

491. Cave quicquam incipias, quod paeniteat postea. [Publílio Siro] Evita começar coisa de que depois te arrependas. Cave ne quidquam incipias quod post paeniteat. [Henderson 53] VIDE: Ne quidquam incipias, quod paeniteat, cave.

492. Cave quid dicis, quando, et cui. Cuidado com o que dizes, quando o dizes, e a quem o dizes.

493. Cave quod est nimium. [Binder, Thesaurus 470] Cuidado com o excesso. Todo excesso prejudica. O que é demais é moléstia. VIDE: Magis offendit nimium quam parum. Moderata laudamus, excessus vituperamus. Nimia pluvia frumentum putrefacit. Omne nimium nocet. Omne nimium ingratum. Omne nimium non bonum. Omne nimium vertitur in vitium. Omne nocet nimium. Omnia nimia nocent. Omnia quae excesserunt modum, nocent. Omnia summa nocent, sed moderata iuvant. Omnis saturatio mala. Quod multum, stultum. Saturitas fastidium generat. Saturitas fastidium parit. Usus habet laudem, crimen abusus habet. Vitiosum est ubique, quod nimium est. Vitium est ubique, quod nimium est.

494. Cave tibi a cane muto, et aqua silenti. [Grynaeus 213] Cuidado com o cão que não late e com a água silenciosa. Cuidado com o homem que não fala e com o cão que não ladra. A água silenciosa é a mais perigosa. Boi sonso, marrada certa. Cave tibi ab aquis silentibus et a cane muto. [Rezende 738] Cave tibi a silente aqua et muto cane. [Binder, Thesaurus 471] VIDE: Ab homine et flumine taciturno cave. Quo minus est murmur, plerumque est altior unda.

495. Cave ultimam. [Inscrição em relógio solar] Cuidado com a (tua) última (hora).

496. Cave ut recte eloquaris. Trata de falar corretamente.

497. Cave virum dolosum! Cuidado com o trapaceiro!

498. Cave virum maiorem. [Schottus, Adagia 348] Cuidado com o homem poderoso. VIDE: Cave a commercio potentium: habe commercium cum aequalibus. Cavendum a potentiore. Cum viro potentiore ne communica. Fuge procul a viro maiore. Pondus super se tollet qui honestiori se communicat. Qui te fortior est, hunc tu vitare memento.

499. Cavea, utut pulchra, non nutrit avem. [F.J.Hartleben, Dictionarium Paroemiarum 48] Gaiola, por mais bonita que seja, não alimenta passarinho. Gaiola bonita não dá de comer a canário.

500. Caveant consules! Que os cônsules tomem cuidado. Cuidado! Olho vivo! Caveant consules ne quid detrimenti republica capiat. Que os cônsules tomem cuidado para que o país não sofra nenhum dano. (=Fórmula com que o Senado Romano, nas grandes crises, investia os cônsules de poder ditatorial).

501. Caveat actor. [Jur / Black 294] Acautele-se o autor.

502. Caveat creditor. [Jur] Acautele-se o credor.

503. Caveat emptor! [Jur / Black 294] Acautele-se o comprador! Quem compra, precisa de cem olhos, quem vende, apenas de um. Caveat emptor, qui ignorare non debuit quod ius alienum emit. [Jur / Broom 605; Maloux 4] Cuide-se o comprador, pois ele não devia ignorar a natureza da propriedade de outrem que ele compra. VIDE: Perfecta emptione periculum ad emptorem respiciet.

504. Caveat populus. Que o povo tome cuidado.

505. Caveat venditor. [Jur / Black 294] Acautele-se o vendedor.

506. Caveat viator. [Jur / Black 295] Acautele-se o viajante. (=Caberia ao viajante identificar e evitar os defeitos da estrada).

507. Cavendam esse felem, quae a fronte lingat et a tergo laedat. [DAPR 257] Deve-se tomar cuidado com o gato que pela frente lambe e por trás fere. Por diante faço acato, e por detrás el-rei mato. Renego do amigo que me cobre com as asas e me morde com o bico. Pior é fingido amigo que declarado inimigo. VIDE: Maligni sunt cati, qui anterius lambunt, posterius laniant.

