DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS

Compilado por HENERIK KOCHER

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N9: 1601-1800

1601. Nihil quod homini accidere possit, recusare debeamus. [Cícero, Ad Atticum 15.1.1] Não devemos recusar nada que possa acontecer ao ser humano.

1602. Nihil quod ortum sit, aeternum esse potest. [Cícero, De Natura Deorum 1.20, adaptado] Nada que tenha nascido, pode ser eterno. Tudo passa na terra. Nasceu, padeceu, morreu.

1603. Nihil recte existimat qui se ipsum ignorat. [S.Bernardo / Bernardes, Luz e Calor 1.221.61] Nada avalia bem quem não conhece a si mesmo.

1604. Nihil recte sine exemplo docetur aut discitur. [Columela, De Re Rustica 11.1.4] Nada se ensina ou se aprende direito sem o exemplo.

1605. Nihil recusandum, quod donatur. [Grynaeus 526] Nada do que nos é dado deve ser recusado. Quando te derem o bezerro, corre logo com a corda. Nihil recusandum, quod datur. [Binder, Medulla 1117] VIDE: Donum quodcumque dat aliquis, lauda. Donum quodcumque dat aliquis, proba. Donum quodcumque probato.

1606. Nihil relinquent bella. [Sêneca, Hercules Furens 365] As guerras não deixarão nada.

1607. Nihil rerum humanarum sine deorum numine geri potest. [Cornélio Nepos, Timoleon 4.3] Nada humano pode acontecer sem a vontade dos deuses. Nihil rerum humanarum sine deorum numine geritur.

1608. Nihil sacri es. [Erasmo, Adagia 1.8.37] Tu não tens nada de sagrado. Não és flor que se cheire.

1609. Nihil sacrum intactumque fortunae. [Sêneca, Ad Polybium 16] Para a sorte nada é sagrado nem intocável.

1610. Nihil satis est, quia tanti, quanti habeas, sis. [Horácio, Sermones 1.1.62] Nada te é suficiente, pois vales tanto quanto tens. Tanto tens, tanto vales. Vale quem tem. VIDE: Quantum habet quisque, tanti sit. Quantum habebis, tantus eris. Tanti quantum habeas, sis. Tanti quisque sit, quantum possidet. Tanti revera estis, quantum habetis.

1611. Nihil scire est vita iucundissima. [J. Ray, Englih Proverbs 61] Não saber nada é a vida mais feliz. Vida é prazer de quem não tem saber. VIDE: Amissum quod nescitur, non amittitur. In nihil sapiendo vita est iucundissima. In nihil sapiendo iucundissima vita. Qui addit scientiam, addit et laborem. Suavissima hic est vita, si sapias nihil.

1612. Nihil semper floret: aetas succedit aetati. [Cícero, Philippica 11.39] Nada floresce para sempre: uma época sucede a outra.

1613. Nihil sibi quisquam de futuro debet promittere. [Sêneca, Epistulae Morales 101.5] Ninguém deve prometer a si nada a respeito do futuro.

1614. Nihil sic probat amicum, quemadmodum oneris amici portatio. [S.Agostinho / Bernardes, Nova Floresta 1.138] Nada revela um amigo tanto quanto o fato de ajudar a carregar o fardo do amigo.

1615. Nihil simile est idem. Nada que é parecido é a mesma coisa. Parecer não é ser.

1616. Nihil simulatio proficit. Paucis imponit leviter extrinsecus inducta facies. [Sêneca, Epistulae Morales 79] O fingimento não serve para nada. Uma máscara que é facilmente arrancada do rosto engana a poucos.

1617. Nihil simulatum diuturnum. [Wagner 239] Nada fingido é duradouro. VIDE: Nec simulatum potest quidquam esse diuturnum. Nullum simulatum diuturnum.

1618. Nihil sine causa. [Seybold 220] Nada acontece sem uma causa. VIDE: Nihil fit sine causa.

1619. Nihil sine Deo. [Grynaeus 107] Nada (se faz) sem Deus. Sem Deus, nem até a porta, e com Deus, através dos mares. VIDE: Non sine diis.

1620. Nihil sine duobus tribusve testibus geri potest. [S.Epifânio / Schottus, Adagialia Sacra 48] Nada pode ser decidido sem duas ou três testemunhas. Uma testemunha, nenhuma testemunha.

1621. Nihil sine labore paratur. Sem trabalho nada se consegue. Nihil sine labore. [Divisa] VIDE: Dii labore omnia vendunt.

1622. Nihil sine magno labore vita dedit mortalibus. A vida não deu nada aos mortais sem grande esforço. VIDE: Nil sine magno vita labore dedit mortalibus.

1623. Nihil sine pecunia. [Bebel, Adagia Germanica] Nada se faz sem dinheiro. Sem dinheiro tudo é vão. VIDE: Aurum aperit omnia, et inferni portas. Nummus omnia efficit. Laudatur nummus, quasi rex super omnia summus.

1624. Nihil sine ratione faciendum est. [Sêneca, De Beneficiis 4.10.2] Nada deve ser feito sem consultar a razão.

1625. Nihil sine voce est. [Vulgata, 1Coríntios 14.10] Nada há sem voz. Até o cabelo sutil faz sua sombra.

1626. Nihil sit grave, quod leviter excipias. [Sêneca, Epistulae Morales 123] Nada que suportares com paciência será penoso.

1627. Nihil solliciti sitis. [Vulgata, Filipenses 4.6] Não tenhais cuidado de coisa alguma.

1628. Nihil spei credo, omnes res spissas facit. [Estácio, Palliatae, Fragmentum 25] Não confio na esperança; ela torna tudo penoso.

1629. Nihil splendidius iustitia. [S.Ambrosio, Opera 5.18] Nada é mais magnífico que a justiça.

1630. Nihil suavius est quam ab omnibus diligi. [K.E.Georges, Handwörterbuch 837] Não há nada mais agradável do que ser amado por todos.

1631. Nihil sub sole novum. [Vulgata, Eclesiastes 1.10] Não há nada de novo sob o sol. Não há que espantar, tudo há no mundo. VIDE: Nihil novum sub sole. Nil novi sub sole.

1632. Nihil sui cum fidibus. [Binder, Medulla 1118] O porco não tem nada com a lira. Não dizes coisa com coisa.

1633. Nihil super malitiam pravae mulieris. [Bebel, Proverbia Germanica 408] Nada supera a maldade da mulher má. VIDE: Res mala vir malus est; mala femina pessima res est.

1634. Nihil superbius paupere, dum surgit in altum. [Bebel, Adagia Germanica / DAPR 610] Nada é mais soberbo do que o pobre, quando sobe a uma posição elevada. Quando o vilão vai de mulo, não conhece Deus nem o mundo. Quando o vilão está rico, não tem parente nem amigo. VIDE: Asperius nihil est humili, cum surgit in altum. Cum surgunt miseri, nolunt miseris misereri. Fiunt Nerones miseri facti locupletes. Nihil humili peius, cum se sors ampliat eius.

1635. Nihil suspicari licebit. [Tertuliano, Apologeticus 23.2] Não haverá lugar para suspeitas.

1636. Nihil tam absurde dici potest quod non dicatur ab aliquo philosophorum. [Cícero, De Divinatione 2.58] Nada tão absurdo pode ser dito, que não seja dito por algum filósofo. VIDE: Nemo aegrotus quidquam somniat tam infandum, quod non aliquis dicat philosophus.

1637. Nihil tam absurdum dici potest quod non dicatur a quodam doctorum. [Antônio Joaquim Ribas, Curso de Direito Civil Brasileiro 84] Nada tão absurdo pode ser dito que não seja dito por algum doutor.

1638. Nihil tam aeque proderit quam quiescere et minimum cum aliis loqui, plurimum secum. [Sêneca, Epistulae Morales 105.6] Nada é mais útil para nós do que vivermos tranqüilos e falarmos pouco com os outros e muito com nós mesmos.

1639. Nihil tam alte natura constituit, quo virtus non possit eniti. [Quinto Cúrcio, Historiae 7.11] A natureza não colocou nada tão alto, que a coragem não possa alcançar.

1640. Nihil tam cito redditur quam a speculo imago. [Sêneca, Quaestiones Naturales 1.4.2] Nada é devolvido com tal rapidez quanto a imagem pelo espelho.

1641. Nihil tam cognatum sapientiae, quam locis et temporibus aptare sermones personarum. [Macróbio, Saturnalia 7.1] Nada é tão ligado à sabedoria quanto adaptar o discurso das pessoas aos lugares e épocas.

1642. Nihil tam contrarium consensui quam vis et metus. [Jur] Nada é tão contrário à concordância quanto a violência e o medo. VIDE: Nihil consensui tam contrarium est quam vis atque metus.

1643. Nihil tam durum et ferreum, quod non Amoris telis perfringatur. [Otto Vaenius, Amorum Emblemata 12] Nada é tão firme e resistente que não seja rompido pelos dardos de Cupido.

1644. Nihil tam egregium, atque proprium regis esse quam iustitiae opus. [Plutarco / Rezende 4044] Nada tão nobre e próprio de um rei quanto o exercício da justiça.

1645. Nihil tam firmum est cui periculum non sit etiam ab invalido. [Quinto Cúrcio, Historiae 7.8] Nada há tão sólido que não tenha a temer algum perigo, mesmo que venha de um ser fraco. VIDE: Ne despicias debilem, nam culex fodit oculum leonis. Quamvis sublimes, debent humiles metuere, vindicta docili quia patet sollertiae.

1646. Nihil tam firmum est, quod non expugnari pecunia possit. [Henderson 264] Nada é tão forte, que não possa ser vencido pelo dinheiro. Não há fechadura tão forte que uma gazua de ouro não possa abrir. VIDE: Auro clausa patent. Auro nihil inexpugnabile. Nihil clausum constat, quod auro argentoque non pateat. Nihil tam sanctum, quod non violari, nihil tam munitum, quod non expugnari pecunia possit.

1647. Nihil tam in nostra potestate quam ipsa voluntas est. [S.Anselmo / Bernardes, Luz e Calor 1.45] Nada está tanto no nosso poder como o nosso querer.

1648. Nihil tam inaestimabile est quam animi multitudinis. Não há nada tão imprevisível quanto os julgamentos da multidão. VIDE: Nihil est tam incertum, nec tam inaestimabile est quam animi multitudinis.

1649. Nihil tam infestum tranquillitati animi quam nihil pati posse. [Dengg 100] Nada é tão hostil à tranqüilidade do espírito quanto nada poder suportar.

1650. Nihil tam molle quam voluntas. Nada é tão flexível quanto a vontade. VIDE: Nihil est tam molle quam voluntas.

1651. Nihil tam naturale est quam eo genere quidque dissolvere, quo colligatum est. Ideo verborum obligatio verbis tollitur. [Ulpiano, Digesta 50.17.35] Nada é tão natural quanto cada espécie de contrato anular-se pelo mesmo recurso com que foi contratado. Assim o contrato verbal se desfaz verbalmente. VIDE: Naturale est quidlibet dissolvi eo modo quo ligatur.

1652. Nihil tam sanctum, quod non violari, nihil tam munitum, quod non expugnari pecunia possit. [Cícero, In Verrem 2.5.147] Não há nada tão sagrado que não possa ser violado pelo dinheiro, nem nada tão protegido, que não possa ser vencido pelo dinheiro. Não há fechadura tão forte que uma gazua de ouro não possa abrir. VIDE: Auro clausa patent. Auro nihil inexpugnabile. Nihil clausum constat, quod auro argentoque non pateat. Nihil tam firmum, quod non expugnari pecunia possit.