508. Cavendi nulla est dimittenda occasio. [Publílio Siro] Não deve ser desprezada nenhuma ocasião de precaver-se. A desconfiança é a mãe da segurança. O seguro morreu de velho. Onça que dorme no ponto vira tapete. VIDE: Fiducia pecuniam amisi, diffidentia vero servavi. Fide, sed cui, vide! Fiso res periit, diffiso salva remansit. Frequentissimum initium calamitatis securitas. Nemo celerius opprimitur quam qui nihil timet. Nemo decipitur, nisi qui confidit. Nihil credam, et omnia cavebo. Qui omnes insidias timet, in nullas incidit. Semper metuendo, sapiens evitat malum.

509. Cavendo tutus. [Divisa / Rezende 734] Em segurança por ser cauteloso. Sendo cauteloso, ficarás seguro. Confiar desconfiando. VIDE: Nunquam tuta fides. Nusquam tuta fides.

510. Cavendum a potentiore. [Erasmo, Adagia 3.8.38] Deve-se tomar cuidado com quem tem mais poder. Com teu amo não jogues as peras, porque ele come as maduras e deixa-te as verdes. VIDE: Cave a commercio potentium: habe commercium cum aequalibus. Cave virum maiorem. Cum viro potentiore ne communica. Fuge procul a viro maiore. Habeas nunquam magno cum principe litem. Non tutae sunt cum regibus facetiae. Pondus super se tollet qui honestiori se communicat. Qui te fortior est, hunc tu vitare memento. Tollunt matura, et tibi proiciunt dura.

511. Cavendum ab amicis qui suos, cum non illis egent, deserunt. [Branco 233] Cuidado com os amigos que abandonam os seus, quando deles não precisam. Amigo de mesa não é de firmeza. Pão comido, companhia desfeita. VIDE: Amici ollares. Amicus dum olla fervet.

512. Cavendum ab eo qui semel imposuit. [Erasmo, Adagia 3.8.51] Deve-se tomar cuidado com quem enganou uma vez. Quem faz uma vez, faz duas e três. VIDE: Cave illum semper, qui tibi imposuit semel. Taurum tollet, qui vitulum sustulerit.

513. Cavendum est ne assentatoribus patefaciamus aures, nec adulari nos sinamus. [Cícero, De Officiis 1.26] Devemos estar atentos para não darmos ouvidos aos lisonjeiros, nem permitirmos que sejamos adulados. Acautela-te de quem te lisonjeia. VIDE: Habent insidias hominis blanditiae mali. Laudat adulator, sed non est verus amator. Sermones blandos blaesosque cavere memento.

514. Cavendum est ne maior poena quam culpa sit; et ne iisdem de causis alii plectantur, alii ne appellentur quidem. [Cícero, De Officiis 1.25] Deve-se tomar cuidado para que a pena não seja maior do que o crime, e que, pelas mesmas causas, uns sejam castigados e outro nem sejam acusados.

515. Cavendum ne fiat pro consilio convicium. [Erasmo, Colloquia 53.] Cuidado para que não ocorra um insulto em lugar de um conselho.

516. Cavendum vero est ne etiam in graves inimicitias convertant se amicitiae. [Cícero, De Amicitia 21] É preciso cuidar para que as amizades não se convertam em graves inimizades.

517. Cavendus tamen dolus est. [Salustio, Oratio Macri Licinii 5] Deve-se, no entanto, tomar cuidado com a má-fé.

518. Cavete a macilento non famelico. [Rezende 737] Cuidado com o magro que não tem fome. Homem magro sem ter fome vale por dois homens.

519. Cavete ab iis quos natura signavit. [Pereira 94] Tende cuidado com aqueles que a natureza marcou. A homem ruivo e a mulher barbuda de longe os saúda. Deus, que o marcou, alguma coisa nele achou. VIDE: Cave a signatis.

520. Cavete ab omni avaritia. [Vulgata, Lucas 12.15] Acautelai-vos de toda avareza.

521. Cavete ne forte decipiatur cor vestrum. [Vulgata, Deuteronômio 11.16] Guardai-vos, que o vosso coração não se engane.