1653. Nihil tamen impedit ridentem dicere verum. Nada impede quem ri de dizer a verdade. VIDE: Ridentem dicere verum quid vetat?

1654. Nihil temere credideris. [Dionísio Catão, Monosticha] Não confiarás em nada inconsideradamente.

1655. Nihil tetigit quod non ornavit. Ele não tocou nada que não embelezasse. VIDE: Nullum quod tetigit non ornavit. Qui nullum fere scribendi genus non tetigit, nullum quod tetigit non ornavit.

1656. Nihil timere, nihil neglegere. Nada temer; de nada descuidar.

1657. Nihil timere, nihil verecundari. Nada temer; de nada ter vergonha.

1658. Nihil timet adversi quem servat rector Olympi. [Pereira 106] Não teme a adversidade aquele a quem protege o chefe do Olimpo. Guardado é o que Deus guarda.

1659. Nihil turpe ducas pro salutis remedio. [Publílio Siro] Não usarás nada de vergonhoso como meio de salvação.

1660. Nihil turpius est convicio quod in auctorem recidit. [Plutarco / Henderson 264] Nada é mais vergonhoso que a censura que recai sobre seu autor. VIDE: Alterius vitium acute cernis, et tua non vides.

1661. Nihil turpius quam cum eo bellum gerere, quocum familiariter vixeris. [Cícero, De Amicitia 21] Nada mais indigno do que guerrear contra aquele com quem se tenha vivido na intimidade.

1662. Nihil turpius quam domi esse peregrinum; nihil magis pudendum quam ignarum esse suae patriae. [Gabriel Harvey, Marginalia] Nada é mais desonroso do que ser um estranho na própria casa; nada mais vergonhoso do que desconhecer a própria pátria.

1663. Nihil turpius est, quam grandis natu, qui nullum aliud habet argumentum, quo se probet diu vixisse, praeter aetatem. [Rezende 4048] Não há coisa mais torpe do que um velho que nenhuma outra prova tem de que viveu muito a não ser idade. VIDE: Saepe grandis natu senex nullum aliud habet argumentuum quo se probet diu vixisse, praeter aetatem.

1664. Nihil unquam peccavit, nisi quod mortua est. [Inscrição no túmulo de uma esposa / Rezende 4049] Nunca cometeu qualquer falta, a não ser de ter morrido.

1665. Nihil urget. Não há pressa.

1666. Nihil utilius firma valetudine. Nada mais útil do que uma boa saúde. Saúde e paz, dinheiro atrás. Saúde é riqueza. VIDE: Absque sanitate nemo felix. Firma valetudine nihil melius: sani aegris ditiores. Homini nihil utilius sanitate. Nil sanitate vita habet praestantius. Valetudine firma nihil melius.

1667. Nihil utilius sale et sole. Nada mais útil do que o sal e o sol. Sol e sal livram a gente de muito mal. VIDE: Nihil esse utilius sale et sole. Nil sole et sale utilius. Sale nihil utilius.

1668. Nihil vehemens durabile. Nada violento dura muito. O que é intenso dura pouco. VIDE: Ignis, quo clarior fulsit, citius exstinguitur. Nil violentum perpetuum. Nullum violentum perpetuum. Quod est violentum, non est durabile.

1669. Nihil venit sine cura, nisi paupertas. Sem esforço, só vem a pobreza. Sem trabalho, só a pobreza. Nihil venit sine industria, nisi paupertas. VIDE: Absque labore gravi non possunt magna parari. Absque labore nihil. Labor paupertatem vincit. Sine labore non erit panis in ore.

1670. Nihil vincit nisi veritas, nihil salvat nisi caritas. Só a verdade vence, só o amor salva.

1671. Nihil virtuti invium. [Tácito, Agricola 27, adaptado] Para a coragem nada é impossível. Nada é difícil para quem quer. VIDE: Nihil est difficile volenti.

1672. Nihil volitum quin praecognitum. [Adágio escolástico / Stevenson 2543] Nada é desejado que não seja conhecido. Não se deseja o que o olhar não veja. Nihil volitum, nisi praecognitum. [Rezende 4050] Nihil volitum, nisi cognitum. Nihil volitum quod non cognitum. VIDE: Ignoti nulla cupido. Quae ignoramus, spernuntur. Quod latet ignotum est; ignoti nulla cupido. Quod quis non novit, hoc non dolet. Volitum nihil, nisi cognitum. Voluntas non fertur in incognitum.

1673. Nihila gyrina est rana sapientior. [Schottus, Adagia 619] Nenhum girino é mais sabido do que a rã. VIDE: Rana gyrino sapientior.

1674. Nihilne te populi veretur? [Pacúvio, Fragmenta] Não tens respeito algum para com o povo?

1675. Nihilque nocere cupientes magis accendit quam prosperae turpitudinis conscientia. [Sêneca Retórico, Suasorie 7.1] Nada excita mais os que desejam fazer mal do que a consciência da indignidade bem sucedida.

1676. Nil ab omni parte beatum. [Juan de Lama 207] Não há nada completamente sem defeito. Não há rosa sem espinho. Nesta vida não há felicidade completa. VIDE: Etiam inter rosas aculei. Nihil est ab omni parte beatum. Nihil ex omni parte beatum.

1677. Nil actum credens cum quid superesset agendum. [Lucano, Pharsalia 2.657] Julgando que nada foi feito, enquanto algo resta por fazer. Não acabar é não fazer. Nil actum reputa, si quid superest agendum. Considera como não estando nada feito, se falta fazer alguma coisa. Nil actum est cum quid superest agendum. Nada está feito, quando falta fazer algo. VIDE: Nihil etenim actum esse credimus, dum aliquid addendum superest. Nihil perfectum est dum aliquid restat agendum. Nil videtur actum dum aliquid superest agendum.

1678. Nil ad fides dicis. [Pereira 102] Não dizes nada que mereça confiança. Dizes uma coisa por outra.

1679. Nil adeo dulce est, quod non videatur amarum et non displiceat, si plus duraverit aequo. [Palingênio, Zodiacus Vitae 33] Não há nada doce que não pareça amargo e que não desagrade, se durar mais que o justo,.