522. Cavete ne quis vos decipiat per philosophiam. [Vulgata, Colossenses 2.8] Cuidado para que ninguém vos engane sob a máscara da filosofia.

523. Cavete proditionem. [Sêneca Retórico, Controversiae 7] Cuidado com a traição.

524. Cavillationem cavillatione repellere licet. [Jur] É permitido repelir uma astúcia com outra astúcia.

525. Cavillationes iuris. Os artifícios do direito.

526. Cecidit sors super Mathiam. [Vulgata, Atos 1.26] A sorte caiu em Matias. Cecidit sors super Ionam. [Vulgata, Jonas 1.7] A sorte caiu sobre Jonas.

527. Cecinis surdo. Cantas para um surdo. (=Falas em vão). Perdes teu latim.

528. Cedant arma legibus. Submetam-se os exércitos às leis.

529. Cedant arma togae. [Divisa do Estado de Wyoming, EUA] Submetam-se os exércitos à toga. A pena é mais perigosa que a espada. Cedant arma togae, concedat laurea laudi. [Cícero, De Officiis 1.77; De Consulatu Suo, Fragmento 6] Que as armas cedam à toga, que se concedam louros ao mérito. Cedant arma togae, concedat laurea linguae. Que as armas cedam à toga, que se concedam os louros à eloqüência.

530. Cedant carminibus reges regumque triumphi. [Ovídio, Amores 1.15.33] Submetam-se à poesia os reis e os triunfos dos reis.

531. Cedant tenebrae lumini et nox diurno sideri. [De um hino do Breviário Romano] Que as trevas dêem lugar à luz, e a noite, ao astro diurno.

532. Cedat unus multitudini. [Schrevelius 1173] O indivíduo deve ceder à multidão. Contra a força não há resistência. VIDE: Cedendum multitudini. Superat unum turma.

533. Cede Deo. Submete-te a Deus. Cede deo. [Virgílio, Eneida 5.466] Submete-te ao deus.

534. Cede nullis. [Divisa] Não te submetas a ninguém.

535. Cede praestantiori viro. [Schottus, Adagia 259] Cede ao homem mais importante. Com teu amo não jogues as peras. VIDE: Maiori cede. Maiori concede.

536. Cede repugnanti, cedendo victor abibis. [Ovídio, Ars Amatoria 2.197] Cede a quem te resiste: cedendo sairás vencedor. Mais vale descoser que romper. Antes dobrar que quebrar.

537. Cede, Venus cedit; si stas, magis impia laedit; si fugies Veneris proelia, tutus eris. [Bernardes, Nova Floresta 2.334] Recua, Vênus recua; se páras, a impiedosa fere mais; se fugires dos combates de Vênus, estarás seguro.

538. Cedendum est malis. [Sêneca, Troades 509] É preciso submeter-se à desgraça.

539. Cedendum multitudini. [Erasmo, Adagia 3.9.60] Deve-se ceder à multidão. Contra a força não há resistência. Contra dois, nem Hércules. Cedendum multis. Contra muitos é preciso ceder. Cedendum pluribus. VIDE: Cave multos, si singulos non times. Cedat unus multitudini. Difficile ac durum est, unum compescere multos. Hercules adversus noluit ire duos. Ne Hercules contra duos. Ne Hercules quidem adversus duos. Ne Hercules quidem contra duos. Ne quidem Hercules adversus duos. Nec Hercules contra plures. Noli pugnare duobus. Superat unum turma. Uni cum duobus non est pugnandum.

540. Cedendum tempori. Devemos submeter-nos às circunstâncias. VIDE: Tempori cedere sapientis est.

540a. Cedens in uno, in altero quoque cedat oportet. Quem se submete numa coisa, precisa ceder também em outra.

541. Cedere maiori non est pudor inferiori. [Gaal 1183] Submeter-se ao mais poderoso não é vergonha para o mais fraco. Ao mais potente cede o mais prudente.

542. Cedere maiori virtutis fama secunda est. [Marcial, De Spectaculis 32.1] Ceder ao mais forte é receber o prêmio de segundo em coragem.

543. Cedere nolo Iovi, sed cedere cogor Amori. [Otto Vaenius, Amorum Emblemata] Não quero submeter-me a Júpiter, mas sou obrigado a submeter-me ao Amor.

544. Cedere temporibus sapiens vir debet iniquis. O sábio deve-se submeter aos tempos difíceis.

545. Cedit amor rebus: res age, tutus eris. [Ovídio, Remedium Amoris 144] O amor se submete ao trabalho: cuida dos negócios, estarás seguro (contra o amor). VIDE: Non operando peris; res age, tutus eris.

546. Cedit enim rerum novitate extrusa vetustas. [Lucrécio, De Rerum Natura 3.967] A velha ordem recua, expulsa pela novidade das coisas.

547. Cedit oneri fortuna suo. [Sêneca, Agamemnon 89] A sorte cede a seu próprio peso.

548. Cedit viribus aequum. [Ovídio, Tristia 5.7.47] O direito se submete à força.

549. Cedo maiori. Dou meu lugar a alguém mais importante. VIDE: Cedere maiori virtutis fama secunda est.

550. Cedo nulli. [Divisa] Não me submeto a ninguém.

551. Cedunt mores rebus secundis. [François Noel, Dictionarium Latino-Gallicum 159] Na prosperidade os costumes recuam. A prosperidade muda a natureza dos homens. A prosperidade muda os costumes. VIDE: Mores rebus secundis cedunt.

552. Celabitur auctor. O autor permanecerá desconhecido. VIDE: Praecepta canam, celabitur auctor.

552a. Celare suum malum non debet qui remedium exspectat. Quem espera remédio, não deve esconder seu mal. VIDE: Si operam medicamentis exspectas, oportet vulnus detegas.

553. Celari vult sua furta Venus. [Tibulo, Elegiae 1.2.36] Vênus deseja que seus furtos fiquem ocultos.

553a. Celata virtus ignavia est. [Henerson 54] Virtude oculta é covardia.

554. Celatim. Em segredo.

555. Celebremus nomen nostrum antequam dividamur in universas terras. [Vulgata, Gênesis 11.4] Façamos célebre o nosso nome, antes que nos espalhemos por toda a terra.

556. Celer et audax. [Divisa] Veloz e audaz.

557. Celerem habet ingressum amor, regressum tardum. O amor entra rápido, mas sai devagar. O amor entra pela janela e sai pela porta.

558. Celerem oportet esse amatoris manum. [Plauto, Bacchides 737] A mão do namorado tem de ser rápida.

559. Celeres quatit pennas fortuna. [Horácio, Carmina 3.29.49, adaptado] A sorte bate as céleres asas.

560. Celeritas et veritas. [Divisa] Prontidão e verdade.

561. Celeritas in malis optima. [Erasmo, Adagia 5.1.85] Nas situações difíceis, a rapidez é melhor. VIDE: Urgentibus malis celeritas optima est.

562. Celeritatem in loquendo oderis, ne aberres; sequitur enim paenitentia. [Bias / Rezende 743] Aborrecerás a pressa no falar, para não errares, pois virá o arrependimento. Quem cedo se determina, cedo se arrepende. VIDE: Ad paenitendum properat, cito qui iudicat.

563. Celeritatem mora, et haec illam vicissim temperet. Que a demora compense a rapidez, e que esta por sua vez compense aquela.

564. Celerius elephanti pariunt. [Erasmo, Adagia 1.9.11] Mais rápido do que isso parem os elefantes. É mais fácil um boi voar. VIDE: Ante lupus sibi iunget ovem. Citius elephanti parient.

564a. Celerius occidit festinata maturitas. [Henderson 54] O amadurecimento rápido mata mais rápido. O que cedo amadurece, cedo apodrece. VIDE: Cito maturum, cito putridum.

565. Celerius quam asparagi coquuntur. [Suetônio, Augustus 87] Mais rápido do que se cozinham os aspargos. VIDE: Citius quam asparagi coquuntur. Velocius quam asparagi coquantur.