1680. Nil admirari. Não admirar-se de nada. Nil admirari prope re est una solaque quae possit facere et servare beatum. [Horácio, Epistulae 1.6.1] Não se perturbar com nada é quase o único meio que pode dar e conservar a felicidade. VIDE: Nihil admirari.

1681. Nil agenti dies longus est. [Sweet 189] Para quem nada faz, o dia é longo. Para quem trabalha os dias parecem curtos. VIDE: Nullus agenti dies longus est.

1682. Nil agit exemplum, litem quod lite resolvit. [Horácio, Satirae 2.3.103] Não adianta de nada um exemplo que esclarece uma disputa levantando outra.

1683. Nil aliud ac umbra atque flatus est homo. [Sófocles / Grynaeus 712] O homem não passa de sombra e vento. Hoje somos, amanhã, não. VIDE: Homo bulla est. Nos non pluris sumus quam bullae.

1684. Nil aliud est actio quam iudicio persequendi quod sibi debetur. [Digesta 44.7.51] Ação não é senão alguém perseguir em juízo aquilo que lhe é devido.

1685. Nil amori iniurium est. [Plauto, Cistellaria 102] No amor, o falso juramento não tem nenhuma importância. Juramento de quem ama mulher não é para crer. VIDE: Amantis iusiurandum poenam non habet.

1686. Nil amplius oro. [Horácio, Satirae 2.6.1] Nada mais peço.

1687. Nil assuetudine maius. [Ovídio, Ars Amatoria 2.1.345] Não há nada mais forte do que o hábito. VIDE: Nihil consuetudine maius.

1688. Nil clarius astris. [Divisa] Nada é mais brilhante que as estrelas. VIDE: Quid clarius astris?

1689. Nil conscire sibi, nulla pallescere culpa. [Horácio, Epistulae 1.1.61] Estar consciente de não ter culpa, não se envergonhar de nenhuma falta. Não o faças, e não o temas.

1690. Nil contra dicens satis assentire videtur. [Pereira 118] Entende-se que concorda plenamente quem nada declara em contrário. Quem cala consente. VIDE: Confessionem imitatur taciturnitas. Qui tacet, consentire videtur. Qui tacet, consentit. Taciturnus in iudicio consensum inducit.

1691. Nil corpus magis debilitat quam continuae vigiliae. [Nenter 96] Nada enfraquece o corpo mais do que contínuas vigílias.

1692. Nil desperandum. [Horácio, Carmina 1.7.27] Não há causa para desespero.

1693. Nil difficile est volenti. [Gerson / Bernardes, Nova Floresta 5.484] Nada é difícil para quem quer. A quem quer nada é difícil. Querer é poder. Nil difficile volenti. [DAPR 797] Nil volentibus arduum. VIDE: Nihil est difficile volenti. Volenti nihil difficile. Volenti nihil impossibile.

1694. Nil dormienti cadit in os unquam cani. Nada cai na boca do cão que dorme. Raposa que dorme, não apanha galinha. VIDE: Dormienti vulpi cadit intra os nihil. Labore constat quidquid amabile est.

1695. Nil dulcius quam scire prorsus omnia. [Schottus, Adagia 619] Nada é mais doce do que saber absolutamente tudo. VIDE: Nihil dulcius quam omnia scire.

1696. Nil ego contulerim iucundo sanus amico. [Horácio, Sermones 1.5.44] Em sã consciência eu não compararia nada a um amigo agradável.

1697. Nil est amore veritatis celsius. [Prudêncio, Peristephanon 10.388] Nada é mais sublime que o amor à verdade.

1698. Nil est dictu facilius. [Terêncio, Phormio 300] Nada é mais fácil de dizer.

1699. Nil est miserius quam mali animus conscius. Não há nada mais triste do que um coração consciente do mal. VIDE: Nihil est miserius quam animus hominis conscius.

1700. Nil est occultum, quod non revelabitur. Não há nada oculto que não se revelará. Nada há tão encoberto, que tarde ou cedo não seja descoberto. A verdade sempre vem à tona. VIDE: Nihil autem opertum est quod non reveletur, neque absconditum, quod non sciatur. Nihil diu occultum. Nihil enim est opertum, quod non revelabitur, et occultum, quod non scietur. Nihil occultum quod non reveletur. Nihil ita occultum est quod non reveletur. Nihil opertum est quod non reveletur. Nil occultum est quod non reveletur. Non enim est occultum quod non manifestetur nec absconditum quod non cognoscatur et in palam veniat. Semper veritatis pondus erupit. Venit veritas in lucem vel non quaesita.

1701. Nil est quin male narrando possit depravari. [Terêncio, Phormio 696] Não há nada que não se possa desfigurar, se contarmos de maneira desonesta. VIDE: Male narrando fabula depravatur.

1702. Nil est quod caute simul agas et celeriter. [Publílio Siro] Não há nada que se possa fazer ao mesmo tempo com cautela e com rapidez. Depressa e bem, não faz ninguém. VIDE: Nihil caute simul ac celeriter geri potest.

1703. Nil est tam angusti, tamque pravi animi, quam amare divitias. [Cícero, De Officiis 1.68] Nada caracteriza um espírito tão estreito e tão vicioso quanto amar as riquezas.

1704. Nil est tam facile quod non fiat difficile, si invitus facias. [Beda, Proverbiorum Liber] Não há nada tão fácil que não se torne difícil, se o fizeres contra a vontade. VIDE: Nulla est tam facilis res, quin difficilis sit, cum invitus facias. Nullum opus est tam facille, quin difficile fiat, si invitus id facias.