566. Cellula mater. [Divisa da cidde de São Vicente, SP] A célula mãe.

567. Celsae graviore casu decidunt turres. [Horácio, Carmina 2.10.10] As torres mais altas sofrem as quedas mais violentas. Quanto mais alto é o coqueiro, maior é o tombo. Quanto mais alto é o pau, mais bonita é a queda. Celsae arbores graviori casu ruunt. As árvores altas caem com mais força. VIDE: Ex alto casus gravior. Ex alto enim ruina gravior est, et magnum sonum facit. Gravius summo culmine missa ruunt. Periculosior casus ab alto. Quanto altior est ascensus, tanto durior descensus. Quanto altior gradus, tanto profundior casus. Qui scandunt in altum, lapsu graviore ruunt. Quicquid excelsum est, cadet. Quo quisque est altior, eo est periculo proximior. Scansores colum frangunt meliores. Tolluntur in altum, ut lapsu graviore ruant.

568. Cena brevis iuvat et prope rivum somnus in herba. [Horácio, Epistulae 1.14.35] Ele gosta de uma refeição breve e de um cochilo na grama, à margem do rio.

569. Cena brevis, vel cena levis, fit raro molesta. [Flos Medicinae Scholae Salerni 184] Jantar breve, ou jantar leve, raramente faz mal.

570. Cena comesa venire. [Augusto Arthaber, Dizionario Comparato di Proverbi 55] Chegar depois de comido o jantar. Chegar ao atar das feridas. Casa arrombada, trancas às portas. VIDE: Accepto claudenda est ianua damno. Domo iam combusta ad incendium exstinguendum venire. Hedera post Anthisteria. Finito bello auxilium. Machinas post bellum afferre. Metuo ne sero veniam depugnato proelio. Num cena comessa venimus? Post acta festa venimus lente nimis. Post bellum, auxilium. Post festum venisti. Post festum venimus. Pugna peracta venisti. Sero post tempus venis. Serum auxilium post proelium. Venire depugnato proelio.

571. Cena Domini. A Ceia do Senhor.

572. Cena tibi est brevis, alterius cum pasceris escam. [Pereira 97] O jantar te é pequeno quando comes a migalha de outrem. Bem mal ceia quem come por mão alheia.

573. Cenae fercula nostrae mallem convivis quam placuisse coquis. [Marcial, Epigrammata 9.81.3] Eu preferiria que as iguarias agradassem antes aos convivas que aos cozinheiros.

574. Cenam uno exilem ventre capis duplicem. [Pereira 103] Num único estômago recebes duas ceias pequenas. Duas ceias más em um ventre cabem.

575. Cenare me doces? [Pereira 104] Ensinas-me a comer? Queres ensinar padre-nosso a vigário?

576. Cenemus: hoc est ius cenae. [Petrônio, Satiricon 35] Jantemos; é o direito de jantar.

577. Censor morum. Um censor dos costumes.

578. Censor omni careat peccato. [Grynaeus 39] Quem censura não pode ter nenhum defeito. Quem tem telhado de vidro não atira pedra no do vizinho. Censor omni careat culpa. VIDE: Desinant maledicere malefacta ne noscant sua. Det peccatori veniam peccator. Qui alterum incusat probri, eum se ipsum enitere oportet. Qui carpit mores, labe carere debet. Quod aliis vitio vertas, ipse ne feceris. Si culpare velis, culpabilis esse cavebis. Si vis turpitudinem tuam taceri, ne vituperes alios. Vitia qui aliorum punit, sua prius corrigere debet.

578a. Centum annos vivit longaevus vivere curans. Cem anos vive o idoso que cuida de viver. O velho que de si cura, cem anos dura.

579. Centum doctum hominum consilia sola haec devincit dea Fortuna. [Plauto, Pseudolus 671] A deusa Fortuna sozinha supera as decisões de cem homens doutos. Uma onça de boa sorte vale mais que um arrátel de ciência. Mais vale sorte que sabedoria. VIDE: Gutta fortunae prae dolio sapientiae. Prae dolio doctrinae malo guttam opum. Vitam regit fortuna, non sapientia.