1705. Nil est tam pravum, quod ad ullum non valeat usum. [Binder, Thesaurus 2089] Não existe nada tão ruim que não tenha alguma utilidade. Não há mal sem bem. Nil est tam pravum, quin ad quemque valet usum. Nil est tam pravum, quod nullum prosit ad usum. VIDE: Tam mala res nulla, quin sit quod prosit in illa. Tam male nil cusum quod nullum prosit ad usum.

1706. Nil exigenti praestare est pulcherrimum. [Publílio Siro] É maravilhoso beneficiar alguém que nada exige.

1707. Nil dubium est, omnis solito redit ordine mensis. [Jacques-Paul Migne, Encyclopédie Théologique 3.30] Não há dúvida: pela ordem normal todo mês retorna. Não há mês que não volte outra vez.

1708. Nil facimus non sponte Dei. [Lucano, Bellum Civile 9.574] Nada fazemos sem a vontade de Deus.

1709. Nil habet aegrotus, sed possidet omnia sanus. [Bebel, Proverbia Germanica 269] O doente não possui nada, mas o sadio possui tudo..

1710. Nil fidei verba timentis habent. [Gualterius Anglicus, Fabulae Aesopicae 31.10] As palavras dos medrosos não merecem nenhuma fé.

1711. Nil habet infelix paupertas durius in se, quam quod ridiculos homines facit. [Juvenal, Satirae 3.152] O que a infeliz pobreza tem de mais duro é que ela torna ridículos os homens. VIDE: Paupertas ridiculos homines facit.

1712. Nil hoc verbo veritatis verius. Nada é mais verdadeiro do que esta palavra de verdade.

1713. Nil homini certum est. [Ovídio, Tristia 5.5.27] Para o homem nada é certo.

1714. Nil homine enutrit tellus infirmius alma. [Homero, Ilíada / Manúcio, Adagia 545] A mãe Terra não criou nada mais frágil que o homem. VIDE: Homo bulla est.

1715. Nil igitur fieri de nilo posse fatendum est. [Lucrécio, De Rerum Natura 1.205] Devemos confessar, pois, que nada se pode fazer do nada. VIDE: De nihilo nihil. De nihilo nihilum. Ex nihilo nihil fit. Ex nihilo nihil. Gigni de nihilo nihil, in nihilum nil posse reverti. Nihil ex nihilo. Nil posse creari de nihilo. Nullam rem e nihilo gigni divinitus unquam.

1716. Nil igitur mors est ad nos, neque pertinet hilum. [Lucano, De Rerum Natura 3.830] Para nós a morte não é nada, e de maneira nenhuma nos preocupa.

1717. Nil intemptatum Selius, nil linquit inausum. [Marcial, Epigrammata 2.14.1] Sélio não abandona nada sem experimentar, nada sem ousar. VIDE: Nihil intemptatum reliquit.

1718. Nil interest habere ostium apertum, vultum clausum. [Bacon, Advancement of Learning 2.23.3] De nada adianta ter a porta aberta e a cara fechada. VIDE: Cura ut aditus ad te diurni nocturnique pateant, neque solum foribus aedium tuarum sed etiam vultu ac fronte, quae est animi ianua; quae si significat voluntatem abditam esse ac retrusam, parvi refert patere ostium.

1719. Nil inultum remanebit. [Tomás de Celano, Dies Irae] Nada ficará sem castigo. Não há prazo que não acabe, nem dívida que não se pague. VIDE: Nullum malum impunitum. Sequitur sua poena nocentem. Sequitur sua poena nocentes. Tandem sua poena nocentem consequitur. Tandem sua poena nocentem insequitur.

1720. Nil iuvat errores, mersa iam puppe, fateri. [Claudiano, In Eutropium 2.2.10] De nada adianta reconhecer os erros, depois que o barco está afundado. Depois de fugir o coelho, escusado é tomar conselho. VIDE: Praestat mutare consilium in melius, quam in male institutis pergere.

1721. Nil ligatum. Sem obrigação.

1722. Nil magnum nisi bonum. Só o que é bom é grande.

1723. Nil manet aeternum, nihil immutabile. [Alcuíno, Cella Alcuini 25] Nada dura eternamente, nada é imutável.

1724. Nil medium est. [Horácio, Sermones 1.2.28] Não há meio termo. Entre um quente e dois fervendo. Está no mato sem cachorro. VIDE: Nihil medium est.

1725. Nil melius quam cum ratione tacere. [Binder, Medulla 1122] Nada melhor do que calar com razão.

1726. Nil melius sano monitu, nil peius iniquo. [Gualterius Anglicus, Fabulae Aesopicae 26.15] Não há nada melhor que o conselho prudente, nem pior que o conselho iníquo.

1727. Nil mihi rescribas, tu tamen ipse veni! [Ovídio, Heroides 1.2] Não me escrevas nada em resposta, mas vem pessoalmente!

1728. Nil mihi respondes? Aut dic, aut accipe calcem. [Juvenal, Satirae 3.295] Nada me respondes? Fala, ou recebe um ponta-pé.

1729. Nil moderatum vulgo gratum est. [Bacon, Advancement of Learning 6.3] Para a multidão nada que seja moderado é agradável.

1730. Nil moror officium quod me gravat. [Horácio, Epistulae 2.1.264] Não me agrada a gentileza que me pesa. Ajuda demais atrapalha. Muito ajuda quem não atrapalha. VIDE: Amare inepte nil ab odio discrepat. Benefacta male locata, malefacta arbitror. Beneficus importunus hoste non minus. Benevolentia importuna non differt ab odio. Benevolentia importuna nihil differt a simultate. Importuna benevolentia nihil ab odio differt. Importuna benevolentia nihil ab inimicitia distat. Intempestiva benevolentia nihil a simultate differt. Par odio importuna benevolentia. Par odio simulata benevolentia.

1731. Nil mortalibus arduum est. [Pereira 112] Nada é difícil para os mortais. Não há coisa dificultosa aos homens. Nil mortalibus ardui est; caelum ipsum petimus. [Horácio, Carmina 1.3.37] Nada é difícil para os mortais; até o céu nós queremos.

1732. Nil nimium. Nada em excesso. Toda sobra é demasia. Tão mau é o sobejo como o minguado. Nem tanto amém que se dane a missa. Nil nimis. [Terêncio, Heauton Timorumenos 519] Nil nimium cupias. [Quilon] Não desejes nada em excesso. VIDE: Ne nimium. Ne quid nimis. Ne quid nimium. Nihil nimis.

1733. Nil nimium. Satis hoc, ne sit et hoc nimium. [Ausônio, Septem Sapientum Sententiae, Thales Milesius] Nada em excesso. Isso basta, e espero que isso também não seja excessivo.

1734. Nil nimium studeo tibi velle placere, nec scire utrum sis albus an ater homo. [Catulo, Carmina 93.1] Não faço muita força para te agradar, nem para saber se és branco ou negro.

1735. Nil nisi cruce. [Divisa] Nada senão pela cruz.

1736. Nil non mortale tenemus, pectoris exceptis ingeniique bonis. [Ovídio, Tristia 3.7.43] Tudo que possuímos é efêmero, exceto os bens do coração e do espírito.

1737. Nil non prius acerbum quam maturum fuit. Não há fruta que não tenha sido azeda antes de amadurar. VIDE: Nihil non acerbum prius quam maturum fuit.

1738. Nil novi sub caelo. [Pontanus] Nada há de novo sob o céu.

1739. Nil novi sub sole. Não há nada de novo sob o sol. Debaixo do sol nada é novo. VIDE: Nihil sub sole novum. Nihil novum sub sole.

1740. Nil oblectaverit animum, quam amicitia fidelis et dulcis. [Sêneca, De Tranquillitate Animi 7] Nada deleita a alma como uma amizade sincera e agradável.

1741. Nil obstet tibi, dum ne sit te ditior alter. [Horácio, Sermones 1.40] Nada será obtáculo para ti, enquanto não haja outro mais rico que tu.

1742. Nil occultum est quod non reveletur. [Epígrafe de Fábula de Fedro] Não há nada oculto que não se revelará. Nada há tão encoberto, que tarde ou cedo não seja descoberto. Nil opertum quod non reveletur. VIDE: Nihil autem opertum est quod non reveletur, neque absconditum, quod non sciatur. Nihil diu occultum. Nihil enim est opertum, quod non revelabitur, et occultum, quod non scietur. Nihil ita occultum est quod non reveletur. Nihil occultum quod non reveletur. Nil est occultum, quod non revelabitur. Non est enim occultum, quod non manifestetur.

1743. Nil operi Dei praeponatur. [RSB 43] Nada se anteponha à obra de Deus.

1744. Nil plus prodest in pugna et in omni arte quam exercitium. [Albertano da Brescia, Liber de Amore 4.2] Nada é mais útil, na guerra e em toda outra atividade, do que a prática.

1745. Nil posse creari de nihilo. [Lucrécio, De Rerum Natura 1.155] Nada pode ser criado do nada. VIDE: De nihilo nihil. De nihilo nihilum. Ex nihilo nihil fit. Ex nihilo nihil. Gigni de nihilo nihil, in nihilum nil posse reverti. Nihil ex nihilo. Nil igitur fieri de nilo posse fatendum est. Nullam rem e nihilo gigni divinitus unquam.

1746. Nil posse quemquam, mortuum hoc est vivere. [Publílio Siro] Não poder fazer nada é viver como um morto.

1747. Nil potentibus impossibile. Aos poderosos nada é impossível. Lá vão as leis onde querem os reis. VIDE: A magnis proprio vivitur arbitrio.

1748. Nil potes amico possidere pulchrius. Não podes ter nada mais belo do que um amigo.

1749. Nil prius esse fide. [Propércio, Elegiae 4.1.81] Nada é preferível à fidelidade. VIDE: Prius nihil fide.

1750. Nil proderunt thesauri impietatis. [Vulgata, Provérbios 10.2] Os tesouros da impiedade de nada servirão. O mal ganhado, leva-o o diabo. O que mal se adquire mal se perde. VIDE: Bene partum saepe dilabitur, et male partum simul cum domino. Daemonium repetit quidquid procedit ab ipso. Male parta male dilabuntur.

1751. Nil prodest quod non laedere possit idem. [Ovídio, Tristia 2.1.266] Não há nada que seja útil que também não possa prejudicar. Não há coisa tão proveitosa, que não possa ser danosa. VIDE: Nihil prodest quod non laedere possit.

1752. Nil rationis est, ubi res semel in affectum venit. [Publílio Siro] Não se escuta mais a razão, quando a questão passou para a paixão.

1753. Nil sanitate vita habet praestantius. [Grynaeus 109] A vida não tem nada mais útil do que a saúde. VIDE: Absque sanitate nemo felix. Firma valetudine nihil melius: sani aegris ditiores. Homini nihil utilius sanitate. Nihil utilius firma valetudine. Valetudine firma nihil melius.

1754. Nil scio nisi nescio. [Plauto, Bacchides 289] Só sei que não sei. VIDE: Hoc solum scio, quod nihil scio. Hoc unum scio, me nihil scire. Unum scio me nihil scire.

1755. Nil scire si quis putat, id quoque nescit. [Lucrécio, De Rerum Natura 4.472] Se alguém acha que nada sabe, também não sabe isso.

1756. Nil securius malo poëta. [Marcial, Epigrammata 12.63.13] Nada está em maior segurança do que um mau poeta. (=Seus poemas não estão sujeitos a furto).

1757. Nil similius insano quam ebrius. [Macdonnel 176] Nada mais parecido com um louco do que um bêbedo.

1758. Nil sine consilio facias: sic facta probantur. [Columbano] Nada faças sem ponderação; assim as ações dão certo. VIDE: Omnia fac cum consilio, et post factum non paenitebis. Sine consilio nihil facias, et post factum non paenitebis.