580. Centum puer artium. [Horácio, Carmina 4.1.15] O rapaz dos cem talentos. É o homem dos sete instrumentos.

581. Centum viri unum pauperem spoliare non possunt. [Grynaeus 566] Cem homens não podem roubar um único pobre. Ninguém pode despir um homem nu. VIDE: An ignoras, inepte, nudum nec a decem palaestritis despoliari posse? Cantabit vacuus coram latrone viator. Nemo potest nudo vestimenta detrahere. Non possunt nudo vestimenta detrahi. Nudo detrahere vestimenta me iubes. Nudus nec a centum viris spoliari potest. Nudum nec a decem palaestritis despoliari posse.

582. Cepisti, perfice. Começaste, completa. VIDE: Aut non rem tentes, aut perfice.

583. Cepisti volucres, alius sed rete tetendit. [DAPR 157] Tu apanhaste os passarinhos, mas foi outro que estendeu a rede. Um levanta a caça, e outro a mata. O bocado não é para quem o faz. Nem sempre quem dança é que paga a música. Palmam alter meret, alter praeripuit.

584. Ceram auribus obdis. [Erasmo, Adagia 4.3.7] Tapas as orelhas com cera. Fazes ouvidos de mercador. Fazes orelhas de mercador. Ceram auribus oblinis. [Grynaeus 77]

585. Cernere festucam mos est in fratris ocello, in propriis oculis non videt ipse trabem. [Aviano, Fabulae, De Cancro et Matre] Costuma-se perceber a palha no olho do irmão, mas não ver a trave nos próprios olhos. Vemos um argueiro no olho do vizinho e não vemos uma trave no nosso. VIDE: Aliena melius vident homines quam sua. Aliena vitia in oculis habemus, a tergo nostra sunt. Festucam in oculo fratris cernimus; at in proprio ne trabem quidem animadvertimus. Festucam in alterius oculo vides, in tuo trabem non vides. Quid autem vides festucam in oculo fratris tui, et trabem in oculo tuo non vides? Quid autem vides festucam in oculo fratris tui, trabem autem, quae in oculo tuo est, non consideras?

586. Cernere iustitiam nescit, quem munera caecant. [William Smith, An Introduction to Latin Poetry 3] Não consegue ver a justiça aquele a quem as dádivas cegam.

587. Cernere plus uno lumina bina queunt. [Binder, Thesaurus 479] Dois olhos podem ver mais do que um. Mais vêem dois olhos do que um. VIDE: Duo oculi plus vident quam unus. Longius ille videt, qui multis spectat ocellis. Magis vident oculi quam oculus. Plura oculi quam oculus cernunt. Plura oculos quam oculum cernere. Plus vident oculi quam oculus. Unus vir non omnia videt. Unus vir haud cernit omnia.

588. Cernimus exemplis oppida posse mori. [Rutílio Namaciano, De Reditu Suo 1.414] Pelos precedentes vemos que cidades podem morrer.

589. Cernimus ut contra vim et metum suis se armis quaeque bestia defendat. [Cícero, De Natura Deorum 2.127] Percebemos que todo animal se defende com suas armas contra a violência e o medo.

589a. Cernis ut ignavum corrumpant otia corpus, ut capiant vitium, ni moveantur aquae. [Ovídio, Ex Ponto 1.5.5] Vês como o ócio corrompe o corpo preguiçoso, como as águas perdem a qualidade, se não se movem.

589b. Cernit omnia Deus. Deus vê tudo. Cernit omnia Deus vindex. O Deus protetor vê tudo.

590. Cernitur in propria raro multum regione vates portare decus ornatumque coronae. [Samuel Singer, Thesaurus Proverbiorum Medii Aevi 154] Raramente se vê um adivinho ter grande honra e ser coroado na sua pátria. Ninguém é profeta em sua terra. Santo de casa não faz milagre. VIDE: At sine honore manet patria sub sede propheta. In patria natus non est propheta vocatus. Nemo in patria propheta acceptus est. Nemo propheta acceptus est in patria sua. Nemo propheta in sua patria. Nemo propheta in patria. Non est propheta sine honore, nisi in patria sua, et in domo sua. Propheta in sua patria honorem non habet.

591. Cernuntur in agendo virtutes. [Cícero, De Partitione 79] No agir é que se vêem as virtudes. Pelos milagres se conhecem os santos. Pelo perfume se conhece a flor.