1759. Nil sine labore paratur. [Gaal 1415] Nada se consegue sem trabalho. Sem trabalho, só a pobreza. VIDE: Absque labore gravi non possunt magna parari. Absque labore nihil. In sudore vultus tui vesceris pane. Labor paupertatem vincit. Nihil sine labore paratur.

1760. Nil sine magno vita labore dedit mortalibus. [Horácio, Satirae 1.9.59] A vida não deu aos mortais nada sem grande esforço. Dinheiro não cai do céu. Quem quer pescar há de se molhar. Não se comem trutas a bragas enxutas. Nil sine magno labore. [Divisa] Sem grande esforço, nada (se consegue).

1761. Nil sine numine. [Divisa de Colorado, EUA] Nada sem a vontade divina. VIDE: Non haec sine numine divum eveniunt.

1762. Nil sis lautis obligatus, nil in tenuis restrictus. [Pereira 96] Não devas obrigação a pessoas importantes, não sejas poupado com os humildes. A rico não prometas e a pobre não faleças. A rico não devas, e a pobre não prometas.

1763. Nil sole et sale utilius. Nada mais útil do que o sal e o sol. Sol e sal livram a gente de muito mal. VIDE: Nihil esse utilius sale et sole. Nihil utilius sale et sole. Sale nihil utilius.

1764. Nil somnia veri. [Schottus, Adagia 591] Os sonhos nada têm de verdade. Sonhos são sonhos. VIDE: Nocturnae visiones contrarios eventus nonnumquam pronuntiant. Omnia somnia mendacia. Somnia ne cures, nam fallunt plurima plures. Somnia ne cures, nam fallunt somnia plures. Somnia ne cures, nam mens humana quod optat, dum vigilat, verum per somnum cernit id ipsum. Somnia ne cures, per somnia falluntur quam plures. Somniis non confidendum.

1765. Nil spernat auris, nec tamen credas statim. [Fedro, Fabulae 3.10.51] Não despreze nada o teu ouvido, mas não acredites apressadamente.

1766. Nil tam difficile est, quin quaerendo investigari possit. [Terêncio, Heauton Timorumenos 675] Nada é tão difícil que, não se possa descobrir perguntando. Quem tem boca, vai a Roma. VIDE: Homini non muto, nihil impervium. Ignotum facturus iter, si lingua supersit, solus ad Aurorae pergere regna potest. Lingua dux pedis.

1767. Nil temere novandum. [Black 1244] Nada deve ser modificado sem reflexão. VIDE: Fiat prout fieri consuevit; nil temere novandum.

1768. Nil terra ingrato pectore peius alit. [Santeuil] A terra não alimenta nada pior do que um coração ingrato.

1769. Nil turpius quam vivere incipiens senex. [Publílio Siro] Nada há mais feio que um velho que começa a viver.

1770. Nil tuto in hoste despicitur. [Quinto Cúrcio, Historiae 6.3] No inimigo, não é seguro desprezar nada. Não há pequeno inimigo. VIDE: A cane non magno saepe tenetur aper. Hostis, etiam si vilis, nunquam contemnendus. Inimicum, quamvis humilem, docti est metuere. Inimicum quamvis minimum non est contemnendum.

1771. Nil unquam longum est quod sine fine placet. [Rutílio Namaciano, De Reditu Suo 1.4] Não há nada diuturno que agrade infinitamente. O que é bom dura pouco.

1772. Nil valet ille labor, quem praemia nulla sequuntur. [Werner 54] De nada vale o esforço a que não segue sua recompensa. Todo trabalho merece prêmio. VIDE: Si labor terret, merces invitet.

1773. Nil valet in bellis vir inermis, et absque libellis clericus est mutus, licet ingenio sit acutus. De nada vale na guerra o homem desarmado; e, sem livros, o clérigo é mudo, ainda que tenha fino talento.

1774. Nil vento, sorte, femina infidius. [DAPR 459] Nada mais volúvel que o vento, a sorte e a mulher. Mulher, vento e ventura, asinha se muda. Mulher, vento e ventura são de pouca dura. VIDE: Nihil est tam mobile quam feminarum voluntas, nihil tam vagum.

1775. Nil videtur actum dum aliquid superest agendum. Nada parece feito enquanto há algo a fazer-se. Não acabar é não fazer. VIDE: Nihil etenim actum esse credimus, dum aliquid addendum superest. Nihil perfectum est dum aliquid restat agendum. Nil actum credens cum quid superesset agendum. Nil actum reputa, si quid superest agendum. Nil actum est cum quid superest agendum.

1776. Nil violentius igne et aqua. [DAPR 314] Nada mais violento do que o fogo e a água. O fogo e a água são maus amos e bons criados.

1777. Nil violentum perpetuum. Nada violento é perpétuo. O que é intenso, dura pouco. VIDE: Ignis, quo clarior fulsit, citius exstinguitur. Nullum violentum perpetuum. Quod est violentum, non est durabile.

1778. Nil volentibus arduum. Nada é difícil para quem quer. VIDE: Nil difficile est volenti. Nil difficile volenti. Volenti nihil difficile. Volenti nihil impossibile.

1779. Nili caput quaerere. Procurar as cabeceiras do Nilo. Procurar chifre em cabeça de cavalo. Nili fontes quaerere. VIDE: Facilius sit Nili caput invenire. Impossibilia venaris.

1780. Nilum habetis et vinum quaeritis? Erubescite, illi, qui vos vincunt, aquam bibunt. [Aelius Spartianus, Historia Augusta, Pescennius Niger] Tendes o Nilo e exigis vinho? Tende vergonha; aqueles que vos vencem bebem água.

1781. Nimia certitudo certitudinem ipsam destruit. [Jur / Black 1244] Excesso de certeza destrói a própria certeza. Quem muito sabe, muito se engana.

1782. Nimia concedendo interdum fit stultitia stultior. [Publílio Siro] Às vezes, quando se concede de mais, a imprudência fica maior. Não dês o dedo ao vilão, que te tomará a mão. Ao vilão, se deres o pé, tomar-te-á a mão. Nimia concedendo interdum stultitia fit. Às vezes, quando se concede em excesso, ocorre a imprudência. VIDE: Digitum stulto ne permittas. Fatuo digitum ne ostendas, ne et manum tibi deglutiat. Nihil permittendum imprudentibus, quantumvis pusillum.

1783. Nimia cura deterit magis quam emendat. [Plínio Moço, Epistulae 9.35] O cuidado excessivo mais debilita do que aperfeiçoa a obra.

1784. Nimia esca omnium malorum est causa. [Busarello 147] Comida em excesso é a causa de todos os males. Mais matou a ceia do que curou Avicena. VIDE: Est gula totius fons et origo mali. Gula plures occidit, quam gladius. Nimia gula morborum mater.

1785. Nimia est miseria nimis pulchrum esse hominem. [Plauto, Miles Gloriosus 67] É uma grande infelicidade para um homem ser muito bonito.

1786. Nimia familiaritas licentiam facit. [Collins 16] Muita intimidade produz abuso. Ao vilão, se lhe deres o pé, tomar-te-á a mão.

1787. Nimia familiaritas parit contemptum. [S.Agostinho, Scala Paradisi 8] A excessiva familiaridade gera desprezo. A familiaridade produz o desprezo. A familiaridade gera o desdém. Acaba-se a amizade quando começa a familiaridade. À casa de tua tia não vás todo dia. Nimia familiaritas contemptum parit. [Pereira 109] VIDE: Cotidiano convictu auctoritas imminuitur. Cotidiano convictu auctoritas minuitur. E tribus optimis rebus tres pessimae oriuntur: e veritate odium, e familiaritate contemptum, e felicitate invidia. Familiaritas nimia contemptum parit. Frequentia contemptum parit. Nemini te multum familiarem ostendas, quia nimia familiaritas parit contemptum. Nulli te facias nimis sodalem: gaudebis minus, at minus dolebis. Omne ignotum pro magnifico est. Parit contemptum nimia familiaritas. Parit enim conversatio contemptum, raritas conciliat admirationem. Perpetua conversatio contemptum parit; raritas autem admirationem conciliat.

1788. Nimia fiducia quantae calamitati solet esse. [Cornélio Nepos, Pelopidas 3] A que grandes desastres costuma conduzir o excesso de confiança.

1789. Nimia gula morborum mater. [Stevenson 661] Muita gula é a mãe das doenças. A gula mata mais do que a espada. VIDE: Ancipiti plus ferit ense gula. Est gula totius fons et origo mali. Gula plures occidit, quam gladius. Multos morbos multa fercula fecerunt.

1789a. Nimia libertas fit servitus. [Jacob Cats, Moral Emblems 149] Liberdade excessiva leva à servidão.

1790. Nimia neglegentia. [Jur / Black 1072] Extrema negligência. VIDE: Lata culpa.

1791. Nimia neglegentia est non intellegere, quod omnes intellegunt. [Digesta 50.16.213.2] É excessiva negligência não entender o que todos entendem.

1792. Nimia omnia nimium exhibent negotium hominibus ex se. [Plauto, Poenulus 239] Todo excesso traz para as pessoas muita preocupação.

1793. Nimia pluvia frumentum putrefacit. [Schrevelius 1181] Chuva em excesso apodrece o trigo. Todo excesso prejudica. VIDE: Cave quod est nimium.

1794. Nimia securitas saepe in periculum homines ducit. O excesso de confiança muitas vezes leva o homem ao perigo. O mal não tarda a quem prevenido não se guarda. O homem prevenido vale por dois. Nimiam securitatem saepe in periculum homines ducere. [Epígrafe de Fábula de Fedro]. VIDE: Praemonitus, praemunitus.Se minus afflictum sentit qui praevidet ictum. Tela nocent levius visa venire prius.

1795. Nimia simplicitas facile deprimitur dolis. [Publílio Siro] A extrema credulidade é facilmente enganada pelo dolo. Quem confia, zelos não cria. Nimia simplicitas facile dolis opprimitur. [Seybold 224] VIDE: Qui praesumit, minus veretur, minus praecavet, plus periclitatur.

1796. Nimietatem frigoris aut caloris, vel umoris vel siccitatis, pestilentias gignere philosophi et illustres medici tradiderunt. [Amiano Marcelino, Historia 19.4.2] Filósofos e eminentes médicos nos ensinaram que o excesso de frio, ou de calor, ou de umidade, ou de seca, produzem epidemias.

1797. Nimietates, aequalitates. [Tosi 1765] Extremidades, igualdades. Os extremos se tocam. Nimietates, aequalitates, id est, aeque nocivae. [Octiduana Spiritus Benedictini Recollectio 241] Extemidades, igualdades, isto é, são igualmente nocivas. VIDE: Extrema frequenter una habitant. Extremitates, aequalitates.

1798. Nimietates sunt vitiosae et optima est medietas. Os extremos são maus, e o meio é o melhor.

1799. Nimio amplexu parum stringitur. [Bernardes, Luz e Calor 1.10] Com abraço muito grande, pouco se pega. Quem muito abraça, pouco aperta. Quem muito abarca, pouco abraça. VIDE: Plurima conantes prendere, pauca ferunt. Qui nimis capit, parum stringit. Qui plura ambit, male astringit.

1800. Nimio celerius venit quod noles quam illud quod cupide petas. [DAPR 481] O que não queres vem muito mais rápido que o que desejas ardentemente. O bem soa, o mal voa. Nimio celerius veniet quod noles quam illud, quod cupide petas. [Plauto, Mostellaria 72] O que não queres virá muito mais depressa do que o que desejas ardentemente.

1800a. Nimio id quod pudet facilius fertur quam illud quod piget. [Plauto, Pseudolus 274] Suporta-se muito mais facilmente a vergonha do que o mal.

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