592. Certa amittimus, dum incerta petimus. [Plauto, Pseudolus 678] Perdemos o certo para perseguirmos o duvidoso. Deixamos o certo pelo duvidoso. VIDE: Ab ipsa messe discedere. Certa praestant incertis. Incerta peti, certa deseri.

593. Certa bonum certamen fidei. [Vulgata, 1Timóteo 6.12] Combate o bom combate da fé. VIDE: Milita bonam militiam. Milites in illis bonam militiam.

594. Certa mihi mors, incerta est funeris hora. [Inscrição em relógio de sol] Minha morte é certa; incerta é a hora do funeral. A morte é certa, a hora é incerta. VIDE: Certum est quia morieris, sed incertum quando aut quomodo vel ubi. Incertum est quando, certum est aliquando mori. Moriendum enim certe est, et id incertum an hoc ipso die. Mors certa, hora incerta. Mors certa est, funeris hora latet. Mors certa, hora mortis incerta. Mors certa, tempus incertum. Mors est certa, dies vero mortis est incertus. Mors est res certa, nihil est incertius hora. Mors cuivis certa, nihil incertius hora; ibimus absque mora, sed qua nescimus in hora. Morte nihil certius est, nihil vero incertius quam eius hora. Mortis dies omnibus incertus. Nescitis diem neque horam. Vigilate itaque, quia nescitis diem, neque horam.

595. Certa pax melior est quam incerta victoria. É melhor a paz certa do que a vitória incerta. Mais vale um mau acordo do que um bom pleito. Certa pax melior est quam sperata victoria. VIDE: Melior est certa pax quam sperata victoria; illa in tua, haec in deorum manu est. Melior est tuta pax quam sperata victoria. Melior tutiorque est certa pax quam sperata victoria. Melior tutiorque est certa pax quam sperata victoria; haec in tua, illa in deorum manu est. Pax vel iniusta utilior est quam iustissimum bellum. Tutior est certa pax quam sperata victoria. Tutior est pax quam spectata victoria; haec est in fortunae manu, illa in nostra. Vel iniquissimam pacem iustissimo bello anteferrem.

596. Certa praestant incertis. [DAPR 218] As coisas certas valem mais do que as incertas. Mais vale um ovo hoje do que uma galinha amanhã. Antes um pardal na mão que uma perdiz a voar. Não deixes o certo pelo duvidoso. VIDE: Ad praesens ova cras pullis sunt meliora. Capta avis est pluris quam mille in gramine ruris. Certa amittimus, dum incerta petimus.

597. Certa pro incertis dimittenda non sunt. [Rezende 749] Não se deve deixar o certo pelo duvidoso. Não deixes nunca o certo pelo duvidoso. Certa pro incertis mutare stultum est. É tolice trocar o certo pelo duvidoso. VIDE: Incerta pro certis, bellum quam pacem malebant. Incerta pro spe non munera certa relinque. Ne praesentem aquam effundas, priusquam aliam sis adeptus. Ne prius aquam effundas, quam aliam habeas. Quae sunt certa, tene; quae sunt incerta, relinque.

598. Certa quidem finis vitae mortalibus astat. [Lucrécio, De Natura Rerum 3.1091] O fim da vida, para os mortais, é certo. A morte é a coroa de todos na terra. Não há prazo que não se vença. A cada porco vem seu São Martinho. VIDE: A morte semper homines tantumdem absumus. Leti via semel calcanda. Longius aut propius mors sua quemque manet. Non est leti fuga. Omnium rerum vicissitudo est.

599. Certa sequens, incerta cavens, praesentia curo. [Walther / Tosi 1731] Seguindo o certo, evitando o incerto, trato do que está presente. VIDE: Incerto certum, praesens praepono futuro.

600. Certa si decreta sors est, quid cavere proderit? Sive sunt incerta cuncta, quid timere convenit? [Ausônio, Septem Sapientum Sententiae, Solon 6] Se tua sorte está inexorávelmente decidida, de que adianta prevenir? Ou, se tudo é incerto, de que serve temer?

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